O capitulo de hoje será dividido em duas partes. Esta primeira parte não terá sexo, mas acredito que vocês vão gostar mesmo assim. A segunda parte eu postarei hoje mesmo mais tarde.
Eu gostaria de agradecer aos comentários e votos da Sonhadora19, Hércules Silva, Al, Por do sol, Geo Mateus e CrisBR.
Peço para que todos que me leem votem e comentem. Deste jeito eu posso saber se cada um de vocês esta gostando do meu conto.
AproveitemSó quando acidentes acontecem que nós nos damos tempo para pensar pelo o que estávamos passando. Enquanto estava desacordado, memórias vinham e iam como um filme.
Eu me sentia sentado numa sala de cinema e na tela cenas de minha vida eram transmitidas. Não, eu não estava perto da morte para que isso ocorresse. Eu apenas precisava de um tempo pra entender o que estava acontecendo comigo.
As primeiras cenas eram de Fábio. Apesar do jeito marrento dele eu via que em minhas lembranças havia momentos bons. Momentos em que ele demonstrava gostar de mim.
Uma vez ele me protegeu de uma briga. Ele ficou todo surrado por ter brigado com dois caras ao mesmo tempo, mas quando eles foram embora Fábio sorriu para mim como se a dor fosse brincadeira.
Depois foi Tio Ricardo. Eu me lembrei do primeiro dia de aula que tive com ele. Eu já o conhecia por fotos, mas ele nunca teve contato com meu nome.
Ele era recém formado, dava aulas de Física e se vestia como um verdadeiro nerd. Tinha cabelos cacheados loiros, não tinha um corpo definido, mas seu charme estava na jeito como ele tratava os alunos. Para ele éramos como iguais e por isso a turma o admirava.
Antes mesmo de conhecer Marcos, Ricardo foi minha primeira paixão. Eu chegava mais cedo que todos os outros na aula e sempre saia por ultimo. Eu fazia questão de tirar minhas duvidas após a aula e por fim ele sempre se disponibilizava para me levar em casa depois.
Um dia quando estava em seu carro eu tentei beija-lo. Estavamos no estacionamento e ninguém podia nos ver. Ele me empurrou, e aquilo me machucou. Ele tentou concertar dizendo que era errado pelo fato de eu ter 15 e ele ser meu professor e aquilo podia custar seu emprego.
No final das contas ele me levou em casa e nos dias seguintes ele me tratava como se nada tivesse acontecido. Um mês depois eu o encontrei numa festa da família. Ele levou um susto ao descobrir que eu era primo do Fábio. Quanto a mim, sai de lá chorando depois de saber que ele tinha uma namorada.
Por fim lembrei do Seu Rafael. Sua esposa era amiga da minha mãe e por isso ele se tornou muito próximo de meus pais. Por causa de minha amizade forte com Carlos eu sempre estive próximo dele também. Eu frequentava sua casa, o tratava como meu próprio pai e me sentia agradecido com as regalias que aquele homem me dava.
Quando eu tinha 13 a mãe do Carlos morreu. Neste momento minha amizade com ele ficou mais forte afinal eu precisava apoiar meu amigo. Daí tive a ideia de ir morar com eles. O apartamento que eles tinham aqui na cidade já era minha segunda casa a muito tempo e Carlos adorou minha escolha.
Desde então eu passei a ter uma intimidade muito grande com os dois. Seu Rafael passou a ser um amigo fiel do qual eu contava tudo, menos da minha amizade colorida que eu mantinha com o filho dele. Ele soube do que Marcos me fez e até do beijo que eu dei no Ricardo.
No dia que eu cheguei do acampamento eu contei tudo para ele. Seu Rafael me disse certas palavras que ficaram para sempre guardadas.
- Guilherme, você tem que aprender a cuidar melhor de si. Nem sempre as pessoas estarão ali para lhe fazer bem. Não é todo mundo que consegue ver o quanto você é especialAcordei numa cama de hospital. Estava desnorteado e acompanhado apenas de minha dor. Fora isso o quarto estava tranquilo e vazio.
Puxei o lençol que cobria meu corpo e percebi que estava nu a não ser por um avental e minha perna enfaixada. Minha cabeça também tinha um curativo que lhe dava a volta e talvez por causa de alguma medicação eu estava meio alterado.
Depois de algum tempo de espera a porta do quarto se abriu. Eu não tive tempo de ver quem era, mas a pessoa so colocou a cabeça para dentro e depois saiu.
