O amigo da minha irmã XXI
Sim, eu estava namorando novamente, mas agora como deveria ser. Nada escondido, nada perigoso que poderia fuder minha vida pra sempre, nada que me fizesse me sentir um bandido, e também nada que me completasse.
Sim, eu estava namorando novamente, mas dessa vez eu não sentia meu coração acelerar só em ouvir a voz dela. Agora eu não sentia meu estômago esfriar e meu corpo esquentar.. Não sorria só de lembrar dela, não conseguia dizer que a amava. Mas mesmo com todos esses pequenos detalhes, eu adorava ficar com ela.
Íamos a tudo que era lugar juntos e claro, óbvio, terminávamos nossos dias na cama. Mas nossos encontros eram esporádicos, porque meus dias continuavam corridos. Eu ainda tinha meu emprego, ainda tinha que correr de um lado para o outro, trabalhando e estudando. E como ela morava longe, a gente só passava os finais de semanas juntos, entretanto nos falávamos todos os dias.
Dois meses se passaram e eu ainda estava firme e forte com ela... Ela era linda,tinha um papo legal, uma boca que me fazia gemer demais e me dava uma chave de perna que me enlouquecia... mas estava faltando alguma coisa. Eu tinha a sensação de que alguma coisa ali estava errada, como se eu estivesse enganando ela, como se estivesse fugindo de mim mesmo, como se não fosse pra eu estar fazendo aquilo... mas poxa vida! Era tão gostosinho, tudo com ela era gostosinho.
- O que você tem?
Estávamos a primeira vez na sua casa, deitados na sua cama, após um orgasmo frenético, mas ao invés deu estar pronto pra outra, estava deitado, olhando para o teto, pensativo. Me ver ali, naquele quarto, me lembrou de um tempo atrás, quando eu pulava janelas para poder ficar com quem eu amava. Como eu fui tão safado! Eu mentia pra mãe daquele garoto só pra gente transar e que transa!!! Com ele era uma coisa mágica, toda vez que eu estava dentro dele, era como se ele me envolvesse por inteiro e aquele calor que eu sentia envolvendo minha rola, tomava conta de todo o meu corpo e eu me sentia completo, absurdamente completo, a ponto de num desejar nenhuma outra coisa na vida.
- Nada não. – respondi.
Claro que eu tinha alguma, após uma transa daquela eu tinha que estar radiante, abraçando e beijando minha gostosa, mas não, estava olhando para o teto, olhos vidrados, recordando o meu primeiro beijo, não o que dei aos 11 anos na minha visinha, mas o que dei aos 20, no amigo da minha irmã. E como uma enchurrada de recordações, na minha mente foram aparecendo vários momentos que passamos juntos. Nosso primeiro beijo:
“- Você está bem mesmo?
- Não, eu menti pra você.
- O que você tem? Tá sentindo o que?
- Vontade de ter você comigo, vontade de falar que você é meu e sei que só vou ficar legal se eu beijar sua boca...”
Ao mesmo tempo eu lembrei da nossa primeira transa... Um sexo intenso e cheio de amor, cheio de entrega. Um motel, “eu te amo” para todo lado... tudo o que queríamos era estar um no outro.
Lembrei das nossas escapadelas, das nossas travessuras, das fantasias que realizávamos, e por fim uma frase me trouxe de volta “- Bate na minha bunda Thiagão, deixa ela vermelha, vai!” – Eu tinha pesadelos com essa frase, ela foi o início de um dos maiores sofrimentos que senti
- Como nada amor, você está chorando! – falou ela, ficando já nervosa.
- Eu só... só... preciso ir embora. – fiz menção de levantar, mas ela me segurou na cama.
- Nada disso, pode continuar ai! Não fica assim amor, seja o que for, estou aqui pra você. – Ela deitou no meu peito e ficou me fazendo carinho.
