Oi, meu nome é Daniel e eu quero compartilhar com vocês como meu melhor amigo, Fernando, virou meu grande amor.
Acho importante mencionar, para delinear o contexto, que tanto eu quanto o Fê crescemos quase que sem nenhuma influência masculina. No caso dele foi porque sua mãe ficou viúva quando ele era ainda bebê, e no meu caso foi devido ao divórcio dos meus pais, que também aconteceu muito cedo. Minha mãe teve alguns namorados, mas eu quase não tinha contato com eles. E a mãe do Fê simplesmente nunca mais se relacionou com ninguém depois de enviuvar.
Nós nos conhecemos no Ensino Médio (chamava-se Segundo Grau), e num instante formamos uma amizade tão forte que era como se tivéssemos nos conhecido a vida toda.
A principal característica que tínhamos em comum era o nosso jeito um tanto diferente dos outros garotos, que eu suponho ser resultado da nossa criação só com presenças femininas nas nossas vidas. Com isso não quero dizer que éramos afeminados ou delicados. Nada disso. Nós apenas éramos mais calmos e sossegados que os outros.
Uma importante diferença era que não gostávamos de ficar xingando ou dando socos um no outro como os demais garotos, que faziam essas coisas até com os próprios amigos. Para nós, amizade era elogiar, ser gentil, ser agradável, e até mesmo carinhoso. Isso se refletia na forma como tratávamos um ao outro quando estávamos sozinhos.
Quando íamos à casa um do outro, a gente se cumprimentava com abraços e beijos no rosto. A mesma coisa acontecia quando a gente se despedia. Na verdade, a gente trocava beijinhos na bochecha por várias razões, e várias vezes no mesmo dia. Como forma de consolação, se um de nós estivesse chateado ou triste, por exemplo. Ou às vezes como comemoração, se estivéssemos felizes. Outras vezes era sem motivo nenhum. A gente se abraçava e se beijava espontaneamente, só por ser bons amigos.
Mas não tinha nada de gay naquilo. Assim como duas amigas mulheres podem demonstrar o seu carinho uma pela outra sem ser considerado algo sexual, da mesma maneira nós fazíamos aquilo sem segundas intenções, só por um amor entre amigos. Tanto é que nosso principal tópico de conversa eram mulheres, e inclusive tínhamos namoradinhas. Fê namorava uma vizinha dele, e eu fiquei com algumas garotas diferentes da nossa escola.
Embora soubéssemos que nossas carícias eram puras e inocentes, também sabíamos que ninguém mais entenderia isso, e que pensariam coisas erradas sobre nós. Por isso, só agíamos daquela maneira em segredo, quando estávamos sozinhos.
Outro costume que demonstra nossa intimidade era o de ficarmos só de trajes menores (cueca) na presença um do outro. Nos dias frios, era muito comum a gente se deitar só de cueca e se abraçar sob o edredom. Às vezes a gente fazia isso também no verão, ligando o ar condicionado no máximo. Era muito comum aquele nosso contato de pele terminar em uma massagem nas costas. A maioria das vezes era eu que recebia a massagem, deitado de bruços, enquanto Fê operava maravilhas com suas mãos mágicas e seu talento natural.
Essa liberdade que nós tínhamos com o toque nos nossos corpos se via também quando passávamos protetor solar nas costas um do outro antes de irmos para o quintal tomar sol. Era comum deitarmos lado a lado à beira da piscina de mãos dadas. Esse carinho mais singelo também era frequente entre nós. Muitas vezes andávamos de mãos dadas pela casa, com os dedinhos entrecruzados.
Tudo o que fazíamos era sem a menor atração sexual. Não achávamos o corpo masculino algo belo e não tínhamos desejos por homens. Quase sempre, quando estávamos fazendo aquelas coisas que os outros considerariam “gay”, estávamos simultaneamente conversando sobre as nossas namoradas, ou outras garotas que achávamos interessantes, ou até mesmo vendo fotos de mulheres nuas em revistas. Nós gostávamos muito de ver a Playboy do mês, juntinhos, só de cueca, deitados de bruços da cama. Quando um de nós ficava muito excitado, era hora de pedir licença e ir ao banheiro para se aliviar.
