Galera, tenho que me explicar. Meu celular deu pane, o computador também. Fiquei essa semana todinha sem internet. Venho pra casa de um primo postar, mas só posso vir dia de domingo. Estou meio triste, o conto não ta sendo tão lido, mas ta no inicio, ainda tem muito chão com Beto e Carlos. Sei que ta parecendo um romance hetero, mas a história é assim só no inicio, depois que eles começam a namorar a história fica mais interessante.
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A noite se passou rápida, sonhei que terminava com Emília, coisa que estava pensando em fazer antes mesmo de Carlos aparecer. Acordei cedo, cedo até demais, com um sorriso de orelha a orelha. Minha alegria era notada de longe, alegria que até então eu não sabia por que tinha aparecido. Fiz minha rotina diária, levantei, escovei os dentes, enfim, fiz minha higiene matinal completa. Vesti meu uniforme, tomei café e liguei para a Duda.
- Mana já ta pronta? – Perguntei ansioso.
- Sim mano, mas não tô me sentindo muito bem. – Ela disse forçando a voz.
- O que tu tem? – Perguntei preocupado.
- Estou com muita dor de cabeça, acho que são as lentes dos óculos.
- Putz! Logo hoje, agente não ia ajudar o Carlos a estudar?
- Ah mano, mas eu vou pra aula sim. Depois passa.
- Ta bem, estou indo ai te buscar.
Saí de casa, praticamente saltitando até chegar a casa da Duda. Cumprimentei os pais dela e saí correndo. Ela, toda desajeitada veio correndo atrás de mim.
- Hei, espera! Porque toda essa felicidade eim?
- Só acordei feliz! Posso não? Você mesmo diz que sempre acordo mal-humorado, quando acordo alegre, tu ainda reclama?
- Taaaa, não falo mais nada!
Caminhamos tranquilamente até a casa da Emília, que ainda não falava comigo. Eu estava acostumado com isso, mas não suportava mais, afinal de contas, paciência tem limites.
- Emília, precisamos conversar. Quero que depois da aula você venha para minha casa. – Disse eu, transparecendo seguro de mim mesmo.
- Pode ser outro dia? Não estou me sentindo muito bem! – Disse Emília, realmente mal.
- Eu quero que seja hoje! E Não tem mas... ! – Disse eu irritado.
Hoje eu percebo o quanto fui duro com Emília naquele dia, ela sempre foi uma companheira e tanto. Tinha esse jeito chato, mas era uma ótima pessoa e o que o destino planejara para ela, fez com que eu me sentisse mais culpado.
- Ta bem Beto, ta bem.
O caminho para a escola foi super tranqüilo, mas no fundo, eu estava realmente preocupado com a Emília, era muito raro ela estar tão mal assim. Geralmente era uma garota alegre, sem papas na língua e que tinha sempre um sorriso no rosto, mesmo que tivesse com mal-humor.
Os tempos se passaram tranquilamente, por mais que eu tivesse alegre, não tinha ansiedade, estava quase tranqüilo, se não fosse pelo sorriso de orelha a orelha.
O recreio chegou e Emília pediu para que nós ficássemos na sala com ela. Eu assenti e disse que só precisaria de cinco minutos para comprar os lanches e voltar. Duda não deveria estar muito bem também, já que nem os lanches saudáveis ela preparou.
Já estava ficando mais que preocupado, uma garota ruim num dia eu suportaria, agora duas. Já era pegar pesado. Brincadeiras a parte, eu tinha que fazer algo para que elas melhorassem. Meu sorriso nessa hora já tinha desaparecido, e uma preocupação já era visível.
Viajava em minhas preocupações e nem vi Carlos se aproximar. Acabei me assustando e derrubando o suco quando ele soltou um “Hei garoto!”, todos riram e eu fiquei totalmente sem jeito.
- Esta tudo bem? Parece preocupado. – Carlos perguntou me examinando com os olhos.
- Mais ou menos, as garotas estão mal. Ficaram na sala, eu vim somente comprar os lanches.
- Hum.
Era incrível como ficávamos sem assunto e envergonhados. Era a segunda vez que tentávamos ter o inicio de uma conversa e nunca saia mais que 7 frases.
- Me desculpe, mas acho que não iremos estudar hoje na sua casa. Com as garotas desse jeito, eu me sinto obrigado a não deixar elas irem só para casa.
- Tudo bem, eu entendo. Marcamos para outro dia, esse fim de semana, pode ser?
- Pode sim, no sábado. – Disse alegre, ainda bem que Carlos era compreensível.
- Tudo bem então, sábado. – Disse ele assentindo com a cabeça.
- Vou falar com a Duda e marcar com ela. – Disse sem jeito já.
- Tudo bem, esperarei ansioso. – Ele disse com um sorriso lindo no rosto.
