* Naquele mesmo dia, na madrugada...
- Ora, ora ora...Então essa é New Falls. - Disse Alexandra. Uma mulher que 26 anos a uns séculos. Tinha cabelos lisos e negros , olhos verdes como salgueiros, uma pele perfeita, da cor da lua, lábios bem desenhados e rosados, coisa que ela sempre usava para seduzir algum homem. Magra e tinha a altura de uma modelo. Usava roupas de grife,que conseguia com o seu poder de sedução e da mente. - Vai ser bem divertido.
- Alexandra não foi para isso que viemos até essa cidade. - Falou Heleno. Um homem com 29 anos, mas com uma sabedoria de milênios. Tinha cabelo liso e negro como a noite. Seus olhos eram diferenciados, ele tinha heterocromia, ou seja a cor das suas íris é diferente. Um dos olhos dele é azul claro, como o mar e outro castanhos como a areia. Era alto, magro mas musculoso e vestia roupas também de grifes. Pele um pouco bronzeada. - lembre do que faremos aqui.
Então correram, para dentro da floresta sem deixar rastros, como se fossem felinos atrás de sua presa. Desapareceram na escuridão de uma forma mágica, como se as sombras os engolissem para algo misterioso e enigmático. Então atacaram um cervo que passava ali perto, foi rápido e prático, mas é claro, com tantos anos de prática, eles já estavam a costumados com aquilo. Mesmo Alexandra, achando aquilo horrível, pois preferia sangue humano e só deixou a sua dieta por causa de Heleno.
* De manhã, naquele mesmo dia...
- Miah, está escutando isso? - Perguntei a minha melhor amiga.
- Então ele não saiu da cidade - Disse ela fazendo uma cara de contra-gosto - Ele não se foi
Eu não conseguia falar nada, só fui capaz de esboçar um sorriso de orelha à orelha. Thomas estacionou em sua vaga. Ele saiu perfeito como no primeiro dia de aula, em que era o estranho da cidade ou para mim, uma carne nova que eu queria ter. O garoto usava uma calça preta, tênis, camisa branca que mostrava os músculos e seus famosos óculos Ray-Ban.
O garoto passou direto por mim, como se não tivesse me visto. O sinal tocava e eu via sua silhueta sumir pelos corredores. Tinha chegado atrasado para a aula de Filosofia. Minha mente só pensava em uma coisa. Thomas. Ele não tinha me deixado, nem sumido pelo mundo. Enquanto ele esteve fora eu andei pensando e talvez ele esteja certo. Talvez não tenha sido ele quem matou Rebekah e sim aquele vampiro que quase me matou naquela noite. Mas só haveria uma maneira de saber disso e essa seria ter que perguntar para ele. O único problema era minha arrogância de deixar o braço a torcer. Então comecei a traçar um plano.
- Isso mesmo, e não me olha com essa cara Miah - Disse para ela, que fez uma cara nada boa -É simples.
- Nicco, eu não vou para uma floresta sozinha com um vampiro - ela estava saindo da nossa mesa
- Miah, eu preciso saber a verdade e você é bruxa. Sabe se defender - falei segurando o seu braço - Por favor - Foi quando ela se surpreendeu com o que eu tinha acabado de falar e concordou com minha ideia.
Minutos depois que as aulas, eu tinha ido com destino para o lugar marcado na floresta. Estava calma, dava para ouvir os pássaros cantarem, os animais passando. Suas árvores grandes, algumas cobertas de musgo, parece que escondia algo sobrenatural de mim. Sim, eu estou começando a ficar paranoico. Então tudo fica quieto, até demais. Sinto a respiração de alguém atrás de mim. Era um casal bem vestido, com roupas de grife.
- Você deve ser o Nicco, acertei? - disse o homem - Desculpe-nos se assustamos você, meu nome é Heleno e essa é minha esposa Alexandra. - A mulher balançou a cabeça amistosamente.
- Por que está tão assustado? - Falou Alexandra indo até mim, mas ela para repentinamente. - Olá Thomas
- Ola a todos - Thomas tinha chegado com sua rapidez mágica que nem eu conseguia entender direito.
- Eles...Eles são... vampiros?
- Sim, somos meu queridinho
- Alexandra calma, para ele esse mundo todo é novo - Recriminou Heleno
- Mas ele é um Bennet, ele já sabe de algumas coisas - Falou Alexandra de novo
- Vamos com calma, por favor? - Disse Thomas se aproximando de mim. - Confia em mim? - sussurrou ele
- Não - respondi
- Ótimo...
