Parte - 7
Minhas penas ficam vacilantes, então ele me pega no colo e senta na minha cama. Como hoje eu estava em casa, fiquei mais ousado e tirei sua camisa e peguei em toda aquela coisa linda que ele chama de corpo. Depois o deitei na cama enquanto ele me apertava com aqueles braços enormes. Sentia o membro dele embaixo do short crescer, enquanto o beijava ferozmente. Tremia de nervosismo quando desci a minha mão direita por seu abdômen, e desabotoei seu short e ele terminou de tirá-lo ficando apenas de cueca box. Toquei no seu pau por cima da cueca e o apertei. Ele soltou um gemido lindo debaixo dos meus lábios, em seguida segurou minha cabeça com as duas mãos e me encarou por um momento.
— O que foi? – perguntei inocentemente.
— Você tá tremendo. – ele disse e depois riu.
Ele alisou meu cabelo e fez um carinho na minha bochecha enquanto dizia:
— Cara, eu não vou fazer nada que não queria. – disse sério.
Eu abaixei minha cabeça, mas ele a levantou novamente.
— Não precisa ficar com vergonha de mim. – ele me beijou calmamente em seguida.
Correspondi.
Seu beijo era quase tão inocente quanto o meu. Eu não queria ficar com vergonha dele. Mas estava. Nunca tinha transado, e ele provavelmente já. Pelo menos com alguma mulher, mas isso não importa. E eu ainda não queria isso. Não agora.
***
Depois que o Henrique foi saiu, minha mãe me olhou com uma cara de desconfiança que logo ignorei. Sabia o que ela estava pensando, e não queria conversar sobre isso agora. Fiquei um tempão embaixo do chuveiro tentando colocar as coisas em ordens. Eu gostava dele, quer dizer, gosto. Não sei o que ele pensava sobre mim, e tenho medo de saber.
Decidi não me preocupar mais com isso, já que eu não tinha nada com ele. Só tínhamos ficado duas vezes, e estávamos livres agora.
Mas eu aguentaria ficar longe dele? Saberia em breve.
— Vou comprar um celular para você, entendeu? – fiz que sim com a cabeça.
Minha mãe estava boazinha ultimamente.
— E quanto ao seu castigo... – ela hesitou.
Parei de mastigar o pão, e olhei pra ela sério.
— Eu decidi suspendê-lo em troca de uma coisa.
Minha mãe e seus negócios.
— E o que seria essa coisa? – perguntei curioso e voltando a mastigar.
— Sabe aquele garoto... o loiro bonitinho?
Nossa, eu corei agora. Eu não conseguia esconder essas coisas da minha mãe. Ela SEMPRE percebe. Dei uma risada nervosa depois que engoli o pão.
— O Henrique?
— Sim, esse mesmo! – ela continuou.
— O que tem ele? – tomei um gole de suco.
— Qual é sua relação com ele? Vocês namoram?
Eu engasguei. Depois que tossi, olhei para ela com cara de espanto.
— Eu quero o castigo.
— Hugo meu amor... já passamos dessa fase, vamos lá, pode contar comigo.
Ela estendeu a mão e alisou o meu braço. Eu senti o carinho da minha mãe, e decidi contar tudo para ela. Quando terminei, suspirei. Não deveria ser fácil para nenhuma mãe escutar essas coisas do filho.
— Eu já sabia. – ela disse baixinho. — Só pelo jeito que você olha para ele... só tenha cuidado para não sair machucado, o amor é bom, mas sempre tem um mas.
Minha mãe estava certa. Vou procurar me afastar dele. Sei que no fundo ele não é gay. E que vai me deixar, e eu vou sofrer. Então, porque não adiantar logo as coisas e pular a parte em que eu sofro?
Fui para cama, tentando me preparar para o dia de amanhã.
***
O dia no colégio foi normal. Normal até de mais. O Henrique estava na mesa dele, e eu com meus amigos.
— Cara, onde foi que você dormiu? – perguntou Clara.
— Com o Henrique. – depois que vi a besteira que falei, corrigi. — Claro que em outro quarto.
— Eu pensei que você fosse morrer. – comentou Sara sem expressão.
— Ainda não foi dessa vez. – disse tentando ser engraçado, mas ela não achou graça.
— Você precisava ver a cara do Henrique, ele parecia angustiado. – ela disse, me fazendo engolir seco.
— Acho que ele apenas não queria mortes no aniversário dele. – comentei tentando esconder meu nervosismo ao falar dele.
