A realização

Um conto erótico de Contador de Historias
Categoria: Homossexual
Contém 5056 palavras
Data: 21/08/2012 00:45:52

Eu estava “curtindo” o momento do desemprego, após quatro incansáveis anos de dedicação a empresa eu precisei me desligar, minha vida pessoal estava relegada a segundo plano e eu precisava respirar um pouco. O valor do fundo já estava devidamente investido, eu já tinha 22 anos , quase concluindo a faculdade de administração e com uma grande bagagem profissional, pois no setor financeiro da empresa que trabalhei além de conquistar uma excelente bagagem profissional , angariei a consideração do meu chefe que compreendeu a minha situação de stress e a minha necessidade de me desligar do emprego e não me negou os meus direitos. Minha faculdade já estava quitada e só faltava um semestre para que eu pudesse concluir o meu curso.

Eu durante esses seis meses aproveitei o tempo, viajei para algumas pousadas nos finais de semana, fazia aulas de Ioga e estava mais relaxado, entrei para a academia e recuperei a minha boa forma, depois de tanto tempo dentro de um escritório , somente lidando com documentos e com uma rotina estressante e depois ainda ter que ir pra faculdade eu não tinha tempo de cuidar de mim. Sempre tive a meta de me tornar uma pessoa independente, saí de casa há pouco tempo, aluguei um apartamento pequeno, somente com a minha cama , geladeira , microondas e o meu notebook que servia de TV .. mas fui conquistando as outras coisas aos poucos. Em algum tempo pude ver um bom resultado do que eu consegui construir.

Falava com meus pais todos os dias, é engraçado como os nossos pais ainda nos tratam como crianças , mesmo a gente se mostrando independente , sempre aquela coisa “tá se alimentando direito?” mas é gostoso ao mesmo tempo.

Na época eu estava saindo de uma pequena depressão, porque apesar de eu ser um cara discreto , não tem muito como fugir de algumas piadinhas ou insinuações sutis dos colegas de trabalho, passei por isto na adolescência , isso me deprimiu muito porque é uma fase transitória aonde você nutre muitas dúvidas e expectativas ao mesmo tempo e ao mesmo tempo aonde você se depara com sensações novas , mudanças no seu corpo e na sua personalidade e aonde o meio te influencia muito, desta maneira o meu meio não foi muito favorável , o fato de você ter uma maturidade além da sua idade já provoca uma c uma espécie de rejeição , ainda pior quando você mostra ter algo mais diferente do que uma postura mais adulta. Nunca desmunhequei nem coisa do tipo, somente era mais educado e mais reservado , não participava das atividades coletivas de meninos e ao mesmo tempo em certas horas não podia negar que os mais bonitos me atraiam , era difícil você cruzar o corredor com um cara bonito e não olhar , ou mesmo ficar tímido perto do cara que você gosta , suar frio e o seu corpo tremer. Enfim , ainda que procurasse reprimir todas essas sensações , tem certas coisas que quanto mais você tenta esconder mais parecem se mostrar.

Após esse período de tortura que foi a escola , eu somente pude dizer que extraí de bom o meu certificado , no fundo eu sentia uma certa inveja daqueles que ficaram amigos , aqueles que postavam fotos maneiras no falecido Orkut, queria muito que as coisas tivessem sido diferentes , no fundo eu passei por muita crise por não me aceitar , culpava a mim mesmo , me achei inferior ao grupo. O adolescente tem uma forma muito cruel de tratar o diferente , na minha escola , poucos foram diferentes e rejeitados , uma das poucas amigas que tive era meio que excluída , era meio fortinha , mas era super simpática e inteligente , um pouco nerd , mas uma pessoa fabulosa , ela foi para outro estado com a família , os meus protetores do colégio eram os funcionários e professores que quando pegavam os outros me atazanando me auxiliavam.

Na oitava série teve um menino que eu cheguei a gostar dele , ele era bem quisto pelos outros , eu não simpatizava com ele no começo por conta do meio que ele andava , justamente o grupo dos caras que implicavam comigo. Uma determinada vez ele tomou frente quando achou que os outros caras estavam pegando pesado comigo, eu acho que não gostei dele realmente , só me senti encantado por alguém que me defendeu daquela situação.

