Walk Away - Parte 22

Um conto erótico de Julho
Categoria: Homossexual
Contém 5124 palavras
Data: 16/01/2013 12:03:30

Praia. Calor infernal de 38º graus, sol, brisa do mar, pessoas vestindo nada mais do que shorts e camisetas. Vento, praia, diversão e...Miguel! O que mais eu iria querer nessa vida? Nada!

A casa dos Guimarães ficava na cidade, uma cidade linda, cheia de lojinhas, cafés e pessoas de todas as idades andando de patins, bicicleta, surfando, tomando sol, caminhando e aproveitando a boa vida.

Bom, casa não era a denominação mais apropriada para chamar aquele lugar, estava mais para mansão. A casa ficava de frente para praia, além de ter uma piscina no pequeno jardim. Era espetacular a visão daquele lugar.

Eu já estava adorando aquela viagem, o sol fazia muito bem para o meu corpo, já estava vermelha de tanta excitação, não via a hora de cair no mar, sentir o sal e o calor na minha pele.

Assim que chegamos na casa ouvi um barulho no andar de cima.

Que bom que vocês chegaram. Já estava achando que ia passar essas semanas sozinho nessa casa grande demais – Emmilio – primo de Mirela e Miguel – desceu as escadas sorrindo para nós.

Nossa, tinha esquecido como ele era grande e um tanto assustador. Mas era uma pessoa muito alegre e de bem com a vida. Era impossível não se contagiar com a alegria que emanava de Emmilio.

E aí, minha nanica? Não vai dar um abraço no seu Ursão? – Emmilio sorriu, encarando Mirela, que correu de encontro a ele e pulou em seu colo, quase se perdendo naqueles braços grandes demais do primo.

Emm, que saudades de você! - Mirela gritou, beijando o rosto do primo. Emmilio segurava Mirela como se ela fosse uma boneca.

E você acha que eu não senti a sua, pequena? Nossa, a faculdade é um saco, sinto falta da vida lá na cidade, sinto falta das nossas saídas, da maneira como gostávamos de perturbar a Roberta - Emmilio murmurou e eu imediatamente fiquei em alerta.

Se Emmilio estava lá, então...

E falando nela, cadê a Roberta? - Mirela perguntou, externando meus pensamentos.

Tá lá em cima, experimentando milhares de roupas, vocês precisam ver a quantidade de malas que ela trouxe, tivemos que pagar pelo excesso de bagagem - Emmilio sibilou, colocando Mirela de volta no chão.

Era incrível como ela parecia uma criança perto do primo grande demais.

Emmilio – Miguel chamou e o primo grandalhão o encarou, e depois baixou os olhos para mim. Ele sorriu, me reconhecendo, me fazendo corar - Acho que você lembra de Julho Albuquerque, não é?

Emmilio sorria alegremente e depois sibilou:

Mas é claro que eu lembro. O esquentadinho. Nossa, eu ria muito quando você chegava em casa todo quebrado porque tinha levado uma surra desse garoto aí. Era hilário. Você tem uma direita, garoto! Edward que o diga - nos encarava intrigado agora, observando a maneira como nós estávamos, a nossa intimidade.

Espera um minuto. Não me diga que vocês dois...? – Emmilio gargalhou, me fazendo corar mais ainda - Cara, isso é muito típico de você, Miguel. Tá de amizade com o garoto que passou a vida toda te surrando.

Baixei a cabeça, querendo me enterrar.

Emmilio! Pare com isso, olha só como você está deixando o Julho - Morgana o repreendeu, mas ele não conseguia parar de rir.

É, Emmilio, Julho e eu somos bons amigos. Algum problema nisso? - Miguel falou.

Problema nenhum, primo - Emmilio sorriu e me encarou – Apenas uma única pergunta, Julho, como você aguenta o Miguel, hein? E olha só - sibilou, se aproximando de mim - Mantenha esse cara na linha, se Miguel vacilar, encha-o de porrada, entendeu? - piscou para mim e eu sorri, já mais relaxado. Emmilio era impossível.

Na verdade, Emm, o Julho já fez isso hoje - Mirela murmurou e eu senti que estava corando novamente - Tá vendo ele mancando?

