Eu não queria ver ninguém... meus pais... meus irmãos... meus filhos... estava isolado do mundo. Comia quando a fome realmente batia... me adaptei aos esquemas do banheiro e me senti pela primeira vez feliz em muito tempo. O meu esposo falava o básico comigo, isso não estava apenas afetando apenas a nossa vida conjugal, mas eu estava perdendo o meu melhor amigo. Mas, ele precisava ver o meu lado... eu não era o mesmo de antes...
- E como ele está hoje? – perguntou a minha mãe.
- Na mesma... come pouco... conversa pouco... quase não se exercita. – disse Mauricio.
- E você vai desistir assim tão fácil? – ela perguntou.
- Paula... o que eu posso fazer? – perguntou ele.
- Lutar... lembra como foi que ele acordou? – ela perguntou.
- Lembro, mas isso não faz diferença agora... ele está em depressão... – disse Paula.
- Oi?! – disse Phelip entrando na sala.
- Oi, filho... – disse Paula.
- E ai? Ele resolveu falar? – perguntou meu irmão.
- Não. – respondeu Mauricio.
- Se quiser eu vou lá e...
- Não filho... o Mauricio disse que ele está agressivo... temos que ser cuidadosos. – ela disse.
- Eu só vim avisar que estou indo em São Paulo com o Ezequias. – disse ele.
- Filho... eu não quero nem ver quando os pais deles souberem disso... vai sobrar para mim. – disse a minha mãe com a mão na cabeça.
- Só se a senhora contar... – disse Phelip a beijando.
- Toma cuidado na estrada pelo amor de Deus. – ela pediu retribuindo o beijo.
- E Mauricio não se preocupa... daremos um jeito nesse teimoso. – ele disse abraçando o meu marido.
Phelip, Osvaldo, Ezequias e Fernanda decidiram viajar até São Paulo, os pombinhos para terem privacidade e Osvaldo para confrontar seu passado. Ele estava decido em conversar com seu pai.
- Não se preocupa Osvaldo... tenho certeza que vai dar certo. – ele disse.
- Eu não me preocuparia também... cara você não sabe o quanto mudou... eu lembro a primeira vez que eu te conheci... nossa... sem comparação. – disse Phelip.
- Verdade amor... com sua força de vontade e a ajuda de pessoas que te amam, você vai conseguir falar tudo o que deseja. – disse Fernanda o beijando.
Eles chegaram cedo ao hotel. Os quartos ficavam distantes, mas eles aproveitaram para descansar da viagem. A noite eles decidiram jantar em um shopping próximo. Ezequias estava mais solto... fazia piadas e imitações, e sempre sabia o que falar. Fernanda gostava dele e Osvaldo o admirava... o meu irmão estava ficando de quatro por ele.
- Ei Osvaldo... amanhã a gente precisa ir naquela loja esportiva... comprar umas camisas... – disse Phelip piscando para o amigo.
- Ahhh... claro... claro... vamos sim... e Priscila você poderia comprar para mim uns objetos para a minha aula de medicina? – ele perguntou.
- Claro, mas porque não podemos ir juntos? – ela questionou.
- O Ezequias pode te acompanhar amor... nós realmente precisamos ir na loja... eu to passando agora as localizações das lojas para o teu celular... – ele disse digitando.
- Claro, eu vou sim. – disse Ezequias.
Vinicius e Priscila conversavam tranquilamente em uma sala vazia do hospital. Eles temiam o pior para mim, uma vez que eu não me importava com mais nada.
- Faz três semanas que ele está depressivo... ele precisa fazer o tratamento agora. – disse ele.
- Eu sei, mas ontem eu fui tentar falar com ele... e fui praticamente expulsa do quarto... – falou Priscila.
- É uma situação delicada... ele está com raiva? – perguntou Vinicius.
- Sim... raiva da vida... de todos... acho que não terei meu irmão de volta.... já perdi o Paulo e agora vou perder o Pedro. – ela disse chorando.
- Amiga... vai dar certo... não se preocupa... o Pedro é forte... ele vai sair dessa.
- Eu espero... eu espero...
Na escola, DJ não queria saber de brincar com seus coleguinhas. E muito menos de estudar. Ele ficava com a cabeça baixa a maior parte do tempo.
- Querido está tudo bem? – perguntou a professora.