Na saída ele me perguntou se estava tudo bem e eu me senti seguro , me senti apoiado por alguém e acho que aquilo se misturou com um certo fascínio , eu comecei a nutrir um certo carinho ou expectativa , mas conscientemente eu sabia que aquilo era uma ilusão que mais cedo ou mais tarde me faria sofrer , e não deu em outra , após alguns dias de contato , ele parou de falar comigo, notei que os colegas o haviam sacaneado porque ele no dia anterior tinha me cumprimentado com um abraço, não foi um abraço , aquele tipo normal de duas pessoas que se conhecem e se cumprimentam , normal entre amigos e acho que isto não foi bem visto no meio , afinal eles já estavam meio bolados porque ele interviu ao meu favor naquele outro episódio.

Enfim, como eu já estava preparado pro tombo o meu sofrimento não foi tão grande.

aos 17 anos e meio eu vivenciei a minha primeira experiência , tudo começou em uma situação bem comum, eu fui a um shopping para comprar um CD novo que tinha lançado de umas bandas que eu curtia na adolescência , ao sair da loja eu desci e fui até a praça de alimentação, notei que um cara ficou me olhando , eu procurei desvencilhar porque eu nunca gostei , nem gosto muito da abordagem de alguns caras , são muito descaradas, eu sei que estamos em um tempo aonde a liberdade de expressão e até outras conquistas do grupo gls ta sendo muito questionada, mas não sei , se eu sou muito moralista , mas eu acho que as coisas podem ser um pouco mais discretas e menos agressivas , enfim , apesar de não curtir muito a forma de o cara me olhar , eu era novo , nunca tinha ficado com outro homem, os hormônios fervilhando e a curiosidade , enfim , eu me mantive na minha , apesar de estar muito embaraçado com aquela situação , eu terminei o meu lanche e fui em direção a saída , senti que o cara meio que me perseguiu , eu fui até o ponto de ônibus , estava vazio , ele se sentou ao meu lado , acendeu um cigarro e senti que ele ficava me olhando, meu ônibus chegou e eu entrei e o bendito também.

Sentei no banco de trás , sempre ia pra lá , não sei se eu procurava sempre ficar distante dos olhares das pessoas e da mesma forma era na época da escola, eu procurava me sentar meio que afastado e num canto aonde eu pudesse ficar longe dos olhares e perturbações.

Ele se sentou perto de mim, eu senti que ali eu já não tinha muito como escapar , notava os olhares dele e também que ele mexia muito lá e que estava animado ..... o ônibus estava vazio e ele se aproximou , começou a puxar papo, disse que estava interessado , que queria muito sair comigo e eu tentei ser educado , disse que não tinha nada a haver, que eu respeitava, mas não curtia e tal , mas ele insistiu , disse que eu não tinha como enganar ele , que ele era macaco velho , enfim , não medi muito as conseqüências , ele morava no meu bairro , um pouco afastado, morava sozinho , apesar de ter uma aparencia jovem e se vestir de forma bem moderna , ele já tinha seus 33 anos , fomos até a casa dele , ele me ofereceu cerveja , eu não aceitei , fechou a porta , fechou as cortinas , criou o clima e começou a me acariciar , eu me desviava , sentei no sofá , olhava para os cantos e ele se sentou ao meu lado.

Eu tentei resistir , não era aquilo que eu idealizava , sei lá , na minha imaginação ou ilusão eu sonhava em ter um namorado e com ele ter a minha primeira vez em uma situação totalmente diferente e aquele momento em nada se assemelhava ao que eu sonhava.

