Capítulo 7
João se aproximou, agaixou-se na atura que Fernando estava, até então outro, não tinha notado a presença de João.
Ao perceber que estava cara a cara com João, Fernando se assustou, como se tivesse acordado de um sono profundo.
Fernando – João? O que você esta fazendo aqui?
João com as mãos apoiadas no joelho de Fernando apenas sorriu, exibindo seu enorme sorriso, capaz de derrubar em milésimo de segundos sua feição séria.
Fernando – João, me perdoa?
João – Te perdoar de que?
Fernando - Você sabe, desde aquele dia não estou em paz comigo mesmo, fui grosso, rude com você, dentro da minha própria casa.
Fernando – Eu tinha a obrigação de te fazer sentir se bem, mas não, fui um cavalo com você.
João – Esquece isso cara, todo mundo tem seus problemas, você apenas estava nervoso e descontou em mim, sei que não faria por gosto. Disse já se sentando ao lado de Fernando.
João sabia ser generoso quando queria, em outras situações aproveitaria para deixar Fernando ainda pior do que já estava, mas seu coração apertava ver aquele cara triste, inconscientemente sua reação foi confortá-lo.
Fernando – Me perdoa?
João abriu um sorriso:
João – Claro que te perdôo, embora nem tivesse motivo pra isso, pois nunca me senti brigado contigo. Mentiu um pouco, pois ficou sim chateado na época, mas hoje isso não tinha mais importância.
Sem esperar, João sentiu um forte abraço de Fernando, e só teve como opção retribuir, sentir aquele peito forte contra o seu e aquele perfume em seu pescoço, aquele cheiro único, que só sentia quando estava na presença dele.
João – Mas Fernando, o que aconteceu aquele dia?
Fernando fez uma pequena pausa e olhando diretamente nos olhos de João disse:
Fernando – Quando vi você e aquele cara conversando com você, senti ciúmes de vocês.
Aquelas palavras vieram como um soco no estomago de João. Quanto mais ele decidia ver Fernando como amigo, cada vez que estavam juntos, essa idéia ia por água abaixo, Fernando o desestabilizava sem esforço algum. Ouvir aquilo deixou João feliz, mas pra ele ainda era difícil;
João – Afinal, o que devo esperar desse cara?, Pensou.
João – Como assim Fernando?
Fernando – Sei la cara, tenho ciúmes de meus amigos e também não gosto do Alex, o acho muito volúvel, senti ciúmes. Dizia um pouco tímido.
João ria de canto de boca e Fernando pela primeira vez mentia para João, Fernando sabia que o ciúmes não era só por esse motivo.
Os dois seguiram andando, como velhos amigos, tomaram um sorvete juntos e aproveitaram o final da tarde.
João – Vamos la em casa? Faço algo para comermos.
Fernando – Demoro.
Dois dias antes desse encontro, Cíntia e Fernando encontraram-se no centro da cidade por acaso e acabaram almoçando juntos.
Conversaram sobre amenidades do dia a dia até que Cíntia lhe deu um ultimato.
Cíntia – Fernando, você esta afim do João?
Fernando – Como Cíntia?
Cíntia – Eu e o João somos amigos, o conheço a menos tempo que você mas não sou boba, até as pedras da rua já perceberam o que esta rolando.
Fernando - Cíntia? Você...
Cíntia o interrompia mais uma vez:
Cíntia – Acho incrível que só vocês dois ainda não se deram conta do que esta acontecendo. Dizia com firmeza.
Fernando – Cíntia, as coisas não são assim.
Cíntia – Fernando, eu sei que você é gay, bi, isso não é segredo pra ninguém.
Fernando – Não é bem assim Cíntia, isso tudo é algo novo pra mim, eu sempre curti mulheres, mas desde aquela época da faculdade, comecei ver as coisas diferentes, fiquei com alguns caras, mas você sabe, nunca tive nada sério com ninguém, nunca me amarrei de verdade em outro cara, até hoje foi só curtição. E outra, não é bem assim né, minha família nem desconfia e pretendo continuar assim.
Fernando sempre foi heterossexual convicto, nunca havia sentido atração por homens. Namorou umas duas ou três garotas mas nada sério e que fosse considerado relevante. Há uns anos atrás, quando já estava perto de se formar, conheceu na faculdade outro rapaz, Anderson. A amizade entre eles fluiu rápido demais. Fernando estava solteiro e Anderson era sua companhia constante. Sem que percebesse, Fernando começou a se sentir atraído pelo amigo, lutou contra esse sentimento, mas cada vez mais, fantasiava estar com Anderson, sentindo seus corpos nus, esfregando um ao outro, beijando sua boca. Fernando tentou lutar contra esse sentimento, mas se deu por vencido, embora se culpasse no começo, aos poucos foi admitindo a idéia de ser gay, ou bi. Até que um dia, na casa de Anderson, rolou a primeira vez de Fernando. Anderson era gay e também sentia se atraído por Fernando, e naquela noite Fernando teve sua primeira transa gay. Embora sem saber direito o que fazer, Anderson já era mais experiente, conduziu seu parceiro que aos poucos se entregou ao desejo do tesão entre dois homens, beijou pela primeira vez outro homem, foi chupado por Anderson, era tanta novidade, a diferença do sexo oral recebido por suas namoradas e a que recebia de Anderson era gritante. Anderson, segurava a base do pênis ereto e petrificado de Fernando, de tão duro, demonstrando seu tesão, e engolia sua rola vagarosamente, tirando gemidos de prazer do seu parceiro. A noite foi contemplada com Fernando penetrando seu primeiro rabo, terminando com ambos gozando simultaneamente.
