Outras vidas - Parte VIII

Um conto erótico de Valentina M.
Categoria: Homossexual
Contém 1243 palavras
Data: 27/01/2013 13:26:35
Última revisão: 30/01/2013 12:23:17

continuando...

- Então me diz amor... Onde você esteve todo esse tempo? – Perguntei enquanto tomava um gole da tulipa.

- Bom, vamos começar... Já tem um tempo que esta acontecendo coisas da qual eu não te falei e antes que você me interrompa deixe-me terminar. Eu estava no Rio de Janeiro, passei todos esses dias la, na casa do meu tio. Minha mãe me forçou a ir com ela... – Deu uma pausa e virou mais da metade do seu copo de whisky.

-Sua mãe não pode fazer isso contigo, Eduarda... – Alterei a voz e ela me fez sinal pra diminuir...- Perdoe-me, mas sua mãe já esta me dando nos nervos!

- Ela pode sim, você não conhece minha mãe... – Eu ia dizer algo, mas ela me interrompeu continuando...- Me escuta, Daniela... Só me escuta, ok?! Não sei como, mas há quase um mês atrás, minha mãe descobriu sobre a gente, ela veio conversar comigo furiosa e disse que era pra gente se afastar, eu neguei e disse que não faria isso nunca, porque ela estava enganada, não tínhamos nada... – Ela tomou o resto do que havia no copo, e levantou pra que Chico trouxesse outro. – Mas ela continuou me chantageando, e aquele dia em que você foi me levar até a casa dela, ela nos viu. Esta ameaçando contar para seu pai, e conhecendo seu pai como conheço, ela nunca aceitaria, te colocaria pra fora de casa, e eu nunca te colocaria em risco... – Ela disse tudo aquilo como se despejasse um peso naquela mesa.

- Eu não me importo, eu só me importo com você, me importo com a gente, Eduarda!

- Mas eu me importo por você, não vou colocar tudo a perder agora. Por isso resolvi fazer o que minha mãe quer...

- E o que sua mãe quer? – Perguntei desesperada

- Ela me levou para o Rio, pra que eu conhecesse o lugar... Meu tio tem algumas lojas por la e ela já me arrumou até trabalho em uma das lojas dele.

- Não, definitivamente não, e seu trabalho, a faculdade, seu pai? E eu, Eduarda? – Disse com os olhos cheios d’agua. Ela arrastou a cadeira pra perto de mim, me acariciou o rosto e disse calmamente.

- Eu não estou aqui pra discutir, meu amor, eu já tomei uma decisão, que será a melhor pra nós... – As lagrimas corriam pelo meu rosto, ela segurava forte em minha mão. – Isso vai ser por pouco tempo, só até as coisas melhorarem, até nossa situação se estabilizar. Eu já pedi demissão do trabalho, minha mãe já foi até a faculdade, trancou minha matricula, vou fazer só as provas finais essa semana e bom, há meses meu pai esta falando em uma promoção que ele teve numa cidade vizinha, vai morar la com a mulher dele.

Nesse momento, Chico chegou com o que eu havia pedido, o que eu e Duda sempre pedíamos, dois temakis e dois especiais com sushi, sashimi e uramaki. Eu havia perdido totalmente a fome, mas consegui comer alguma coisa, em silencio. Cortei o silencio alguns minutos depois...

- Se eu disser ou fizer alguma coisa, vai fazer você mudar de idéia?

- Não! Olha pra mim? – Ela disse, me puxando pelo queixo. – Não estou fazendo isso porque eu quero, estou fazendo porque é preciso, da pra entender?

- Eu compreendo, mas não entendo, não consigo aceitar... Eu não quero que você vá!

E naquela noite fizemos amor, como há tempos não fazíamos, com paixão, paciência, suave e sem pressa, amor com gosto de despedida, gosto de saudade. Uma noite sem muitas palavras nem juras de amor, uma noite de suspiros, gemidos, e olhares. Olhares cúmplices, sem mais...