Eu não conseguia parar de pensar nele, e tudo rodava na minha cabeça como um filme fora de ordem e muito confuso. Eu só sabia que ele tinha me sacaneado e que eu não conseguiria perdoar e também isso já fazia um ano, não tinha mais volta, ele já devia ter outro, já devia ter me esquecido, nunca voltaria pra mim. O que eu não entendia, era porque eu pensava como se fosse pedir pra ele voltar pra mim. Será que era isso que eu queria? Será que era isso que eu deveria fazer?
Dizem que quando estamos na merda, Deus manda um sinal do caminho certo...
Eu tinha certeza que com ela é que eu não deveria ficar, eu não a amava, só sentia tesão e ela servia para eu me sentir bem comigo mesmo, quanto a minha sexualidade. Mas ela não merecia que eu a tratasse de forma tão egoísta. Mas eu não estava pronto para terminar com ela...
No meu trabalho, parecia que eu tinha tatuado na minha testa: “escravo”. Todo mundo pedia pra eu fazer alguma coisa e eu, prontamente respondia:
- Sim senhor!!
Quase batia continência e ia fazer o que me foi solicitado. Isso me deixava puto demais, porque eu passava o dia fazendo o que me pediam e o meu trabalho ficava pra trás. Ai no final do dia, me cobravam o meu trabalho e ele não estava pronto, o que me deixava mais puto ainda.
Teve um dia que um gerente ficou me pedindo pra analisar planilhas o dia todo e eu tinha um relatório de pesquisa para entregar. Quando deu 4 da tarde ele veio a minha sala pedindo o relatório.
- Então Eduardo, eu preciso do relatório.
- Bem Diego não deu pra eu terminar.
- O que?! Como assim não deu pra você terminar?! Você está nisso o dia todo garoto! Impossível você ser tão lerdo assim pra escrever um mísero relatório! – meu anjo da guarda tinha ido no banheiro.
- Claro que eu não vou terminar, você fica ligando o dia todo pra me pedir trocentas coisas, como vou fazer o meu trabalho assim?! Se o senhor quer um assistente pessoal, maravilha, só assinar minha carteira assim, mas essa não é minha função e mesmo assim fico o dia todo pra cima e pra baixo fazendo trabalhos pra todo mundo nesse lugar! Se o senhor quer o seu relatório pronto então me deixa trabalhar em paz! – Ele arregalou os olhos e saiu batendo a porta... “Era uma vez meu emprego”, eu pensei.
Nesse dia eu fiquei até mais tarde, pois saia cedo em decorrência da minha faculdade, e fui a sala dele.
- Com licença. – falei sério. Mas ele só olhou pra minha cara. – Aqui está o relatório. O Senhor precisa de mais alguma coisa?
- Não. Só que se você falar daquele jeito comigo de novo, você vai pro RH. Se você não dá conta do seu serviço é só pedir as contas. Você está aqui por um fio garoto! Nem eu sei ainda porque não te dispensei, mas vai embora, amanhã vejo o que faço.
Eu só virei as costas e sai. Eu tremia, meu corpo fervia de raiva. Eu não estava em condições de ir para a faculdade daquele jeito, então fui pra casa, só que no meio do caminho eu decidi ir a praia. Então, como estava em Nova América, resolvi pegar o metrô e ir pra praia. Comprei meu bilhete, fiquei sentado na plataforma vendo o sol se por ao longe, triste pra caralho e extremamente estressado, para quem não sabe, parte do metrô do rio é por cima da terra. Logo o metrô chegou e eu entrei. E fiquei em pé, encostado na porta onde se atravessa de um vagão para o outro. Coloquei o meu fone de ouvido e fiquei na minha. Assim que a viagem começa eu notei um cara mais a frente me olhando e quando eu olhei de volta ele abaixou os olhos. Como ele estava olhando pro outro lado então eu pude olhar pra ele e jurava que já o tinha visto em algum lugar, seu rosto não me era estranho. Quando ele olhou em minha direção, eu abaixei o olhar e fingi mexer no celular, porque achei que ele tinha reparado que eu estava olhando. Desde então toda vez que eu olhada pra ele, ele estava me olhando. Aquilo estava me constrangendo e achei que ele tinha me reconhecido, assim tomei coragem e fui lá falar com ele.
