Aquele sorriso era lindo demais, um sorrisão, uma boca linda. Senti um frio no estômago e meu coração bater mais forte. – Você às vezes faz umas caras estranhas Ed...
Ele nem chegou a terminar a frase, porque eu juntei ele e o beijei. Um calor tomou conta do meu corpo e fui tomado por um prazer enorme. Ele beijava muito bem, melhor que o me ex, sua boca era de homem, não uma boca mole, ele não me beijava como se estivesse beijando uma mulher. Era boca de macho, eram dois machos ali... estava delicioso, mas depois de um tempo ele me afastou.
- Não Edu, melhor parar!
- Porque? Não gostou?
- Não é isso, foi bom, mas cara, é difícil de explicar! – Ele olhava pro chão, meio envergonhado – To passando por umas coisas ai e é melhor não me envolver com ninguém agora.
- Não é envolvimento, é só um beijo! – Ele agora olhava bem na minha cara.
- Se é só um beijo, então ai que num é para acontecer mesmo! Beijo não é algo que se dá em qualquer um. – E ele levantou.
- Aonde você vai?
- Embora... vai ficar?
- Vou... Obrigado pela noite.
- Que nada! Eu que tenho que agradecer. – Apertamos nossas mãos e ele foi embora.
Não tem como descrever a vergonha que eu estava sentindo por ter beijado ele. Não sei o que me deu, achei que por ele ser gay, não teria problema... Mas não, tinha muito problema, percebi que ele tinha ficado bem chateado com tudo isso.
Eu deitei na areia e fiquei lá pensando no que tinha me dado pra fazer aquilo. Acabou que num descobri porque, tudo estava confuso demais, não sabia que eu via o Bruno nele, ou se estava sentindo algo nele mesmo.
Fiquei ali, deitado, sentindo o vento, o sal e a areia até que adormeci e só acordei com o sol forte na minha cara. Ao acordar parecia que o mundo resolveu ir para aquele lugar. A praia estava se enchendo com uma velocidade enorme. Do meu lado tinha um casal de idosos bezuntados de protetor e lendo seus livros. Do outro lado uma moça fazia exercícios. Levantei ainda meio tonto, sacudi a areia do meu cabelo, mas não saia, então, como num tenho um pingo de vergonha na cara mesmo, tirei minha roupa, ficando apenas de cueca boxe branca, sim, era branca. Pedi aos velhinhos que olhassem minhas coisas e corri pro mar. A água gelada acordou o meu corpo como um se eu tivesse tomado um choque. Retirei toda a areia e fiquei lá, curtindo um pouco, pois fazia muito tempo que eu não ia à praia.
Depois de muito aproveitar a água, resolvi sair e voltar pra casa, estava cheio de sede e de fome. Sai de lá e fui para o metrô, claro que vestido né!
Aquele beijo me marcou. Sei lá, ele era bonitinho, legal, engraçado... mas eu não queria me envolver com ninguém, realmente aquele beijo foi um erro, entendi porque ele me afastou.
Ao chegar em casa, depois de ouvir minha mãe fazendo um puta drama por que não ter avisado que ia sair, que horas ia chegar e o caralho, eu tomei um banho e fui deitar. Assim que acordei, a primeira coisa que veio na minha cabeça era o Luiz, eu estava preocupado se ele tinha ficado chateado por eu ter beijado ele... porra que cara filho da puta! Tava infernizando minha cabeça.
Eu peguei o telefone umas 3 vezes para ligar pra ele, mas acabei desistindo. Porém uma força espectral me fez ligar, e a cada toque meu coração parava e minha respiração estava acelerada.
- Alô – que voz de sono!
- Oi, Luiz?
- Oi, fala ae, tudo beleza?
- Tudo certinho sim. Tava dormindo?
- É, depois da noite que tivemos, só dormindo pra recuperar do cansaço.
- rsrs... você tá bem mesmo?
- To cara! Porque não estaria?
- Bem... sei lá cara, pow, queria te pedir desculpas ae.
- Desculpas?! Pelo que?
- Poxa cara... por ter te beijado, num foi algo legal...
