Quando você ama alguém, existem diversas formas de mostrar o seu sentimento. Como homem, eu deveria levar flores e alguns versos bregas para donzela em questão se derreter por mim. Mas comigo era diferente por que: Eu amava um fedelho/homem que se mostrou mais grandioso do que poderia imaginar e que ele simplesmente me quer ver queimar no quinto dos infernos por eu tê-lo jogado na miséria.
E depois daquele beijo no quarto dele, pude ter a certeza de que ele me amava ainda... Sim. Ele me amava, mas ele tentava reprimir o amor dele por mim com ódio, exatamente como eu o fizera com ele. Eu sentia que ele queria se entregar para mim naquela noite... Eu sentia que ele queria, através dos beijos macios, que eu o tocasse como o toquei da última vez.
Da ultima vez... Nossa... Era pensar, e já me relembrava por completo a situação... O perfume que se desprendia do cabelo... A maciez e a textura da pele... O aperto e a pressão de quando eu o penetrava... E os gemidos entrecortados pelo os beijos... E já me excitava. Como eu queria poder ter isso de volta... Como nos velhos tempos. Ahhh Louis... Como a nossa vida era tão fácil quando erámos mais novos... Quando tudo parecia calmo e certo... Queria tanto voltar no tempo, só para ter aquela sensação de estar sozinho com ele, quando nada poderia nos atrapalhar... Mas isso se foi. Ou será que não?
No dia seguinte já havia formulado um plano. E a única coisa que precisava era de uma aliada... Ter o coração de Louis de volta era uma tarefa mais perigosa que eu supus... Se conseguisse, teria sim a minha felicidade garantida tendo ele e minha filha de volta para mim, mas falhasse seria uma perda que nunca poderia suportar. E foi com esse pensamento que comecei a falar.
-- Eu sei que pouco vos conheço, mas creio que poderás me ajudar... – disse para Lorena, a criada de Louis. Era óbvio que ela sabia de minha história com a de Louis.
-- Com o Monsieur Louis eu suponho. – ela disse. Estávamos em uma taverna, onde eu a ofereci uma bebida quente com torta.
-- Sim, exato. Eu cometi um erro terrível com ele... – falei.
-- Eu me surpreendo com a capacidade estranha dos homens de não ver o que está bem aos seus olhos. – ela disse dando um gole na xicara. – Quando pegou a pequena Isabella, não notou algo de diferente?
Pensei um pouco.
-- Sim... Senti um afeto muito grande por ela... – disse envergonhado.
-- E não deu atenção a isso certo? – ela falou me olhando.
-- Eu sei que eu errei... E estou arrependido por demais. Eu quero ter ele de volta! – falei em um tom de suplica.
-- E achas que irei ajuda-lo? – ela disse em um sorriso.
-- Sim. – disse.
-- Pois estás certo. Irei ajuda-lo. E garanto que o signore realmente tem que agradecer aos céus por achar alguém como monsieur Louis. – ela sorriu de forma meiga.
-- Eu não entendo... Por que não nos julga? Eu sei que isso é errado perante aos olhos dos outros... Então por que? – perguntei.
-- Por que eu acredito no amor... Louis me lembra de muito meu filho... Ele também morreu por amor... - ela disse entristecida. – Eu quando soube, o expulsei de casa, por que eu tinha... Nojo e vergonha... Mas quando ele desapareceu, eu... Arrependi-me.
-- Sinto muito... Pelo o seu filho. – eu disse.
-- Não há algum dia em que eu não lamente por ele... Ahh Paolo... – ela disse fitando o vazio.
Paolo??? Será que... Não... Não pode ser...
-- A questão é que poucos entendem o amor... E eu vejo em seus olhos que ama monsieur Louis... Quando toca no nome dele, é como se falasse de sua crença e fé. – ela sorriu agora. – Ele é um bambino muito especial...
-- Sim...
-- Agora tu tens duas obrigações... Reconquistar a tua filha e ser pai em todos os aspectos... E como marido também. – ela falou.
-- Marido?!
-- Ser casado, para mim, não é só um matrimônio que se firma pela a igreja. Ser casado, é criar um laço tão forte com o amado a ponto de jamais se romper... Durante esse tempo, amaste Louis? – ela perguntou.
-- Sim! – respondi.
-- Então tu és casado com ele... Tens um laço inviolável. Assuma o teu direito como pai e marido.
