O namorado da minha amiga *42

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 2491 palavras
Data: 02/04/2013 20:08:59

Não entendo como eles não percebem que essa briga toda só faz mal à criança, voltei a dormir.

Um grito lancinante invadiu o quarto me despertando do sono. Meus batimentos cardíacos foram elevados imediatamente, saltei da cama e por haver reconhecido a voz de Cláudia corri ao seu quarto. No corredor, cruzei com meu cunhado que tinha sua roupa manchada de sangue, ia na direção contrária, entrou no quarto de meus pais e eu corri para a porta do quarto de Cláudia.

Ao atingir a soleira, a cena que vi me gelou por dentro. Minha irmã estava caída no chão, por um segundo... bom, não contei um segundo, em desespero corri para ver o que ocorrera com ela. Estava chorando, com o rosto no chão. Eu a erguia quando dela recebi um bofetão em meu rosto, ignorei, Cláudia em outras ocasiões havia feito o mesmo e não mais doía em mim, eu bem sabia que era sua forma rude de pedir ajuda; era seu grotesco grito de socorro.

Ao verificar que havia sangue em suas roupas busquei por ferimentos, nada encontrando e suspirei em alívio. Perguntei sobre o sangue enquanto ela chorando me apresentava uma camisa de Aurélio, havia batom. Eu a levantei e a coloquei na cama. Ela chorava convulsivamente; lembrei de Letízia. Fui ao quarto de meus pais e encontrei meu cunhado com minha sobrinha em seus braços. A criança chorava, parecia que ele se despedia.

Ao notar minha presença ele me sorriu e disse com o rosto triste: “eu não aguento mais, veja o que a desequilibrada de sua irmã me fez”. Claudia o havia ferido no braço com uma tesoura, ele sangrava, mas já havia estancado o ferimento com um pedaço de pano atado sobre a ferida. (O_O Olha só querendo ser Nazaré, dá logo um pé na bunda dessa louca!! - Jhoen)

Ele me explicou rapidamente que não existia meio de ficar ali e me entregou Letízia pedindo que dela cuidasse. Saiu com a roupa do corpo me dizendo que depois me procuraria. A casa foi tomada pelo choro de Cláudia e sua criança. Era como um pesadelo.

Tentei em vão acalmar uma tanto quanto a outra, mas minha irmã em desespero, dizia coisas que nexo algum faziam. Meus pais ao regressar, encontraram Cláudia apenas murmurando e chorando, o descontrole se tinha ido, eu ministrei a ela um tranquilizante, forte, não sabia mais o que fazer para contê-la. (Deve ter dado um daqueles tranquilizante pra leão né? - Jhoen)

Minha mãe ao tomar pé do ocorrido desfiou um rosário de xingamentos em castelhano (Orando em línguas para expulsar o demônio da filha! -Jhoen) , alguns até desconhecidos para mim (é impressionante como ela e Marcello se parecem nisso). Meu pai sentou-se na sala e permaneceu imóvel durante muito tempo. Olhava para o vazio, temi que fosse acometido por um infarto.

A noite foi longa e penosa. Quis telefonar a Marcello, mas pensei que melhor seria se não o fizesse. Houve um momento entre três e quatro da manhã que desejei ter asas e dali sumir, mas ver minha irmã daquela forma, minha mãe fora de si, minha sobrinha em soluços e meu pai catatônico fez surgir de dentro de mim uma força para ajudá-los naquele instante que até então eu nem sabia que era capaz de ter.

Na manhã seguinte eu estava um trapo de tão gasto por uma das piores noites que conhecera. Pernoitara em claro e mal pude me compor para sair à rua tomar o ônibus e chegar ao trabalho. Movia-me como um zumbi. Decidi nada dizer a Marcello que me telefonou pela hora do almoço se desculpando e esclarecendo que estaria preso em uma reunião, achei melhor assim, não queria que ele me visse naquele estado.

