Amar contra o destino – 2ª TEMP. Cap. IV
Série ACD 2x04 - Paixão, Prazer e Pecado.
... GUILHERME? Não, não pode ser. Isso é um pesadelo. Mas infelizmente era verdade, ele entrou na sala, e a primeira coisa que fez, foi de procurar alguém pelo olhar, e quando encontrou, ou melhor, me encontrou, deu aquele sorriso falso. Olhei para o Ricardo que também me olhava com uma cara de não ter gostado nada disso.
- Então garotos podem se sentar nos lugares vagos. – Disse diretor Mauro aos 3, saindo da sala.
O Guilherme olhou novamente para mim e avistou um lugar a minha frente. Que era justamente o lugar da Rebeca que trocou de sala. Ele veio em direção à carteira, deu uma piscada e se sentou. Que ódio que me deu, a primeira aula foi terrível, a presença dele me irritava, sempre que dava ele olhava para trás e me encarava, eu fingia que não era comigo. No intervalo saí o mais rápido possível da sala, deixei o João Paulo que me chamava, falando sozinho, fui para a cantina comprar meu lanche, saí tão rápido da sala que havia esquecido o dinheiro na carteira que estava em minha mochila. Voltei para a sala, e pude perceber que o Guilherme e o Ricardo conversavam, voltei um pouco para trás e consegui ouvir um pouco da conversa.
- Mas agente já tinha combinado, você agora que não está cumprindo seu idiota. – Falou Rick ao Guilherme.
- A não me venha com essa Ricardo, não posso agora estudar na mesma sala que vocês? Aliás, vocês ganharam um grande reforço para o Campeonato, já que eles não vão poder contar com você né seu doentinho? Até que você joga bem, mas não se compara a mim.
- Engoli isso que você está falando seu merda – Disse Ricardo voando para cima do Guilherme acertando um soco em seu rosto. Ao ver a briga, entrei na sala.
- Vocês estão loucos? Parem com essa merda já. – Os dois pararam e ficaram me olhando.
- Olha, olha se não é a putinha da escola. – Falou Guilherme.
- Cala a boca idiota – Falou Ricardo, já pronto para acertar outro soco em Guilherme.
- Pare Ricardo, parem vocês dois. Quero saber o que estão escondendo de mim, o que é esse combinado?
- Que combinado? – Falaram os dois praticamente juntos assustados.
- Eu escutei a conversa de vocês dois, não me enganam mais.
- Você deve estar louco garoto. – Disse Guilherme com aquele jeito irônico dele.
- Ainda não estou, mas a hora que eu ficar, não sei o que eu faço com vocês dois.
Ricardo apenas ficava cabisbaixo, o Guilherme me fuzilava com os olhos enquanto eu os encarava. Percebi algo estranho em Ricardo, ele parecia estar meio tonto, estava cambaleando, ele pôs a mão em sua testa, foi o prazo que deu para logo depois desabar no chão desmaiado.
- RICARDOOO – Gritei me aproximando dele. Ajoelhei-me no chão, puxei-o para mais perto de mim. – Ricardo, acorda fala comigo. – Mas ele se mantinha imóvel. – RICARDOOOOO – Falei sacudindo-o, mas sem reação. Guilherme estava ali ao meu lado, parado, parecia abalado. – Vai ficar aí parado seu idiota? Vai avisar alguém lá embaixo, chama uma ambulância. – Disse jê em choro.
- Eu to... to... to indo. – Disse gaguejando Guilherme saindo correndo da sala.
Nisso quem passava pelo corredor já tinha percebido, logo a sala estava lotada de curiosos, o Guilherme voltou com o diretor Mauro.
- Já chamou a ambulância? – Perguntei para o diretor.
- Sim, já chamamos Sr. Bernardo.
Junto entrou um jovem rapaz, devia ter uns 25 anos, muito bonito, moreno, alto. No seu jaleco branco da escola estava escrito seu nome Felipe e enfermeiro. Ele se aproximou de nós e começou a examinar o Ricardo.
- Ele tem pulso, mais está fraco, respiração também está muito fraca. Está pálido. Você sabe se ele tem alguma doença? – Perguntou olhando para mim.
- Ele tem um tumor na cabeça. – Ao falar comecei a chorar mais ainda. Sem me importar com quem estivesse ou não presente na sala. Eu estava com medo, medo de perder o Ricardo ali.
- Então essa ambulância tem chegar logo, ele pode esta tendo um choque anafilático.
- O que é isso Felipe? – Perguntou o diretor Mauro preocupado.
- Falta de ar e oxigenação no sangue. Pela pressão arterial baixa, respiração fraca, e ele estar sem cor praticamente, pode ser um choque anafilático.
- E o que você pode fazer até chegar a ambulância? – Perguntei desesperado.
- Nada meu jovem, apenas os médicos podem fazer os procedimentos médicos cabíveis. Mas vou manter a boca dele aberta para o ar entrar mais fácil.
