Levei Maria Paula nos braços até o slang e a acomodei confortavelmente. Aquela era a posição perfeita para ser fodida intensamente, coisa que o fiz em seguida. Meu pau deslizou para dentro de sua buceta e iniciei movimentos lentos alternados com outros rápidos. Ferreira colocou-se do outro lado, e tinha o tronco de minha mulher à disposição. Brincou com seus seios, seu rosto, nele deslizou o pau e permitiu que ela o abocanhasse, gulosa, matreira, sacudindo os peitos com as investidas que eu desferia.
Num certo momento ele veio para trás de mim, começou a alisar minha bunda. Logo senti seus dedos procurando meu buraquinho, o que me deu um novo arranco de tesão. Eu não esperava isso dele, mas me entreguei sem pudores, permitindo ele me explorar. Senti a região úmida, ele devia estar usando algum lubrificante, logo senti um dedo entrando e saindo de meu cu. Acelerei meus movimentos contra Paula e, no momento em que ela gozou, eu gozei junto. Paula arfava, respiração ofegante, ela já tinha passado por essa sensação várias vezes antes naquela noite. Eu me debrucei sobre ela, minhas pernas bambearam, dada a intensidade de meu orgasmo. Ferreira me amparou e me levou até a cama, onde me estendi.
Eu estava de olhos fechados quando o senti deitar-se a meu lado. Logo seus dedos voltaram a me bolinar, e minha espinha sacudiu como se um novo gozo me percorresse – mas era um gozo pelo cu, dessa vez - , diferente do que eu acabara de conhecer. Abri as coxas, permiti a invasão, logo eram três dedos me laceando. Paula parecia dormir, extenuada, à minha frente, nem olhava o que estava acontecendo.
Em seguida ouço Ferreira me dizer no ouvido “posso te comer?”. Eu apenas alcancei sua cabeça com um braço, ele entendeu, posicionou o pau em meu cu e iniciou a penetração, lenta e macia, sem pressa, embalado pela minha respiração arfante. Deitado sobre mim, me estreitou pelos ombros, deixou sua boca em minha nuca, de modo que senti pouco a pouco sua respiração acelerar-se, atingir um máximo de tensão, e ele finalmente relaxar sobre mim. Eu estava tão envolvido e empolgado, tão transportado para outro mundo que só percebi que gozei quando me levantei e notei o lençol molhado.
Era quase uma hora da manhã. Ferreira e Paula estavam ali desde as dez horas. Merecíamos uma banheira quente, um repouso total. Imersos no banho, pouco falamos, todas as intenções foram trocadas através de olhares cúmplices e ternos e suculentos beijos. Voltamos para a cama para dormir.
Eu não tinha a intenção de ficar no motel, mas fui vencido, assim como eles, pelo cansaço e pela boa sensação que nos irmanava os três. Acordamos bem tarde no sábado, tomamos o café da manhã na varandinha, curtindo o sol. A vida me parecia um enorme céu azul, claro e brilhante, meu peito parecia de nuvem, minha cabeça só registrava aromas, reflexos, pulsações de meu corpo. Era como se eu tivesse tomado uma droga – a droga do amor, certamente. Eu olhava para os dois e sorria, eles me olhavam e sorriam, Paula nos abraçou, feliz e radiante como há tempos eu não a via.
Marcamos com Ferreira de ele nos visitar na terça feira. À tarde, Maria Paula e eu fomos dar um longo passeio no sábado com Sílvia, nossa filha, e não tocamos no assunto do que tinha acontecido. Nada havia a ser dito; ou, por outra, muita coisa havia a ser dita, mas simplesmente não nos sentíamos impelidos a colocar em palavras tudo o que havia nos acontecido. Nem era necessário. Paula e eu dormimos abraçadinhos, como namorados cuidadosos para com o sono do(a) amado(a).
No dia seguinte fiquei atento aos movimentos de Paula. Ela parecia outra pessoa, distante da rabugenta em que se transformara nos últimos meses, da cínica que me respondia com rispidez em certas ocasiões. Deu-me comida na boca no jantar, um gesto que há muitos anos eu não conhecia mais.
E Ferreira? O que estava se passando com ele? Essa pergunta me surgiu várias vezes, eu estava muito curioso em saber. Em parte, essa resposta foi dada quando ele chegou terça feira: trouxe lindas orquídeas implantadas num pequeno tronco para Paula, que desde então passou a adornar nossa varanda, e uma garrafa de uísque para mim. Eu e Paula havíamos comprado uma discreta e fina corrente de ouro para pescoço com seu signo, presente que recebeu durante o jantar.
Pode parecer estranho, mas namoramos no sofá naquela noite, não houve sexo. Nem ele pediu, nem havia clima para isso. Sequer tocamos no assunto do ocorrido na noite de sexta feira. A única frase que aludia à nova situação foi quando, abraçado com Paula, eu me aconcheguei do outro lado e ele me puxou: “ainda bem que tenho dois braços... cabem os dois no meu peito”.
Após ele sair, perto da meia-noite, Paula e eu nos metemos na cama, para meter. Foi uma deliciosa noite de sexo entre nós. Mas eu queria falar com Ferreira, saber o que ele estava achando de tudo aquilo. Marcamos um happy hour na quinta feira e conversamos longamente. Afinal, tinha sido minha a ideia de escolher aquele motel e aquele tipo de abordagem com Paula. Eu a conhecia bem e imaginei que poderia dar certo, mas não tinha nenhuma segurança que fosse ocorrer. Ele afirmou que ficou apreensivo, no início, pois nunca tinha feito nada parecido, ao menos com tantos detalhes. Mas que tinha se sentindo bem e descoberto um autocontrole que não imaginava possuir. Por essa razão, era agradecido a mim, por ter lhe proporcionado essa experiência. E Paula, afinal, havia sucumbido. Disse que usou todas as suas habilidades com ela, pois sabia de suas resistências para com ele no início. Que fora, afinal, um jogo de tudo ou nada. A aposta era alta, mas o objetivo valia a pena.
Tive um impulso de lhe perguntar sobre mim, mas me contive. Acho que ele leu meu pensamento e emendou “você me surpreendeu, nunca tinha passado pela minha cabeça o que dois homens são capazes de fazer juntos”, sorrindo matreiro, uma vez que o ambiente não era adequado para ir mais longe. Mas pisou em meu pé, entendi o recado. Olhei para seu pescoço e vi a correntinha que lhe havíamos dado. Terminamos a conversa acertando de ele aparecer no dia seguinte em casa.
Foi uma noite de muito sexo entre nós. Intenso e fogoso, Ferreira possuía, todavia, uma sensibilidade bem diferente de Márcio ou mesmo Evaristo. Era mais tranquilo, usava uma sedução mais natural, menos ostensiva, destituída de ansiedade. Isso passou a se refletir igualmente em minhas relações com minha mulher, cada vez mais intensas e, também, cada vez menos ansiosas. Eu e ela nos sentíamos amadurecidos, mais sintonizados na qualidade do prazer do outro.
E, incluir mais alguém em nossas relações, foi algo que ocorreu como coisa natural, lentamente construída entre nós três. Faz oito meses que começou, e esse é o tipo de coisa que a gente não sabe se acaba, como acaba, quando acaba. Não é o caso de pensar nisso agora.
FIM