Eu comecei a me sentir excitado e a corresponder aos toques dele e quando percebi já estava avançando em cima do cara, tiramos a roupa , e ele me beijava , não era um beijo que eu queria , o gosto do cigarro e da cerveja me enjoavam , mas ao mesmo tempo eu me sentia excitado com aquilo , era algo estranho , ele me pediu que fizesse sexo oral e as carícias e toques iam aumentando , ele deitou em cima de mim , me acariciava, me beijava em pontos que me davam prazer , ele me perguntou se eu já tinha “dado” antes , eu disse que aquilo tudo era novo pra mim. Ele disse “ delicia , um virgenzinho” e ficava repetindo sussurrando , eu vou ser teu primeiro , eu vou ser teu homem , eu não respondia , me senti mau com aquilo, mas não podia voltar atrás , ele levantou e foi pegar uma camisinha , nisso eu me sentei na cama , olhava praquele quarto , uma penumbra , uma coisa totalmente diferente daquilo que eu pensava , eu olhava pra ele e apesar de ser um homem de boa aparência , eu não conseguia me sentir confortável com aquilo , ele se aproximou , já tinha colocado a camisinha e me pediu pra ficar de bruços , eu me virei , ele ficava me pedindo pra relaxar , meu corpo inteiro tremia , uma sensação de pânico começou a me invadir , eu senti que ele estava começando a me penetrar , ele ficou fazendo insinuações , que bundinha linda , carnudinha, parece até bundinha de mulher , quero te ver de calcinha , eu não conseguia me entregar , eu senti algo horrível , empurrei ele , pedi pra ele parar , corri , apanhei minhas roupas , peguei minha mochila , ele colocou um short e antes que eu pudesse calçar meu tênis ele falou , cai fora , abriu a porta e foi para o corredor , eu saí daquele quarto , ele parou , abriu a porta e não me olhou , eu tentei me desculpar mas ele bateu a porta.

Eu ainda estava um pouco atônito, parecia que todo mundo na rua estava me olhando, como se todos soubessem o que eu tinha feito , eu vi uma praça que ficava a umas duas ruas dele e resolvi sentar um pouco ali , era uma praça sossegada , uma ruazinha bonita , deserta e com muitas arvores , eu não conseguia esboçar nenhuma reação , minha vontade era de chorar , mas eu nem isto conseguia.

Fiquei ali sentado por umas duas horas até que eu consegui me acalmar e continuar andando, cheguei em casa e subi para o meu quarto. Não quis jantar nesse dia, senti que meus pais ficaram preocupados, mas o que eu ia dizer?

Nos dias seguintes aquele sentimento volta e meia me pegava , eu lembrava daqueles momentos , do cheiro dele , sentia nojo de mim , sentia nojo dele , não sentia nojo do fato de ser outro homem, sentia nojo da situação e do contexto. Passei vários dias em casa , minha próxima etapa era o vestibular , durante esse tempo eu ficava no meu quarto, assistia séries , filmes , namoros felizes , invejava as garotas que namoravam com aqueles caras gatos e maravilhosos “ mesmo que fictícios” e sonhava com aquela realidade que era impossível pra mim.

Fui bem no vestibular , apesar de tudo , aquela situação não tinha me desestruturado a ponto de me tirar o foco do meu futuro.

Logo depois , veio o emprego nesta empresa aonde comecei em uma função básica de auxiliar aos 18 e saí como chefe de setor aos 22 anos.

Durante esse tempo todo eu não conseguia me estabilizar emocionalmente , mantive a aparência de uma pessoa feliz para não transparecer para as pessoas próximas o que eu sentia por dentro. Apenas duas pessoas conseguiam me quebrar a minha irmã mais nova que com sete anos de idade sempre dizia que eu era triste , mas que ela me amava muito e outra era o meu chefe , aos sessenta anos , dono desta empresa com mais de dez filiais , duas filhas , uma formada em direito e outra cursando medicina , uma esposa maravilhosa. Um homem que não passava ter todo o patrimônio que tem por sua humildade e simplicidade, bastante rígido com a disciplina dos seus funcionários, porém, muito compreensivo com a dificuldade das pessoas. Ele sempre me falou que eu poderia conversar com ele , exigia que eu tirasse minhas férias de 30 dias para descansar , mas eu sempre pedia para dividir em quinzenas , posso dizer que foi um segundo pai. Quando eu pedi o desligamento , ele percebeu o meu desgaste emocional e fez questão de me indenizar e não aceitou que eu me demitisse e deixou as portas abertas para quando eu quisesse retornar.

Algum tempo se passou e eu estava na minha fase de recuperação , fazia terapia com uma excelente psicóloga e estava conseguindo conduzir minha vida de forma tranqüila , fazia alguns serviços para ganhar um extra , redigia contratos e até no meu prédio eu auxiliava nas questões financeiras, apesar de inquilino, sempre me fiz presente e auxiliava o síndico com documentos, logo que souberam que eu fazia faculdade de adm , ficavam me perguntando algumas coisas.