Emmilio se voltou para Miguel, que estava olhando furioso para Mirela. Sem se conter ele explodiu em uma gargalhada alta, deixando o rosto de Miguel vermelho de raiva.

Uau, isso que eu chamo de um golpe. Julho, eu sou seu fã. Miguel, você é um frouxo - murmurou, enquanto seu corpo se dobrava por conta da crise de risos.

Miguel partiu para cima de Emmilio. Levei um susto com aquilo tudo.

Ui, eu tô morrendo de medo de você, Miguelito – Emmilio provocava, enquanto Miguel e ele se atracavam.

Meu Deus, será que ninguém iria fazer nada para separá-los? Mirela gargalhava em um canto, enquanto seus pais sorriam, tranquilos. Que família era aquela? Eles gostavam de ver aqueles dois lutando?

Miguel! - gritei, quando o vi pulando no pescoço de Emmilio, estrangulando-o. Meu Deus, eles poderiam se machucar!

Todos se voltaram para mim, confusos.

O que foi Julho? - Miguel perguntou, sem soltar o pescoço de Emmilio.

Vocês dois .. estão brigando de verdade? Você não devia.. não devia.. brigar.. brigar.. assim com o seu primo - murmurei, ainda assustado.

No segundo seguinte, todo mundo caiu na gargalhada, me deixando roxo de tanta vergonha.

Eles não estão brigando, Julho – Dr. Carlos explicou, se aproximando de mim - Emmilio e Miguel sempre brincam desse jeito. É a forma que eles tem para dar boas-vindas um ao outro.

Eu o encarei, chocado. Forma de boas-vindas? Desde quando um socando o outro era uma forma dar boas-vindas? E depois ainda achavam que eu era maluco.

Miguel, definitivamente o Julho é hilário - Emmilio sibilou, socando um braço de Miguel.

Você viu nada ainda, Emm. Precisava ver o escândalo que ele fez para entrar no avião. Foi impagável - Miguel murmurou e Emmilio gargalhou, enquanto eu buscava algum buraco para me enterrar.

Pronto, agora a conversa tinha virado pro meu lado.

E foi por isso que você ficou mancando? - Emmilio perguntou, se jogando no sofá da sala ampla e arejada.

Foi, eu tive que impedir que ele saísse fugindo do aeroporto. Foi por isso que eu levei um pisão dele – Miguel respondeu, se aproximando de mim. Eu o encarava com raiva.

Correção, eu o pisei porque ele é muuuuuuuuuuuito chato - resmunguei, emburrado.

Julho, a cada minuto que passa eu te admiro ainda mais, garoto - Emmilio, sibilou, rindo. Ele olhou para Miguel e disse – Não só sou eu que te acha um chato - apontou para Miguel, caindo novamente em mais uma crise de riso.

Emmilio, controle essa língua! - Morgana o repreendeu mais uma vez.

Desculpa, tia.

Em vez de você ficar com essa conversa fiada, por que você não ajuda Mirela a levar as coisas lá pra cima? Ela ainda não pode fazer movimentos bruscos - Dr. Carlos murmurou, dando um tapa no ombro do sobrinho

Claro, tio - Emmilio pegou as malas de Mirela, enquanto ela segurava a sua nécessaire roxa. Você também , pequena? Não dá pra negar que você é mesmo da família da Roberta. Querem trazer o guarda- roupa nas malas. Aja paciência com vocês - resmungou, bem humorado, enquanto já subia as escadas.

Cala a boca e não reclama, Emm. E cuidado com essa mala aí, você pode quebrar os meus perfumes - Mirela o alertou, seguindo-o.

Mas você é irritante, sua nanica. E ainda quer reclamar - Emmilio provocava Mirela, os dois já estavam no meio da escada - E você sabe que eu te amo, não sabe?

Para de me chamar de nanica, tá bom? Já não basta o Miguel me enchendo com essa merda de apelido que ele inventou e eu não sou nanica, apenas sou do meu tamanho ideal. E sim, eu sei que você me ama. Eu também amo você, Emm – Mirela sibilou, sorrindo para o primo.

Eu não pude deixar de sorrir diante daquela cena. Realmente estava começando a entender o significado da palavra família.

