GENTE ESTA FOI A ULTIMA PARTE QUE ESCREVI NAS FÉRIAS. NÃO SEI QUANDO VOLTO A POSTAR AGORA. SE SENTIREM A MINHA FALTA DIGAM QUE CONTINUO O ROMANCE.
Jotapê saiu a correr e subiu até ao quarto. Arrumou tudo procurando levar apenas aquilo que tinha comprado com a poupança que a avó lhe tinha deixado, no qual só podia mexer depois de fazer dezasseis anos. Pois como ela dizia, mais tarde ou mais tarde ia procurar ter a sua independência em relação aos pais, que se via de longe só pensavam em si.
Desceu as escadas com duas malas e já não encontrou aos pais ali. Ao que tudo indica tinha saído já para o trabalho.
Quem veio ao seu encontro a chorar foi Alzira.
- o menino Pedro não pode sair de casa assim! Para onde vai? Eu vou sentir muitas saudades suas – disse ela entre soluços e abraçou-o.
- não chore, Zira – era assim que a tratava – eu telefono-lhe. Eu vou ficar bem. De qualquer maneira, se não fosses tu e a minha avó eu sempre estive sozinho. E agora vou poder viver a minha vida e ser feliz ao lado da pessoa que amo.
- desculpa, menino, mas não deixei de ouvir a sua conversa com os teus pais. É mesmo verdade o que o menino disse?
- sim é verdade, e Zira, eu não fui tão feliz.
- eu acredito em você. E espero que sejas muito feliz. E que esse menino que dizes amar te ame como tu mereces. Eu não te vou condenar. Cada um é para aquilo que nasce.
- obrigado, por esta força. Mas tenho que ir. Tenho o táxi aminha espera.
- mas para onde vai?
- agora vou para um motel…ou qualquer outro sítio. Eu sei que vai ser difícil conseguir um lugar por ainda não ter completado os dezoito anos, mas vou dar um jeito. E depois vou para a escola.
- vai com Deus, meu filho – disse ela a chorar e saiu a correr para a cozinha.
Jotapê olhou em volta. Queria guardar algumas recordações, dos momentos bons que viveu naquela casa. Ainda que a frieza dos pais fosse quase palpável, mas a seu jeito tinha vivido bons momentos ali. Não ia derramar nenhuma lágrima. Eles lhe tinham demonstrado de forma mais cruel que não o mereciam. E saiu arrastando mala. Entretanto o seu celular tocou, mas decidiu ignora-lo. Não queria falar com ninguém agora. Quem quer que fosse ligava-lhe depois.
Saiu e nem olhou para traz e caminhou até ao táxi e pediu ao motorista que lhe deixasse num motel. Felizmente por ter já dezassete anos conseguiu um logo a primeira tentativa. Ainda que, tivesse dada uma boa gorjeta ao rapaz da receção que lhe pôs dezoito anos na ficha do check-in em vez de dezassete.
Tomou um banho e resolveu mudar de roupa pois estava com uma aparência horrível. No banhou chorou muito ao lembrar de tudo os que os pais lhe tinham falado. Apesar de serem o que eram não esperava um reação daquelas, afinal sempre eram seus pais. Mas tinha-se enganado. Mas a dor ia passar mais cedo ou mais tarde. Agora teria que pensar no que ia fazer no futuro. Teria que arranjar um emprego. Embora tivesse muito dinheiro daquilo que a avó lhe tinha deixado, mas não ia durar para sempre. e quanto ao dinheiro dos pais fez questão de deixar o cartão de credito que lhe tinham dado. Ficou ainda alguns momentos no banho pensando nos seus planos para o futuro e nem viu o tempo passar.
Mas o que se passava com Jotapê. Não lhe atendeu o celular. Nem aparecia para as aulas. Será que tinha esquecido de pôr o despertador e adormeceu? Mas se assim fosse o toque do celular tê-lo-ia acordado. Passava-se qualquer coisa. Ainda ligou para a casa mas ninguém atendia. Será que tinha acontecido alguma coisa com ele?