Não achávamos que as nossas atitudes diminuíssem em nada a nossa masculinidade. Pelo contrário, muitos dos outros garotos que eram tão preocupados em ser machões e que achariam estranha a nossa amizade eram caras que nunca tinham pego nenhuma mulher. Enquanto isso, eu e Fê tínhamos bastante sucesso com elas.
Como já mencionei, a gente não tinha essas manias bobas como as dos outros meninos de xingar nem de bater. Ao invés disso, a gente fazia guerrinhas de cócegas. A gente nunca brigava nem nunca ficava de mal, porque se um de nós falasse algo que o outro não tivesse gostado, bastava o outro fazer uma carinha de magoado que o primeiro se desculpava profusamente e cobria o rosto do outro de beijinhos até ser perdoado.
Nós contávamos tudo um para o outro, sabíamos cada detalhe da vida um do outro. Tínhamos o hábito de escrever diários, algo que começamos antes de nos conhecermos, e que foi reforçado depois que vimos que compartilhávamos aquele costume. Era costumeiro nós escrevermos nos nossos diários quando estávamos juntos, e trocá-los para lermos. E foi através desse método que contei para Fê uma notícia empolgante a meu respeito.
Foi num lindo fim de tarde, quando estávamos na casa de Fê. Deitados lado a lado em sua cama, seminus, escrevendo em nossos diários. Eu estava descrevendo em detalhes os eventos que tinham se passado mais cedo naquele dia. Eu acabara de vir da casa de uma garota com quem eu já tinha ficado diversas vezes. Sendo que, daquela vez, ela tinha me proporcionado mais do que só ficar. Em outras palavras, eu tinha perdido a virgindade com ela.
Minuciosamente eu retratei o que tinha se passado naquela tarde; desde a minha conversa com a minha ficante, as carícias que trocamos, a colocação da camisinha, a penetração, o gozo e os afagos finais. Encerrei aquele texto com uma frase que dizia algo do tipo: “Mal posso esperar que Fê leia isto e me dê um beijinho de parabéns!”
Trocamos nossos diários e começamos a leitura. Pelo que pude ver, o dia dele tinha sido bastante comum e tranquilo. Sua namorada tinha visitado mais cedo, mas nada de especial tinha acontecido, eles continuavam tão virgens quanto antes. Enquanto isso, eu percebia que seus olhos se arregalavam enquanto ele lia minha pequena aventura.
Fê ficou boquiaberto ao terminar de ler o texto. Ele me olhou sem reação por alguns segundos, mas caiu em si e em seguida me cobriu de beijos, parabéns e elogios. Depois ele começou a me perguntar sobre ainda mais detalhes, além daqueles que eu tinha escrito. Ele queria saber todas as informações, até qual a sensação da bucetinha dela no meu pau.
Enquanto eu respondia às suas perguntas, ele me abraçava forte e beijava meu rosto. Acontece que alguns de seus beijos estavam recaindo sobre meus lábios. Aquilo já houvera acontecido algumas vezes no passado, acidentalmente, o que era normal de tantos beijinhos no rosto que nós trocávamos. Contudo, aquela era a primeira vez que parecia proposital. Também pela primeira vez eu sentia como se uma eletricidade percorresse meu corpo, eriçando os pelinhos da minha nuca e me dando calafrios.
A descrição da minha transa estava deixando Fê muito excitado. Dava para perceber, porque nossos corpos estavam tão colados que eu sentia o volume sob sua cueca aumentar. Tampouco era aquela a primeira vez em que um de nós esbarrava no outro com uma ereção, mas, tal como os beijos nos lábios, aquela era a primeira vez que aquilo parecia significar mais do que uma simples coincidência.
Aquele dia marcou uma importante mudança na nossa relação. O que era antes só uma manifestação de ternura entre dois amigos, passou a ser também uma tímida exploração de sensualidade e erotismo.