Estava voltando da faculdade quando recebi uma ligação. Era da secretária do meu ex chefe , ela me disse que um rapaz chamado Eduardo iria me ligar , era uma indicação do meu chefe. Eu agradeci a indicação e aguardei o contato , dois dias depois eu recebi a ligação de um número restrito , não costumo atender essas ligações, mas como o meu antigo celular atendia ao abrir o flip eu não tive tempo de recusar a chamada.

Era o Eduardo , ele me falou que era sobrinho do meu chefe e que estava abrindo uma empresa de materiais de construção e precisava de umas orientações na estruturação de algumas coisas da empresa. Apesar de toda a confiança que meu chefe tinha no meu trabalho , eu era um estudante ainda , jovem e haviam outras pessoas com mais competência e experiência para dar este suporte. Eu em consideração ao meu chefe aceitei ir e conversar, mas não estava muito confiante em um resultado disto. No dia combinado eu fui até o escritório do Eduardo , me identifiquei na portaria e subi até o andar da sala dele. Ao chegar eu me senti um pouco tenso, estava com aquela sensação de ter uma indicação que eu poderia não corresponder , ouvi uma conversa , parecia que ele estava discutindo com uma pessoa no telefone , eu esperei uns cinco minutos , fazer o que ne? Ele atendeu a porta , eu fiquei impactado , achava que era um cara mais velho pelo telefone , mas ao contrário , um jovem , com seus 26 anos de idade , bonito e como é bonito , o tipo de homem que qualquer mulher baba moreno claro, 1.78 mais ou menos, corpo perfeito, nada exagerado , definido , mas na medida certa , o rosto perfeito, tipo modelo , e uma coisa que eu admiro é um homem bem vestido , e ele é do tipo moderno , camisa polo bem transada , jeans caro , enfim , muito elegante .

Percebi que ele ainda estava meio tenso com a tal discussão, o celular dele tocava e ele desligava, mas manteve a cordialidade.

Ele me mostrou alguns documentos que o contador havia mandado e me fez algumas perguntas e eu respondi a medida do que eu sabia, mas logo depois ele me disse que a ajuda que ele precisaria seria na estruturação de equipamentos, coleta de orçamentos e escolha de máquinas para os caixas, sistemas de automação e outras coisas, citou que o tio havia dito que eu colaborei com a modernização da empresa e que a mente jovem era o futuro das empresas e que eu era um jovem de extrema competência.

Me senti imensamente lisonjeado pela recomendação e até mais seguro para dar seguimento ao trabalho.

Ele me propôs uma remuneração que eu não esperava, eu ganhava bem na empresa do tio dele , mas aquilo era muito bom , eu confesso que ainda fiquei com um certo medo, era uma responsabilidade muito grande , mas eu encarei.

Começamos a nos encontrar mais vezes , eu consultei algumas lojas de informática para aquisição de computadores, empresas de sistemas de automação, colhi orçamentos , sugeri a contratação de um especialista em RH que era meu professor na faculdade e o Eduardo sempre elogiava muito o meu trabalho , após a abertura da empresa as coisas foram um pouco devagar , senti um certo medo , principalmente porque o Eduardo sempre dizia “ tá nas suas mãos” , na época eu estava lendo algumas matérias sobre marketing e sugeri a contratação de uma empresa de publicidade para divulgação da empresa , agendei reuniões com fornecedores e conseguimos conquistar a confiança de boa parte dos nossos fornecedores , depois destes movimentos a loja começou a expandir e em um ano e meio de funcionamento estava superando as expectativas , eu notava que um pouco diferente do tio ele não era tão tolerante com a dificuldade dos empregados e como esse tempo que passamos juntos na estruturação da empresa nos deu uma certa confiança um com o outro eu sempre citava que o tio dele tinha uma atitude muito justa, não deixava de exigir, mas sabia que compreender o funcionário e ser tolerante é um ponto fundamental para o bom desempenho, fora os benefícios que sugeri a medida que o faturamento aumentava.

Eu praticamente agi como um consultor, fiz trabalhos semelhantes para outros conhecidos dele em diversos seguimentos , mas o curioso é que ele sempre me procurava , minha vida estava mudada , eu era formado já estava com 24 anos e com uma posição financeira e profissional além da minha idade.

Nossa amizade se fortaleceu , além de um vínculo profissional , ele me confidenciava a vida dele e me pedia conselhos, depois de algum tempo eu soube que a tal discussão era com a namorada dele , que se tornou noiva depois , ele estava um pouco inseguro quanto ao casamento , ela havia engravidado dele , mas perdeu , ele ficou com ela , pois ela sempre se mostrou muito dependente e ele de alguma forma se sentia responsável por ela.