- Sim...
- E o teu pai está melhor? – ela perguntou.
- Não professora...
- Se quiser a turma pode ir na sua casa e fazemos uma apresentação para ele...
- Acho que ele não vai gostar... ele está triste...
- Querido... não se preocupa... tenho certeza que ele vai ficar bem... – disse a professora. – Porque você não vai brincar?
- Depois... depois eu vou.
No intervalo, Judith o encontrou em uma área isolada da escola. Ela sentou ao seu lado e acariciou sua cabeça.
- Será que temos algum problema? – ele perguntou.
- Como assim?
- O Pedro... ele acreditou em mim... acreditou que eu tomaria de conta dos nossos irmãos e eu falhei... não mereço ser filho dele.
- Para com essa besteira agora... entendeu? O Pedro ama a gente... e é o nosso pai... entendeu... para de falar isso! – ela disse o abraçando.
Em São Paulo, Ezequias e Fernanda saíram cedo para fazer as compras... só não imaginavam que os lugares eram totalmente opostos. Phelip e Osvaldo começaram a ornamentar o quarto do hotel. Meu irmão queria fazer uma surpresa romântica para seu namorado.
- Isso é a coisa mais gay que eu já fiz... – disse Osvaldo rindo.
- Bem vindo ao meu mundo... – meu irmão falou enquanto jogava pétalas de rosas no chão.
- Ei... tá legal... agora vamos para o meu... quero uma coisa mais hetero... – disse Osvaldo rindo.
Algumas horas se passaram e eles voltaram das compras. A recepcionista do hotel pediu para eles aguardarem.
- O que será que esses dois estão aprontando? – perguntou Fernanda.
- Espero que seja algo bom. – disse Ezequias.
Osvaldo e Phelip desceram, e cada um levou seu par para um elevador. Ezequias estava nervoso. E Fernanda adorando.
- Vou ter que te vendar agora. – disse Phelip.
- Sério... eu... eu...
- Se reclamar é pior... – disse Phelip.
- Tudo bem.
Phelip se aproximou por trás de Ezequias. E colocou uma fita preta nos olhos dele. Sem antes bulinar o rapaz. Eles entraram no quarto e Ezequias ouviu uma música romântica, além de um cheiro agradável.
- Posso tirar a venda? – perguntou Ezequias.
- Pode... – disse Phelip pegando uma garrafa de Champanhe.
- Nossa... – se surpreendeu o jovem. – Que lindo... você que fez?
- Sim... queria que a nossa primeira vez fosse especial... – disse ele.
- Primeira vez? – perguntou ele assustado.
- Calma... eu não quero te apressar, mas este é o momento perfeito... não quero olhar para trás e me arrepender de não ter tido você por completo. – ele disse beijando Ezequias.
Phelip tirou com cuidado a roupa de Ezequias. Eles se beijavam lentamente, olhando um o corpo do outro.
- Você é perfeito... – disse Phelip sem conter a alegria.
- Você também é... só peço uma coisa... seja gentil... – pediu ele.
- Você é especial... tenha certeza que não será apenas um nome na minha lista... eu quero mais... muito mais... – disse Phelip no ouvido dele.
Phelip deitou Ezequias na cama e o beijou calorosamente. Ele desceu para o pescoço, peitoral e a virilha. Pela primeira vez, ele faria sexo oral em um homem. Meu irmão estava se livrando dos preconceitos também.
- Ahhh... – disse Ezequias mordendo os beiços e segurando a cabeça de Phelip contra seu pênis.
Phelip subiu novamente e deu outro longo beijo em Ezequias. O jovem deitou o meu irmão e fez a mesma coisa. Desceu beijando cada parte do corpo de Phelip. Quando chegou no pênis, meio sem jeito começou a lamber e chupar. Phelip não acreditava no que estava acontecendo. O garoto mais lindo de todos lhe fazendo sexo oral.
- Isso... assim... – falou meu irmão.
Phelip pegou a camisinha e o lubrificante. E explicou para Ezequias.
- Eu não vou usar isso aqui... você vai...
- Como assim? – perguntou Ezequias.
- Eu quero que a primeira vez seja com você... por favor... seja gentil. – pediu o meu irmão.
Ezequias se atrapalhou na hora de colocar o preservativo, mas não deixou transparecer o nervosismo. Phelip virou de costa e fechou os olhos. Ezequias penetrou meu irmão com dificuldade e lentamente.