Após o alvoroço da chegada da viagem, Miguel me levou até o quarto no qual eu ficaria hospedado pelos próximos dois dias. E bom, quarto não era a denominação apropriada para definir o cômodo. Tava mais para mansão dentro de uma outra mansão. Fala sério, o espaço acomodaria – chutando por alto – dois ou três quartos do tamanho do meu. E era tudo tão organizado, tão limpo, tão diferente da bagunça que eu chamava de dormitório.

Resolvi que seria perda de tempo ficar babando por causa do quarto de hóspedes destinado a mim e aproveitei o momento só meu para tomar um bom banho, apreciando a água gelada do chuveiro. Era um pouco estranho tomar banho com água fria, lá na cidade isso era algo quase impossível.

Saí do banho e procurei o que vestir. Optei por um short branco e uma camisa verde, que tinha comprado em uma loja em lá na cidade. Penteei os cabelos com calma e depois calcei os chinelos de dedos superconfortáveis e bonitinhos. Me olhei no espelho e gostei do que vi, pelo menos eu estava vestido apropriadamente para o lugar.

Saí do quarto e desci as escadas, parando ao ver Miguel no sofá, tomando um suco de laranja, conversando com Emmilio. Como ele poderia estar ainda mais lindo? A bermuda cáqui que vestia combinava perfeitamente com a camisa pólo azul marinho.

Perfeito. Miguel estava mais perfeito do que nunca.

Assim que me viu, veio de encontro a mim, seu sorriso me fazendo arfar. Era indiscutível o poder que os olhos exerciam em meu corpo inteiro, deixando-o vulnerável.

Opa, cadê seus jeans rasgados, suas pulseiras e seus camisas de caveira? - Miguel sussurrou, rindo.

Miguel.. -sibilei seu nome em tom de alerta, sabendo que tínhamos platéia.

Tudo bem. Vou tentar me controlar - Miguel sorriu, me puxando em um abraço carinhoso – e esmagador.

Obrigado - sussurrei

Me afastei de Miguel, enquanto corava ao ver Emmilio nos olhando com atenção, seu rosto estava alegre e ele sorria, exibindo as covinhas que só aumentavam o ar atrevido que ele exalava.

Gostou do seu quarto, Julho? - Morgana perguntou e eu sorri, encarando-a.

Amei, Dona Morgana. Obrigado.

E aí, Miguel? Vai levar a Julho para dar uma volta pela praia? – Emmilio perguntou.

É, Emmilio, tô pensando nisso - Miguel respondeu e eu mordi a ponta dos lábios antes de erguer os olhos e pedir sua atenção.

M-miguel.. eu.. queria te pedir um favor - sussurrei e ele imediatamente se voltou para mim.

Algum problema? - perguntou, franzindo as sobrancelhas provavelmente ao ver minhas bochechas coradas ao extremo.

Não, nenhum problema. É que eu e Mirela já combinamos de ir ao shopping -murmurei e Mirela pulou do nosso lado, nos olhando.

Lamento jogar água nos seus planos, maninho, mas confie em mim – Mirela sibilou e eu percebi que Miguel não tinha gostado da idéia.

Por que não posso ir com vocês? - perguntou e Emmilio gargalhou atrás de nós.

Você tá louco, Miguel? Quando Mirela se enfia em um shopping não há quem a tire de lá. Confie em mim, meu caro primo, é melhor você ficar em casa, curtindo a piscina com o seu primão aqui - Emmilio sibilou e eu sorri, divertido.

Miguel ficou com a cara emburrada.

Podemos ir, Mirela? – perguntei, tentando desfarçar que não via a cara emburrada do Miguel

Claro, claro, mas espera um momento só, Julho - Mirela foi até a escada e gritou: Roberta, será que você pode se apressar, não temos o dia todo!

Eu congelei diante da perspectiva de sair com Roberta Guimarães. Nunca tinha trocado nenhuma palavra com ela, Roberta era amiga da Karol e eu estava meio apreensivo por conta desse fato.

Será que vocês ainda não aprenderam que eu não sei sair sem antes me arrumar direito? - Roberta murmurou, descendo as escadas.

A garota mais parecia uma modelo internacional, vestindo aquele micro vestido rosa, os cabelos loiros balançando conforme ela movia a cabeça, deixando os fios caírem em cascatas sobre suas costas. Os olhos esverdeados ganhavam ainda mais vida quando os cílios longos e bastantes curvados batiam uns contra os outros, ora escondendo, ora revelando as esmeraldas brilhantes que ela carregava em suas íris.