Após essa experiência, Fernando só tinha mais certeza que seu desejo por outros homens era algo permanente. Sua relação com Anderson era só sexo, tesão, e troca de prazer. Aos poucos se afastaram naturalmente e Fernando conheceu outros rapazes, não foram muitos mas também era só sexo.
Desde sua primeira experiência com outros caras, tentou ficar com outras garotas, mas o prazer que elas o proporcionava não era o mesmo quando estava com outro homem. Nunca soube como se rotular, se como gay, bi ou curioso, mas pra ele isso era irrelevante, nunca se apaixonou por outro cara, mas agora as coisas estavam diferentes. João despertava em Fernando, sentimentos que nunca antes sentira, o medo de perdê-lo, de não te-lo mais em sua presença, lhe causava angustia. Fernando era um rapaz inteligente mas até o momento estava cego, ainda não tinha se dado conta que tinha se apaixonado pela primeira vez.
Cíntia – Fernando, você esta apaixonado pelo João.
Fernando – Como é que é?
Naquele momento parecia que alguém tirava um manto negro que até então cobria seus olhos, como não se deu conta disso até agora?
Fernando – Não Cíntia, não tem nada a ver.
Cíntia – Você e o João não perceberam até agora o sentimento que um esta nutrindo pelo outro? Será que vocês são tão lerdos assim?
Fernando demonstrava um brilho nos olhos e um sorriso que insistia em sair de seus lábios. Sua cabeça começou ficar a mil por hora, era como se sua mente voltasse a trabalhar, depois de anos parada, processava todas aquelas informações.
Fernando – Você acha que o João gosta de mim? Ele curte homens?
Cíntia – O João é a pessoa mais fechada que conheço nesse mundo, se você não meter o pé na porta e entrar no mundinho que ele se tranca, vocês ficarão nessa para sempre.
Fernando – Como assim?
Cíntia - Se você não der o primeiro passo, nunca ira saber até onde toda essa historia procede. Arrisque cara
Fernando – Você quer que eu me declare para o João?
Cíntia – Meu lindoooooo, agora é com vocês.
A idéia de estar apaixonado assustava Fernando, ele sempre quis apenas sexo, e aliviar seu tesão com outro cara, mas João fazia tão bem a ele, pensava:
Se amar, é sentir o que sinto agora, então vale a pena se apaixonar.
Fernando se sentia um idiota às vezes, Cíntia não deu nenhum detalhe sobre a vida de João: e se eu quebrar a cara? E se for tudo imaginação da minha cabeça? O que devo fazer? Indagou nesses últimos dois dias, até encontra-lo naquele parque, onde se conheceram.
Chegando em seu apartamento, João pegou uma cerveja para eles.
João – Vamos tomar uma cara.
Fernando – Mas e ai, o que vai fazer de bom pra eu comer? Ou vou ter que pedir uma pizza. Ria não levando fé nos dotes culinários de João.
João – Vá se fuder cara, fica ai falando, mas não deve nem saber como ligar um fogão.
Estavam na cozinha bebendo suas gelas, enquanto João olhava nos armários, pensando no que dava pra fazer ou se iriam mesmo ter que pedir uma pizza.
João – Já sei, vamos comer um spagueti com muito molho e muito queijo ralado.
Fernando – Jesus proteja meu estomago.
João preparava o banquete dos dois e pediu:
João – Presta pra alguma coisa e abra essa lata de extrato de tomate.
Fernando – Claro chefe, tu manda.
O clima entre eles estava muito descontraído, João sentia feliz em estar na presença de Fernando, mas nunca imaginaria que o mesmo acontecia com seu amigo.
Fernando ao abrir a lata levou um susto, a pressão dentro da lata fez que levasse uma rajada de molho no peito, atingindo o rosto.
João olhou para a situação e não conteve o riso.
João – cara, nem pra isso tu serve, que porra de macho que é você, que não sabe abrir uma lata, 10 x 0 pra lata.
Fernando tentava se limpar retrucando as gracinhas de João.
João – Vai la no banheiro, lave a mão e pegue uma camisa em meu quarto.
Fernando foi até o banheiro, limpou-se e dirigiu-se até o quarto de João, abriu a primeira gaveta que encontrou pela frente, disposto e pegar qualquer pedaço de pano para vestir, mas qual for a sua surpresa, ao olhar dento da gavetaEle olhava pra dentro daquele móvel e ria, o sorriso em seu rosto estava mais lindo do que nunca, não acreitava no que via. Agora sim, ele tinha a resposta que tanto desejavaContínua.....