- Dá licença, mas eu não te conheço?
- Conhece sim, Eduardo né?
- Sim, isso! Mas de você não estou lembrando – então ele sorriu. Puta merda, já tinha visto aquele sorriso antes e como um raio eu chutei um nome. – Luiz? – ele sorriu de novo, deste momento duas pessoas levantaram pra descer na estação Maria da Graça, então nós sentamos.
- Isso ae! Lembrou né rsrs?
- Sim, daquela festa na taquara.
- Isso! No meu aniversário. – meu mundo parou. Então aquela festa era aniversário dele! Puta merda!!!!!! Vocês se lembram o que eu tinha falado da festa né? Eu disse “a festa tá um saco, a comida tá enjoativa, a música também tá meia boca, e eu to cheio de sono” pra ele! Putz, pro dono da casa e da festa! Não acreditei o mico que eu paguei. A minha vontade era que naquele metrô tivesse um buraco pra eu me enfiar. Ele notou meu embaraço. – por que ficou assim?
- Cara, me perdoa! Eu esculachei a sua festa pra você, falei na sua cara. Mas olha, eu estava puto, ai acabei acrescentando superlativos.
- superlativos!? Você arrasou a festa kkkkkkkkkk Mas eu tenho que te agradecer.
- porque?
- Depois que você saiu, eu troquei a música, empurrei os móveis e fiz uma pista de dança, chamei geral pra dançar e ficou ótima, geral curtiu. Uma opinião sincera as vezes faz toda a diferença.
- rsrs, to super envergonhado cara.
- Se preocupa não. To de boa! Mas diz ai, o que faz tão longe de casa e arrumadão assim.
- to indo pra praia kkk
- Todo social?
- É kkk
- O que aconteceu? – perguntou ele sorrindo de novo.
- Ah, meu trabalho pow, mó merda! Me fazem de babaca e ainda reclamam. Pedem pra eu fazer um monte de coisa e pra atender eu tenho que deixar meu trabalho de lado, depois me dão esporro porque deixei meu trabalho de lado... mó putaria.
- Cara, não estariam te testando não?
- Como assim?
- Se várias pessoas pedem pra você, pode ter duas explicações: ou só tem você de funcionário, ou eles querem saber se você aguenta pressão. Eu já fiz isso com alguns funcionários.
- Ih, você é patrão? Rsrs – Ele ficou vermelho.
- É, tenho uma pequena firma, fazemos manutenção e revenda de peças e acessórios.
- Que legal! Ser chefe deve ser muito bom.
- É, mas também tem muitas responsabilidades.
- Valeu Homem Aranha, “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”.
- kkkkk, só falta o colã kkkk Mas isso é verdade sabia? E acho que é isso que eles estão testando.
- Então o que faço?
- Trabalha irmão! Cai dentro, mostra que você pode, que você é bom no que faz, por que isso pode render promoção.
- É, você tem razão... Posso perguntar uma coisa?
- claro.
- Tá indo pra onde? Tu num mora na Taquara?
- Sim rsrs, mas vou no centro encontrar um amigo.
- Ahh... Ia te convidar pra pagar mico na praia comigo.
- Poxa, ia ser foda, mas hoje não dá. Mas toma meu número, e me dá o seu, ai qualquer coisa a gente marca pra chorar as mágoas kkk.
- Ou comemorar as vitórias.
- Exatamente, gostei! E vai ser isso que vai acontecer. Quero ver se vai me ligar mesmo quando for promovido!
- Claro... – meu telefone começou a tocar – pera ae, meu telefone.
- Atende ae – falou ainda rindo.
- Oi
- oi amor – era minha namorada.
- Oi meu amor, como vai gatinha?