Já se passava das onzes e nada dele aparecer. Na última aula também não apareceu. Já lhe tinha enviado inúmeras mensagens e nada dele responder.
Estava quase a ficar sufocado de ficar sem notícias dele. E a sua amiga Márcia notou a sua impaciência. Quando finalmente saíram ele perguntou:
- onde está o Jotapê?
- não sei, já lhe liguei um milhão de vezes e nada. Não responde as minhas mensagens. Estou a ficar preocupado. Não sei o que fazer. Na sua casa ninguém atende o telefone.
- não fiques assim , não deve ser nada. As noticias ruins chegam rapidamente.
- mas…e se
- não Lucas… nada disso. Já, já vais ter notícias dele. Pode ter ficado sem bateria no celular.
- Deus te oiça. Como eu queria acreditar nisso. Bem vou buscar o meu irmão.
- ok.
- Tínhamos combinado os três de ir ao cinema, mas como ele não pareceu… Vamos para casa. O meu irmão estava muito feliz, e agora suponho que vai ficar riste pelo bolo de Jotapê. Afinal gosta muito dele.
- ele e tu também, né amigo?
- pois…disse Lucas afastando com lágrimas nos olhos.
Encontrou o irmão esperando sorrindo.
- oi, cadê o Jotapê?
- eu não sei…
- o que foi que aconteceu? Vocês brigaram? E o cinema?
- nada, e uma pergunta de cada vez…
- mas…
-mas nada vamos para casa.
- você ligou para ele?
- o que achas?
- deve ter se esquecido
- eu é que é que fui idiota em acreditar nele. Com certeza deve ter-se arrependido do que me disse ontem e estejas nos braços de outra.
- ele não seria capaz…
- mas foi capaz de nos dar um bolo destes…e nem sequer veio as aulas.
- pode estar doente…
- então porque não me atendeu o telefone…desligou na minha cara…e não responde as minhas mensagens?
- deve ter acontecido algo que lhe impediu…
- não sei, vamos e não se fala mais nisso. O Matheus já está a nossa espera.
E saíram em direção ao carro quando, ouviram alguém a chamar por eles.
- Lucas, Gabriel!!!
Olharam para traz e viram Jotapê, que estava visivelmente triste. Gabriel correu para ele e abraçou dizendo:
- eu pensei que não vinhas mais…
- desculpa é que tive uns problemas em casa, mas já está tudo resolvido. Estou aqui – disse olhando para Lucas que estava no mesmo lugar com cara de poucos amigos. Gabriel segui-o com o olhar e disse:
- acho melhor falares com ele… está de mau humor. Talvez possas fazer alguma coisa.
- vamos lá então. Antes que fique pior.
- oi, desculpa…
- desculpa…não me atendes o telefone, não vens as aulas e está a única coisa que tens para me dizer?
- eu tive uns problemas em casa…
- mas custava ter me ligado? Não; desligaste o telefone na minha cara.
- eu saí de casa…ou melhor meus pais me expulsaram de casa…
- o quê
- Isso mesmo… quando meus pais souberam de nós simplesmente me expulsaram de casa…
- ohhh- murmurou Lucas baixinho – desculpa. Mas custava teres-me atendido. Eu fiquei agoniado este tempo todo.
- desculpa, não queria te deixar assim.
- e onde estás?
- estou num motel…
- motel?
- sim, era o único lugar onde podiam me alugar um quarto sem exigirem muitos documentos.
- vamos para casa então, lá conversamos melhor.
- e o cinema’ – perguntou Gabriel.
- mano, acho que não clima para cinema hoje. Prometo que vamos outro dia.
- ok, tudo bem…mas então temos que avisar que vamos comer em casa.
- é verdade, boa ideia. Vou ligar.