- Tá doendo? – perguntou ele.
- Um pouco, mas pode continuar. – disse ele ofegante.
Pouco a pouco ele conseguia penetrar Phelip, que estava extasiado de prazer. Começou lento e foi aumentando as estocadas. Depois de alguns minutos, Ezequias pediu para Phelip o penetrar. Ele colocou a camisinha e pegou o lubrificante. A bunda de Ezequias era a coisa mais linda que Phelip já havia visto. Ele passou o óleo e Ezequias ficou na posição de frango assado.
- Seu pênis está vermelho. – disse Phelip rindo.
- Como eu te falei é a primeira vez... – disse o jovem.
- Se você se sentir desconfortável ou quiser parar me avisa. – disse meu irmão.
Phelip começou a penetrar Ezequias e sentiu certa dificuldade no inicio. Eles tentaram algumas vezes. Até que ele relaxou e conseguiu a penetração. Phelip apoiou o braço próximo a cabeça de Ezequias. O jovem segurava o tórax do meu irmão para ir coordenando a penetração. Não demorou muito para os dois gozarem.
- Foi... foi incrivelmente incrível. – disse meu irmão beijando Ezequias. – Obrigado...
- Espero ter feito tudo direitinho... eu estava nervoso... – disse ele.
- Namora comigo? – ele perguntou.
- O que? – perguntou Ezequias.
- Namora comigo... a minha família aceita... eles te adoram... meus amigos nem se fala... eu quero ter você para mim... – ele disse pegando seu bloco de telefones queimando em uma vela e jogando no lixo. – Seu nome não vai ser mais uma na minha agenda... vai ser mais um no meu coração....
- E os meus pais...
- Esse é outro problema, mas somos discretos... eles não precisam saber... podemos namorar lá em casa... – ele disse se ajoelhando. – Ezequias... aceita ser meu namorado... meu parceiro... meu melhor amigo?
- Aceito... seu bobo... claro que eu aceito... – ele disse pulando em cima de Phelip e lhe dando um beijo.
Os pombinhos dormiram bem... acordaram tarde... mas, para Osvaldo o inevitável chegou. Ele iria encontrar seu pai. Eles se arrumaram e partiram para o edifício onde o pai de Osvaldo trabalhava.
- Me desejem boa sorte... – disse ele.
- Boa sorte! – falaram Ezequias, Phelip e Fernanda.
Ele subiu o elevador e seu coração pulsava forte. A secretaria atendeu Osvaldo mal e disse que o pai dele não estava.
- Moça eu sei que ele está ai... sou filho dele... preciso falar com ele... por favor... – disse o jovem.
- Eu lhe disse... ele não está aqui... volte outra hora. – disse a mulher.
- Eu... eu... não preciso... – disse o jovem saindo do escritório.
O trio esperava ansioso para saber como havia sido a conversa.
- Droga... ele não quis receber o Osvaldo. – disse Fernanda correndo em direção ao seu namorado e o abraçando.
- Ele não quer me ver... – disse ele chorando.
- Tudo bem... vamos...
Phelip amparou o amigo pelo outro lado. Ezequias ficou impaciente ao ver todos indo embora.
- Então é assim? – ele perguntou.
- Assim como? – perguntou Phelip olhando para trás.
- Vocês vão embora? Dessa forma..
- Ele não quer me ver Ezequias... o que eu posso fazer? – perguntou Osvaldo. – Eu matei a minha mãe....
- Mas, você mudou... ele vai te receber. – disse o jovem entrando no prédio.
- Onde ele está indo? – perguntou Fernanda.
- Não sei... vamos com ele. – disse Phelip com um belo sorriso estampado no rosto admirando a atitude de Ezequias.
- Bom dia. – disse a secretária.
- Vou falar com o Sr. Henrique! – disse Ezequias entrando na sala.
- Quem é você? – perguntou o homem.
- Sou amigo do seu filho...
- Escuta... não me interessa quem você é... quero que saia daqui...
- Não o senhor vai me escutar agora... o seu filho dirigiu 500 km para chegar aqui... comprou roupa nova... está mudando... tudo isso só para lhe agradar... acho que o mínimo que você deve é respeitar ele. – disse Ezequias.