Olhei disfarçadamente para mesa dele. E lá estava ele, todo lindo e rindo com os meninos. O desgraçado do Daniel tava lá também. Quando Henrique virou para me olhar, desviei o olhar para Sara novamente. Sara me olhou com uma cara que estava sacando alguma coisa. Então ela apontou para ele e depois para mim discretamente e depois fez um gesto tipo de beijo com os dedos. Apenas fiz que sim com a cabeça. Ela me puxou curiosa, e começamos a andar, e ela pediu os detalhes. Expliquei tudo.
Quando estávamos voltando, fui beber água e ela foi para a sala. Inclinei-me no bebedouro, pressionei o botão. Bebi até matar a sede, quando eu levanto minha cabeça, lá estava ele me observando. Limpo minha boca, e pergunto o mais seco possível:
— O que foi?
— Nada, só estou esperando você terminar de beber sua água. – sorriu sarcasticamente, parecendo que tinha entrado no jogo que eu criei. Mas eu não estava jogando.
— Já terminei. – sorri de volta.
Comecei a andar, mas ele segura meu braço. Eu fiquei tenso e virei logo.
— Tá chateado comigo? Fiz alguma coisa? – ele perguntou de uma maneira tão bonitinha, que eu quase dou um abraço nele ali mesmo.
Seus olhos azuis preocupados quase me fizeram perder a pose de frieza, mas abaixei a cabeça e a balancei um pouco, como se tentasse afastar um pensamento. Olhei para ele de volta e respondi:
—Não. Não estou chateado com você, mas vou ficar se não me soltar. – disse sério.
Ele me soltou, e esperei a sua reação. Seus olhos passaram de preocupados para neutros. Ele simplesmente virou e saiu andando.
Foi melhor assim.
Nem doeu. Pelo menos em mim.
DROGA, eu sou uma desgraça. Um egoísta imaturo.
Arrependi-me no exato momento em que ele me deu as costas, e depois desaparecendo no meio das pessoas.
Eu tinha o perdido?
Fui para a sala, e me sentei ao lado de Sara. Ele veio logo em seguida sentando no seu lugar de costume. Seu rosto não apresentava nenhum sentimento até ele sentar com o Daniel, e começar a rir. Me senti melhor, e vi que não fazia diferença nenhuma na sua vida, melhor dizendo, na de ninguém.
Uma semana se passou, e ele nem se quer olhava para minha cara. Ele até parecia mais bonito que antes. Tinha que achar alguma forma de tirar ele da minha cabeça, ele estava nela mais do que o permitido. E pior. Eu sentia falta dele. Do seu cheiro, da sua força, da sua boca, do seu carinho... E isso tava me matando.
Quinta-feira. Dia de educação física. Eu fui praticamente obrigado a participar dessa vez, já que eu tinha faltado muito. No meu caso, é porque eu odeio futebol. Coloquei um short preto e fiquei com uma camisa branca. Ah Deus, me ajude, isso era insanidade. E para completar, iria jogar contra o Henrique e Daniel. Os sem camisas gostosões do colégio. Tinha uma menina linda conversando com ele. Tive vontade de matá-la. Que porra era essa? Ficava com a mão toda hora no ombro dele, na cintura e depois teve a audácia de beijá-lo na bochecha.
Ok, Ok, relaxa.
Não estou com ciúmes.
Não estou com ciúmes.
Droga, eu estou com ciúmes.
Posicionei-me em qualquer lugar na quadra e o professor apitou alto. O jogo começou. Logo todos começaram a correr, e eu tentei ficar o mais longe possível da bola. Bom, eu não era tão ruim assim. Já tinha jogado bola com meus primos na Bahia, só que nunca pratiquei e sou o que sou agora. Um desastre.
Daniel e Henrique pareciam ser amigos desde infância, eles se comunicavam pelos olhares, e claro, não demorou muito para o primeiro gol deles. Do Henrique. Eles comemoravam, e gritavam. E eu fiz uma cara de quem não ligava. E não estava ligando mesmo não. A vaca da garota pulava com as amigas e olhava sem nem disfarçar para ele.
Raiva.
O nosso time começou a partida, e eu decidi jogar para ajudar meu time. Péssima escolha. Quando um garoto que nem conhecia tocou a bola para mim, o Daniel tomou-a de mim, de uma forma que me fez cair e rolar no chão. E o professor nem marcou falta. Hoje com certeza era meu dia. Levantei e tirei o cabelo dos meus olhos. Eu tava com tanta raiva, que quando chegasse em casa ia pegar uma tesoura e cortar essa merda toda da minha cara.