Eu já vi muitos casos desses , mas enfim , é uma situação complicada , eu tentava ser o mais imparcial o possível , porque eu também não vou negar que esse tempo todo ao lado de um homem como ele não seria fácil não sentir nada.

Mas como eu sabia que a situação era completamente impossível eu conseguia dar alguns toques e sempre mostrei a ele que ele não poderia assumir essa responsabilidade e ser infeliz ao mesmo tempo? Afinal que bem podemos fazer a uma pessoa estando ao lado dela sem amar verdadeiramente, pena não é um sentimento que ajuda ninguém e desta maneira ele estava fazendo ela infeliz de alguma maneira e impedindo que a vida de ambos caminhasse.

Ele sempre bricava comigo, dizia que os honorários não incluíam consulta psicológica, mas ele confiava em mim. Não sei se isto era algo bom ou ruim , porque ao mesmo tempo era uma tortura , me apaixonar cada dia mais por uma pessoa e saber que ela jamais iria sentir o mesmo , mas sempre entendi que amar é você se doar sem esperar retorno , por mais que você por dentro se revolte com esta idéia , acho que quando ele estava ali comigo, fosse em um restaurante , ou mesmo quando ele aparecia do nada no meu apartamento , já até almoçou comigo e com os meus pais aqui em casa num domingo.

Uma situação complicada , mas enfim , eu não tinha outro jeito , uma vez ele me perguntou , porque eu tão novo , não saia , não arrumava uma namorada , dizia que eu era boa pinta , inteligente , mas uma coisa que ele falou em um dia depois de várias cervejas , foi “ você posa com essa banca toda de conselheiro , independente , mas lá no fundo você se sente sozinho e ainda não conquistou o que você mais quer” eu rebati , brinquei , falei , sobe entidade , sai que este corpo não te pertence , sobe Zé cachaça.

Mas aquilo mexeu comigo , depois de algum tempo , ele terminou com a bendita namorada , passou um perrengue com a garota que ligava de hora em hora , mas com o tempo esqueceu , soube por ultimo que ela estava namorando um outro cara e o Eduardo se tocou que não era nenhum bicho de sete cabeças.

Ele ficou solteiro um tempão , curtiu , pegava muita mulher , enfim , bonito , rico , como poderia ser diferente?

Ele sempre me chamava pra sair , mas eu não me sentia muito confortável nos ambientes que ele freqüentava , boites super badaladas , caras , eu tinha dinheiro , mas não era o motivo de eu não ir , não me sentia bem nesses ambientes , costumava a ir a festas de empresas , eventos de negócios aonde sempre tinham shows , mas não a boites aonde o foco é pegação.

Uma vez depois de ele muito insistir eu fui , como eu não gostava de beber em eventos, porque vá que eu pagasse algum mico , eu não bebi nada demais , tomei uma cerveja e depois meti refrigerante em cima.

Ele em compensação bebeu todas , nesse dia o mar não tava muito pra peixe ... e ele não pegou muitas , marcou com uma pra sair depois da boite, mas a garota foi embora , enfim , bêbado , sozinho , sobrou pra mim , eu levei a criatura embora dali , peguei o carro dele porque ele tava louco nesse dia , já o havia visto bêbado, mas não daquele jeito, eu falei com ele , cara , para com isso , você ta pegando pesado , ele resmungava , dizia que eu era chato , certinho e santinho demais , que ele queria amar , amar o mundo , beijar todo mundo, ficava me agarrando, beijava meu rosto, e eu falava pra ele parar , eu tava dirigindo.

Cheguei até a porta do prédio dele, ele pediu pra que eu o ajudasse a subir , eu não pude recusar , pegamos o elevador e a primeira coisa que ele fez ao sair do elevador foi vomitar.

Eu levei ele até em casa , ele caiu no sofá , corri e fui no corredor limpar , pior que eu nunca me imaginei numa situação daquelas , e vômito é um caos , eu vomito junto, ... só muito amor mesmo.

Quando voltei ele tava jogado no sofá cantando , eu pedi pra ele falar mais baixo , afinal era madrugada e poderia acordar os vizinhos.