- Respeitar quem? Um assassino? – perguntou um homem.
- Não... perdoar seu filho... que errou e graças a Deus está tentando mudar... Deus amava tanto o seu filho... que o mandou para terra... para livrar os nossos pecados... e o senhor aí... querendo ser superior... com mágoa... rancor...
- Ele... ele... me fez muito mal...
- E o mal que ele sofreu?!
- Mas... é... é... culpa dele... - respondeu o homem.
- Mas, lhe fez muito bem... ou o senhor não lembra dos primeiros passos? Da risada que ele dava quando criança... do primeiro jogo de futebol? Eu sei como é difícil perdoar... mas, não podemos viver com medo... nos escondendo... de uma chance ao seu coração... o seu filho está a poucos metros do senhor... não deixe ele ter passado por todas as provações a toa... ele mudou... o senhor também precisa...
- Onde... onde ele está? – perguntou Henrique com lágrimas nos olhos.
- Vou chamar ele... – disse Ezequias saindo.
Com muito esforço... Ezequias, Fernanda e Phelip convenceram Osvaldo a entrar no escritório do seu pai. Ezequias falou para os dois abrirem o coração e serem verdadeiros um com o outro.
- E não se esqueçam... amai-vos uns aos outros... pediu Jesus. – disse Ezequias antes de fechar a porta.
- Pai... – disse o jovem chorando.
- Filho... me perdoa... por tudo... – disse Henrique abraçando o filho.
Sim... laços eram refeitos... mas, em casa... eu continuava enfrentando meus demônios pessoais. Não conseguia movimentar nada da cintura para baixo... e descontava toda a minha raiva no mundo.
- Vamos sair dessa cama... – disse o Mauricio.
- O que? Não... eu não quero sair. – falei me cobrindo.
- Você vai? – ele disse me carregando no colo.
- Para onde estamos indo? – perguntei.
- Vou te dar um banho e nós vamos sair... conhecer uns amigos meus! – ele disse.
Atitudes bruscas podem ser a única solução para pessoas que precisam. O amor também é um forte remédio que pode salvar vidas... salvou a vida de Osvaldo, mas seria suficiente para a minha
Muito contra gosto, acompanhei meu marido. Fomos a uma clinica. Percebi que a maioria dos pacientes eram cadeirantes ou pessoas amputadas. Ele me deixou na recepção e entrou na sala. Depois de alguns minutos ele saiu acompanhando uma mulher bonita, cabelos encaracolados e simpática, mas na minha situação atual, eu estava de mal com todos.
- Este é o Pedro? – ela perguntou para o Mauricio.
- Sim... Pedro... está é a Doutora Tereza. – disse ele.
- Podemos ir para casa? – perguntei.
- Amor... você vai passar a tarde aqui. – ele disse beijando a médica e indo embora.
- Mauricio... não tem graça!! – gritei.
- Tudo bem... podemos conversar um pouco no jardim? – perguntou ela.
Sem muitas opções eu a deixei conduzir minha cadeira. Ela explicou um pouco do funcionamento da clinica e dos pacientes.
- Todos tem uma história parecida com a tua, mas poucos não tem a oportunidade de voltar a andar... – ela disse sem olhar para mim.
No jardim haviam muitos pacientes fazendo fisioteriapia. Ela perguntou se eu gostaria de jogar futebol com os outros.
- Acho que não é uma boa ideia... – falei.
- Vai morrer? – ela perguntou. – Ou está com medo? – ela disse.
- Medo... eu não tenho medo!!! – falei movendo a cadeira de rodas.
- Vai lá Pedro! – gritou Teresa.
Os outros jogadores iniciaram a partida, no inicio não conseguia mover a cadeira como eles. Fiquei impressionado. Estava suado e com dores na mão, mas consegui me divertir. Aquele exercício fez bem para a minha saúde. Não percebi, mas meu esposo estava me observando de longe. E com um imenso sorriso no rosto.
- Podemos começar a fisioterapia? – ela perguntou.
- Podemos... podemos... – falei com uma pitada de esperança no meu rosto.
Ela me levou para uma sala onde haviam algumas enfermeiras e uma delas, uma mulher forte e feia, me colocou na cama em um único puxão.
- Nossa você é forte. – falei para ela.
- Você que é um franguinho.
- Valeu pela parte que me toca. – disse.