- Ah Edu, relaxa, acontece... – Porraa!!! Acontece?! Como assim acontece????!!! Pra ele essa porra num significou nada??
- Ah, acontece... Ok, só liguei pra ver se você estava ok mesmo.Valeu, abração cara.
- Outro! Até mais.
FILHO DA PUTAAAA!!! Eu aqui me matando e ele de boa?! Tomar no raboo!! Enfim... bola pra frente!
Por mais que eu tentasse, eu lembrava deve a todo instante. Os dias foram se passando e o viado não me mandava uma mensagem se quer. Toda hora que o telefone tocava eu pensava ser ele, mas não, era a vivo mandando mensagem sobre promoção! Que ódio!!! O pior é quando a operadora manda sms e ele só chega de madrugada, ai você acorda, corre atrás do celular, pensando ser alguém com alguma coisa importante pra falar e a mensagem é sobre promoção.... CÚ!
Enfim...to muito boca suja hoje rsrs... Então, continuando. DUAS SEMANAS se passaram e nada do cara entrar em contato comigo. No final da primeira semana, aquela ansiedade já tinha passado e eu buscava muito evitar pensar naquilo, mas eu tenho que admitir, ali eu já estava gostando dele. Como já falei, duas semanas depois o candango me manda um sms.
- “ Oi Edu, tudo bem? Sumiu heim! Bom Fds.”
EU SUMI??? ELE QUE NUM ENTROU EM CONTATO. Mas pow, aquela mensagem me alegrou de uma forma não imaginada. Eu ficara relendo ela e pensando no que escrever de volta. Acabei escrevendo assim:
- “ É, trabalho e estudo né, mas bem que você poderia entrar em contato também né?”
- “ Que nada! Também estou pegado aqui com minha loja, estou querendo abrir outra, mas num dá, ai to penando... vamos tomar um chopp hoje?” – Merda, eu estava louco por isso e agora??
- “ Vamos sim... onde?” – Fudeu de vez!! Eu estava com um mal pressentimento, mas foda-se, cai dentro.
Nós marcamos mais tarde no Shopping Nova América porque ele estaria por lá mesmo e pra mim seria fácil chegar, cerca de 30 min, só pegar a linha amarela.
Eu estava indo direto, do trabalho para lá, não fui nem pra faculdade, pra vocês verem a ansiedade que eu estava. Bem, fiquei empolgadão, tomei um banho no trabalho, fiquei pulando horas no banheiro pra me secar, já que num tinha toalha lá. Vesti a mesma roupa e me besuntei de perfume, passei perfume em locais inimagináveis kkk.
Logo eu estava pronto, arrumado, um tesão! Peguei o carro e fui pra Del Castilho, onde ficava o shopping. O shopping Nova América é um barato! Ele foi construído em uma fábrica de tecidos. Assim, o shopping é bonitão, meio rústico por fora e boladão por dentro.
Cheguei e fui pra porta do cinema, encontrar ele. Quando o vi, quase cai pra trás. Que cara lindo! Ele estava, assim como eu, todo social, uma camisa listrada cinza, um blazer preto e uma calça jeans preta. Que delicia! Impossível não sorrir de volta com o sorriso que ele deu. Já falei que o Luiz tem o sorriso mais lindo do mundo? A boca dele é linda, um sorriso enorme, ele parece o curinga do Batman kkkk mó bocão lindo!
Fui andando e ele veio ao meu encontro... olho no olho... sorriso e por fim o abraço... sentir o corpo dele junto ao meu era incrivelmente confortante, eu tinha que ter aquele homem.
- E ai cara?! Tudo beleza? – falou ele ainda me abraçando, sua voz parecia de um garoto, mas ele tinha um corpo rígido de um homem delicioso, tive que me separar logo porque estava ficando enrijecido.
- Tudo ótimo cara, melhor agora! – Ele me olhou de uma forma curiosa, como se quisesse entender o que eu quis dizer. – Então? Como você está? O trabalho?
- Ah, tudo corrido cara, mas to crescendo, aos poucos estou crescendo... só uma cosia, vamos comprar algo pra comer, estou cheio de fome.
- Vamos sim.