Eu sugeri que ele tomasse um banho e ele ainda bem bebum , ficou falando, você me dá banho , eu empurrei ele pra dentro do banheiro , não queria , mas ele tirou a roupa na minha frente , evitei olhar, mas não pude totalmente , ele , perfeito , ficou me perguntando se eu achava ele gostoso , se eu fosse mulher se dispensava ele , eu não respondi , mas todas as respostas já eram claras na minha mente , mas enfim, eu não queria algo daquele jeito , com uma pessoa bêbada , eu tenho um certo trauma de beijar alguém com bafo de bebida , mas ainda o homem que eu amava e me sentiria muito sujo de me aproveitar de alguém vulnerável.

Ele vomitou de novo e eu tive que colocar ele no chuveiro, já estava achando que teria que sair dali direto pra uma clínica porque ele tava bem mal.

Esperei ele tomar banho , ele se vestiu , levei ele ainda cambaleando pro sofá , liguei a TV e fui até a cozinha ver se tinha algo pra ele melhorar daquela cachaça toda.

Eu achei um remedinho pós porre dei pra ele , sentei no sofá ... ele me pedia desculpas eu tentei deixar ele bem tranquilo, afinal , estar ali , cuidando dele pra mim era algo maravilhoso , mesmo que ele não soubesse.

Ele deitou no meu colo, eu tentava me esquivar, mas ele insistia , me lembrava o tempo inteiro que eu sempre aconselhei ele , que muita coisa ele acertou por minha causa , eu tentava disfarçar , mas sabe quando o seu coração acelera? O seu corpo inteiro gela , ao mesmo tempo , você sente que o calor do corpo daquela pessoa te preenche , que ela ta ali , e ele dizia uma coisa que eu tentava desviar , deixa eu cuidar de você agora , deixa eu ficar perto de você e ele enfim dormiu.

Eu passei boa parte da noite acordado , pensando naquela situação, não sabia se era papo de bêbado , o que ele queria dizer com aquilo? Será que ele gostava de mim ? Porque ao mesmo tempo a bebida revela muita coisa oculta ne? Enfim , para não sofrer eu preferi abstrair.

Na manhã seguinte eu já estava acordado , ele levantou umas 11:00 da manhã , reclamando de fome , não tinha quase nada na geladeira , ele ainda tava com muita dor de cabeça , tomamos café em uma padaria perto da casa dele , quase não conversamos , ele me perguntou se eu tinha conseguido a resposta de um fornecedor que havia combinado de enviar um orçamento de uns novos materiais. Estranhei aquilo, afinal, nunca conversamos sobre trabalho fora do horário, senti que alguma coisa havia mudado, eu o acompanhei até o prédio e disse que precisava ir pra casa , tomar um banho e dormir , ele disse simplesmente “valeu” . Aquilo me deu raiva , ao mesmo tempo medo , não sabia o que eu sentia, eu fiquei uma noite inteira aturando maluquice de bêbado, acordado , limpei vômito e ouço um simples valeu?

Eu fui pra casa muito puto, peguei um ônibus mesmo, podia pegar um taxi , mas tava com tanta raiva que não liguei pra nada , andei naquele ônibus, com aquela cara horrível de uma noite mau dormida , mas cheguei em casa , tomei banho e fui deitar , apesar do cansaço eu custei a dormir , com aquela cena na minha cabeça.

Passei o domingo sozinho, meus pais me ligaram, mas eu nem quis ir almoçar com eles, iria na próxima semana que era aniversário da minha irmã.

Na segunda logo que acordei verifiquei no meu e-mail que o fornecedor já havia respondido, levei o orçamento para ele , o clima estava estranho, ele esboçou um sorriso quando me viu , mas evitou me encarar e eu também não conseguia, fomos profissionais , mas não era a mesma coisa de antes.

Eu estava com uma viagem agendada para outro estado , tinha uma reunião com um cliente novo , uma excelente oportunidade profissional , mandei um e-mail para os meus clientes daqui avisando que estaria ausente na próxima semana.

No dia do aniversário da minha irmã eu levei os meus pais e ela para um restaurante flutuante , minha irmã adorou , disse que foi o melhor aniversário dela , mas ela fez igual quando era menorzinha , disse que eu tava triste, mas que ela me amava. Eu como estava no ápice , chorei abessa , Eduardo já não me ligava a dias e eu me sentia sem chão.