A mulher começou a fazer massagens nas minhas pernas e coxas.
- Vai perder o teu tempo... não sinto nada. – dsse.
- São músculos... com exercícios eles voltam ao lugar... – disse a enfermeira.
- Me chamo... Pedro... – falei.
- Raimunda. – disse a mulher sem me olhar.
- Você...você já viu algum caso parecido com o meu? – perguntei.
- Para algumas pessoas é fácil, para os outros não... depende da força de vontade de cada um... – ela disse.
- Entendi... eu quero voltar a andar...
- Perseverança e paciência. – disse a enfermeira.
- Tentarei... juro que tentarei... – prometi a mim mesmo.
Sim... talvez a atitude brusca do Mauricio tenha sido suficiente para me acordar, mas a caminhada não seria fácil... e eu iria descobrir isso da pior maneira.
O ser humano é capaz de atos maravilhosos, porém, pode ser cruel e maquiavélico. No caso de Osvaldo, ele conseguiu o que tanto queria, o perdão de seu pai. Eles saíram para comemorar naquela noite. Jantaram e conversaram bastante. Na manhã seguinte, os amigos reuniram-se para tomar o café da manhã antes de voltaram para a cidade.
- Eu gostaria muito de agradecer a todos vocês.... em especial você Ezequias... devo bastante a você...
- Para com isso... só fiz o que achei certo... fiquei feliz de vocês dois voltarem a se falar... – disse o jovem visivelmente envergonhado.
- Bem vindo ao grupo!! – gritaram Phelip e Fernanda rindo.
Sim... Ezequias sentiu-se incluído pela primeira vez. Ele amava estar com seus amigos em especial Phelip. A vida dele não foi fácil, todos que são homossexuais sabem como é a luta interna... e se os seus pais fossem cristãos? Antes de ir para a cidade, sua vida tinha um sabor amargo... era cinza e aos poucos estava ficando lindo como uma aquarela colorida.
- Eu que preciso agradecer... vocês são de longe os melhores amigos que eu tive. – ele disse levantando o copo de suco.
- Pena que não te mostramos a noite paulistana. – disse Phelip.
- No feriado podemos vir. – disse Fernanda.
- Eu estava pensando em ir um pouco mais longe... que tal o Rio de Janeiro? – perguntou Osvaldo.
- Podemos marcar. – disse Phelip. – O que você acha? – ele disse olhando para Ezequias.
- Preciso conversar com os meus pais. – ele disse sem graça.
- Claro. – disse Phelip.
A volta foi tranquila. Osvaldo foi dirigindo o carro e Phelip foi abraçado com Ezequias. Eles estavam unidos demais. A semana também passou sem problemas. E a minha luta para voltar a andar cada vez mais difícil.
- Vamos Pedro! – gritou meu fisioterapeuta.
- Eu... eu... eu... não consigo... – disse caindo no chão.
- Está vendo? – ele perguntou.
- O que? – questionei recuperando minha respiração.
- Eu não vejo vontade da sua parte... seus músculos precisam de atividade... – ele disse.
- Estou dando meu melhor... ok! – falei tentando me levantar.
- Precisa se esforçar mais... – ele disse me levantando.
- Como? Acho que não existe uma única pessoa que tenha conseguido isso. – falei bebendo água.
- Tem certeza? – ele perguntou indo até seu armário.
- Sim Rogério... é impossível... estou nisso há uma semana e nada... nada... nem mexi meu dedinho... – falei segurando o choro.
Rogério era um cara durão, ele era bonito, mas naquela situação era a última coisa que eu pensava. Ele me deu um jornal. Era uma manchete dehomem bêbado... bateu um carro com várias pessoas e apenas um sobreviveu. Quando eu li o nome do sobrevivente... fiquei de queixo caído.
- Mas... é você? – perguntei assustado.
- Sim... quatro meses em coma... 14 cirurgias... e 2 anos paralisado... ou seja, se eu consegui... você também pode... conheço o Mauricio há 10 anos... cursamos juntos a faculdade... por isso... ele confia em mim... e sabe da minha história de vida. – ele disse sentando próximo a mim.
- Desculpa... estou sendo um verdadeiro babaca nos últimos dias...
- Ei... eu entendo... raiva do mundo... das pessoas ao nosso redor... – ele disse pegando nas minha perna.