Sorri.
-- E então o que queres? – ela disse por fim.
-- Eu irei sequestrar Louis. – disse.
-- Como? – ela disse curiosa.
-- Convidá-lo-ei para um passeio, e irei leva-lo sem ele saber a uma casa que tenho pela região... Totalmente isolada dos outros. E será com isso aqui... – disse tirando o frasquinho de vidro do bolso. – Que me ajudará.
-- Brilhante! Mas... Achas mesmo que conseguirás convencê-lo a ir com tu? – ela perguntou.
-- Coloque isso na comida dele... – disse entregando o frasco. – Quando ele adormecer, coloque uma vela no balcão quando der meia-noite.
-- Pode deixar. – ela falou.
Peguei a mão dela e a beijei.
-- Agora sei o porquê ele o ama... És um cavalheiro Signore Lorenzo.
-- Quem me dera. – disse.
Naquele dia preparei para que tudo desse certo. Preparei cestas e mais cestas com comida e coloquei na carruagem que estava parada próximo ao leito do rio... O sol estava escondido, e a temperatura fria... Em breve iria começar a nevar. Tirei as botas de montaria e molhei os pés na margem dos rios. E enquanto brincava com os pés senti uma coisa estranha... Abaixei e tateei a margem até sentir o que estava me cutucando...
O ouro estava envelhecido e os diamantes estavam sujos pelos resíduos de lama, mas ainda assim o laço que mantinha as duas alianças que joguei no rio há três anos, ainda unia as duas... Enquanto tentava as limpar, senti uma onda de alegria que saiu em uma risada solitária... Parecia que agora tudo iria ser o que deveria ter sido. E depois de limpas, coloquei a minha no meu dedo... Por que afinal de contas era casado.
Depois de calçar as botas voltei para a cidade, comprar outras coisas e resolver outras... E depois de um tempo na taverna, já era noite. Guiei a carruagem em silêncio até em frente da casa de Louis. A vela já estava posta na varanda. Bati a porta com cuidado, e logo Lorena abriu.
-- Onde ele está? – perguntei no quarto.
-- No quarto... Dormiu em pouco tempo... – ela disse.
Parei por um momento.
-- Posso ver... Posso ver a minha filha? – perguntei.
-- Claro. – ela disse bondosa.
Entrei no quarto de Isabella, mas parando na porta respirando fundo... Entrei em passos calmos, e olhei para o berço a vendo dormir. A incrível semelhança com Louis era quase espantosa... Mesmo sendo sobrinha de segundo grau, os dois partilhavam características inegáveis... Mas agora um novo tipo de sentimento surgiu... Era um calor muito afetuoso que me atingia agora. Ver aquela pequena criaturinha dormindo tranquila, e saber que ela era um pedaço meu, de Louis e de Cecília... Afinal, eu era pai. Abaixei o rosto dando um pequeno beijo na bochecha dela.
-- Me perdoe por tudo minha pequena... Mas eu prometo que seremos uma família... Eu prometo. – disse saindo do quarto.
Entrei no quarto de Louis, o vendo adormecido ainda com as roupas de baixo. Lorena o vestiu com cuidado, colocando uma capa vermelha com capuz... Pela janela vi os primeiros flocos de neve cair.
-- Grazzie... Por tudo! – disse dando um abraço em Lorena.
-- Não tem de que! Oh Deus meu, tem que partir... Quanto mais ele estiver dormindo melhor será! – ela disse.
Com cuidado, o carreguei no colo colocando ele dentro da carruagem, e o cobrindo uma manta para ele não sentir frio. Peguei uma pequena mala que Lorena havia feito e o joguei no bagageiro... Era hora de partir.
A casa em que iria levar Louis, ficava apinhada no meio da floresta em um caminho onde só eu conhecia... Era grande o suficiente para uma pequena família morar, mas ainda assim oferecia muito conforto. O tempo da viajem seria o suficiente para o amanhecer do dia seguinte, e até lá Louis estaria acordado.
Os flocos pequeninos de neve caiam devagar, mas mesmo assim entre as nuvens o brilho da lua cheia transpassava por elas, iluminando tudo com uma luz prata... Parecia que a natureza estava me ajudando a prosseguir com os meus planos.
...