Lucas tirou o celular do bolso e ligou dizendo a Jacintha que iam almoçar em casa porque tinha acontecido um imprevisto. Ela lhe disse que não havia problemas porque os pais também iam almoçar em casa.
Quando chegaram a casa Stive e Stuart já estavam na sala a sua espera. Olharam para eles e perguntaram:
- então e o cinema? Aconteceu alguma coisa, Lucas?
- bem, comigo e com o mano não, mas…
- mas… o quê?
- o Jotapê…
- o que foi aconteceu João Pedro? – perguntou Stuart com preocupação.
- meus pais…me expulsaram de casa depois que lhe disse que sou gay – disse ele baixando a cabeça.
- com o assim?
- depois que lhes contei que estava namorando um rapaz ficaram fulos e me expulsaram. Chamaram-me as piores coisas que já ouvi e mandaram embora.
- bateram-te?
-nã-o…
- e então está marca que tens na boca? Ontem não o tinhas…responde. Bateram-te?
- si-m, meu pai deu-me um murro. Mas fui eu que provoquei?
- covarde…ele não podia ter feito isso!- disse Stuart com raiva.
- a culpa foi minha ….
- mesmo assim… aonde estás?
- estou em um motel
- motel? Isso é perigoso. És menor e não podes ficar num sítio destes – interveio Stive que até agora estava calado.
- mas eu não tinha nenhum sítio para ir…
- agora já tens… disse Stuart e todos o olharam admirados – tu ficas aqui em casa com a gente. Até encontrares um sítio para ficares, não Stive?
- sim, por mim não há problemas
- mas temos que estabelecer algumas regras, mas agora vamos buscar as tuas coisas. Ainda temos uns minutos antes do almoço ser servido. Stive pede a Jacintha que prepare um quarto para ele. Vem comigo.
Saíram e direção ao carro de Stuart. Ao entrarem no carro Stuart disse-lhe:
- olha uma coisa, tu vais ficar aqui connosco, mas aí de ti se saíres da linha com o meu filho. Eu sei do risco que corro em ter-vos debaixo do mesmo teto. Mas não te posso deixar ficar num motel quando temos casa imensa com vários quartos vazios.
- pode deixar, sr. Stuart não precisa se preocupar. Eu prometo…
- rapaz, eu já tive a tua idade e sei que há coisas que não controlamos. Mas eu não quero pouca vergonha na minha casa. Tudo bem, que aceito o vosso namoro, mas fora da minha casa. Nada de visitas a noite. Ele ainda é menor e tu tens mais experiência do que ele.
- eu respeito o seu filho. Eu gosto muito do Lucas. Ele mudou a minha vida, não agora mas muito tempo atrás. Só lamento por tê-lo feito mal no passado. Hoje eu sinto que sou capaz de dar a minha vida para vê-lo feliz.
- eu não duvido disso, alias ele também te ama. Caso contrário não te teria perdoado. Mas se tu voltares a magoa-lo terás que ver comigo.
- eu vou dá-lo todo o carinho que merece…
- assim espero. Quando pensarem em dar o passo…lembrem-se de que devem proteger-se. Tu sendo mais experiente deves ter cuidado para não magoá-lo. Hoje a muitos meios que podem ser utilizados para o sexo seja menos doloroso.
- sim…mas…eu
- tu o quê? – inquiriu Stuart olhando para Jotapê que baixou o olhar.
- não me digas que também és virgem?
- si-m, eu nunca fiz nem com meninas nem com meninos.
- é mesmo? Mas pela forma como o abraçavas no outro dia quando cheguei em casa…
- é nunca me senti muita vontade em fazê-lo… não me sentia completamente seguro para dar o passo.
- eu entendo, não tens que ter vergonha disso. Mas, cedo ou tarde isso vai acontecer…se não for Lucas será com outra pessoa.
- eu acho que o Lucas é a pessoa ideal para mim, e não quero que seja com outra senão ele. Eu gosto muito dele.