- Você estava tomando água gelada... era para eu estar sentindo o frio... – falei chorando.
- Pedro... vamos voltar aos exercícios... use sua frustração... como motivação.
- Vou tentar...
Em casa, as coisas estavam caminhando... após o susto meus pais conversaram sobre a herança da família.
- Eu quero ir de forma organizada. – disse meu pai.
- Amor... pare de falar besteira... – ela disse.
- Paula... escuta... tenho posses e quatro filhos... não quero eles brigando por herança... – disse meu pai olhando uns papeis.
- Eles nunca brigariam por isso... – disse minha mãe.
- Sim, mas as coisas são imprevisíveis... o Paulo morreu, você quase morreu e agora o nosso filho está em uma cadeira de rodas. – ele disse se emocionando.
- Calma... vamos ligar para os advogados e saber como podemos resolver isso... – ela disse o abraçando.
Eleonora, a mãe de Ezequias estava aparando a grama do jardim... quando uma das vizinhas chegou e começaram a conversar.
- A vizinhança é agradável... tirando as aberrações do outro lado da rua. – disse a vizinha.
- Que aberrações? – perguntou ela.
- Está vendo aquela casa branca ali? – perguntou a vizinha.
- Sim... o que tem? – perguntou Eleonora preocupada.
- São todos gays... são casados há muito tempo... os Soares... é uma sem vergonhice... e todos aprovam... só porque eles tem dinheiro...
- Meu Deus... pera ai... você disse Soares... meus filhos andam com essas pessoas.!! – gritou ela.
- Nossa... eu ficaria mínimo preocupada... – disse a vizinha se despedindo.
Sim... existem pessoas que só se tranquilizam quando agem com perversidade. Eleonora ficou bastante transtornada e resolveu conversar com o marido. Eles esperaram Ezequias chegar da viagem para terem uma conversa.
- Oi... pai... oi mãe. – disse o jovem abraçando os pais sem obter sucesso.
- Olá... filho... precisamos conversar com você. – disse Eleonora.
- Claro . - ele disse sentando na poltrona.
- Precisamos que se afaste de Phelip Soares e aqueles amigos deles... – disse o pai do jovem.
- Mas... porque?! – perguntou Ezequias com o coração na mão.
- Descobrimos coisas horríveis... – disse Eleonora. – Eles compactuam com tudo o que não presta.
- Mas...
- Você sabia que aquele Osvaldo é dependente químico? – perguntou o pai de Ezequias.
- Ele era pai... não é mais...
- Isso não existe... eu quero você longe dessas pessoas!! – gritou o homem.
- Eles são meus amigos...
- Não seja idiota... eles querem te levar para o caminho do pecado! – gritou a mãe do jovem.
- Isso é ridículo! – gritou Ezequias.
- Não fale assim conosco meu jovem... você está de castigo! – gritou seu pai.
- Ótimo... agora tenho 13 anos novamente. – disse ele subindo as escadas.
Ezequias trancou-se no quarto e começou a chorar. Ele estava apaixonado por Phelip e sabia que não poderia viver aquele amor se continuasse em casa. Mas, ao mesmo tempo ele tinha medo do mundo... e principalmente de perder o amor pelos pais.
Phelip por outro lado, estava feliz da vida. Ele chegou em casa e abraçou a nossa mãe. E depois abraçou Bernardo.
- Nossa essa viagem para São Paulo rendeu... – comentou meu pai.
- Com certeza pai... mãe... quero fazer um jantar aqui em casa para receber meu novo... namorado. – disse ele.
- Hummm... – disse minha mãe rindo.
- Quero fazer tudo direitinho... cansei de ficar sofrendo... sete meses... para mim basta... quero viver o que preciso viver...
- Tudo bem filho... pode ser na quinta-feira? – perguntou minha mãe.
- Claro... vou avisar para ele. – disse Phelip. – Afinal... ao ver que vocês me aceitam do jeito que eu sou... ele possa mudar de ideia...
- Que bom filho...
Daniele entrou na cozinha e pegou alguma comida para levar a Ezequias. Ele estava há quase um dia trancado no quarto. Gentil, ela entrou e disse que os pais ainda estavam chateados com o acontecido.
- Eles são dois cabeças duras... eles deveriam me amar... – disse Ezequias chorando.
