BEM PARECE QUE O ROMANCA ESTÁ FICAR DE MAIS, NÉ GENTE?
- não eu não estou a brincar. É sério.
- mas…
- posso falar? Eu vou contar tudo pra você.
Lucas narrou toda a história novamente para Stuart que o ouviu sem dizer nada. Por fim disse:
- convida-o para vir connosco a Suíça.
- o quê?
- é isso mesmo que ouviste. Convida-o para vir com a gente. Assim já não ficam longe um do outro. Esse é motivo pelo qual não queres nesta viagem, não é?
- s-sim.
- então está decidido, ele vai connosco.
Lucas abraçou Stuart e beijo dizendo:
- obrigado pai, você é o melhor pai do mundo.
-sim, mas vou estar de olho em vocês.
- pode deixar pai.
- bem agora vou falar com Stive e dizer que tudo está resolvido.
- ok, até logo.
Mal Stuart saiu, Lucas agarrou no telefone e ligou para Jotapê que atendeu logo no primeiro toque.
- oi Lindo, então como foi a tua conversa com a fera?
- mal
- como assim?
- mas depois melhorou muito, mas é não por isso que te telefonei.
- então foi para quê, ele não aceitou estarmos juntos é isso? – perguntou Jotapê triste.
- Pelo contrário deu maior força, mas com aquelas recomendações próprio dos cotas.
- legal, quer dizer que podemos ficar sem problemas?
- sim, mas tem outra coisa
- outra? Fala logo- disse impaciente.
- são duas notícias, uma boa e outra má. Qual preferes em primeiro lugar?
- fala logo estou a ficar preocupado.
- então vai a má. Eu vou ter que viajar na semana que vem?
- para onde? A gente nem começou a ficar direito e já me vais deixar só? – reclamou Jotapê.
- pois, mas ainda não me deixaste dar a boa.
- então fala logo – impacientou-se ele.
- a boa é que podes vir com a gente. Pronto falei.
- não, tu ta brincando comigo?
- nunca falei tão sério. O meu pai pediu para te convidar! A não ser que não queiras vir.
- é claro que quero ir. é só falar como os meus pais, e de certeza que vão me deixa ir. Mas já agora para onde é que vamos.
- vamos á Suíça. Meu pai vai a negócios e aproveita o feriado da sexta-feira para um passeio em família.
- se é em família, não vou atrapalhar? – perguntou Jotapê preocupado.
- claro que não, eu já disse para o meu pai Stive que não queria ir porque não queria ficar longe de você e ele entendeu, mas o Stuart não quis saber e disse que íamos todos e pronto.
- então quer dizer que o forçaste a convidar-me?
- não, eu deixei-os a conversar sozinho e subi para o meu quarto e o Stive veio atras de mim enquanto estávamos a conversar ele apareceu e disse que se eu não quisesse ir tudo bem que entendia e que não queria forçar a barra comigo, mas que gostaria muito se pudéssemos estar em família, daí do nada ele me disse para te convidar.
- se é assim, então não tem problema.
- olha môr eu tenho que ir depois falamos.
- o que me chamaste? – perguntou Jotapê emocionado.
- nada, eu só disse que tenho que ir.
- vá lá, eu ouvi bem, você disse “môr”
- eu disse? Nem dei conta!
- ok, então eu digo, tchau amor. Um beijo nesta boca linda.
- um outro par ti também.
- espera…disse Jotapê ansioso.
- então, que foi – quis saber Lucas.
- queres ir ao cinema amanhã a tarde?
- estás a convidar-me para sair?
- sim, tecnicamente sim…fiz errado?
- não, claro que não…
- quer dizer que não queres?
- não seu bobo, fizeste bem. Eu gostei do convite. Só não estava a espera.
- ah é que eu pensei que não querias
- querer eu quero, mas, só que tem um problema.
- Então o quê é?
- o meu irmão, você se esqueceu que ficamos tarde juntos –
- ah, é verdade, mas ele pode vir com a gente.
- ele vai segurar a vela do irmão…
- não, a gente só dá uns beijinhos.
- ta bom vou falar com meus pais se eles deixarem…
- até amanhã então…beijo.
- para ti também lindo, sonha comigo
- pode deixar…
Depois que desligou o celular Lucas ficou a pensar. Se Jotapê o convidou para sair, isso queria dizer que ele estava feliz por estar com ele.