Não demorou muito e o som da siate já se aproximava do Colégio, o diretor Mauro pediu pra que todos saíssem da sala e liberassem espaço no corredor. A ambulância encostou e logo a equipe médica já subia as escadas da escola. Eles colocaram o Ricardo numa maca e fizeram os primeiros atendimentos até o levarem pra ambulância. Parei o diretor Mauro para que eu pude-se ir junto.
- Eu posso ir junto diretor Mauro?
- Não senhor, isso não é festa, vocês tem aulas pela frente ainda. – Disse ele já se virando.
- Por favor diretor, me deixa ir junto com ele. – Disse chorando segurando as mãos do diretor.
- Diretor Mauro, deixe o meu irmão ir junto com o Ricardo, isso é importante para ele. – Falou o Augusto que saiu do meio daquela multidão que observava.
O diretor ficou apenas me olhando, até me dizer.
- Ok garoto, pega suas coisas na sala, e me espera lá na secretaria e você vai comigo em meu carro, aí nos iremos ao Hospital preciso conversar com os pais dele.
- Obrigado diretor. – Disse já indo pra sala pegar minhas coisas. O Augusto entrou em minha sala e falou:
- Pode ir tranqüilo maninho, vou ficar aqui torcendo por ele.
- Obrigado Guto.
Terminei de juntar minhas coisas, me despedi do Guto e fui para secretaria, o diretor Mauro não demorou muito e fomos para o carro dele. No caminho para o Hospital estava um silêncio até o diretor me perguntar.
- Seu irmão disse que era importante pra você vir junto, por quê?
- Ricardo é meu... Meu melhor amigo, meu parceiro, meu irmão. – Disse já com meus olhos cheios de lágrimas.
- Entendo. – Disse o diretor.
Ficamos calado até chegar ao Hospital, entramos já atrás de noticias do Ricardo, fomos até o quarto que a recepcionista indicou, entrei primeiro e dei de cara com ele deitado, ainda inconsciente na cama e seus pais me encarando.
- O que você faz aqui moleque? – Disse o pai dele irritado já.
- Eu vim ver o Ricardo.
- Você não vai ver ele. – Disse-me alterado.
- O que acontece Sr. Reinaldo? – Perguntou o diretor Mauro.
- Esse garoto não pode ficar perto do meu filho.
- Por quê? – Retrucou, sem entender nada do que estava acontecendo.
- Porque, ele é um homofóbico diretor Mauro. – Falei olhando com raiva para o Reinaldo.
- Sai daqui seu merda, já disse que não te quero mais perto do meu filho.
- Venha Bernardo, venha comigo. – Disse diretor Mauro.
Fomos até o corredor, e ele começou a falar comigo.
- Então. O Ricardo não é apenas seu melhor amigo não é?
- Agente namorou já. Nós nos amamos, mas infelizmente por causa de pessoas como o pai dele, não estamos junto. – Disse isso tentando conter meu choro.
- Olha Bernardo, eu não tenho nada contra homossexuais, mas existem pessoas que tem preconceito, e você sabe que no Colégio se quer relação heterossexual é aceita não é?
- Sei sim diretor, mas agente não fez nada na escola. Sempre foi fora dela. – Disse mentindo um pouco claro rs...
- Os pais deles não aceitam, e isso vocês vão ter que entender. Melhor você esperar aqui fora, e eu vou entrar lá conversar com eles, e depois nos voltamos para o Colégio.
O diretor entrou no quarto, nisso fui procurar saber como está o Ricardo. Consegui achar o médico que estava cuidando dele.
- Doutor, desculpe interromper, mas eu queria saber sobre o paciente Ricardo Luis Oliveira.
- Ah sim, só um momento e eu já falo com você.
O doutor logo voltou, e falou comigo:
- Então, qual seu nome?
- É Bernardo, sou amigo do Ricardo. Quero saber como ele está?
- Então Bernardo, ele está bem, só esta sedado e deve acordar daqui a pouco, aí nos iremos agora fazer uns exames nele, pra ver sobre o tumor. Não tenho nada concreto pra te falar ainda.
- Entendi, mas ele vai ficar bem?
- Eu espero que sim meu jovem. Agora tenho mais coisas a resolver dos exames dele, dá licença.
O médico saiu e eu voltei para o corredor e fiquei em frente ao quarto esperando o diretor sair. Fiquei uns 10 minutos e ainda nada do diretor. Escutei um grito saindo do quarto do Ricardo:
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.
Corri em direção a porta do quarto e vi que ele estava gritando, nisso duas enfermeiras já vieram correndo para o quarto. Ele continuava a gritar.
- AHHHHHHHHHHH, EU QUERO SAIR DAQUIIIIII.
Pela porta eu vi que as enfermeiras tentava acalmar ele, o diretor saiu do quarto e veio falar comigo.
- O que aconteceu? Por que ele esta gritando? – Perguntei desesperado.
- Não sei, ele acordou do nada gritando.
Deu pra ouvir ainda mais seus gritos.
- AHHHHH, EU NÃO QUERO REMÉDIO, EU QUERO O BERNARDOOOOO. ONDE ESTÁ MEU BERNARDOOOOOOO?
Não consegui escutar o que as enfermeiras e nem os pais do Ricardo diziam a ele.