Eu estava perto do gol, e o Gustavo - um garoto da minha sala - tocou a bola para mim, e eu ainda com a esperança de fazer um gol, virei par o gol. Mas como hoje não era MESMO meu dia, nem percebo quando duas pernas apareceram na minha frente me fazendo tropeçar. Bato minha cabeça com um pouco de força no chão, e sinto aquele meu conhecido gosto de ferrugem na minha boca. Fiquei na posição fetal, tentando suportar a dor da queda. Levei minha mão e boca e meus dedos vieram pintados de vermelho.
Suspirei e abri os olhos, a dor dobrou quando vi quem foi que me derrubou naquela forma violenta. Gustavo mexia a boca, o professor falava alguma coisa, só que eu não escutava nada. E a maldita teimosa lágrima apareceu. Até que Gustavo estende a mão para mim, e eu a seguro. Ele me levantou e coloquei meus braços em seus ombros. Gustavo me levou até a porta do banheiro da quadra. Eu estava um pouco tonto, e me apoio na pia. Respiro fundo e lavo meu rosto e minha boca.
A água gelada me acordou. Fechei os olhos e amaldiçoei Henrique mentalmente. Levantei meu rosto e abri os olhos. E lá está ele me observando. Viro para ele, que só me encara com seriedade.
— O que foi? Quer terminar comigo aqui? – perguntei nervoso.
Ele andou até ficou a um palmo do meu rosto, e segurou meu rosto entre as duas mãos.
— Desculpa. – pediu.
Não respondi. Tentei me livrar dos seus braços.
— Não me toca. – disse friamente.
Ele novamente tentou me segurar, então eu o empurrei inutilmente. Ele não se moveu nem um centímetro, comecei a bater no seu peito e pedir para ficar longe, até ele segurar meus braços e me por contra a parede. Eu ofegava rendido a seu domínio. Ele beijou meu pescoço e eu me arrepiei.
— Para. – quase implorei.
Eu não ia suportar.
Ele continuou beijando até chegar ao meu queixo. Quando ele foi beijar minha boca, virei resistindo ainda.
— Por favor, Henrique... – pedi com uma voz melancólica.
Ele tirou uma de suas mãos do meu braço, e só segurou com uma. Com a outra, ele segurou meu queixo com força e virou. Chegou bem perto da minha boca, e ordenou:
— Me beija.
Parei de tentar fugir, e olhei para sua boca vermelha, carnuda e convidativa. Pelo amor de Deus, como ele faz isso? Ele tem alguma coisa que me faz perder a razão, e a consciência. Encostei meus lábios nos seus e vi como era bom beijá-lo novamente. Senti um frio na barriga com o toque dos nossos lábios. Ele soltou minhas mãos, que imediatamente correram suas costas fortes. Ele segurou meus cabelos enquanto pressionava todo o seu corpo contra o meu. Passei minha mão no seu peito forte e suado. Seu beijo começou a ficar mais urgente e rápido. Ele passou a mão pelas minhas costas, depois desceu até minha bunda, onde ele apertou forte me fazendo gemer sobre seus lábios. Escutei alguém chegando, e tentei parar o beijo, mas ele parecia nem ligar. O empurrei (com um pouco mais de força agora) e conseguir sair dos seus braços. Andei e fingir lavar meu rosto.
— Hugo? – era o Gustavo.
— Oi... – respondi tentando regular minha respiração.
Ele olhou com uma cara de poucos amigos para Henrique, e depois virou para mim.
— Ele tá te irritando? – perguntou.
— Não. Ele só veio pedir desculpas. – disse o mais normal possível.
Ele olhou para Henrique ainda desconfiado e me puxou para fora do banheiro. Depois que ele me levou pra longe do banheiro, me soltou e me encarou. Seus olhos eram castanhos. Mas um castanho claro penetrante lindo. Seus cabelos eram curtos e pretos. Tinha cara de malvado quando sério.
— Eu sei que ele não gosta de você, e que gosta de te infernizar. – disse ele.
Claro que ele sabia. Pelo menos todo colégio achava isso.
— Você tem razão. Mas ele apenas estava me pedindo desculpa. – disse tentando convencê-lo, o que não deu muito certo.
— Sei... Se ele tentar alguma coisa com você, me avisa. – ele bagunçou meu cabelo e saiu.
Pronto! Era só o que faltava, um protetor. Balancei a cabeça e fui sentar em algum canto longe da quadra de esporte para colocar as coisas em ordem.
Henrique me machuca – literalmente, e depois me obriga a beijá-lo. Gustavo quer me proteger do Henrique. A cada beijo que dou no Henrique, com mais vontade eu fico depois. Será que eu realmente me apaixonei? Impossível.
Só um pouquinho apaixonado? Sim... Não... Talvez... Ah!
Droga.
Eu ainda vou me ferrar por causa disso.