Era meu primeiro dia de aula na faculdade. Eu tinha acabado de completar 18 anos mas ainda me sentia inseguro. E pra piorar tudo, desde o primeiro tempo de aula, os veteranos estavam parados na porta da sala, esperando a gente pra aplicar o tão temido trote. Eu tremia nas bases, morria de medo do que poderia acontecer. De vez em quando a gente ouve falar de um trote em que exageram e alguém fica ferido ou até morre né?
Mas quando eles nos levaram pra fora da sala, percebi que não tinha muito porque temer. Aqueles veteranos tinham muito mais interesse em tirar casquinha do que machucar ou coisa que o valha. Eles queriam se dar bem com a gente.
Primeiro eles mandaram a gente subir num banco na parte externa do campus, um por um, pra gente se apresentar. Eles sempre perguntavam nosso nome, idade, se estávamos namorando, se éramos virgens, ou com quem tínhamos perdido a virgindade. Os veteranos perguntavam pras calouras também se elas "cuspiam ou engoliam".
Nessa hora eu precisei mentir um pouco. Era verdade quando eu disse que não era mais virgem, mas era mentira quando eu disse que tinha perdido com minha namorada. Nunca fiz nada com mulher. Nunca nem beijei uma. Nunca tive namorada, lógico. Todas as minhas experiências sexuais foram com outros garotos. Até aquela época, eu não tinha tido muita experiência, mas mesmo assim, o suficiente pra saber do que eu gostava.
Eu pensei por um instante que eu tinha convencido bem com minhas respostas, mas assim que desci do banco pra deixar o próximo calouro subir, escutei um veterano perguntando "cospe ou engole?", fazendo todo mundo rir. Por mais que eu disfarce, tem vezes que meu jeitinho transparece. Aquilo rendeu algumas risadas, mas foi só; eu não precisei responder.
Em seguida, começaram a pintar nossos corpos pra mandar a gente arrecadar dinheiro. Os veteranos foram pintar as calouras enquanto as veteranas, assanhadas, vieram nos pintar. Eu não tinha o menor interesse nelas, mas pelo menos não sentia medo na presença delas.
Acontece que tinha um veterano que nem ligava pras meninas. Ele ficava tirando casquinha dos calouros homens. Vários dos garotos ficavam visivelmente incomodados com aquele veterano encostando neles, mas eles não falavam nada porque, além da autoridade de veterano, ele era mais alto e mais forte que todos ali. Ele estava vestindo uma camiseta regata que realçava bem seus ombros largos e robustos. Ele tinha os braços bem definidos, mas não eram exageradamente grandes. A pele dele era bem morena, quase negra. No rosto dele, os traços eram na maioria de branco, mas os lábios dele eram bem carnudos, de mulato. A cabeça era raspada, não dava pra saber como era o cabelo dele. Ele estava usando um óculos de sol de armação branca.
Tudo nele me atraía, ele fazia bem o meu tipo. Assim que ele chegou perto de mim, rolou uma conexão instantânea entre a gente. Foi algo tão óbvio que até as duas meninas que estavam me pintando perceberam e saíram de perto. Assim que ele encostou em mim, eu me arrepiei todo e senti meu corpo esquentar, ainda mais do que já estava por causa do sol daquele dia de verão. Ele passava a tinta pelo meu peito e barriga, mas não era com as pontas dos dedos, era de mão cheia mesmo.
Um dos arrepios que senti fez com que eu tremesse um pouco. Ele falou:
- Tá gostando né?
Eu nem respondi, mas dei uma risadinha. Fora isso, não falamos mais nada por algum tempo. Um pouco depois ele foi pra trás de mim, pra pintar minhas costas. Senti ele escrever qualquer coisa no alto com a ponta do dedo, e depois senti ele desenhar uma linha vertical pela minha espinha, até chegar ao cóccix, terminando com dois tracinhos curtos. Perguntei o que ele tinha pintado e ele respondeu rindo:
- Escrevi "R$ 1,00" e fiz uma seta apontando pra sua bunda!
- Só um real? Sacanagem - eu respondi.
- Por que? Você costuma cobrar mais? Dois reais?