Cássio me viu na copa atrás de uma xícara de café imensa e me perguntou o que ocorrera, disse a ele que era apenas uma crise de insônia, mas que estaria bem. Ele como é uma pessoa de alma boa, passou a mão pela minha cabeça e me esclareceu que poderia ser o estresse do trabalho acumulado e se comprometeu em me conseguir à tarde de folga, agradeci e ensaiei um sorriso.

Telefonei a Marcello e disse que voltaria à casa; ele quis saber o que houvera e eu respondi que só uma indisposição, combinamos dele me visitar logo mais a noite. Quando cheguei à casa ninguém estava, pensei ser melhor assim. Eu me arremessei contra a cama sem tomar banho e só acordei às 23h com o telefonema de Marcello dizendo que estivera aqui, tocara o interfone e ninguém respondera.

Estava preocupado e eu o acalmei dizendo que dormira demais e que nos veríamos no outro dia se ele não se importasse, eu estava sonolento e muito cansado, ele entendeu com a condição de que nos encontrássemos no dia seguinte. Encontrei um bilhete na cozinha, meus pais haviam levado Cláudia para fora da cidade, para a chácara de uma amiga da minha mãe que mora próximo a Luziânia que é uma cidade um pouco mais distante. Entendi a intenção, queriam acalmá-la. Pensei que assim seria mesmo melhor, voltei a dormir.

No dia seguinte não pude almoçar com Marcello, ele ficou preso em uma reunião, à tarde ele me telefonou dizendo que Guto havia marcado com a gente para sairmos à noitinha.

Fomos ao Reyuela. Marcello e Guto estranharam minha cara e perguntaram o porquê das olheiras, inventei uma desculpa qualquer e disse que não havia dormido bem. Marcello insistiu e expliquei que eram problemas em casa, e que depois falaria a respeito, mas que por ora preferia esquecer um pouco.

Guto nos convidou para uma volta de kart no parque e concordamos, precisava me distrair um pouco e até ganhei a corrida, mas foi no susto, sei que cansado como estava não deveria ter guiado.

Quando saíamos Guto chamou Marcello e disse que precisava dizer a ele uma coisa ao que Marcello sorriu e disse que se fosse dinheiro ele podia esquecer. Sorriram em seguida, mas Guto seguiu dizendo “nem sei como falar direito, eu te amo Marcello e você sabe que eu cortaria meu braço direito por você e que jamais o trairia, mas aconteceu uma coisa que me envergonha muito e que não dá mais para esconder”

Marcello arregalou os olhos, mas continuou calado. Guto prosseguiu “Enquanto você namorava a Lu eu gostei dela, quis muitas vezes não gostar, mas fui apaixonado por sua namorada, porém eu sempre a respeitei e a você também tanto que jamais dei a entender ou fiz o menor gesto que pudesse ser interpretado como atração da minha parte”

Ele seguiu ainda dando outras explicações e, finalmente, depois de despejar toda aflição do seu peito, findo o desabafo, parou respirando apressadamente, sua expressão era aflita tinha o senho franzido quase num sufoco mudo pedia uma resposta de Marcello.

Ficaram calados por um tempo, Marcello e Guto, ambos sérios se entreolhando nos olhos. Eu permaneci sentado no meio-fio observando os dois. Marcello se aproximou de Guto, sorriu, segurou sua nuca e deu um beijo demorado em sua testa com os olhos fechados.