Na semana seguinte eu embarquei , tive alguns encontros com o novo cliente e recebi uma proposta de gerenciar um setor daquela fábrica , apesar de ter vários clientes que me pagavam bem eu vi a oportunidade de ter algo fixo e de certa forma mais tranqüilo , de mudar de ares , de começar algo novo.

O contrato com essa empresa era temporário, apenas para a implantação de um novo sistema , mas eu poderia ficar ali também, voltei pra casa , comecei a estudar o sistema da empresa e ver como poderia instruir os funcionários.

Eu estava pensando muito naquela idéia , mas precisava de alguém pra me aconselhar, procurei uma grande amiga que tinha trabalhado comigo na empresa do tio do Eduardo.

Conversei sobre a minha idéia e ela me apoiou, disse que eu iria fazer falta, mas que eu escolhesse o que fosse melhor, mas não esquecesse os amigos.

Eu estava me preparando pra voltar para o outro estado, já tinha elaborado o projeto de implantação e instrução do sistema e fui , propus a principio ficar durante um tempo como uma experiência , que eu precisava ainda encerrar o vínculo com os meus clientes e que isso demandava tempo.

Os dias se passavam e eu me sentia inconformado pelo fato de o Eduardo não me ligar, sempre abria a caixa de e-mail com a expectativa de ele me mandar um e-mail perguntando se eu estava bem , mas nada, uma vez só que recebi um e-mail dele , mas eram desses encaminhados para um monte de gente.

Pensei comigo mesmo “ como tantos anos de amizade podiam ter sido desconsiderados daquela maneira” já haviam se passado uns três meses , eu tinha que retornar para tratar do aluguel do meu apartamento com o novo inquilino.

O corretor já havia praticamente negociado tudo, mas pediu que eu conversasse com o inquilino, pois eu não havia tirado a mobília do apartamento e precisava saber o que o cara iria querer mudar.

Cheguei de volta , peguei um taxi no aeroporto e fui até a casa dos meus pais , deixei as malas e fui direto para o meu apartamento, pois queria resolver logo.

Liguei para o meu corretor e ele disse que o inquilino já estaria no apartamento no horário combinado.

Quando cheguei eu toquei a campainha pra anunciar a minha chegada e como ainda tinha a minha cópia de chaves , entrei , achei estranho ver uma mesa de café da manhã posta , tudo que havia de melhor , eu entrei , fiquei observando aquilo , e me assustei com aquela voz dizendo “ pra compensar aquele café da manhã” eu me deparo com o Eduardo , ao contrário de antes , eu não conseguia olhar ele com o mesmo sentimento, estava muito magoado com o que ele tinha feito , perguntei que palhaçada era aquela , eu ia me retirando quando ele me segurou e me pediu perdão , ele disse que sentia muito a forma com que ele tinha agido comigo , que demorou muito tempo e só quando ele viu que poderia me perder ele se tocou do que ele realmente sentia por mim.

Eu acho que uma coisa que eu tenho muito forte em mim é o orgulho eu relutei em dar o braço a torcer , mas ver aquele gesto , aquilo tudo que ele tinha feito , aquilo mexeu comigo , levamos um tempo conversando , parecíamos aqueles adolescentes em começo de namoro , ambos querem ficar , mas ninguém toma a iniciativa , enfim , ele me beijou, me pediu que ficasse ao lado dele , que continuássemos os nossos projetos juntos, que ele se mudaria pro meu apartamento , que ficaria comigo , aquilo tudo pareceu meio louco, mas eu não poderia recusar , era o amor da minha vida , quanto tempo eu havia esperado por aquilo que eu julgava impossível de acontecer? Enfim ... viajei para finalizar o meu trabalho na outra empresa e para comunicar que eu não iria ficar .

Com ele eu vivenciei a tão sonhada primeira vez , pode parecer incrível , mas durante todos esses anos eu esperei , mas valeu a pena e hoje posso dizer que vivo um sonho a cada dia e que acreditar no amor dos seus sonhos vale realmente apena.

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Comentários

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Novamente, leio teu conto e me emociono cara....obrigado, mesmo!

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nossa que lindo adorei, vcs me fez chorar ao ler essa historia. so gostaria de saber como se desenvolvel relacionamento dos dois e como foi a agurdada primeira vez.

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