- Ele já acordou! – gritou Ricardo do lado de fora.
Minutos depois algumas pessoas entraram no quarto e eu tive um Dejá Vù . Eu ali deitado e três homens na frente da cama. Só que desta vez não era sonho. Fábio, Ricardo e mais alguém que eu não reconheci estavam ali numa fila em volta da cama. Ao contrario do meu sonho eles estavam mais preocupados e tinha uma pessoa a mais.
A enfermeira se aproximou de mim, mediu minha pressão e fez algumas perguntas. Quando ela se certificou que tudo estava bem eu soube o que aconteceu.
- Você sofreu um acidente – disse a enfermeira.
- Sim eu lembro. Um carro veio na minha direção.
- Você se lembra do que aconteceu?
- Não, eu apaguei. O carro me atropelou?
Os três que antes estavam apenas observando disfarçavam seus risos. Eu não entendi
- Hm, como posso dizer. Você não foi atingido. – disse a enfermeira seria.
- Então como eu me machuquei deste jeito? – perguntei confuso. – Minha perna ta enfaixada e minha cabeça também.
Nessa hora Fábio e Ricardo não conseguiram conter o riso. O outro cara ainda se mantinha sobre certo controle.
- Desculpe-me. – a enfermeira era toda austera. – O carro não te tocou. Você simplesmente tropeçou e torceu o pé. Na queda você bateu a cabeça e desmaiou.
- Eu estava logo atrás de você , Gui. - disse Fábio se rachando de rir. – Era o seu pai no carro e ele tava vindo devagar. Você levou um susto, tentou fugir e tropeçou.
Nessa hora todos já estavam rindo sem pudor. Inclusive a enfermeira que se sorria abertamente.
- Pelo visto esta tudo sobre controle. Vou deixar que fique com seus parentes. Daqui uma hora o médico virá aqui para lhe dar alta. Procure não me mexer muito. – disse a enfermeira antes de sair.
No mesmo momento que ela se retirou eu me virei para os três.
- Ok. Por que vocês estão aqui?
O clima pesou. Fábio coçou a cabeça e olhou para os outros dois. Ricardo ignorou a pergunta e se aproximou de mim para verificar pessoalmente meu estado. Neste momento eu reconheci o outro cara.
- Ai Meu Deus! Que se ta fazendo aqui?
- Vim ver se meu irmão terminou de se matar.
Era o Francisco, meu irmão. Minha surpresa se devia ao fato de que era para ele estar num intercambio na Florida. O seu rosto tinha agora uma barba bem desenhada e seu cabelo castanho claro havia crescido
- Era para você estar bem longe daqui. Em outro país! – respondi.
- Relaxa Gui. Meu intercambio acabou nessa semana. Você nem se lembra, aposto que me esqueceu. – disse Fran fingindo estar ofendido.
Eu tinha brigado com meu irmão antes da viagem. Graças a saída dele de casa eu tinha que voltar a morar com meus pais.
Sem contar que ele tinha descoberto tudo sobre Carlos e eu e ele me mandou me separar do meu melhor amigo. Na mesma hora que ele disse isso eu parei de falar com ele. Um ano depois ele estava na minha frente num hospital.
- Neste momento tenho uma perna machucada para me importar. – respondi virando a cara. – E você Fábio? Quem te chamou?
- É que eu vi o acidente, e ajudei seu pai a te trazer aqui. – respondeu Fábio. – Agora esses dois aí eu não sei.
- Quando o Fábio ligou para casa eu que atendi. Na hora eu vim pra cá. – disse Ricardo
- No meu caso, eu estava em casa quando um retardado deu um grito e caiu de cabeça no chão . – disse Francisco. – Papai me disse que o retardado era você e que ele ia te levar no hospital. Como ele precisou ir buscar a mamãe depois eu vim aqui me fazer de babá.
Francisco era meu irmão, por isso era normal eu ver ele Eli. Porém os outros não percebiam o quanto aquilo era ridículo? Estava escrito na cara deles que o motivo era outro. Fábio e Ricardo queriam saber se eu estava bem, ou seja, cada um deles gostava de mim.
- Obrigado pela atenção. – respondi com vergonha.
Fábio riu e se deitou na cama ao meu lado.
- Você quase matou seu pai, Gui. O Tio Pedro é um homem muito calmo, mas eu acho que ele ficou com mais cabelos brancos agora. – disse Fábio dando a volta no meu ombro com seu braço.
