Mais uma parte abaixo e espero que continuem comentando e gostando. Deixem seus palpites e comentários como se não houvesse amanhã rsrsrs Boa leitura...
“É melhor abrir o jogo do que enganar quem ao menos se gosta. Você sabe que é difícil resistir, então não se iluda”
Li o bilhete em voz alta, já farto desse mistério dos bilhetes. Só acordei de fato quando Victor disse alterado:
- Posso saber que merda é essa?
- Poxa Victor, eu também não sei.
- Como não sabe? Está dentro do seu carro... Me explica isso?
- Eu já disse que não sei. Tenho recebido uns bilhetes estranhos e de verdade eu não sei de onde vem.
- Pois eu sei, mas deixa quieto. Talvez seja isso mesmo que você queira né.
Não entendi sua indireta e fiquei o olhando, ainda esperando um entendimento, não só pras suas palavras, como também para a situação.
- Liga o carro e vamos Carlos, sua mãe tá esperando.
Ainda sem compreender as coisas liguei o carro e fomos. No caminha não dizemos uma palavra. Eu cantava pra tentar amenizar a situação, mas ele me olhava sério. Chegamos no restaurante e ele desceu rápido. Chegamos à mesa onde minha mãe, Vera, já nos esperava. Eles se cumprimentaram com o olhar e eu os apresentei:
- Victor, essa é minha mãe Vera. Mãe, esse é o Victor, meu namorado.
Os dois trocaram beijos no rosto e nos sentamos. Logo pedimos o jantar e ficamos conversando amenidades, até minha mãe começar:
- Quantos anos você tem mesmo Victor?
- Tenho 26.
Eu olhei pra minha mãe com medo do que estava por vir, mas ela nem se intimidou.
- E faz o que da vida?
- Eu faço faculdade de administração. Meus pais me deixaram uma média empresa de herança e eu estou me preparando para administrar.
Isso nem eu sabia... E ela continuou:
- Legal. E quais suas intenções com meu filho?
- Mãe, desnecessário isso né?
- O que foi filho? Deixa ele responder.
Victor parecia tranqüilo, então deixei rolar.
- Dona Vera... eu poderia dizer que vou fazê-lo muito feliz e outras coisas do gênero, mas eu prefiro ser sincero com os dois. Eu amo o Carlos, mas só isso não é suficiente pra que as coisas dêem certo.
Ele fez uma pausa e me olhou, me deixando ainda mais nervoso:
- Eu tenho feito de tudo, passando por cima do meu orgulho, ás vezes me sentindo incapaz, mas eu não pensei em desistir. Dona Vera, ele está preso demais ao passado, aliás, ele ama demais o passado. Esse é o problema...
Eu precisava falar. Estava irritado mesmo, pois ali não era o momento pra isso e minha mãe, atônita, nem dizia nada:
- Isso era o problema Victor. Até eu aprender com as situações da vida.
- Situações que você mesmo procurou.
- Sim, mas se não fosse por elas, eu não estaria nem aqui. E não precisa reforçar a minha culpa, porque eu já consigo carregar sem seu esforço.
Me preparei para me levantar e ele me olhou assustado:
- Onde você vai? Vamos conversar.
- Victor, eu cansei, de verdade. Esse papel deveria ser seu, mas eu acho que você merece alguém melhor. Tchau mãe.
Segui em direção à rua muito chateado.
Pode parecer egoísmo, mas em nenhum momento eu escondi nada dele. Aquela situação era especial demais pra mim. Ele conhecia a pessoa mais importante da minha vida e usava isso pra jogar na minha cara tudo que queria?
Eu até entendia seu sofrimento ao meu lado, por isso mesmo era melhor acabar. Muitas coisas estavam nos atrapalhando e talvez era hora de eu ficar sozinho. Era hora de eu entender-me e depois encontrar alguém com quem eu possa começar do zero e colocar em prática tudo que aprendi com meus erros.
Entrei no carro e ele logo apareceu, abrindo a porta sem que desse tempo pra uma reação minha. Ele estava com raiva:
- Você ainda se acha no direito de sair como vítima?
- E você se acha no direito de jogar na minha cara tudo que eu tenho tentado esquecer?
- Quer saber Carlos, você é um covarde. Acho melhor que você seja feliz... sozinho.
- Não se preocupe. Eu vou tentar.
Fechei a porta e arranquei o carro. Estava acabado.
CONTINUA...