Anda, Roberta vamos logo – Mirela murmurou, enquanto a irmã mais velha beijava o Emmilio na boca. Aqueles dois mais pareciam um grude só.

Tchau, Miguel – falei.

Volta logo

Pode deixar.

Mirela revirou os olhos e gritou:

Olha aqui, será que dá pra vocês serem um pouco menos cruéis comigo, ok? Eu estou sem o meu namorado, então por favor, já chega de grude. Vocês tem a vida inteira para ficarem agarrados desse jeito. Vamos, dona Roberta – Mirela puxou a irmã pelo braço, afastando-a de Emmilio - Você também, Julho, já não basta eu aguentar a amizade de você e o Miguel lá ns cidade – eu gargalhei, sendo seguido por todos.

A nanica vai ficar dois dias na seca. Se ferrou, Mirela – Emmilio como sempre era o rei das piadinhas.

Cala a boca, Emmilio - Mirela sibilou, com raiva, saindo da casa.

Tomem cuidado, pessoal. E divirtam-se - Carlos murmurou, quando nós já estávamos do lado de fora da casa.

Até mais, pai. E pode deixar, Emmilio, sua preciosa Roberta está em ótimas mãos - Mirela gritou, antes de entrar no carro de Carlos, o único que havia por ali.

Sei disso, nanica - Emmilio devolveu e a pequena revirou os olhos, exasperada.

Não pude deixar de soltar uma gargalhada, adorando o clima alegre daquela família. Até a presença de Roberta era suportável, mesmo que ela não trocasse uma palavra comigo.

Aquelas férias iam ser mesmo inesquecíveis.

[…]

Ah não, Mirela, você vai comigo! Preciso que você dê sua opinião quanto aos biquínis que eu quero comprar - Roberta sibilou, irritada. Estávamos na entrada do shopping, em meio a um impasse.

Mas Roberta, Julho não conhece a cidade, eu não posso largá-lo assim, sem mais nem menos – Mirela ponderou, encarando a irmã.

Roberta não estava gostando de ter que dividir a atenção da irmã, sua boca estava retorcida de desgosto. Resolvi não deixar as coisas mais chatas do que já estavam.

Mirela - me virei para encará-la, sorrindo - não tem problema nenhum em me deixar sozinho, eu posso muito bem me virar. Você pode ir com a sua irmã, faz um tempo que vocês não se vêem, não é mesmo? Então, pode ir com ela, a gente se encontra no estacionamento do shopping daqui a uma hora, pode ser?

Duas horas - Roberta corrigiu, sem me encarar.

Tudo bem, então. Até mais - não deixei Mirela retrucar, a verdade é que eu não queria ficar mais tempo com Roberta. Estava mais do que na cara que a mais velha dos Guimarães não gostava de mim.

Soltei um longo suspiro aos ver as duas se afastando, Mirela ainda me lançava olhares de desculpa, mas eu a entendia perfeitamente.

Fiquei parado um bom tempo em frente ao shopping, pensando para onde eu iria. Por fim decidi não entrar no lugar, aquele shopping era chique demais para um garoto que estava com o dinheiro contado. Ia ter que me virar com as várias lojas espalhadas pela rua, na certa encontraria algumas roupas bonitas e baratas.

Sorri, enquanto andava pela rua calçada movimentada, apreciando o clima agradável da tarde, o sol estava quente, mas o vento que soprava do mar refrescava o clima.

Comecei a minha busca por algo apresentável e que coubesse em meu bolso em uma das pequenas lojinhas dispostas em frente ao shopping. Comprei algumas camisas, um short básico que eu achei adequado para o clima da praia.

Andei mais um pouco, pesquisando os preços, contando o dinheiro que eu tinha na carteira. Comprei duas sungas, duas sandálias de dedo, além de alguns shorts.

O sol estava começando a se pôr e eu consultei o relógio, espantado com o tempo. Ainda faltava uma hora para que eu voltasse ao shopping e encontrasse Mirela e Roberta novamente. Decidi fazer um lanche, meu estômago estava roncando.