Chegamos lá e acabava de amanhecer. O chão estava com uma camada de neve branca, deixando o lugar com uma aparência fantástica... Estalactites de gelo ficavam entre os galhos dos pinheiros, e a neve também estava no telhado. Destravei a porta de entrada da casa deixando-a aberta, e me dirigi à carruagem e tirei o cobertor de cima de Louis. Peguei-o no colo com cuidado, e por um momento o observei...
Os traços meigos do rosto, a boca sedutora, a camada fina de pele clara... Louis era tão lindo... Mas não era só a questão da beleza física (mesmo ela sendo grandiosa), mas sim o conjunto todo. Quando ele dormia parecia um anjo, com o sono calmo e silencioso, em vez de histérico e mandão. Encostei meus lábios na boca dele dando um beijo calmo para sentir o gosto entrar de uma vez só... Ele me inspirava uma reação que há muito não sentia... Sabe quando tu queres proteger alguém mais do que a si mesmo? Quando quer abraça-la, e cuidar dela querendo que nenhum mal lhe aconteça? Era uma reação automática de proteção, onde ele me inspirava esse cuidado.
Entrei na casa com ele e direcionei-me no quarto. Deitei ele com cuidado, ajeitando o travesseiro para ficar o mais confortável o possível, e depois ligando a lareira para esquentar o lugar... Tirei a capa vermelha dele, resistindo à tentação de não fazer coisa pior... Seria muita maldade até para um sem vergonha como eu. Simplesmente deitei-me ao lado dele, fechando os olhos sentindo o cansaço da viagem chegar aos poucosAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!! – ouvi um grito que me fez cair no chão frio com tudo. Saquei a espada sem pensar muito, afinal que grito foi esse!!! Olhei e vi Louis em pé com a boca em formato de “O”.
-- Ah finalmente acordaste... – disse sorrindo abaixando a espada.
-- Onde estou... Eu estava na minha casa!!! Com Lorena e... O que faz aqui Lorenzo... QUE BRUXARIA É ESSA?! – ele disse incrédulo olhando em sua volta.
-- Eu te sequestrei. – falei sorrindo.
Ele me encarou...
-- Como é que é?
-- Exato... Sequestrei-te, e nesse exato estamos no meio do nada... Sozinhos... E só nós dois... – sussurrei feliz.
-- E que plano maligno tens nessa sua mente obscura seu capeta? – ele disse quicando no chão de raiva.
Cai na gargalhada.
-- Amor... Que coisa feia de se falar... Não acha que eu mereço um beijo? – falei segurando os ombros dele. Louis fez uma careta de repudio engraçada... Passei os braços envolta da cintura dele, e abaixei a minha cabeça e encostei a minha boca no pescoço dele. Ele ficou quieto, enquanto eu beijava o pescoço quente. Apesar de nossas altura serem incompatíveis (Louis era baixinho, mas nem tanto, sendo que quando nós dois nos abraçávamos o rosto dele se afundava no meu peitoral), arqueei o meu joelho, e ele entrelaçou os dedos nos meus cabelos...
Ele me deu um beijo calmo, me deixando aproveitar e explorar sem pressa a boca doce que ele tinha... Os beijos dele desceram para o meu queixo e maxilar, mesmo com a barba por fazer sentia a textura dos lábios dele. E chegou ao pescoço... Os beijinhos dele era incrivelmente sexys, fazendo o meu pau subir dentro do meu calção... Minhas mãos que estavam na base da cintura dele desceram pela bunda, onde dei um aperto... E enquanto eu me entregava aos beijos, Louis crava os dentes com força no meu pescoço, me fazendo ter um salto de dor.
Ele corre em direção a porta e fui atrás dele com a mão no pescoço... No lado de fora Louis olha ao seu redor vendo apenas neve, montanhas e pinheiros... Nada além disso.
-- Seu canalha!!! Como OUSA me sequestrar... – ele disse batendo o pé. As bochechas vermelhas pela raiva o faziam ainda mais bonito.
-- Da próxima vez que quiser morder amor... Com menos força está bem? – disse sorrindo. Corri até ele o jogando nos meus ombros com ele se debatendo xingando-me de amaldiçoando-me de todos os nomes e ofensas o possíveis, do mesmo modo que fiz três anos atrás... E assim, eu e o meu fedelho mimado voltamos no tempo.
CONTINUA.
: ) HAPPY NEW YEAR FOR YOU!!!