Depois disso deu um abraço apertado nele acolhendo sua cabeça em seu ombro, Guto chorou pedindo desculpas e Marcello dizia somente “Está tudo bem, Está tudo bem, Você poderia ter me dito antes e bem sabe que por você eu teria aberto mão de estar com a Lu, Escute aqui, eu o amo muito e sei que deve ter sido difícil para você manter isso em segredo e se existe quem deva pedir perdão sou eu por não haver percebido nada”

Ficaram abraçados por um tempo e ao ver aquela cena, secretamente desejei ter para mim um laço fraterno tão forte quanto aquele. Eu me levantei e abracei a ambos. “Amo vocês dois” Disse Guto refeito da dolorosa confissão. Não canso de admirar o amor fraternal que Guto e Marcello nutrem mutuamente, sinto falta disso entre mim e Cláudia

Guto tem preocupado a mim e a Marcello, ele tem parecido um pouco confuso, precisa realmente de ter alguém ao seu lado, um dia depois do kart ele me procurou dizendo que precisava ter um conversa comigo, quis saber se poderíamos almoçar juntos e como Marcello estaria novamente em reunião no horário do almoço disse que seria um prazer.

Ao entrar no carro ele falou daquele seu jeito debochado de sempre “papo brabo Claudinho, papo brabo” hihihi adoro quando ele usa essa expressão. Disse a mim que havia saído, bebido, muito, que ficara com uma moça loira de quem ele não se recordava o nome (novidade, geralmente ele não se recorda mesmo hihihi), que havia ficado com uma ruiva e também com uma morena, (sim na mesma noite; sim eu também o acho afoito) e que no final da noite um rapaz de aproximou dele e elogiou o seu perfume (tanto Marcello como Guto sempre acertam nesse quesito)

Guto me disse que agradeceu o elogio (coisa normal porque ele não tem preconceito mesmo) e que o rapaz o convidou para tomar um vinho, bom, como ele não faz segredo de nada para ninguém, penso que posso contar aqui que segundo Guto o dito rapaz era extremamente agradável, inteligente (qualidade muito apreciada por ele que sempre diz que a inteligência é o maior afrodisíaco).

Enfim, essa conversa se entendeu noite a dentro e o resultado é que como Guto disse: “O resultado é que tomamos café juntos no dia seguinte, na cama” Essa notícia me fez engasgar, mas disfarcei. Tentei esconder que estava surpreso e perguntei se ele havia gostado ao que ele me respondeu que não havia sido ruim com aquele sorrisinho contido no canto esquerdo do lábio inferior.

Perguntei como ele se sentia a respeito e ele disse que normal, tranqüilo.Falamos de outros assuntos e ele me levou de volta ao trabalho. Devo dizer que foi um susto e tanto para mim, mas parece que ele está bem com o ocorrido e o que mais importa, sem traumas aparentes.

Mais tarde à noite, quando Marcello me apanhou no trabalho, parecia diferente, “Claudinho, o Guto conversou contigo?” ele perguntou ao que respondi balançando a cabeça afirmativamente. “E então?” ele inquiriu. “Eu quero crer que ele está tranqüilo, não me pareceu abalado” respondi.

Uma gargalhada deliciosa de Marcello encheu o carro me fazendo rir também “E essa agora?” Ele perguntou rindo. “Meu San Genaro, Gutinho é mesmo um tarado” Ele completou e voltamos a rir, mas percebemos os riscos desse momento de confusão que o Guto vive. Será mesmo confusão? Não sei ao certo.

Falamos de Gutinho e de como gostávamos dele e revelei a Marcello que dias antes havia telefonado a Lu, nem sei direito o porque, nem sei sobre o que falaríamos, mas quis, sei lá, dizer a ela que Guto havia mantido um sentimento especial na mesma época em que ela gostava dele.

“Amor, é para você” A voz de um rapaz atendeu ao telefone, “Alô?” então reconheci a voz de Luíza. Eu me senti triste e feliz de igual forma, na verdade sentimentos muitos me transpassaram, não tive coragem de nada dizer a ela, desliguei o telefone. Pensei que talvez as coisas ficassem melhor da forma como estão. “Que triste, eu estava entre ambos e nem percebia” me disse Marcello num lamento e completou “Cláudinho, você é mesmo admirável, se preocupa mais com os outros que consigo mesmo; amo você”

Naquela semana minha mãe se limitou a cuidar de minha irmã que não mais que a um trapo se reduzira. Passou a ficar no quarto todo o tempo quando voltou e pouca paciência tem tido com Letízia; grita com a garota o tempo inteiro e isso passou a me incomodar sobremaneira.