- Tô ótima e você? Tá melhor pelo visto, você anda tão pra baixo esses dias.
- To sim, é que encontrei um amigo no metrô e ele me fez rir demais – falei olhando pra ele, que de sério, voltou a sorrir.
- o que você faz no metrô.
- Vou no centro da cidade, mas já to indo pra casa, num vou pra faculdade não.
- a tá. Então vem pra cá.
- Tá, assim que sair do centro.
- Tá bom, te amo, bjus.
- Bjus linda. – e para ele – Mulher é foda, fica em cima igual urubu.
- É... esposa?
- Não, namorada só.
- Porque essa cara? Tá chateado com ela?
- Não, ela é muito legal. E você tem namorada?
- Não, to me livrando de um relacionamento ruim ainda, to na reabilitação rsrs.
- O que houve?
- Me liga e a gente conversa, já estamos na Central, tenho que descer.
- Cara muito obrigado mesmo pelo papo, você é muito legal. Vou ligar sim. Abração. – O trem parou e só deu tempo pra um abraço mesmo.
- Até mais.
Ao sair de lá fiquei pensando em tudo com outros olhos. Resolvi não ir a praia, cheguei na estação Uruguaiana (Famosa Rua da Alfândega, ou Saara, ou ainda 25 de março do Rio de Janeiro) e voltei pra casa. (Edu também é cultura, aprenda mais sobre o rio de janeiro aqui!)
3 semana depois a minha correria continuava a mesma, a maior maluquice e parece que só de sacanagem os manda-chuvas do trabalho resolveram pegar mais pesado depois da minha reclamação. Se era um teste, eles sabiam testar minha paciência. Com essa correria eu aprendi a fazer várias coisas ao mesmo tempo sem perder a concentração.
Nesse meio tempo, eu tive uma briga feia com a minha namorada e a gente acabou se separando, para a felicidade geral da nação. Nós terminamos porque eu não tinha tempo, mentira, eu passei a não querer mais ficar com ela, então eu preferia ir pra casa dormir do que ir encontrar com ela, assim ela pediu para terminar. Eu fiquei triste, porque ela me disse umas paradas meio pesadas que me deixou meio mal, como que eu num sabia amar, que eu num valorizava o sentimento dela, que eu só queria comer ela e tudo mais, eu fiquei realmente pra baixo com essa porra.
Depois da briga com ela, eu corri pra casa, deitei na minha cama e fiquei pensando em tudo o que ela falou. Será mesmo que o Bruno me traiu porque eu num dei o valor que ele merecia? Será que todo mundo que eu me entrego vai me sacanear ou me machucar? Será que eu não nasci mesmo para o amor? Será que eu sou tão filho da puta que tenho que morrer sozinho?
Pensando nessas merdas, eu resolvi dormir, puxar um ronco porque tava foda! Estava dormindo numa boa quando meu telefone toca. Eu só abri um olho e olhei o nome no visor... eu só não imaginava que seria uma das melhores noites da minha vidaAmigos, meu pulso tá na mesma merda, ainda estou me recuperando (pra quem pensou "não perguntei nada", eu repondo fôda-se! kkkk brincadeira! Quero só mandar um abraço pro meu marido, o Luiz, e dizer pra ele que relembrar como tudo começou me faz ter mais certeza ainda que deus existe e que o mundo pode ser uma maravilha.
te amo moleke!
e aos queridos leitores, agradeço a compreensão pela demora nas postagens, poxa gente, estou enfermo :( rsrs.
ALgumas pessoas perguntam como quebrei o pulso, para não precisar repetir... eu cai no banheiro, enquanto tomava banho... sei que é parada de velho cair no banheiro, mas nós novinhos gostosos também caimos pelados lá... só pra constar o Luiz rui pra caralho primeiro, antes de me socorrer! Ele me ama kkkk
bjus a todos
luiz-boladao1@hotmail.com e eduardocastilhoedu@hotmail.com!