- Eles só tem um ponto de vista.... é diferente, mas eles nos amam. – falou Daniele.
- Pode fazer um favor para mim? – ele perguntou.
- Sim... você pode sempre contar comigo.
- Leva uma carta para o Phelip? Eles tiraram o cabo da internet e pegaram meu celular.
- Você tirou o chip? – perguntou Daniele.
- Claro... está escondido. – ela disse.
- Faz o seguinte.... escreve e a noite eu passo aqui para pegar...
- Obrigado... muito obrigado mesmo! – ele disse abraçando a Irmã.
Enquanto Ezequias sentia-se um prisioneiro em sua própria casa, eu era um da minha própria vida. Estava tentando levar uma vida normal, mas era praticamente impossível.
- Hoje eu vou passar a tarde na clinica. – falei para Dora.
- Pai? Eu posso ir com o senhor? – perguntou Paulinho.
- Não... você precisa ir estudar... Judi... tome conta dos teus irmãos. – falei enquanto dirigia minha cadeira para a sala. – DJ...
- Oi... pai? – ele gritou.
- Venha cá um segundo...
- Oi.. – ele disse entrando na sala.
- Escuta... senta aqui no colo... bem... sei que não conversamos direito, mas a sua professora ligou ontem e disse que suas notas estão baixas... eu posso saber o motivo?
- Eu... eu...
- Querido... você não teve nada haver com o acidente... poderia ter sido pior. – falei o abraçando.
- Mas, olha para o senhor... não pode sair... não pode ter uma vida... é tudo culpa minha. – ele disse me abraçando e chorando.
- Querido... isso já passou... estou melhorando... e ficarei muito mais feliz se eu ver um sorriso no seu rosto. – falei o beijando. – Eu te amo... e não quero que viva preocupado... quero apenas que você seja uma criança normal... pode tentar?
- Sim... posso pai... – ele disse limpando as lágrimas e sorrindo.
- Muito bem... esse é o meu garotão... agora vai se arrumar e tira boas notas... se não nada de PS Vita... – gritei.
Caleb levou minha irmã para almoçar em um restaurante maravilhoso. Eles beberam, comeram e conversaram durante um bom tempo.
- Amor... acho que precisamos casar... – ele disse.
- Casar? Mas, estamos tão bem assim... – ela falou quase engasgando com o bolo de chocolate.
- Tudo bem? – perguntou Caleb.
- Sim... é que... não sei... você quer casar?
- Puxa... quero... quero te fazer minha mulher... não quero perder meu tempo... veja o Pedro... estava tão animado na Bahia... e quando chegou aqui...
- Mas, você sabe que a minha família tem tendência a viver no hospital. – ela disse.
- Sim... estou preparado... com tanto que eu tenha você sempre ao meu lado...
- Eu sei amor... só quero esperar o Pedro melhorar mais... e... podemos falar sobre isso...
- E eu quero tudo o que temos direito... igreja... festa... você vestida lindamente só para mim... – ele disse a beijando.
- E eu quero você sempre ao meu lado... não importa o que aconteça... eu preciso de você. – disse ela.
- Vamos casar... vamos casar... – disse Caleb rindo.
- Vamos casar... – repetiu minha irmã.
Phelip estava na sala estudando para uma prova da faculdade. Até que alguém bateu na porta. Era Daniele. A jovem levou para o meu irmão, a carta de Ezequias explicando um pouco de tudo que já havia acontecido.
- Meu irmão está de castigo... é complicado explicar... ele mandou essa carta...
- Porque você está sussurrando? - perguntou Phelip.
- Meus pais... descobriram a verdade... sobre o teu irmão... e proibiram a gente de falar com você... – ela disse.
- Mas, ele está bem? – perguntou Phelip.
- Sim... ele explica tudo nessa carta... eu preciso realmente ir... – disse Daniele.
- Dani... – falou Phelip. – Obrigado por tudo.
- Não se preocupa... ele é meu irmão... não importa o que ele seja. – disse a moça sem olhar para trás.
- Ezequias... – disse Phelip olhando para a carta.
Sim... infelizmente... o Ser Humano é complicado... faz coisas sem ao menos perceber... para alguns é maldade... mas é a forma que encontramos de defender aquilo que amamos. Explicações? Não são necessárias... apenas fazemos aquilo que julgamos ser certo... e às vezes, até mesmo sem se importar com as consequências.
