Narrado, escrito e publicado pelo baixito mais lindo desse mundo, euzinho :D
• 17x02 – A noiva
Eu realmente estava abalado com tudo o que vinha ocorrendo em minha vida. Hoje é o dia da prova de vestido da Silvia e eu não poderia mostrar o que realmente sentia. Eu estava triste. Algo me dizia que alguma coisa estava a sair errado em meu relacionamento com o José. Eu não queria, eu, realmente, não queria me separar mais uma vez dele. Porém Eu sentia que era isso o que estava a acontecer, e eu apenas estava retardando o inevitável.
Naquela manhã recebi uma mensagem do José informando-me que a noiva já estava pronta para ir à loja de vestidos. Liguei para todas as minhas amigas Cel e Sofia para que elas me acompanhassem até o estabelecimento. Falei com minha mãe e pedi para que ela me levasse e me ajudasse com a escolha do conjunto da noiva.
Ao sairmos de casa, nos encontramos com a Nanny e o Rafa; eles estavam sentados no balanço do Jardim que ficava na entrada principal. Como eu não havia guardado ressentimentos da Nadine, convidei-a para vir conosco até a Loja. Ela prontamente aceitou, deixando, assim, o Rafinha no vácuo. Ri da situação e da cara de besta que ele ficou.
Fomos à Casa de Senhor Antônio e apanhamos a noiva. Agora estavam no carro mamãe e seu motorista, Silvia, Nadine e Eu.
Ao chegarmos à Loja, avistamos, já dentro da mesma, Celina e Sofia. Cumprimentamo-nos e fomos escolher alguns itens menos complicados de se escolher, como no caso das luvas e do véu. Eu não entendia nada daquilo, aliás, não sei o porquê de as pessoas confundirem tanto as coisas. Eu sou gay, e alguns até diziam que eu era a fêmea da relação, mas continuo homem, com gosto de homens. Não sei porquê diabos José mandou-me para a loja da noiva, ao invés de me levar até a Cia. Do terno.
A todo o momento eu sorria e tentava ser o mais amigável e compreensível possível. Não queria mostrar o que, realmente, estava sentindo. Não poderia ficar com medo em um dos momentos mais bonitos de uma mulher.
– Está tudo bem, Walmir? – Perguntou Nadine, aproximando-se da janela a qual eu estava.
– Sim. Um pouco. – Forcei um sorriso.
– Você está sabendo que eu vou ver o sexo do bebê ainda essa semana? – Ela falou passando a mão naquela montanha.
– Sim, ouvi uma conversa do Rafa com o José. Desculpe-me a grosseria, mas por que você está passando isso na minha cara? – Perguntei um pouco indignado.
– Eu não estou passando nada na sua cara. – Ele deu um longo suspiro. – Sabe, Walmir? Eu realmente amo o seu irmão, isso implica que eu já esqueci o José. Eu perguntei se você sabia de meus exames, pois quero que você faça parte da vida dessa criança. Eu preciso que você seja a mãe que essa criança não poderá ter. – Ele falou, abaixando a cabeça.
– Como assim? O que está pretendendo com isso? – Perguntei preocupado.
– Calma! – Ela falou sorrindo. – Eu não vou morrer. Olha, não estava nos meus planos ter uma filha, e eu sei que você quer fazer parte da vida dessa criança. Eu não posso amar algo que não foi planejado. E você, mais do que ninguém, sabe que foi um pouco responsável por essa gravidez. – Fiquei com uma cara de desconfiado e ela então prosseguiu. – Eu sei muito bem que, naquela época, você ainda achava que o José sabia que iria encontrar a mulher certa. Você, realmente, pensou que essa mulher seria eu, mas não sou. Você é a pessoa certa para ele. E você sabe disso. Se você não tivesse dado liberdade ao José, nós não chegaríamos onde estamos, Walmir. Esse filho não é meu, é seu. E eu quero que você cuide dele com o José.
– Mas... – Tentei argumentar.
