Este conto foi retirado do orkut, Carlos Eduardo é o autor dele, depois que terminou nunca mais apareceu e o conto foi excluído do orkut. É uma história linda e comovente pelo realismo e como pode ser os caminhos da vida. Espero que gostem e se emocionem com a históriaMeu nome é Eduardo, sou razoavelmente alto 1,82m, 80kg, branco, olhos castanhos e cabelo castanho lisos estilo surfista, sempre pratiquei esporte, por isso tenho o corpo bem definido, mas não fortão. Pessoal diz que sou bonito, mas não sou de acreditar muito, pois a época de escola provava o contrário, eu era o nerd... mas um dia as pessoas crescem.. ehhehhe
Bem, logo depois que eu me formei em Direito, resolvi ganhar o mundo, deixando Natal no Rio Grande do Norte, onde nasci e vivi minha vida toda acabei vindo para o Rio de Janeiro tentar o mestrado. Agora tenho 25 anos, mas na época tinha 22, e essa mudança parecia ser minha grande aventura. Moraria provisoriamente com minha tia, irmã da minha mãe. O problema é que só tinha visto ela e a família dela uma vez, quando eu era muito pequeno... isso era de certa maneira desconfortável... não acham?
Quando cheguei no Rio tava lá no aeroporto pensando se deveria pegar um táxi pagando mais caro e ir direito pra casa da minha tia, ou tentar o ônibus... mas o que eu menos queria era me perder naquela cidade no primeiro dia... isso seria... típico de Carlos Eduardo Cedeño (sou eu prazer!).
Enquanto eu pensava, fiquei observando algumas pessoas segurando plaquetas com nome de pessoas, entre elas tinha um loiro mais baixo do que eu, bombadinho segurando uma placa “Carlos Eduardo” eu pensei:
“Bem que poderia ser pra mim ne? Mas seria muito fácil, isso não acontece comigo!”
Ficamos nos olhando um tempo enquanto eu decidia como iria pra casa da minha tia Consuelo (sim, minha família é descendente de espanhóis ). No final resolvi ir de táxi mesmo porque afinal, sou desastrado e atraio confusão por onde passo. Foi quando uma pessoa me chama.
– Com licença, você é o Eduardo filho da Camen?
Quando me viro era o tal carinha da placa. Eu disse:
– Sou Eduardo e minha mãe é Carmen mas você quem é?
– Sou tua carona pra nova casa lek, reconhece mais teu primo não é?
Eu devo ter feito uma cara de mané tão grande que ele caiu na risada, eu meio que sem entender (porque sempre tem algum trote quando algo bom me acontece) falei:
– Mas?? Essa placa?? Primo?
– É pow! Tá aqui teu nome né? - mostrando a placa
– Mas tem muitos Carlos Eduardo, você podia ao menos ter colocado meu sobrenome ne? - falei já recobrando minha postura.
– Tá, tá, tá, devia ter colocado “Carlos Eduardo, filho da tia Carmen, o lek que vem de Natal” - falou ele zombando. - Vamos logo pra casa que tem rango especial hoje pra comemorar tua chegada rapá!
Saimos eu com cara de desconfiado e ele com aquele jeito descolado de carioca. Eu só pensava:
“ Bem-vindo ao Rio Eduardo... bem-vindo...”
No carro eu comecei a examinar melhor o meu primo Raphael. Detectei que estava na frente de um típico playboy da Barra, o conhecido LEK.
Ele era loiro, cabelo na maquina, olhos verdes acinzentados, pele dourada (deveria ser de surfar, tem maior cara de não fazer nada da vida), usava bermuda de surfista, camiseta cinza e um tenis estranho meio bola folgadão parecia ter um corpo daqueles de quem pratica esportes radicais e vive em academia além daquele jeito (que eu detestava) de malandro que quer enrolar todo mundo.
Eu tava me esforçando pra não antipatizar direto com ele, mas tava difícil, o cara representava tudo que eu num gostava, desde a época de colégio eu tinha criado certas defesas contra gente metida a malandra.
– Ae lek, já conhecia o Rio?
– Não, ainda não.
– Po, tu vai se amarrar, aqui as paradas são muito maneiras, altas gatas, festas e tals.
– É.. legal...
– Tu parece ser mais tranquilão ne?! Como era lá em Natal?
– Era legal (pensei rápido: “dois 'legal' seguidos, putz, eu tô sendo chato com o cara, ele só tá tentando ser... 'legal'”) Emendei rápido:
– Quer dizer... tinhas umas festas vez em quando, barzinhos... mas eu num saia muito porque tinha namorada..
– Tu tem mina é? E ela deixou tu vir pra Cidade do Pecado? Ahhahaah
– Tinha... a gente achou melhor dá um tempo...
– Ah.. tô ligado.
Ele ligou o radio num funk alto e continuamos sem trocar uma palavra até chegar ao prédio, ele dirigindo feito um maníaco enquanto eu segurava firme no banco.
Aqui cabe um parêntese. Até então eu nunca havia feito nada com caras, claro que eu sentia atração, mas eu não sabia direito como era, eu achava que era fetiche ou algo assim, e que passaria com o tempo, eu não cogitava nunca ficar realmente com um homem. Minha vida toda sempre namorei mulheres. Além do mais, nas capitais menores do nordeste o preconceito é muito maior. Minha família também era conhecida na sociedade local de Natal, qualquer movimento falso meu seria fatal. Por isso nem pensava em ficar com homens, apesar de ter um tesão louco.
Então, é lógico que havia percebido que meu primo era um cara muito gato (pra falar a verdade o mais bonito que havia visto na vida) mas eu já estava acostumado a não pensar nisso.
Paramos num prédio enorme de frente para a praia da Barra, ao que tudo mostrava, o padrão de vida deles era bastante alto. Não trocamos mais nenhuma palavra e o porteiro me ajudou com as minhas malas. Chegando ao apartamento, minha tia me recebeu muito bem (eu também não me lembrava como ela era) e me acomodou no quarto que foi da minha prima que havia se mudado, pois havia se casado.
Almocei, minha tia passou o tempo todo perguntando sobre minhas aspirações profissionais, e sempre dava um jeito de alfinetar o filho, algo do tipo:
– Está vendo Raphael? Seu primo já se formou em Direito e pretende fazer mestrado e você nem terminar uma universidade consegue!
Meu primo não estava gostando nem um pouco do clima do almoço, o tempo todo calado e eu querendo sumir!! Nós tínhamos praticamente a mesma idade, mas ao que minha tia falava éramos diametralmente opostos. Ele já havia capotado carros, iniciara três universidades e não terminara nenhuma, vivia em farras e se metendo em briga. Eu só pensava numa coisa:
“Que ótimo, meu primo é um completo idiota e eu terei que conviver com ele”.
Foi quando Raphael se levantou da mesa de repente:
– Perdi a fome!
Ele saiu porta afora como um vendaval. Passei o resto do dia desarrumando minhas malas. Tinha milhões de coisa pra pensar, mas sempre voltava a lembrar do meu primo e eu achava isso muito estranho.
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