- fico contento em saber que gostas dele e vejo que estás a ser sincero. Mas preciso de falar com teus pais. Se vais morar lá em casa quero ter a certeza que não estou a cometer nenhuma ilegalidade. Entendes?
- sim, mas para quê falar com eles? Eles me expulsaram e disseram que tinham nojo de mim. Que eu era uma aberração.
- mas mesmo assim continuam a ser teus pais, e além disso és menor de idade. Portanto, leva-me até eles.
- eles estão a trabalhar neste momento e certamente não vão atende-lo.
- ah! Vão sim ou não me chamo Stuart Bretson…
Quando Jotapê viu a determinação de Stuart não teve como argumentar mais de deu-lhe o endereço do escritório do pai.
Ao chegarem ali fez menção de ficar a espera no carro mas Stuart não lho permitiu e disse-lhe que teria que enfrenta-lo de frente sem medo.
- vamos, não te vai acontecer nada. eu estou aqui para protege-lo. Entraram no elevador e Lucas premiu o botão do andar do escritório. Estava a tremer visivelmente com a possibilidade de voltar a encontrar-se com o pai.
Notando o seu nervosismo Stuart pôs-lhe a mão sobre o ombro para lhe dar forças. O elevador parou e eles desceram. Caminharam em direção ao corredor do escritório e foram atendidos pela secretaria:
- o menino Lucas por aqui? O teu pai está no escritório.
- Sara, este é Stuart Bretson e gostaria de falar com o meu pai…
- vou anuncia-lo, têm hora marcada?
- não tenho, mas tenho uma certa urgência em falar com ele. Por isso se fizer o favor, agradecia.
- com certeza, é hora do almoço e não há ninguém – disse a secretária enquanto ligava para o patrão…
- sr. Medeiros está o sr. Bretson que gostaria de falar consigo.
- tem hora marcada? Eu não conheço ninguém com este nome!
- não tem hora, mas diz ter uma certa urgência em vê-lo.
- manda-o entrar, então.
- podem entrar…
Stuart pôs a mão nos ombros de Jotapê e empurrou para o interior da divisão.
Ao vê-lo o pai perguntou-lhe:
- o que estás aqui a fazer? Não fui bem claro contigo está manhã?
O rapaz fez menção de falar mas Stuart impediu-o.
- Ele está aqui porque eu lho pedi. Eu sou Stuart Bretson e gostaria de falar consigo sobre o seu filho e meu filho…
- então o sr. Sabe da pouca-vergonha dos dois?
- não é pouca vergonha nenhuma. Se eles se gostam que somos nós para interferir – disse Stuart com veemência.
- então quer dizer, que o senhor apoia esta relação absurda?
- sim, eles têm o meu total apoio. Não estão a fazer nada de errado. E o senhor e a sua mulher deviam apoiar o vosso filho que é um ótimo rapaz que não escolheu ser o que é…
- eu não criei uma aberração…eu não tenho filho maricas. Eu preferia um ladrão assassino mas gay, nunca e se o apoia pode leva-lo consigo para viver a sem vergonhice com o seu filho.
- os senhores estão a cometer um erro grave em lançar o vosso filho no mundo desse jeito. Ele neste momento precisa é de apoio.
- nunca terá o meu apoio para viver este absurdo…e eu deixei isso bem claro esta manhã. Leva-o consigo…não o quero ver até que volte a ser um homem de verdade.
- pelos vistos o único que não é homem aqui é o sr.
- como ousa me insultar – disse o sr. Medeiros contrariado.
- agindo assim, não é nenhum insulto.
- OU SAIEM DO MEU ESCRITÓRIO AGORA OU CHAMO O SEGURANÇA.
- chame quem quiser, já estamos mesmo de saída. O que eu queria saber já sei.
E saíram batendo a porta. Sara olhou sem entender nada.
-adeus senhorita, e desculpe o incomodo.
Quando chegaram no carro, Jotapê chorava novamente. E Stuart abraçou-o.
