Bom, mais uma parte aqui. Estou muito feliz com os rumos da história e pelos comentários. Valeu mesmo por tudo. A história está indo pras suas partes finais. Muito bom estar com vocês e sentir que estão curtindo. Obrigado e boa leitura...
- Calma Bruno. Há uma solução pra isso.
Eu estava mais impaciente do que nunca:
- Qual?
Bruno disse, arrancando minha expressão de surpresa e a de raiva do meu pai:
- Eu vou doar.
Eu não estava conseguindo processar a informação e permanecia inerte, enquanto meu pai estava inquieto. Percebendo minha situação de surpresa, Bruno explicou:
- Carlos, eu fiz o exame enquanto você falava com sua mãe e o doutor me informou que deu certo, eu posso doar. Mais do que isso, eu quero fazer isso.
- Bruno, você tem noção que vai passar por uma cirurgia séria e que vai ter que ficar internado, de repouso...
- Sei também que vou fazer isso pra salvar a vida da mãe do cara que eu amo. Por isso vale a pena. Quando eu posso doar doutor?
- Hoje mesmo já começamos os procedimentos.
Meu pai permanecia inquieto, olhando para Bruno, aparentemente preparando um ataque... Que não demorou a chegar:
- Você não espera que eu te agradeça por você querer aparecer assim né?
Sua frieza me incomodava. Eu já tinha decidido ignorar, mas Bruno não conseguia:
- Eu não espero mais nada de você. E nem tô fazendo isso pra te agradar.
O médico encaminhou Bruno para outra área, onde se iniciariam os procedimentos para a cirurgia. Eu estava ainda mais apreensivo. Queria tanto estar no lugar dele.
Os procedimentos foram rápidos, e em questão de uma hora ele já estava retirando o rim para doar. Minha mãe também não demorou a ser levada e não pude dizer a ela mais nada.
Apenas rezava pra que tudo desse certo.
Fui para fora do hospital, tomar um ar, quando o vi sentado em um banco, chorando como criança. Meu coração se
amoleceu e eu não consegui ficar quieto. Me aproximei:
- Vai ficar tudo bem com a minha mãe.
Ele me olhou assustado. Não esperava que eu fosse confortá-lo.
- Você só está preocupado com ele.
- Não. Eu o amo muito, muito mesmo. Mas eu continuo amando vocês dois, pai. Eu não queria ter ido embora daqui daquele jeito, mas eu não poderia abrir mal do meu sentimento.
- Eu só me pergunto onde que eu errei com vocês dois pra ter acontecido isso.
- Pai, o amor não é um erro, não pode ser.
- E isso é amor Carlos? Isso é falta de vergonha.
- Eu não vou mais tentar convencer o senhor. Escolha acreditar ou não, mas nós nos amamos, muito, como eu nunca imaginei amar alguém. E eu queria muito dividir a minha felicidade com outras pessoas que eu amo, como o senhor.
- Eu não consigo entender isso, não consigo.
- Que pena. Fico triste por isso, mas minha vida continua.
Deixei que ele pensasse no que eu havia dito e voltei pra sala de espera. Fiquei feliz em saber que as duas cirurgias haviam se acabado e voltei a rezar pra que tudo desse certo, que o organismo da minha mãe não rejeitasse o rim de Bruno e que tudo terminasse bem.
Pelo menos eu tive a oportunidade de dizer ao meu pai aquilo que eu queria, aquilo que estava engasgado.
Aguardei mais notícias, até conseguir ver Bruno dormindo, aparentemente bem, algumas horas depois da cirurgia.
Agora era esperar os dois acordarem e ver no que daria. Meu pai se aproximou e disse baixo, num tom de desculpas:
- Eu tô indo em casa. Quer alguma coisa?
- Quero pai. Se tiver algumas roupas minhas lá... Eu trouxe poucas e preciso de um banho.
Ele concordou com a cabeça e saiu.
Fiquei as próximas horas tentando dormir... Já era de madrugada e eu não conseguia pregar os olhos. Graças a uma enfermeira, consegui um quarto para repousar e enfim consegui.
Acordei por volta das sete da manhã, como um desesperado. Olhei para o lado e encontrei meu pai:
- Calma rapaz. Suas roupas estão aqui. Toma um banho e depois vai ver os dois.
Fiz isso em questão de 15 minutos. Tomei um bom banho e só pensava em ver como os dois estavam. Fui primeiro até Bruno:
- Amor, que bom que você acordou. Tá tudo bem?
- Tudo Carlos. Quase nem to sentindo dor.
- Que ótimo.
- E como está sua mãe?
- Vou ver agora... Meu herói.
Dei um beijão nele e fui até o quarto da minha mãe. Ia entrando quando escutei meus pais conversando:
- Mas tenta entender os dois. Eles são humanos, eles se amam.
- Eu estou começando a perceber isso e ficando arrependido do que eu fiz. Esconder isso do Carlos o tempo todo. Será que não é hora de contar?
- Não! Se o Bruno não contou é melhor você não dizer.
- Eu conversei com o Bruno agora e ele me disse não ter contado nada.
- Então esquece. A atitude do seu filho foi ótima e estou me recuperando bem.
Não aguentei, entrei no quarto:
- O que você está escondendo de mim pai?
CONTINUA...