- NÃO QUEROO ME ACALMAR EU NÃO QUERO REMÉDIO, MÃE POR FAVOR EU QUERO O BERNARDO. – Disse Ricardo aos berros e choro.
O diretor Mauro olhou para mim, um semblante de pena em seu olhar
- PELO AMOR DE DEUS MÃE DEIXA EU VER O BER, EU QUERO SAIR DAQUI, EU QUERO IR VER ELE.
Nisso entrou no quarto o médico.
- Rapaz eu vou dar um remédio e você vai se acalmar, você vai dormir.
- NÃÃÃÃOO QUERO DORMIR, EU SÓ TENHO PESADELOS, POR FAVOR NÃO ME DEIXA DORMIR DOUTOR.
- Mas você tem que se acalmar.
- EU QUERO O BERNARDO, ELE ME ACALMA DOUTOR, EU PRECISO DELE.
- Eu conversei com um amigo seu chamado Bernardo, inclusive ele está lá fora no corredor. – Disse o doutor.
- CHAMA ELE PRA MIM, POR FAVOR, EU PRECISO DELE.
Eu estava desesperado para entrar no quarto, eu chorava, mas o diretor Mauro não me deixava entrar.
- Eu tenho que entrar diretor, por favor.
Nisso a mãe do Ricardo veio até a porta e disse:
- Por favor meu filho, pode entrar falar com ele.
Entrei correndo no quarto, quando ele me viu, seus olhos brilharam, sentei-me ao seu lado na cama, segurei sua mão e disse.
- Calma Rick, eu estou aqui.
- Ber, me per...doa – Disse com um pouco de dificuldade.
- Não tem que me pedir perdão, você não fez nada.
- Eu fiz sim, eu abri mão da pessoa que eu mais amei e que mais amo nessa vida, eu fui covarde, eu fiz você sofrer.
- Hey, escuta aqui Rick – Disse alisando seu rosto. – Nós dois erramos, mas agora isso não importa, o que importa é você, sua saúde, você ficar bem e sair desse Hospital. – Disse já não me agüentando mais e chorando junto com ele.
- Não sei se vou sair daqui Ber.
- Claro que vai, você vai ficar bem.
- Eu te amo Ber.
- Eu não vou ficar longe de você mais. Sempre vou estar do seu lado quer quem queira ou não.
- Me promete uma coisa? – Disse ele meio ofegante e cansado.
- O quê?
- Que você vai ser feliz. Vai dar a volta por cima na sua vida como você sempre deu. Você é forte e sabe disso.
- Hey, por que está falando isso Ricardo? Você está me assustando.
- Por que eu sinto que não vou mais sair daqui.
- NÃOO. PARA, Você vai ficar bem, não vai acontecer nada meu amor. – Disse abraçando e beijando ele.
- No meu sonho vi anjos, um lugar lindo, me deu uma paz uma tranqüilidade, aí eu vi você e um vulto negro atrás de você, eu corri a seu encontro, tentei te puxar com as mãos, mas não consegui, eu perdi as forças, esse vulto te levou pra um lugar onde eu não consegui entrar. – Em seus olhos percebi o seu desespero, ele apertou minhas mãos e disse. – Não importa a onde eu estiver eu sempre... Irei olhar por você... Sempre... irei te proteger. – Disse ele já muito ofegante.
- Rapaz, acho melhor você descansar agora, você está se exaustando demais. – Disse o doutor que em seus olhos mareados, assim como das enfermeiras, do diretor e da mãe do Ricardo estava dava para perceber a emoção em que todos estávamos naquele quarto.
- Uma ultima coisa... Ber, cuidado, toma cuidado com o... – O Ricardo deu um último suspiro e parou, seus olhos fecharam, sua cabeça caiu para o lado, o monitor que estava ligado nele zerou seus batimentos e um som, o último som que eu gostaria de escutar naquela hora, se expandiu pelo quarto.
- PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIITO BE CONTINUED
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Minha gente voltei, esse capítulo estou escrevendo ele desde ontem e realmente não foi muito fácil de escrever. Quero agradecer a todos que acompanham e que vocês é que me inspiram cada vez mais dar o meu melhor nessa Série. Nesse capítulo não houve fala do Augusto, justamente porque centrei mais em Bernardo e Ricardo esse capítulo, as falas com o personagem Augusto voltam no próximo capítulo. Quero agradecer em especial aos que acompanham a Série no último capitulo: Luuis Fillipe, FabioStatz, frannnh, Nequinho, caamilaa, Luiz Dudu, CrisBR, Iky, Alex20, Geo Mateus, Alexandre!!!, Thi Costa., Novin 16, Luke17 (sempre é bom aprender portugues nao é? hahahaha mas na verdade as vezes digito rapido e na hora de revisar passa batido, porem prestarei mais atenção nas próximas), FabioCwb e Jonas33.
E quero tambem dizer que senti falta do Realginário, grimm, Alanis, Olavo A., lena78@, hyan, xXpedro95Xx, Lipe*-* e Garoto96 espero que todos vejam que eu voltei, hahahaha saudades de todos. Até o proximo post pessoal beijoss =D