A semana passou como num piscar de olhos, minha ultima semana ao lado dela. Sábado a noite era o dia, a busquei em casa e fomos direto para a rodoviária, o ônibus ia sair às 22h, chegamos 15 minutos antes, a conta de ela guardar as malas e nos despedirmos. Ela deu as malas ao motorista, e se virou pra mim, me abraçou forte, segurou meu rosto por entre as mãos e me beijou, sem se importar onde ou quem estava ali, me abraçou novamente e sussurrou em meu ouvido:

- Eu te amo!

- Eu também te amo!l

Me soltou e entrou, me afastei até o ônibus sair. Fiquei por ali, vendo ele se afastar e lembrando da nossa ultima noite, suas ultimas palavras...

“- E como vamos ficar quando você partir? – Perguntei deitada em seu ombro, acariciando seu peito.

- O que você quer saber, meu amor? – Perguntou enquanto me beijava a testa.

- Vamos continuar juntas? – Perguntei insegura da resposta. Ela se sentou, e me olhando, segurou minhas mãos.

- Eu não tenho o menor direito de te deixar e ainda cobrar fidelidade, cobrar que você me espere, eu te amo e sempre vou te amar, esse tempo longe não vai mudar nada para mim, e a única certeza que posso lhe dar é que irei voltar, e é contigo que quero ficar, enquanto isso teremos toda a liberdade que precisar. Eu te amo!”

Eu não tinha o que falar, não sabia o que falar ou pensar, aquilo não soou tão ruim quanto eu esperava, e eu me assustei com minha própria reação. Por outro lado, eu não sabia como tocar minha vida sem ela por perto, naquele momento tudo estava mudando, tudo ia ser diferente, e eu não podia simplesmente anular minha vida para ficar a sua espera, por mais que doesse pensar nisso ela tinha razão, naquele instante, quando eu entrava no carro sua voz ecoou em minha mente novamente, me fazendo ter certeza de que ela tinha toda razão...

“ – Eu te conheço suficientemente, Daniela... conheço a ponto de saber que você não ficara sozinha por muito tempo, você necessita de atenção e carinho. Estou me odiando por dizer isso, mas sei que será assim, mas espero não ser tarde quando eu voltar... Estou fazendo isso para o nosso bem!”

Eu tentava ao maximo aceitar, mas minha vontade era de sair correndo atrás daquele ônibus e trazê-la de volta a mim, mas não fiz. De certo modo algo me impedia algo dentro do meu inconsciente me impedia de dizer ou fazer qualquer coisa, me impedia de tomar qualquer decisão precipitada. Dei partida no carro e sai, devagar até pegar uma rua que dava na saída da cidade, parei peguei minha mochila no banco de trás, olhei para confirmar que tinha tudo que eu precisava, joguei-a no banco do passageiro e peguei a rua até a saída, andei por aquela estrada mais que conhecida, sem muito esforço e sem pensar muito no que estava fazendo eu corri, estava com pressa de chegar, entrei na estradinha de terra estreita que me fazia ter lembranças boas, alguns minutos andando por aquela estradinha avistei a porteira, olhei rapidamente no porta luvas se as chaves ainda estavam ali, sorri quando encontrei nos fundos, parei o carro e destranquei aquele cadeado grande e muito pesado, adentrei com o carro, voltei tranquei novamente e estacionei o carro na entrada daquela garagem grande, peguei minha mochila e andei até a porta da cozinha que era nos fundos, assim que cheguei na porta, ela estava a minha espera, com os braços abertos para um abraço, como se sentisse o que eu estava sentindo...

Para os curiosos que estão me acompanhando, ta ai, a tão esperada conversa... Mas e agora, quem é que estava a espera de Dani? Obrigado mais uma vez, meus queridos, amanhã eu posto mais ;)

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