- Depende pra quem é, pode ser até de graça.
- Boa resposta, gostei de você calouro...
Mal ele terminou de falar aquilo e logo ele deu uma apertada na minha bunda. Foi uma pegada firme, demorada, me fez arrepiar todo. Depois que ele soltou, ele disse que minha bermuda tinha ficado um pouco manchada, do resto de tinta que tinha na palma da mão dele. Ele disse que pegar mais tinta pra fazer uma marca de mão na minha bunda. Como eu tinha ido com uma bermuda velha pro trote, nem me importei. Ele chapou bem a mão cheia de tinta na minha bunda, dessa vez sem apertar muito, mais marcando o formato da mão.
Tudo isso estava acontecendo na frente de todos os outros calouros e veteranos, mas por alguns instantes a gente se esqueceu deles. Era como se estivéssemos sozinhos, nem percebíamos o que eles faziam ou deixavam de fazer, se estavam olhando ou não. Eu estava surpreso com a ousadia das minhas respostas, porque, apesar de estar gostando, eu estava tenso. Depois desse dia comecei a reparar que tem certas vezes em que flertar me ajuda a controlar o nervosismo.
Logo em seguida os veteranos mandaram que a gente fosse fazer pedágio pra conseguir dinheiro, enquanto eles ficavam num bar, bebendo e tomando conta das nossas mochilas e bolsas, pra gente não poder fugir. Saí pela rua com um copinho plástico de mate vazio e comecei a pedir. Nada de sorte. As meninas conseguiam bastante dinheiro. Os rapazes que eram bem desenvoltos também conseguiam, mas não tanto quanto elas. Eu, que era tímido, não conseguia nada.
Passado um pouco mais que uma hora, algumas meninas voltavam até o bar dos veteranos com algumas dezenas de reais. Enquanto isso, no meu copinho tinha só R$ 3,75. Aquele sol intenso do verão carioca estava castigando minha pele, que sempre foi muito clarinha. Eu não aguentava mais, por isso decidi que ia pedir pra ser liberado.
Eu fui me aproximando do bar, e já à distância, aquele veterano gostoso que tinha me acariciado me avistou. Ele se levantou da mesa onde ele estava bebendo com os outros e veio em minha direção. Ele perguntou se eu já tinha recolhido bastante dinheiro. Eu mostrei pra ele o copinho e quando ele viu aquela mixaria, falou:
- Você tá de zuação né?
- Cara ninguém tá dando dinheiro, o que eu vou fazer?
- Desse jeito você não vai alcançar a cota nunca, não vai entrar na choppada.
- Pode me tirar da lista da choppada, não tem problema.
- Não pô, tem que participar da choppada, tem que se enturmar!
- Ah cara, eu não ligo. Eu tô sem protetor solar aqui nesse sol, estragando minha pele, morrendo de calor. Prefiro não ir pra choppada!
- Não, vamos fazer assim: Eu dou um jeito de te liberar hoje, e você promete que vem amanhã com protetor solar e vai compensar no pedágio, beleza?
- Beleza!
- Então espera aí que vou pegar sua mochila.
Ele foi até a mesa dos veteranos, pegou a lista dos nomes e escreveu alguma coisa, e voltou com a minha mochila. Eu falei:
- Pô, valeu mesmo!
- Mas amanhã você tem que pegar dinheiro pelos dois dias hein?
- Pode deixar.
Assim que me virei pra ir embora, ele me chamou de volta e pediu meu telefone. Eu aproveitei e peguei o dele também, e foi aí que ele me falou o nome dele: Gustavo.
Virei de novo pra ir embora, e dessa vez senti ele dar um tapinha na minha bunda antes que eu me afastasse.
Antes de dormir naquela noite, eu bati uma punhetinha pensando nele, e principalmente fantasiando sobre as mãos dele me tocando. Eu tinha bastante vontade de encontrar com ele outra vez, mas eu já sabia desde aquela hora que eu não ia pra facul no dia seguinte. Aquele negócio de pedir dinheiro debaixo do sol forte era muito ruim, eu ia inventar qualquer desculpa pra faltar.