Parei em um café charmoso que tinha uma vista linda para a praia e resolvi comer ali mesmo, gostando do clima do lugar. Quando eu entrei, acabei esbarrando em um garoto alto, que estava segurando um copo grande de suco.

Com o esbarrão, minhas sacolas voaram, assim como o suco que ele segurava.

Na hora quis me enterrar, meu rosto ficou roxo de tanta vergonha. Aquilo tinha sido tão eu! Por que eu estava tão surpresa em pagar mais um mico na minha vida?

M-me desculpe, por favor, eu não tive a intenção.. - gaguejei nervosamente, enquanto recolhia minhas sacolas.

Relaxa, não foi nada - o garoto murmurou, seu sotaque era arrastado, diferente do meu sotaque do norte do país.

Ergui os olhos e finalmente o encarei. Ele era muito bonito, sua pele era bastante bronzeada, além do seu corpo ser forte e musculoso. Um típico surfista.

Desculpe pelo seu suco - sibilei, enquanto ele me ajudava a recolher as sacolas.

Já disse que não foi nada - o moreno acenou, usando um tom de voz rouco e poderoso.

Acho que posso pagar seu suco - insisti, querendo de alguma forma de desculpar pela bizarrice de ser tão desastrado.

Bom, se isso vai fazer você se sentir melhor, eu aceito - o garoto deu de ombros, me conduzindo até uma mesa.

Obrigado - sibilei, ao sentar em uma das cadeiras, arrumando as sacolas amassadas em outro assento ao meu lado.

E aí, você não é daqui, não é mesmo? - o moreno começou, sorrindo de um jeito cativante.

Seu sorriso era lindo.

Acho que a cor da minha pele já diz tudo - informei, sorrindo em resposta ao seu sorriso, que parecia fincado nos lábios cheios.

O moreno sarado tinha uma cara ótima, parecia que eu já o conhecia há anos. Empatia total.

Está aqui a passeio? - perguntou, enquanto fazia os pedidos ao garçom.

Exato. Tô passando as férias na casa do meu.. meu amigo - murmurei, vermelho de vergonha.

Hum.. e onde o seu amigo está? - questionou, ainda sorrindo.

Em casa. Quis sair um pouco sozinho - expliquei e depois o encarei, meio sem graça.

Entendo - falou, me olhando longamente - À propósito, eu chamo Lívio

Eu sorri e estendi a mão para cumprimentá-lo - Julho Albuquerque.

Beberiquei um pouco o suco que o garçom tinha acabado de trazer e o avaliei mais um pouco. Sem dúvida ele era um garoto muito bonito, do tipo que faria qualquer garota pirar. A empatia por Lívio foi imediata, realmente tinha gostado de conhecê-lo. Ele era o tipo de garoto de quem alguém como eu podia ser amigo.

Conversamos por um tempo, eu de repente me vi falando coisas que não conversava normalmente com alguém que tinha acabado de conhecer. Meu pai na certa me repreenderia por dar tanta atenção a um estranho, mas eu tinha ido com a cara dele.

A hora passou rapidamente, a conversa com Lívio era muito agradável, ele realmente era uma boa companhia, além de ser muito divertido.

Levei um susto quando olhei o relógio e vi que faltavam 10 minutos para que eu voltasse para o shopping e encontrasse Mirela e Roberta.

Droga, eu tenho que ir, Lívio - sibilei, apressado, jogando uma nota de 10 reais em cima da mesa, pegando minhas sacolas às pressas - Foi um prazer conhecer você. A gente se vê.

Claro, Julho. Foi um prazer conhecer você também. Olha só - me segurou pelo braço, me obrigando a encará-lo - Se você quiser me encontrar é só ir até essa praia aqui em frente. Meu namorado e eu pegamos onda nessa parte da cidade.

Meu queixo caiu no momento que eu processei a ultima frase. C-como assim? Será que eu eu tinha ouvido direito o que ele dissera?

Seu... seu namo.. namo.. namorado? - perguntei, não conseguindo acreditar.

Isso mesmo, Julho. Eu sou gay - Lívio explicou tranquilamente, ainda sorrindo pra mim.

Eu confesso que tinha ficado surpreso com a revelação. Ele era um garoto bonito, poderia ter qualquer garota que quisesse. No entanto, ele tinha preferido garotos.