Ainda não acreditava como é que um rapaz lindo como ele poderia gostar de garoto mais novo do que ele e que até há pouco tempo atrás não tinha onde cair morto?
É certo que não tardava muito e ia fazer dezasseis anos, mas dois anos, como havia dito Stuart era muito tempo. Ele tinha experiência do que ele. Ele que apenas tinha trocado alguns beijos, mas sabia beijar. Já Jotapê tinha um beijo de arrancar o folego. Só de pensar nisso sentia o seu corpo a arder de desejo. Também deu para sentir a sua ereção. Ele era mesmo dotado. Só de pensar nisso sentiu um frio na barriga. Pois, ainda não se sentia preparado para ter a sua primeira relação. Mas Jotapê tinha um fogo!!! Mal o tocara e já estava assim…imagina, se…! Não, era melhor não pensar nisso, por agora. Não queria se precipitar, para não se arrepender depois. E se Jotapê depois de ir pra cama com ele o abandonasse?
Stuart tinha razão. O melhor era esperar ate se sentir preparado e se Jotapê gostasse realmente dele ia espera-lo.
Jotapê mal conseguia dormir só de pensar em Lucas. Fechava os olhos e lembrava-se do seu sorriso e ria sozinho que nem um bobo. Lucas era o garoto que sempre esperou para se assumir de vez. A teria que contar aos pais o mais rápido possível. Pois queria que Lucas frequentasse a sua casa, não apenas como amigo mas como seu namorado! Namorado? É verdade, ele nem lhe pediu em namoro, só falaram em ficar. Mas mesmo assim. Queria ficar com ele sem esconder a relação que os unia. Além disso, seus pais estavam mais preocupados com as suas carreiras do que com ele. Ele tinha sido sempre um estorvo nas suas vidas. O seu nascimento foi um mero acaso e eles sempre deixaram isso bem claro. Sempre lhe deram tudo o que queria para não lhes perturbar nas suas vidas profissionais. Nem se importava quando ele chumbava de prepósito, porque queria chamá-los atenção. Ao contrário o mimavam mais para não se sentir inferior em relação aos seus colegas. Eles nunca se preocupavam em ver o ser boletim da escola. A culpa dele ter feto o que fez, foi muito por culpa deles.
Com certeza que eles nem estavam aí se fosse gay ou não. se namorasse uma menina ou um rapaz. Estava decidido ia conta-los amanhã mesmo, no pequeno-almoço antes de ir para a escola. Afinal era o único momento em que estavam todos juntos na mesa embora cada um no seu mundo. Seu pai a ler o jornal e a mãe a folear a sua revista preferida.
Adormeceu com estes pensamentos.
Acordou de manhã cedo e tomou um banho mais demorado do que o costume. E desceu para comer. Quando chegou na cozinha foi recebido por Alzira a empregada que praticamente o criou, que disse
- o que te aconteceu João Pedro!? Caíste da cama?
- kkkk, claro que não! apenas estou bem disposto e queria falar um assunto sério com os pais.
- huumm, vejo que estás mais lindo do que o costume. Namoro novo?
- talvez…
- mas quem é, para estares tão produzido? Poucas meninas mereceram tanta atenção?
- só te posso dizer que é alguém muito especial, mas que quando for o momento certo saberás.
- ok, mistério….
- não é isso, é que quero ter a certeza, percebe….
- claro que sim.
A sua conversa foi interrompida pela chegada dos pais que se admiraram por vê-lo ali tão cedo.
- bom-dia, já estas de pé? Aconteceu alguma coisa? – disse a mãe Letícia…
- pois, parece…a estas horas costumas estar sempre a dormir e se a Alzira não te for chamar nunca te levantas – disse o pai.
- bom dia para vocês também. Apenas tenho um negócio para falar com vocês. E este é o único momento em que nos vemos nesta casa, por isso estou aqui.
- o que foi que aprontaste deste vez? – perguntou o pai, Pedro
- nada, só quero falar com vocês.
- então despacha-te porque tenho que ler o jornal.
- e eu tenho que ver as novas tendências da moda…
- então vou ser direto se é isso que vocês querem. Eu estou namorando…
- e daí? A pressa toda é por isso? – disse a mãe inquieta
- ainda não me deixaste terminar…
- já sei, queres dinheiro para….
- não, não preciso de dinheiro. Eu tenho muito ainda.
- então o que é? – perguntou o pai abrindo o jornal…
- vocês não me deixam falar. Estou namorando um garoto.