- Fábio sai daí. O garoto precisa de espaço. – disse Ricardo com ciúmes.
Na hora eu quis me enfiar num buraco. Fábio deitado comigo, Ricardo com ciúmes e por fim Francisco me olhando com uma cara de quem não tinha entendido a piada ainda.
- Eu acho melhor deixar o muleque em paz, primo. – disse Francisco tirando Fábio da minha cama. – Vem comigo, quero te falar das gatas da Florida.
Nisso meu irmão praticamente arrastou o Fábio para fora. Ricardo ia pelo mesmo caminho.
- Espera. Fica aqui.
Puxei o braço dele a tempo. Ricardo com um sorriso contido se sentou do meu lado na cama. Eu não sabia o que dizer nem porque eu o chamei ali. Nada vinha na minha cabeça, apenas a vontade de permanecer com ele.
- Ahn, me ajuda a ir no banheiro? – perguntei.
Na hora a cara dele caiu.
- Você me chamou aqui só para te ajudar a ir no banheiro? - disse ele indignado.
- É que a enfermeira saiu, eu não confio no Fábio e eu não fico nu na frente do meu irmão.
- Então sobrou para mim.
Ele se levantou e me ajudou me dando apoio. Era estranho entrar novamente com ele num banheiro. Ricardo também sentiu o mesmo e por isso desta vez foi totalmente normal. O tempo todo ele ficou de costas enquanto eu usava o banheiro.
Neste momento eu pude ver as diferenças nele. Ele agora tinha um belo corpo, raspou o cabelo deixando um corte militar e agora se vestia muito bem. Nisso eu tinha que agradecer a namorada dele.
Durante o tempo de espera Ricardo me fez companhia. Eu me senti confortável com as historias que ele me contava, das piadas que ele não sabia fazer e do modo como ele me tratava. Apesar do carinho ele não invadia meu espaço como Fábio fazia.
Meus pais chegaram juntos com o médico para dar minha alta. Eles se surpreenderam coma a presença de Ricardo, mas ficaram felizes ao saber que nada de grave havia acontecido. Eles sabiam o quanto eu era desastrado e pelo menos uma vez por ano eu estava no hospital.
Meu pai se chama Pedro e é Psicólogo. Ele atendia em casa e muitas vezes eu era o seu principal cliente. Ele estava no carro que eu achei que ia me atropelar. Se eu não tivesse desmaiado ele teria me dado uma bronca, mas minutos depois já estaria me mimando.
Minha mãe pelo contrario. Mesmo eu atordoado, Dona Sonia não teve dó de mim e jorrou um monte de sermões. Ela trabalhava no Conselho Tutelar, por isso na sua cabeça eu tinha que ser o exemplo de bom filho. Apesar de sua rigidez ela sempre compensava com seus momentos de carinho.
Minutos depois de tanta ladainha eu já estava em volto pelos dois.
- Querido eu preciso voltar para o trabalho. Você pode me dar um carona. – disse minha mãe para meu pai.
- Mas o Guilherme?
- Eu poderia levar ele em casa. – respondeu Ricardo que estava meio afastado.
- Não se incomode. Eu levo meu filho. – respondeu meu pai.
- Não Seu Pedro. Se mamãe for despedida por minha causa eu vou ter que aguentar todos os dias ela em casa. – respondi. – Leva ela que o Ricardo me leva.
Antes mesmo que desculpas fossem dadas eu me levantei e pedi a ajuda de Ricardo para me trocar. Morrendo de vergonha ele pegou minhas roupas e me levou ao banheiro onde pude vesti-las.
- Gui. Você veio sem cueca? – me perguntou Ricardo no banheiro.
Droga eu tinha me esquecido que eu tinha perdido ela. Pelo menos eu sabia que o ladrão não era o Ricardo.
- Sim, eu não uso com frequência. – disse como desculpa.
Depois deste momento vergonhoso eu me despedi dos meus pais e Ricardo me levou até o estacionamento. Dentro de seu carro eu me lembrei do dia que o beijei ali mesmo.
Por um momento eu o olhei e ele correspondeu. Eu me aproximei para tentar novamente tocar em seus lábios, mas parei no caminho. A rejeição daquele dia foi muito dolorosa.
Virei meu rosto e comecei a chorar. Senti uma mão se prender a meu queixo e o puxar para o lado. Ricardo segurava meu rosto com uma mão enquanto que com outro limpava minhas lágrimas. Por fim seus lábios tocaram nos meus e eu lhe correspondi seu beijo.
Continua...