Ele era como o Miguel.

[...]

Encontrei com Mirela e Roberta no estacionamento do shopping e pela cara da irmã mais velha de Mirela, elas já deveriam estar me esperando há um tempo.

Me desculpem. Eu perdi a noção do tempo - sibilei, olhando para Mirela.

Tudo bem, Julho. Foram só alguns minutos. E aí, comprou tudo que você queria? - ela perguntou, enquanto nós entravamos no carro.

Hum.. acho que sim. Comprei o que deu para comprar Mirela. Meu dinheiro não é muito, preciso economizar - murmurei, meio envergonhada.

Você poderia ter me falado, Julho. Eu poderia muito bem ter emprestado dinheiro a você - Mirela comentou, sincera, e eu a olhei, nervoso.

Isso não seria necessário, Mirela. Eu posso muito bem me virar com o que tenho - não gostava dessa conversa de amigos e dinheiro envolvidos.

Chegamos em casa e eu encontrei Miguel à beira da piscina, bebericando um suco de uva. Assim que ele me viu abriu um largo.

Como vocês demoraram. Estava quase morrendo de tanto tédio – murmurou.

Julho, em que você transformou meu primo? Miguel virou um chato, so fala de você e de como você é legal – Emmilio falou, enquanto abraçava Roberta.

Corei e Miguel se voltou para o primo, revirando os olhos.

Cala a boca, Emmilio.

Vou subir e guardar as minhas coisas, tudo bem? - murmurei, sorrindo pra Miguel, já me afastando.

Espera, Julho! Não vai me mostrar o que você comprou? - perguntou, curioso.

Ia ficar só na curiosidade.

É besteira! - pisquei, rindo da careta de indignação que Miguel fez.

Narração do Miguel:

Julho subiu para o quarto, totalmente envergonhado pelas piadas de Emmilio e quando voltou trazia uma cor rosada no rosto de coração – reflexo do vento e do sol – deixando-o ainda mais lindo e mais tentador. Céus, como ele conseguia ficar cada vez mais perfeito?

Podemos sair pra dar um passeio? - ela perguntou, me puxando para um canto, querendo se manter o mais distante de Emmilio.

Meu primo realmente era um sem noção, sinceramente não conseguia entender como Roberta conseguia aturá-lo. Suas piadinhas chegavam a cansar em alguns momentos.

Claro. Vamos - sibilei, puxando o corpo esguio de Julho pra junto meu, depositando um selinho nos lábios avermelhados. Nos separamos, enquanto seguíamos até onde minha família estava. Todos estavam ao redor da piscina, conversando e apreciando o começo da noite quente.

Pessoal, vou levar o Julho para um passeio pela praia.

Olhei para Emmilio e vi que ele se controlava para não fazer nenhuma piadinha. Ele tinha percebido que Julho ficava constrangido com aquilo tudo.

Não demorem. Logo o jantar vai ser servido – minha mãe alertou, nos encarando.

Pode deixar, coroa. É só um passeio rápido, por aqui mesmo pelas redondezas - murmurei e Mirela se colocou a nossa frente, sorrindo.

Posso ir com vocês? - abriu um sorriso largo e eu senti Julho morder os lábios, claramente desconfortável com a situação. Eu sabia que ela estava louca para ter um momento de privacidade comigo.

Mirela .. comecei, mas fui interrompido por Emmilio.

Saí daí, sua nanica! Não tá vendo que os dois tão a fim de dar uns amassos em umas gatinhas à beira mar? Você não se toca mesmo, garota! - sibilou e meu pai o encarou, com repreensão.

Olha os modos, Emmilio! - meu pai repreendeu Emmilio e em seguida, se voltou para Mirela – Deixe os dois saírem para curtir a praia, Mirela, fique.

Mirela fez uma careta, emburrada, e suspirou:

Tá, tudo bem. Bom passeio para vocês - girou o corpo e voltou a sentar ao lado de Roberta, que estava com os pés dentro da piscina, perdida no som que ecoavam através dos seus fones de ouvido, fazendo questão de se isolar em seu mundinho cor de rosa.