Voltei a mansão dos Castellanis, agora estava sentado no sofá de couro. Olhando para o teto, entediado. Eu estava lá esperando Thomas e seus amigos voltarem de algum lugar daquela mansão , acredito eu, de um quarto de hóspedes. Então eles descem e vem até mim.
Os olhos deles pareiam de falcões, que conseguiam enxergar a minha alma. Mas cada um com uma expressão diferente, Heleno parecia preocupado com algo ou coisa do tipo, Alexandra demonstrava que estava entediada com alguma coisa ou não tinha ido com minha cara e Thomas sempre com um olhar que escondia um mundo por trás dos olhos. Só que nunca chegarei a saber que mundo é esse e se eu conhecer terei medo do que encontrar.
- Então, queridinho, está pronto?
- Pra que? - Perguntei olhando para Thomas
- Para você saber uma coisa...
- Então Nicco, confie em mim - Falou Heleno, por incrível que pareça, ele me passava segurança. - Vamos, quer dizer eu e Thomas vamos te ensinar uma coisa.
- O que?
- A diferenciar um vampiro do outro, quer dizer...Vamos te ensinar a você à dieta do vampiro - Thomas tomava todo o cuidado com as palavras que usava comigo.
- Eu posso saber sobre isso?
- Claro, bem tente expandir os seus sensores ou coisa do tipo - Falou Alexandra
- Como faço isso?
- Tenta sentir a nossa áurea ou nosso cheiro, você vai entender, se tivermos cheiro de algo morto é sangue humano, se sentir cheiro diferente é sangue de animal. - Disse Heleno
- E sobre a áurea?
- Bem, essa você vai ter que ficar de olhos bem abertos. Sangue humano é...vermelho vivo, sangue de animal é um tipo de vermelho mais claro quase rosado. - Thomas enquanto falava, me olhava bem nos olhos.
- Mas como faço isso?
- Bem, todos os caçadores tem algo que inspira, digamos assim, a fazer o poder acender. Você só precisa descobrir a sua - Heleno estava com toda calma do mundo comigo.
- Ok...
Fechei os olhos e tentei me concentrar. Mas não conseguia descobrir como. Tinha aquela noite, eu senti o poder, mas não lembro como. Pense Nicco, você consegue - disse uma voz dentro da minha cabeça, uma voz calma e distante. Tentei lembrar do que eu sentira mas nada.
Alguns minutos depois, todos já estavam desistindo de mim. Foi quando Alexandra disse " Ele é igual ao pai, um fraco, que com certeza morrerá cedo". Então eu explodi. As labaredas começaram a me incendiar por dentro, eu consegui sentir o poder se emanar por mim. Eu estava dentro do ápice dele. Era algo forte, mas forte que qualquer coisa que já sentira na vida inteira. Algo que me consumia e algo bom ao mesmo tempo.
Abri os olhos e vi o que eles estavam falando. Tudo estava diferente, eu enxergava o mundo de uma outra forma. Não via mais o corpo de Heleno, mas sim uma forma humana masculina com cor de vermelho bem claro, um quase rosa. A mulher, Alexandra era quase igual, uma forma humana feminina, mas a cor era vermelho... vivo...
- Ele conseguiu! - Exclamou Heleno, batendo palmas e me desconcentrando antes de ver Thomas.
- sua...SUA VADIA! - Disse correndo em direção ao pescoço de Alexandra.
- NICCO! - Em um movimento rápido Thomas tinha me afastado dela e me empresado na parede do outro lado da sala.
- PIRANHA. EU VOU TE MATAR! - Falei tentando me livrar dos braços do Thomas.
- NICCO, CALMA, OLHE PARA MIM! - Thomas colocou seu rosto em frente ao meu.
Meus olhos ficaram pesados, piquei umas vez, depois duas e outras vezes, e a último rosto que eu vi antes de eu dormir foi o de Thomas.