Bem gente... faz exatamente um ano que eu comecei a postar no CDC... durante esse tempo aprendi muitas coisas, mais de mim mesmo para falar a verdade. Quero agradecer aos amigos que fiz... carinhos que recebo diariamente... minha vida sem vocês não seria a mesma. Só tenho que falar uma coisa: Obrigado a todos.
Essa vai ser a última temporada de A História de Nós Três... precisa dar um tempo para a minha familia. Não é o fim... é apenas uma pausa. Mas, em breve estarei lançando outra história e espero que vocês possam me acompanhar nesta estrada por mais um ano... e outro... e outro... um super beijo no coração de cada um de vocês.
Segue uma copilação de todas as pessoas que comentaram as temporadas... mas, queria agradecer a quatro pessoas em especial que sempre me ajudaram e estiveram ao meu lado nessa caminhada. gordinhosex... comportadinha... Iky... e a minha nerd mais querida de todas. Obrigado!!
Quarta temporada -
rb_pr, atena35, por alns(AUGUSTO), Comportadinhaa,Edu15, Plutão, DeBemComAVida, Filha da lua, Rebcar, Lucca§, CrisBR, , Mô, Geo Mateus, Rod'z, martse, Danny 2012 (Daniel), amor fashion, frannnh, Pdr, Nah delicia, luy95, diiegoh', gordinhusex, grimm, CARPE DIEM*, Edu15, Olavo A., Tazmania, EdMcphee, maeca, Karla T, Angel', P€dro, Dr. Menage, Rocio, DW-SEX, artur Aleandro, [Ω]LORD DOS CONTOS[Ω], Alanis, Iky, luy95, Realginário, foguinho99, JB kau, ¤$€MI¤@L@DO¤
Terceira temporada -
atena35, Ariel Lancaster, Duds_Rodrigues,Filha da lua, rb_pr, hyan, Diêguito'o, Geo Matheus, Krikasx, Krikasx, jajazinho, CrisBR, Nah delicia, KrisRibeiro,Comportadinhaa, Maniacal Compulsion, Velton, grimm, , haley quin, PeqPrincipe, jedinn, Hique, japa_angel, kirasex, henryferrer, magno18(Ruam),Marcos montana, DeBemComAVida, gordinhosex Lucca§, hyan, Louquinho, Tazmania, geo_76, Le moonlight ,gatinha-s2, Vito® Hugo, Bella_Kiss, SaSilva, E.w, BReally,marquinhoo, PatoS2, ana20sp, Erica C.
Segunda temporada -
Gordinhusex, Victor (marcint), diiegoh', aleguto, DayaDment, CrisBR, Poncho, BReally, jajazinho, L@f@yette, Eriick, minerva35, PatoS2, negagostosa, Menininho dos amigos, Filha da lua, sunshyne1, Caiike, ze carlos, Klaos, Heittor, Viiih, ingrid♥, Plutão, tzinho, gutofeliz, rb_pr, Leo dlç, Rogi Lindo, Lello_SSA, Diêguito'o, TavinhoeDé, SaSilva, Atena38, will novinho, V|t¤® Hug¤ ;D, Velton,, Velton, Bruce W., MilkMan, Comportadinhaa (Querida), DDD, VJ, Shattered Glass, Sonhador, @Vitor, Ildeu, diiegoh', Hebindornela, haley quin, Gabiilinda, gemeo safado, M.l.C, Stoso, Danny 2012, Fill, Kuka, henryferrer, P-day, ze carlos, gatinha-s2.
Primeira temporada -
Gordinhusex (meu primeiro coments), Victor (marcint), diiegoh', aleguto (vamos começar comprar e usar camisinha né baby), DayaDment, CrisBR, Poncho, BReally, jajazinho, L@f@yette, Eriick, minerva35, PatoS2, negagostosa, Menininho dos amigos, Filha da lua, sunshyne1, Caiike, ze carlos, Klaos, Heittor, Viiih, ingrid♥, Plutão, tzinho, gutofeliz, rb_pr, Leo dlç, Rogi Lindo, Lello_SSA, Diêguito'o, TavinhoeDé, SaSilva, Atena38.
Desculpa se eu esqueci alguém, mas os agradecimentos da quinta temporada serão feitos no final da mesma... obrigado!!!