Julho me olhou, agradecido e murmurou, quando nós já estávamos do lado de fora da casa:

Eu realmente pensei que teríamos companhia - sorriu para mim, meio corado.

E você acha que eu ia deixar que alguém interferisse no nosso momento? Eu estou morrendo de saudades de você, meu amor - falei, louco de vontade de beijar aqueles lábios cheios e suculentos.

Eu sou seu amor? – Julho perguntou fazendo voz de bebê

É sim, meu amorzão – eu respondi, entrando na brincadeira.

Você nem imagina o quanto eu desejei ficar a sós com você - confessou, enquanto eu a envolvia em um abraço. Seguimos em direção à praia, sorrindo e conversando sobre banalidades, apreciando o vento forte que soprava do mar.

Era hora de termos um momento só nosso, em que nada, nem ninguém interferisse.

[…] ~ musica : http://www.youtube.com/watch?v=cHKd0k7j42c ~

Isso aqui é mesmo um paraíso, não? - Julho suspirou, fitando os pés afundados na água salgada, que espumava em seus tornozelos muito brancos.

Ele estava mais animado do que uma criança. Julho pulava as pequenas ondas que quebravam aos seus pés. Eu o observava com atenção, sorrindo do seu jeito, completamente encantado.

Isso aqui só é um paraíso, porque você está comigo - sussurrei em seu ouvido, ao pegá-lo no colo.

Julho gargalhou e jogou seus braços em torno do meu pescoço.

Obrigado - murmurou, me olhando nos olhos.

Posso saber por que está me agradecendo?

Por você ser você, Miguel. Eu realmente sou muito sortudo por você ter se interessado por mim - sibilou, encostando a cabeça no meu ombro, soltando um longo suspiro.

Ei, mocinho, o sortudo dessa história toda sou eu, esqueceu? - falei e ele ergueu a cabeça, voltando a me encarar - fui eu quem tirei a sorte grande quando você resolveu me dar uma chance. E depois de tudo que a gente viveu.. - parei no meio da frase, não querendo estragar o clima.

Julho suspirou e encostou os lábios em meu rosto, roçando-os em minha pele. Sorriu e soltou um gritinho de surpresa, quando eu a acomodei entre minhas pernas, sentando na areia fofa e quente da praia.

Vou confessar uma coisa, mas se você rir da minha cara, eu juro que termino de quebrar seu pé - ameaçou, mas depois sorriu ao me fazer um sinal de paz pra ela - Eu sempre fui apaixonado por você, Miguel - sussurrou, em tom de confissão.

Como? - perguntei, achando que tinha escutado coisas, mesmo sabendo ouvira perfeitamente o que Julho dissera.

Sempre fui apaixonado por você! – Julho repetiu, mais alto agora, completamente ruborizado de vergonha.

Sempre? Como assim sempre? - questionei e ele desviou o olhar do meu, repousando-o no mar e no sol que estava se pondo calmamente, manchando o céu de laranja e vermelho.

Desde sempre, ora essa! Desde que eu me entendo por gente - sibilou, voltando a me encarar.

Por essa eu não esperava.

Julho, como você poderia gostar de mim, se vivia saindo na porrada comigo?

E o que uma coisa tem a ver com a outra, Miguel? - foi a vez dele me questionar.

Não pude evitar a gargalhada que escapou da minha garganta.

Você realmente é imprevisível, Julho. Era apaixonado por mim, mas não deixava de me provocar, me chamando para uma boa briga - lembrei e Julho me lançou um olhar, muito sério.

E você queria que eu fizesse o quê? Que me jogasse aos seus pés, como todos faziam? - Julho revidou, erguendo uma sobrancelha em desafio. Sorri e passei a ponta dos dedos pelo rosto liso e de pele macia, provocando um estremecimento no corpo que pesava sobre o meu.

Era a coisa mais normal a fazer. Pelo menos eu não teria demorado tanto tempo para ficar com você.

Foi a vez de Julho gargalhar, seus olhos estavam longe dos meus.

E você acha que teria me notado, Miguel? Você vivia cercado de gente 24 hs por dia. Eu seria mais uma pessoa para o seu harém - murmurou e eu a encarei, sério.

Você acha mesmo que eu sou um galinha, não é, Julho? - perguntei e ele voltou a me encarar.