- vá, não chores…agora sei que fiz o certo em querer que fiques lá em casa. Podes contar connosco para o que der e vier. Vamos buscar as tuas coisas. E ficarás connosco o tempo que precisares.
- obrigado sr. Stuart.
- para de me chamar senhor, só Stuart, está bem?
- sim sr…quer dizer Stuart.
- ok assim está melhor.
Jotapê sorriu pela primeira vez naquela manhã. E seguiram para o motel. Chegaram lá o rapaz que tinha atendido Jotapê de manhã, pensado que era o seu pai foi logo desculpando-se.
- desculpe senhor mas…
- não precisa se desculpar. Eu agradeço por tê-lo deixado ficar aqui. Mas , agora vai comigo.
- lamento mas não posso devolver-lhe o que já pagou, faz parte das regras da casa.
- não precisa, não – disse Jotapê – pode me dar a chave do quarto?
- aqui está – disse o rapaz ponde a chave em cima da mesa –caso precise de ajuda é só dizer.
- não, eu ajudo – disse Stuart.
E subiram para pegar a bagagem.
Depois de terem pego a bagagem seguiram para casa. Ao chegarem a casa Stive estava com Lucas e Gabriel a espera na entrada. Ao vê-los Lucas correu para ajudá-los com as malas. Jotapê estava visivelmente triste e Lucas perguntou-lhe:
- porque demoraram tanto? Andaste a chorar novamente?
- Lucas, é melhor conversarmos lá dentro não achas? – disse Stuart.
- ok pai, mas que demoraram tanto.
- bem primeiro entramos, e conversamos durante o almoço…
Já na mesa Stive disse:
- o teu quarto já está pronto. Depois do almoço o Lucas ajuda-te com as tuas coisas. Fica sabendo que és bem-vindo aqui em casa. Sinta-te em casa e qualquer coisa que precises é só dizer.
- obrigado, Stive e desculpa pelo trabalho. Eu gostaria que tudo fosse diferente, mas infelizmente….
- não fiques assim, eu sei que é difícil para ti…para mim foi também no inicio. Mas depois que nos assumimos tudo fica mais fácil ainda que os nosso pais não nos aceitam.
- o que eu não entendo, é que ele nunca ligaram a mínima para mim. Sempre cuidaram das suas vidas e das suas carreiras sem se importarem comigo. Digo-lhe o que sou e sinto e eles reagem assim!
- às vezes, há pessoas que não entendem o mal que nos fazem.
- olha João eu sei que isso vai demorar a passar, mas tens agora é que erguer a cabeça e pensar em ti – nós estamos aqui para te ajudar.
- obrigado gente, eu não sei o que seria de mim sem vocês.
- nós estamos muito felizes por estares aqui connosco – apoiou Gabriel.
- obrigado Gaby – disse Lucas abaixando-se pra abraça-lo.
Lucas mantinha calado, ao lado de Stuart. Estava feliz porque o Jotapê ia morar com eles lá em casa, mas por outro lado estava triste pelo que lhe aconteceu. Mas também ainda tinha um negócio que não lhe saia da cabeça. Eles nem sequer estavam namorando, só estavam ficando. E se ele se apaixonasse por outra pessoa? Como é que ficaria o ambiente entre eles? Repreendeu a si mesmo por estes pensamentos. Pois, neste momento o que Jotapê precisava era de apoio e não de cobranças.
Stuart que o observava cutucou arrancando-lhe dos seus pensamentos. Lucas olhou para ele e Stuart incentivou-o a que se aproximasse de Jotapê. Fez um gesto para que lhe desse um abraço. Lucas ficou sem entender nada, mas mesmo assim seguiu o conselho do pai. foi até ele olhou-nos olhos e depois abraçou-o. Neste momento era como se não houvesse mais ninguém naquela sala. Apenas aqueles dois corpos jovens. Jotapê sentiu que toda a sua tensão havia saído do seu coração dando-lhe uma imensa paz. O abraço prolongou um bocado e Stuart fez um som com a garganta chamando-lhes a realidade. Soltaram-se automaticamente. Ficando vermelhos de vergonha. E Stuart para aliviar a situação disse:
- eu não sei se tem fome, mas eu estou faminto.