Saímos e fomos comprar alguns petiscos e sentamos em uma mesa. Começamos a conversar sobre o trabalho dele... depois sobre o meu... depois sobre a minha universidade... depois sobre nossas famílias e por fim...
- E ai Edu? Tu te mó cara de pegador, arrasando muitos corações.
- Nada, o único arrasado é o meu mesmo!
- kkk porque cara?
- Minha namorada terminou comigo a um tempo atrás e to mal ainda...
- Por isso me beijou?
- Ah cara, esquece isso... – fiquei vermelho pra caramba.
- Tá certo.
- Mas e você? Namorando?
- não não! rsrs
-Ah tá!
Continuamos conversando sobre o shopping, compras e coisas assim quando um cara apareceu.
- Oi Otávio! – O nome do Luiz é Luiz Otávio. O cara chamou ele sério, olhando de mim para ele. Ali já vi que num fui com a cara dele. O cara era, tenho que admitir, bonitinho. Era um coroa já, tinha um cabelo comprido, na altura da do queixo, olhos castanhos profundos, barba por fazer, estava de óculos q dava um ar mais intelectual e mais charmoso... odiei ele.
- Cara, o que você tá fazendo aqui?
- Perdeu a educação? – e para mim – Prazer, Sérgio. – ele olhou dentro dos meus olhos com certa raiva, como se estivesse tentando me intimidar, me desafiando. Como não sou de fugir de uma briga, encarei de volta, e o que não poderia faltar o aperto de mão forte, um querendo esmagar os dedos do outro.
- Oi. – respondi ainda sério.
- Sergio, o que você tá fazendo aqui cara?
- Ué?! Só vim dar uma volta, moro na região, se você não se lembra... você que está longe de casa. – e ele olhou pra mim, me dando um sorrisinho. – Vamos dar uma volta?
- Você bebeu? To acompanhado cara!
- Ah, seu amigo vai entender... Não vai? – falou olhando pra mim. Eu respondi bem sério.
- Não se preocupa comigo Luiz.
- Não, estamos de boa aqui pow, nada haver.
- Bem... se mudar de ideia, sabe como me encontrar, bjus Tavinho. – e deu uma piscada pra ele. Meu sangue estava fervendo, ele estragou a noite.
- Tchau! – O Luiz ficou extremamente envergonhado e ficou alguns segundos de cabeça baixa.
- Tudo bem? – perguntei.
- Tudo sim... onde nós estávamos?
- Estávamos falando do estilo que eu gosta.
- Ah é... Continua.
- Então, estou numa fase mais social, por causa do trabalho, só me visto assim agora, num vê como fui a praia aquele dia? E você? Porque escolheu o estilo social? – mas ele num respondeu. – Luiz?
- Oi! – disse acordando. – Desculpa, viajei um pouco, mas o que você falou?
- Porque você usa estilo social?
- ahh cara, é que como sou dono do meu negócio... – o celular dele deu sinal e ele olhoucomo sou dono do meu negócio vou a muitos fornecedores e outras lojas maiores, então acabei me adaptando ao estilo.... Edu, vou dar uma chegada no banheiro, ok?
- Tá certo.
Ele levantou e foi ao banheiro. Ali na mesa eu fiquei pensando em quem era aquele cara, porque o Luiz ficou daquele jeito... Com certeza era um ex namorado ou um namorado e ele num queria que eu soubesse...
Enquanto minha mente viajava, ele me mandou um sms falando que tinha surgido um imprevisto e que teria que ir embora, mas que tinha adorado a noite e logo logo ele ia compensar por ter me deixado lá. Bem... fiquei chateado pra cacete, mas fazer o que?! Imprevistos acontecem.
Levantei e fui embora. No estacionamento, quando estou saindo eu vejo ele entrando no carro do cara, o mesmo que foi na nossa mesa chamar ele. CAAARAAALEEEOOOO, eu fazia tempo que num ficava tão puto assim! Eu xinguei ele até a última geração e na hora da raiva eu apaguei o contato dele do meu celular e das redes sociais, exclui ele da minha vidaAe povo, tá maneiro essa frequencia?? Num tem como ser mais rápido, to com uma mão ainda...
bjus a todos