Você era galinha sim, Miguel. Admita isso. E você sabe que não teria me notado nunca - ele sibilou e eu a puxei para mais perto, querendo encerrar aquela conversa.

Mas agora isso já é passado. Eu já notei você e agora eu não a deixo escapar nunca mais - murmurei e Julho sorriu, entrelaçando os dedos em meus cabelos.

Nunca mais é? Hum.. interessante - roçou os seus lábios nos meus, sorrindo de um jeito provocante.

Será que agora você parar com a provocação e me beijar pra valer? - perguntei e Julho afastou o rosto do meu, querendo me provocar ainda mais.

Como assim para valer? - inquiriu, fingindo inocência.

Quer que eu mostre como é? - sorri e puxei seu rosto de volta para próximo do meu.

Hum.. mostre - falou e em seguida eu o beijei, suspirando ao sentir sua boca se mover lentamente sob a minha.

Julho estremeceu com o contato e soltou um longo suspiro, enquanto deixava que minha língua entrasse em sua boca. Soltei um risinho baixo, ao perceber que ele espremia o corpo no meu, ansiando por mais.

Me afastei de repente, fazendo com que ele me olhasse, atordoado.

Viu? É isso que eu chamo de um beijo pra valer.

Bom.. eu acho que não entendi direito esse negócio. Será que você pode repetir? – Julho pediu e não me deixou chance para falar, sua boca já estava novamente grudada a minha, me beijando com vontade. Nossos lábios se perderam em movimentos lentos e provocantes, deixando as respirações alteradas e corpo estremecido à medida que o beijo se tornava mais e mais intenso.

Ela se afastou, sem fôlego e repousou sua cabeça no meu peito, escutando as batidas aceleradas do meu coração.

Gosto de ficar assim com você - sua risada saiu abafada pelo meu peito.

Eu também - admiti, enquanto acariciava seus cabelos, olhando o mar tranquilo.

Seus coração faz um barulho diferente – Julho falou, e eu arregalei meu olhos.

Como assim? – falei assustado

Ele diz: Julho, te amo, muito e muito, Julho te amo, muito e muito – Julho falou com sorriso no rosto.

Nossa, acho que você não esta escutando bem – risos

Queria ter mais tempo para ficar assim com você, sabia? Só nós dois, sem mais ninguém para interferir.

Sei disso, meu amor. Acho que estava um pouco em falta com você, não é? - sibilei e Julho ergueu a cabeça para me encarar - Prometo que vamos fazer mais coisas desse tipo quando voltarmos à cidade, tudo bem?

Ele sorriu e me beijou suavemente, roçando novamente seus lábios contra minha barba.

Aham - ele suspirou alto, voltando a deitar a cabeça em meu peito, correndo os dedos por meus cabelos, bagunçando-os ainda mais - Já disse que amo você? - Julho disparou, meio segundo depois..

Hum.. muitas vezes. Mas não me importaria nem um pouco se você repetisse - sorri, beijando seus cabelos.

Amo você.

Fiquei calado por um momento, apreciando o barulho das ondas.

E você? - ele se afastou de mim, se voltando para me encarar com a testa franzida de confusão.

Eu o quê?

Não vai dizer que me ama também?

Prefiro demonstrar meu amor de outras formas - ao dizer isso, eu a puxei para mim, beijando-o mais uma vez. Seus dedos agarraram meus cabelos e Julho suspirou, se rendendo ao beijo.

Devo admitir que a sua declaração foi bem melhor do que a minha - sibilou, sorrindo ainda com a boca grudada na minha.

Sabia que você ia gostar - passei o dedo por seu rosto, sentindo a maciez da sua pele - Mas por via das dúvidas, não custa nada reforçar: eu te amo

Julho suspirou e deitou novamente sua cabeça em meu peito e nós ficamos assim por algum tempo, curtindo o silêncio agradável do fim de tarde, que só era quebrado pelo vento e pelo barulho das ondas do mar.

[...]

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Comentários

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O conto tah perfeito, toh sem palavras pra dizer vc eh D+++++

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Era bom o “jujuba” acha um admirador secreto (lindo)para matar o Miguel de ciúmes, para apimenta mas essa relação.

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omg lindooooooooo perfeitooooooooooo ameiiiii :3 nota 10

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