- eu também – disse Gabriel.
- então vamos logo. A Jacintha já deve estar impaciente.
Durante o almoço fizeram tudo para que Jotapê ficasse distraído e não pensasse mais naquilo que lhe tinha acontecido de manhã.
- não sei se o Lucas te disse, mas nós viajaremos para a semana que vem – disse Stuart.
- sim, ele me falou. Mas agora que meus pais me expulsaram, não sei se me darão autorização para ir com vocês.
- não te preocupes com isso agora, depois do que ouvi hoje do teu pai, ele não negar-te-á a autorização. Deixa que deste pormenor cuido eu.
- ok obrigado.
- de nada. Tu agora és parte desta família e terás tudo o que tens direito.
Depois do almoço ficaram mais um bocado a mesa. Explicaram a Jotapê os hábitos da casa e disseram-lhe que podia ficar o tempo que precisasse. De seguida Lucas foi ajudá-lo a arrumar as coisas e foi quando chegou ao quarto que tudo desmoronou dentro dele e começou a chorar desesperadamente.
- meu amos, não fica assim eu estou aqui – disse Lucas.
- como é bom ouvir isso, de ti meu anjo. Se não fosses tu não sei o que faria.
- conta comigo para tudo. E meus pais vão-te ajudar no que precisares.
- eu sei, mas acho que não fica bem ficarmos juntos ao mesmo tempo que moramos na mesma casa.
- donde tiraste esta ideia? Eu não vou abrir mão de ti só porque estamos na casa dos meus pais. Se não ficar contigo aqui, então vamos ter que dar um jeito de o fazer. Mas eu quero estar contigo.
- eu também, mas entende o meu lado, os teus pais já estão a fazer um grande favor em me deixar ficar aqui…
- sim, e tu não pediste.
- eu sei, mas o meu dinheiro mais cedo ou mais tarde ia acabar e dificilmente ia conseguir um emprego ao mesmo tempo que trabalho, já que ainda nem terminei o ensino médio.
- então quer dizer, que queres acabar comigo?
- não, o que eu quero dizer é que nós só devemos namorar quando estivermos fora daqui
- e que aqui em casa somos dois estranhos? – protestou Lucas.
- não é isso que quis dizer. Quis dizer que aqui devemos ser mais comedidos na manifestação dos nossos afetos.
- mas eu te amo…
- ãh? O que disseste?
- isso mesmo, eu te amo e não suportarei ficar longe de ti. Ter-te ao meu lado e estar longe de mim ao mesmo tempo.
- a mim me custa muito também, mas tem de ser. Alem disso nós estamos no mesmo colégio e podemos sair sempre os dois para namorar e nem nos vamos dar por isso.
- isso não vai dar certo – disse Lucas- mas ao menos posso te dar um beijo?
- sim – disse Jotapê aproximando-se dele. Lucas ainda sentiu o gosto salgados das lagrimas de Jotapê que entretanto tinha ficado mais calmo. O beijo que começou muito calmo e cheio de ternura de repente tornou-se exigente e profundo. Lucas começou a exigir mais do beijo. Meteu a mão por debaixo da camisa de Jotapê que gemeu quando sentiu o toque suave das suas mãos sobre a sua pele febril de paixão. Estava muito excitado e quase perdendo a razão quando voltou a si e resolveu parar o beijo enquanto podia. Afastou Lucas delicadamente, mas este voltou a apoderar-se da sua boca. Mas desta ele teve que fazer mais força para o afastar. E disse.
- Lu-cas é melhor a gente parar por aqui…senão vai chegar a um momento em que não conseguirei parar…
- então não pares – disse Lucas com voz rouca demonstrando que estava também muito excitado.
