Tocar a sola e artelhos do pé de Téo fez Luiz, pouco a pouco, recuperar o controle da situação e se acalmar, suas mãos se aquecerem. Mesmo sem grande experiência em massagem, Luiz tentava caprichar, espalhando não só o óleo como o gel canforado nas pernas e coxas do amigo.
Ao atingir o alto das coxas teve de levantar um pouco a toalha que cobria as nádegas, formando um desvão pelo qual mais adivinhou do que efetivamente viu o rego e o saco do gaúcho. Era ali que morava o perigo. Cuidadosamente espalhou o gel e, orientado pela mão de Téo, concentrando-se nos pontos por ele indicados. Ficou de joelhos para trabalhar as costas, onde aplicou manobras decisivas para destruir nódulos musculares. Que mão gostosa, cara... você tem jeito... ia ganhar mais dinheiro alisando caras por aí do que fazendo conta no escritório, brincou o policial, visivelmente mais aliviado como, também, embalado na onda revigorante daquele contato quente, carinhoso, no fundo amoroso de Luiz.
Luiz segurou Zilda, ainda enroscada no pescoço do amigo e pediu para ele se virar. Agora, de frente, o olhar de Luiz imediatamente procurou a virilha de Téo, novamente coberta pela toalha, o que não lhe permitiu ver nada além de uma pequena saliência na região. Luiz voltou aos pés do outro, novamente os acariciou e, cuidadosamente, foi introduzindo os dedos de suas mãos entre os artelhos de Téo. Foi então que um raio riscou a noite: com o auxílio do lubrificante, as falanges deslizaram entre si, o calor promoveu uma intimidade, os músculos e ossos iniciaram um diálogo surdo, todavia cheio de compreensões e intenções mútuas.
O policial começou a ter uma ereção, notada pelos olhos atentos de Luiz que, pouco a pouco, passou para as coxas do outro. Agora, por baixo da toalha era possível divisar, roliço e massivo, um grande cilindro. Téo abriu seus olhos e encontrou os de seu vizinho nele cravados. Lentamente foi deslocando a toalha para o lado e descobriu, como nos antigos rituais a Dioniso, um phallus túrgido e potente, tão ereto que se estendia pela sua barriga. Com uma das mãos conduziu Luiz a posicionar-se a cavalo sobre suas coxas e, com gestos lentos, despiu sua camiseta, depois o short, deixando-o nu.
Passa bastante óleo e senta, disse suave. Tomado pela volúpia e tremendo de medo diante do incógnito, Luiz deixou-se levar. Encheu a mão de óleo e empalmou o caralho, espalhando-o, com movimentos circulares, em toda a extensão. O pau era grandioso, ovalado, a cabeça menor que o corpo, cor de cereja, macia e poderosa ao lhe tocar o ânus, absorvida após pequeno esforço. Faz força para fora, relaxa... isso... vai descendo bem devagar, completou Téo, enquanto apoiava suas mãos na cintura de Luiz. Com grande esforço e um langoroso gemido, Luiz sentiu seu canal se abrir, o aríete de carne ganhar espaço em seu interior. Foi uma dor lancinante mas, ao mesmo tempo, uma ânsia aplacada: ele há muito desejara esse momento.
Téo foi trazendo o tronco de Luiz sobre seu peito, tomou seu rosto entre as mãos e sugou-lhe os lábios em modo vigoroso. Luiz estremeceu todo, diante desse contato, seus músculos cederam aos apelos dionisíacos, deixando-se impregnar pela poderosa lascívia emanada desde o final de sua coluna. Com movimentos lentos, sob o impacto do gosto adocicado da boca do policial, o contador finalmente sentiu uma estocada fatal, decisiva, que o deixou inteiramente sentado sobre o quadril do outro. Jogou a cabeça para trás, apoiou-se sobre o peito de Téo e iniciou uma cavalgada que apenas potros jovens, nas coxilhas do sul, seriam capazes de rivalizar.
Zilda olhava atenta a movimentação dos dois, deitadinha no travesseiro ao lado, terminada quase uma hora depois quando o policial, estreitando fortemente o outro entre seus braços, as pernas apoiadas em seus ombros, desferiu os derradeiros e profundos golpes que o levaram ao abandono.
Demoraram-se entre afagos, mas a fome bateu. Luiz rapidamente improvisou um macarrão com molho pronto e dois bifes mal passados, como sabia ser do gosto do gaúcho. Se não tiver cu, pra mim fica faltando alguma coisa, entende... , não é toda gata que curte, por isso vivo trocando de mulher. E eu gosto todo dia, sabe... sinto falta.... o sexo tá na minha alma, foi a frase que marcou o jantar, voraz, o complemento perfeito para aplacar todas as fomes.
O policial já fora casado, mas a garota pedira arrego, dois anos depois, não só pela sua voracidade sexual difícil de ser acompanhada, como também sua vida atribulada e cheia de perigos. Eu sei que tenho pau grande, que não é mole levar toda hora, mas vou fazer o quê?, eu nasci assim, entende.... curto sexo pacas, completou a ideia antes iniciada na mesa. Luiz argumentou que tinha adorado, mesmo sendo uma enrabada um pouco dolorida. Ao mesmo tempo, explicou como tinha sido arrastado sexualmente, como se sentia inebriado ao lado do outro, das poucas experiências anteriores, incluindo um caso de alguns meses com um rapaz que conhecera num bar.
Teu cu é gostoso pra caralho... você curte levar, isso é que é importante. Já cheguei a pegar travesti, mas você é o primeiro cara que eu fodo. Se deixar, vou te comer todo dia, disse Téo sorridente, procurando conquistar o parceiro. O contador disse que não sabia se ia aguentar, mas que poderiam alternar um dia de anal e outro de oral. Vem cá neném, concluiu Téo, esticando os braços e acolhendo Luiz em seu regaço, você é tão macio, tão gostosinho, com esse perfume trilegal, depositando novos e delicados beijos na boca do amigo.
Ali selaram um pacto de convivência. Nada era certeza quanto ao futuro. Mas também, quem pode prever o futuro? Nos braços um do outro havia calor, sensação de completude, sincera entrega de si que se alimentava de um amor muito novo que, tal os verdes brotos consagrados a Dioniso, era a promessa de uma bem-aventurança. Era o quanto bastava, pelo menos naquele momento.
Posso te comer de novo?, disse Téo, encaixando seus dedos entre as coxas de Luiz.
FIM
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