Estava naquele castelo de novo, tive esse sonho várias vezes. Eu estava no mesmo castelo, no mesmo corredor, correndo de algo que não sei o que era, mas uma coisa aconteceu de diferente nesse. Finalmente cheguei a porta, e vi algo que não foi muito agradável. Rebekah. Vestida com um vestido da idade média, todo preto com detalhes roxo escuro. Pálida como a lua, seus olhos...seus olhos eram vermelhos. Minha pequena era uma vampira eu não podia acreditar. Ela me olhava com um olhar de estranhamento, como se não me conhecesse e olhou para os outros lados, e coisas encapuzadas me pegaram uma de cada lado. Me impediram de chegar até ela. Só que foi Rebekah que veio até mim, estendendo os braços, as em vez de me abraçar ela me prendeu em seus braços e me atacou. Eu senti um dorzinha de leve.
Eu acordei em um cômodo da mansão, não me preocupei muito, pois era sábado e acredito eu que Miah tinha me acobertado. Estava na cama, o quarto tinha uma decoração "diferente", digamos assim, para um vampiro. Era tudo claro, com janelas imensas. Tecnologia nem precisava se falar, da mais alta qualidade, só que algo começou a me preocupar. O que aconteceu noite passada? Eu só me lembro de atacar aquela vadia por beber sangue humano e depois eu apaguei.
Thomas bate na porta, e pede para poder entrar. O garoto senta no meu lado, na cama. Ficamos em silêncio por alguns segundos, até eu tocar nele e faze-lo despertar de algo que estava pensando.
- Desculpa, o café esta na mesa, melhor descer, você deve estar fraco por causa de ontem a noite - Falou ele saindo do quarto.
Eu me arrumei e desci as escadas. A mesa estava bem farta, e o casal já estava lá, só que não comiam quase nada. Fiz o meu prato e comecei a comer. Não parava de olhar para Alexandra.
- Então Nicco - Começou Heleno - O que você viu ontem...
- Eu vi que a vaca da sua mulher é uma matadora desgraçada. - Interrompi-o.
- Você entendeu tudo errado. - Heleno retomou a sua fala. - O que você viu foi uma experiencia. Alexandra não matou ninguém, ela só tomou um pouco de sangue humano do banco de sangue do hospital da cidade. Isso tudo foi um mal entendido.
Fuzilei-o com o olhar e voltei a comer. Thomas estava em outro lugar da mansão, eu estava curioso. Será que o machuquei ontem?
- Cadê o Thomas?
O casal se entreolhou e Alexandra me respondeu:
- Na biblioteca, ocupado com algo.
Sai da mesa. Não consegui mais comer nada. Fui ao meu celular e tinha várias mensagens de Miah e várias ligações de minha tia. Liguei para as duas, e como eu estava esperando, elas gritaram e brigaram comigo. Miah falou para eu tomar mais cuidado ainda, e minha tia falou que era melhor eu voltar para casa agora.
Quando estava saindo Thomas reaparece:
- Vai embora? - Falou se aproximando de mim
- Eu preciso, minha tia vai brigar muito comigo se eu não for. - disse saindo
- Então eu...deixa...
- Fala
- Eu posso te levar até sua casa?Deixa - Thomas estava entrando de novo na mansão
- Espera - Segurei na sua mão. - Me leva em casa
E assim foi. O Porsche parou em frente a minha casa, e eu sai dele, mas Thomas veio junto comigo. Eu não entendi muito bem o que ele estava pensando mas acabei confiando nele. Bato na porta, minha tia abre e começa a me abraçar e a gritar comigo ao mesmo tempo.
- Desculpa senhora, eu não queria que a senhora ficasse preocupado com o Nicco, ele estava na minha casa.
- Ah! Thomas, eu não sabia. É que esse desvairado devia de ligar para mim, pelo menos para falar que estava bem e onde estava.
- Desculpa tia, ai - Ela me bateu no braço, mas não doeu porque ela nunca soube bater.
- E uma das coisas que eu vim hoje aqui é que eu queria perguntar uma coisa
- Diga meu querido.
- o Nicco pode dormir na minha casa de novo?
- Mas é claro, só que amanhã cedo ele precisa voltar
- Tudo bem, prometo trazer ele inteiro
Ok , nem eu entendi isso o que aconteceu direito. Eu ia passar mai uma noite em uma casa com 3 vampiros, e ele prometeu que eu voltarei inteiro. Era a coisa mais estranha que tinha acontecido comigo. Estava no Porsche de novo, via as coisas passaram, o mesmo caminho estreito, alguns amigos na rua se divertindo, todo o mundo estava normal, menos o meu.