- O QUÊ- gritou a mãe histérica?
- é isso mesmo, eu sou gay e namoro um rapaz.
- TU SÓ PODES ESTAR A BRINCAR!!! É MAIS UM DOSTEUS JOGOS PARA CHAMAR ATENÇÃO – gritou o pai,
- eu não estou a brincar. Falo sério. Sou gay…mas porque isto importa para vocês, se nunca se importaram comigo?
- claro que nos importamos, sempre tiveste tudo. Nunca te faltou nada.
- tudo? O que vocês chamam tudo? Mimos e agrados para não me sentir só? Eu precisava de pais e não de comerciantes que me tentavam comprar para não roubar-lhes um pouco do seu precioso tempo.
- não fujas da conversa.
- eu não estou a fugir. Apenas vos estou a dizer que não me conhecem e nunca se preocuparam em me conhecer.
- mas nós te demos tudo. e é claro que te conhecemos…
- então digam-me qual é e minha cor preferida? Ou melhor o dia do meu aniversário e que idade tenho?
- tu acabas de dizer que és gay, e que a culpa é nossa. é isso!?- indignou o pai.
- não pai, tu melhor do que ninguém devia saber isso. Ser gay ou não, não é culpa de ninguém. É a natureza da pessoa. Apenas estou a tentar dizer que vocês nunca se importaram comigo de verdade para não aceitarem isso.
- TU PRECISAS É UMAS PALMADAS DAS QUE A GENTE NUNCA TE DEMOS – a mãe.
- eu nunca vou aceitar uma aberração da natureza como filho…
- então é isso? Eu sou uma aberração para você, pai?
- isso é nojento! Meu Deus como pode um homem gostar de outro?
- não metas Deus nisso, eu sei que Ele não me julga e aceita-me como sou. É algo ao qual não posso fugir. Eu não escolhi ser o que sou. Para tua informação nunca fui tão feliz em toda minha vida. eu amo o Lucas e não vou abrir a mão disso. Quer queiram quer não.
- como é que podes ama-lo? -Disse a mãe - Isto é absurdo. EU PREFIRO TER UM FILHO ASSASSINO A TER UM FILHO GAY. O QUE VÃO PENSAR A MINHAS AMIGAS?
- obrigado, mãe. Você é tão egoísta que só pensa em você mesma, né? Em vez de te preocupares coma minha felicidade. Importas-te mais com as tuas amigas dondocas – disse Jotapê que foi surpreendido com um tapa na cara.
- você me bateu. Não tinha esse direito.
- isto é para aprenderes a me respeitar, seu anormal.
- eu sou um anormal?
- é isso mesmo, seu maricas. Desaparece da minha casa eu não quero nem pensar na repercussão que isso terá na empresas quando todos souberem que o filho do patrão gosta é de marcha ré.
- eu vou-me embora sim. Eu vou esquecer que existem. Realmente vocês se merecem.
- e de hoje em diante és o teu único responsável, não receberas mais nem um centavo das nossas mãos até te tornares um homem de verdade, e não uma aberração.
- eu sou homem, e muito mais do que você pai, que nunca soube o que é realmente responsabilidade. Ao contrário de ti que sempre me subornou para não perturbar os teus negócios. Para que me comportasse bem perante os teus convidados. Quando me usavas para dar uma imagem de família feliz. Quando te convinha para ganhares mais algum. Eu assumo aquilo que sou sem medo do futuro ou com os outros vão pensar. Não sou hipócrita.
- COMO OUSAS FALAR COMIGO NESTE TOM, MOLEQUE – esbravejou ele. Ao mesmo tempo que lhe dava murro. – SAÍ DA MINHA CASA AGORA. E VAIS SAIR COOMO ESTÁS, NÃO LEVARÁS NADA DO QUE COMPRASTE COM O MEU DINHEIRO.
- é o tom que você merece – disse Jotapê – limpando o sangue que lhe sai da boca devido ao impacto do soco. - Como me iludi tanto em pensar que algum mudassem e se tornasse pais de verdade.
- não sei se sabes, mas há muito tempo que não uso nada comprado com o teu dinheiro. Tenho usado o dinheiro que a minha avó me deixou. E não abrirei mão daquilo que ela me deu. Quanto ao resto podem fazer o que bem entenderem.
continua.... E agora o que vai acontecer ao Jotapê?