- não, eu não ou melhor nós não devemos abusar da confiança dos teus pais.
- sempre os meus pais…
- ah, Lucas tu tens os melhores pais do mundo. Que me dera a mim.
- ok, está bem tu vences, mas toma cuidado porque não sei até quando vou aguentar.
- isso é um aviso? – disse Jotapê a rir
- podes crer
- então, terei que dormir com a porta trancada para não correr riscos.
- pois, mas não demores muito tempo com ele fechada por que até os mais apaixonados também se cansam de esperar.
- quer dizer que estás apaixonado por mim?
- ainda duvidas?
- não, depois do beijo…
- hummm
- eu comprei uma coisa para ti…mas estava a espera do momento certo para to dar – tirou uma caixinha do bolso e deu-lhe dizendo:
-Lucas Bretson, aceitas namorar comigo? Eu sei que agora que não tenho casa e talvez pouco coisa para te oferecer é uma decisão muito difícil de tomar, mas só quero que saibas que eu te amo desde sempre. tu foste e serás a pessoa que sempre esperei.
Lucas olhou para o conteúdo da caixinha com lágrimas nos olhos e disse:
- são lindos, meu amor. É claro que aceito. Aceitaria mesmo que vivesse debaixo de uma ponte. O meu amor por ti supera tudo. Eu te amo.
Eram dois anéis de prata com as suas iniciais e duas correnteinhas também com as suas iniciais. Jotapê tirou o anel e pôs nos dedo anelar direito de Lucas simbolizando compromisso e Lucas fez o mesmo. Depois fizeram o mesmo com as correnteinhas. E selaram o compromisso com um beijo agora muito mais calmo. Depois Lucas desceu para ir falar com Stive e Jotapê ficou a terminar de arrumar a suas coisas.
Embora tivesse ficado triste com a atitude dos pais, sentia-se feliz por estar naquela casa. Teria que fazer um esforço sobre-humano para manter-se longe de Lucas enquanto estivessem em casa, mas iam conseguir. Não podia trair a confiança de Stuart e de Stive que se mostraram tão bom com ele.
Acabou de arrumar as coisas resolveu tomar um banho. Depois do banho sentiu muito cansado pelo stress que havia enfrentado naquele dia e resolveu dormir um pouco.
Lucas encontrou Stive no estúdio com Stuart a conversar. Bateu na porta e sem esperar pela resposta perguntou assomando-se na porta:
- posso entrar – disse sorrindo.
- claro, filho – disse Stuart.
- bem queria agradecer-vos pro tudo o que fizeram pelo Jotapê – começou por dizer Lucas.
- não precisas agradecer só fizemos o nosso dever – disse Stive olhando para o anel que Lucas trazia no dedo. Lucas notando o olhar de Stive disse:
- ele pediu-me em namoro e eu aceitei, fiz mal? – perguntou olhando para os pais.
Como demoravam em responder. Começou a ficar com medo. Mas Stuart disse:
- bem, na verdade, era disso mesmo que estávamos a falar. E fizeste bem em aceitar. Mas filho ele vai fazer dezoito anos e tu dezasseis. Vocês precisam de ter calma. Não se precipitem.
- eu sei pai
- nós estivemos a pensar se não seria melhor o Jotapê, tendo em conta que estamos no início do ano letivo tentar fazer as provas finais do ensino médio – disse Stuart:
- filho, tu disseste que ele reprovou as matérias de prepósito. Para chamar atenção dos pais. Quem sabe falando com o diretor da escola ele não poderia fazê-los e preparar-se já para o vestibular e pra ano que vem ir pra a universidade? – disse Stive.
- eu acho que ele ia adorar a ideia, principalmente agora que já não precisa de chamar atenção dos pais.
- e ele quiser também, pode começar a trabalhar comigo e assim ele pode desde já economizar algum dinheiro.
CONTINUA?????? NÃO SEI