Chegamos a mansão, Heleno e Aelxandra estava fazendo coisas no quarto que dava para ser percebido e escutado de longe.
- Como vocês se conheceram? - Perguntei a Thomas, enquanto este preparava algo para eu comer.
- Bem, é uma longa história. Heleno já foi da guarda da minha família, mas ele pediu ao meu pai para sair pois ele tinha se apaixonado por uma vampira e queria viver a eternidade com ela. Ele sempre foi uma pessoa adorável, sabe? Era uma das poucas pessoas naquele lugar que eu realmente gostava de conversar, essa é a forma resumida.
- Ammm...E a Alexandra?
- Na minha opinião, eu nunca gostei dela - Sussurrou ao máximo - sempre foi uma vadia, mas depois que conheceu Heleno ela mudou muito, agora nem se alimenta mais de sangue humano, tirando ontem claro.
Thomas era perfeito, aqueles olhos hipnotizantes. Eu senti tanta a falta dele naquelas semanas.
-Então, acho que eles já acabaram - Falei, quando parou os barulhos vindo de um dos quartos
O garoto esboçou um sorriso e voltou a fazer o que estava preparando. Depois de algum tempo o casal voltou para a sala.
Estava anoitecendo, o sol estava indo embora, iria dar lugar a lua. O céu tinha uma cor laranja lindo, uma das minhas cores favoritas. Eu estava no terraço da casa, contemplava o pleno silencio daquele lugar, podia se ver toda a floresta, ver alguns animais se recolherem e outros saírem para sua caçada natural. As sombras estavam vindo, essa era a parte que me dava mais medo. Sinto alguém se aproximando de mim.
- Desculpa se eu te assustei - falou Alexandra e parou bem do meu lado
- Não me assustei
- Hahaha, você esta sempre na defensiva garoto?
- Não, desculpa...
- Lindo céu, não concorda?
- É, esta lindo.
- Sabe, demorou muito para eu poder ver um, acredito que séculos... - Disse ela com os olhos lacrimejados
- Você não é como eu pensava, uma vad...
- Continua, como uma vadia sem sentimentos, todos acham isso. Não os culpo, mas tem algo que nenhum percebeu. Eu desisti da minha vida de caçadora sem sentimentos, para viver com Heleno, eu o amo mais que minha própria vida. Mas todos só olham para o lado negro da minha existência.
- Nossa isso é tão bonito
-Filhos da puta sem graças. - Falou Alexandra fazendo uma careta
- Hahahahaha
- Mas eu vim até aqui por uma coisa, eu sei o que você sente pelo Thomas. - Eu fique vermelho - Eu sei mais uma coisa. Ele sente o mesmo por você. Só vou dar um conselho, e vindo de mim não devia ser confiável mas esse será. Thomas tem uma alma pura e ele é um gato. Não deixe escapar.
- hahahaha Ok! Pode deixar, esse conselho eu vou seguir.
- Seja um Bennet de verdade, vocês são tudo um bando de fortes. E me desculpa pelo que eu disse do seu pai, era mentira. Ele foi um dos mais fortes que eu já ouvi falar.
- Ta perdoada, por enquanto - Nos abraçamos
- Bem, então é isso, Heleno e eu estamos indo embora.
- Por que?
- Não gosto de ficar no mesmo lugar por muito tempo, nem o Heleno
- Ok... Se cuida
- Pode deixar, e você também
Ela deu um salto e pouso no chão como se fosse uma gata. Heleno estava lá embaixo e acenou para mim e eu de volta. Thomas esta lá embaixo também. Acabei indo descer e encontrei com ele. Só dava para ver a silhuetas deles dentro da floresta já escura.
- Alexandra pareceu ser uma boa pessoa. - Falei encarando
- Tem certeza? - Thomas me olhou com uma cara de desconfiado
- Sim... E aquelas perguntas...
- Quais? - Thomas virou-se para mim.
- Sobre mim...
- Ata, pode fazer
- Er... - Eu estava sentindo o meu corpo esquentar, mas de uma maneira diferente. - Foi você quem matou a minha irmã?
- Essa história de novo? Eu já disse, eu não matei sua irmã e ninguém desta cidade e nem em outras.
- Promete?
- Claro, Por que é tão difícil de confiar em mim?
- E quem disse que não confio?
Segurei a sua mão. Puxei-o para meu encontro e finalmente nos beijamos.