– Sem “mas”! – Ela falou parando-me. – Eu sou jovem, bonita e tenho tanta coisa para viver. Não posso parar aqui. Esse ano, Eu irei concluir o ensino médio e entrarei numa faculdade. Eu preciso que me ajude. Prometa-me que irá cuidar de meu filho, por favor!
– Eu não posso falar “não”. – Sorri com o meu mais novo compromisso.
– Obrigada, Walmir! – Ela falou, abraçando-me. – Você foi um anjo em minha vida. Eu nunca vou esquecer o que você já fez por mim e o que ainda vai fazer. Eu sou tão grata por Deus ter te colado em minha vida.
– Tá bom! Não é pra tanto. Isso é normal. Já estava pra acontecer, ok?! – Falei sorrindo.
Nanny deu-me um beijo na bochecha e voltou para onde as mulheres estavam reunidas. Por um minuto permiti-me chorar.
– O que acha desse, Walmir? – Perguntou Silvia sem me dar tempo de enxugar as lágrimas. – Céus! O que está havendo com você? – Ela falou, aproximando-se de mim.
– Não é nada. – Falei sorrindo. – A propósito, o vestido está lindo. – Falei dando um checada no vestido. – Branco? – Sorri.
– Sou virgem, Walmir. Muito virgem. – Ela falou sorrindo e eu acompanhei na melhor risada que eu havia dado, naquele ano. – Mas... Por que estava chorando, pequeno?
– Nada demais. Somente alegria. Nada preocupante. – Menti, pela primeira vez a Silvia, para contornar a situação. – Muitas coisas boas estão acontecendo ao mesmo tempo. – Não queria mencionar minhas preocupações.
– Eu vou fingir acreditar em você, Walmir. Não me pareciam lágrimas de alegria. – Ela falou fitando-me. – Pare de fingir sentimentos, criança! Quando você perceber o quão errado estava, será tarde demais. Não precisa sofrer sozinho.
– Não estou sofrendo. – Falei calmo, enquanto Silvia me fuzilava. – Estou bem, acredite em mim! – Ficamos em silêncio por algum tempo; um tentava decifrar o olhar do outro. – E então? Vai ficar com esse vestido? – Perguntei, quebrando o gelo.
– Sim, sim. É lindo. E foi o qual mais me agradou. Quero esse. Só falta o José marcar o casamento. – Rimos.
Era incrível como, de uma hora para outra, ele havia mudado de opinião. José era totalmente difícil ao tocar no assunto “substituição de mulher”. E, nesses últimos dias, ele havia, realmente, mostrado interesse pela vida matrimonial de seu pai e de Silvia. Eu estava feliz pela sua mudança e aceitação para com o casamento. Eu não era o único.
Silvia escolheu seu conjunto de noiva e então despedimo-nos do pessoal. Celina e Sofia voltaram para as suas respectivas casas, enquanto o motorista de mamãe levava Silvia e Nanny para a mansão do Senhor Antônio. Percebi que Silvia entrou pelo portão principal, enquanto Nanny entrava pelas portas dos fundos. José tinha alguma coisa a ver com aquilo. E aquela imagem realmente me entristecia. Instantaneamente, pus-me a chorar. Agora eu não entendia o motivo pelo choro. Mamãe apenas abraçou-me e confortou-me da maneira mais pura e humilde possível. Eu precisava daquilo. Precisava daquele carinho de mãe.
Chegamos em casa já pelo período da tarde. Apenas tomei meu banho e deitei-me na cama. Não adormeci. Apenas liguei meu DiscMan e comecei a ouvir vários tipos de músicas. Para falar a verdade, ouvi, apenas, aquelas músicas deprimentes de FlashBack. Acho que todo o mundo tem/ precisa de seu momento fossa, ouvindo músicas de Celine Dion, Roxete, Elton John, Queen, ABA, etc. Só consegui adormecer quando a tarde caia, tal como o sol se pondo no horizonte. A última imagem que vi foi a de um garoto, com seus fones de ouvido e uma lágrima que rolava do lado direito de seu rosto. Aquela imagem era a minha, olhando-me no espelho. O garoto em frente ao espelho.