Minha mãe se queixou que meu pai frequentemente sai, porém ela não revela seu verdadeiro incômodo ou do que desconfia. Uma melancólica tranquilidade se configurou em minha casa, Marcello aceitou o fato do negócio não haver dado certo e tem se mostrado bem mais resiliente que eu o supunha.

No dia seguinte Meu celular tocou muito cedo, era Aurélio, queria conversar comigo, eu também queria falar-lhe, desde então esta incomunicável. Quando nos encontramos ele não me pareceu bem, estava muito abatido, olhos fundos e visivelmente mais magro.

“Como você tem passado?” Perguntei a ele que me respondeu que não era fácil e que sentia falta da filha, mas que não há como conviver com minha irmã. Disse que Letízia também sentia sua falta e se não fosse problema eu queria trazê-la para que pudessem se encontrar.

Ele agradeceu e disse que hoje enxergava o quanto estava enganado ao meu respeito, respondi que isso era coisa do passado e que o que de real importava agora é que houvesse o mínimo de dor para todos. Perguntei a ele se haveria uma possibilidade de reconciliação, mas foi inútil, ele está irredutível tanto quanto minha irmã que diz não mais o querer ver.

Ele me esclareceu que o batom era de Cláudia(Aham sei viu! - Jhoen), mas ela não acreditava, contudo disse a ele que não me devia explicações e que não o julgaria por nada; Aurélio sorriu de modo triste dizendo que lamentava não havermos tido tempo para nos conhecermos bem. Eu não o quis influenciar em nada, ainda mais pelo fato de Cláudia não o desejar por perto, mas não pude ignorar que esperam um bebê e que ambos teriam explicações para com ele.

“Que bom, então peça para sua irmã dizer quem é o pai e procure-o” Aurélio respondeu de forma dura. Fiquei envergonhado e não mais quis falar sobre o assunto, me senti invadindo a intimidade de um casal.

Combinamos de eu levar minha sobrinha no dia seguinte para vê-lo e ele agradeceu dizendo que eu era muito melhor que minha irmã que só se preocupava consigo mesma. Pedi que ele guardasse sua opinião a respeito de Cláudia para si e que, como ela não estava presente poderíamos tratar de assuntos outros que não envolvesse juízo de valor algum sobre ela.

Ele mais uma vez sorriu e disse que era bom saber que sua filha tinha como tio alguém de caráter bem mais que a soma do de meus pais e o de minha irmã, protestei respondendo que limitasse seus comentários a fatos que não dissessem respeito a meus pais. “Se você ao menos desconfiasse...” ele dizia quando, aborrecido me levantei da mesa e dei a conversa por encerrada me comprometendo a ajustar um encontro entre ele e Letízia e dizendo que se precisasse de algo poderia me telefonar.

“Marcello tem sorte de ter uma pessoa como você, é bem mais especial que imagina Cláudio Santiago” (Só não vale apaixonar por Cláudio hahaha - Jhoen) Ouvi de Aurélio quando saía, parei e pensei em me virar, mas não sei porque saí sem me voltar a ele. Às vezes ele diz coisas que não compreendo, acho melhor não perguntar o significado.

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Valeu pelos votos e comentários! Nas férias quem sabe começo a procurar por eles hahahaha

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Comentários

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Guto ficou com um carinha, rsrs. Essa Cláudia parece uma doida, eu heim.

E será que vai surgir um amor platônico? Esperar pra ver. Muito bom

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Mt bom,sempre tao coerente esse conto,por isso amo vc man n10

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tá certo que mulheres ficam mais estressadas na gravidez, mas a ponto de ferir alguém é novidade. Então né Guto, já que você ficou com um cara, será que temos chance de ficar juntos? Rsrs... E como sempre o Marcelo foi compreensível =). Aonde encontro um cara desses?! Tô precisando viu rs

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