Eu ficava louco quando ele lançava aquele sorriso, eu me derretia. É, tinha que admitir, eu estava totalmente apaixonado por aquele garoto. Mas era possível? Em apenas dois dias?! Não tinha certeza, só sabia que eu queria ele, e com certeza, ele também me queria, isso era evidente.
Como tudo que é bom, dura pouco, precisava voltar para sala e saber como as garotas estavam. Estava com medo que fosse algo grave, o caso da Duda nem tanto, ela estava dormindo com a cabeça baixa, mas o de Emília era evidente que era grave, ela estava tão branca quando uma vela.
- Hei minha princesa, o que cê tem? Se anima um pouquinho.
Tinha essa mania, quando ela estava doente eu a chamava de “minha princesa”, “coração” e outros apelidos carinhosos que ela gostava, era um jeito de mostrar que eu estava presente com ela, por mais que não a amasse.
- Não to bem Beto, estou muito fraca, me leva para casa?
- Tudo bem, eu levo sim. Vou só na secretaria pedir nossa saída e a da Duda e te levo para casa.
- O que a Duda tem?
- Ela esta com dor de cabeça, acho que esta na hora de trocar as lentes dela. Ela já vinha reclamando que não enxergava direito, agora isso.
- Poxa Beto, vai logo.
- Tudo bem, mas come algo, cê ta fraca e chama a Duda pra comer.
- Ta bem.
Sai correndo da sala e pedi uma saída na secretaria, a secretária sempre foi muito amiga nossa e não ia negar esse pedido. Chegando em sua sala, expliquei a situação e ela liberou nossa saída. Pedi para ela chamar um taxi, as garotas não agüentariam andar e eu não queria preocupar o pai dela no trabalho, esperaria ele chegar na hora do almoço e explicaria a situação.
Voltei para sala e o pior estava acontecendo, Duda estava segurando Emília enquanto ela vomitava demais.
- Temos que ir Beto, a Emília ta muito mal. – Duda gritava.
- Tudo bem, vamos.
Descemos o elevador de funcionários e saímos ao lado da secretaria. O taxi já nos aguardava. Seguimos diretamente para a casa da Emília, e a coloquei na sua cama, retornei ao taxi e perguntei se a Duda poderia ir sozinha, ela assentiu. Eu paguei o taxista com uma nota de 50 e disse que poderia ficar com o troco.
Voltei para o quarto e fui dar um banho em Emília. Tomei um banho junto, ela não se agüentava em pé, fui forçado a me molhar. Banho tomado e roupas trocadas, preparei algo para ela comer. Quando volto para seu quarto, escuto a campainha tocar. Olho pela janela e vejo sua mãe. Deveria ter esquecido a chave. Volto para a sala e a recebo.
- Beto, o que faz aqui essa hora? – Disse dona Ana com cara de espanto.
- A Emília não ta bem dona Ana, não sei o que ela tem. – Disse quase chorando.
Ta certo, eu não amava Emília, não como namorados, eu tinha um amor de amigo enorme por ela, me preocupava com ela e sempre fazia o que podia para o seu melhor.
- O que minha filha tem? O que ela ta sentindo? – Dona Ana estava preocupada demais.
- Eu não sei, ela vomitou, esta branca com uma vela e não come nada. Esta muito fraca.
- Vou vê-la e fazer algo para ela comer.
- Tudo bem, preciso ligar para a minha mãe. Posso usar seu telefone? Esqueci meu celular em casa.
- Tudo bem meu filho, use.
Liguei para a minha mãe e avisei o que tinha acontecido. Disse que passaria o dia por lá e avisaria se ela não melhorasse. Minha mãe concordou e mandou melhoras para Emília.
Voltei para o quarto e deitei ao seu lado. Ela me abraçou e eu acabei cochilando ao seu lado. O sono foi leve, ouvia sempre seus gemidos e dor e a abraçava mais. Despertei ao seu lado e ela disse que queria água. Desci e peguei um copo com água e umas torradas para tentar fazer com que ela comesse.
Voltei ao quarto, ela bebeu água e quando dava torradas para ela, ela pergunta:
- Quem é Carlos?
- Um garoto novo na escola.
- E... Pelo quê ele espera tão ansioso?
- Eu e a Duda vamos ajudar ele com os cálculos atrasados.
- Hum... Ele é da nossa série?
- Não, não. É do 2º ano.
- E o que vocês querem ensinar a ele se vocês não sabem o assunto?
- Ele vai mostrar um exemplo e nós tentaremos resolver o exercício. Vai ser legal, quer ir também?
- Não! Nem quero que você vá!
- Por que não?
- Porque eu não gosto dele.
- Você nem o conhece!
- Mas eu não gosto dele. Já viu como ele te olha?
- Não! (Mentira! Haaa!)
- Eu sim! Ele quer você e eu não quero te perder!
- Emília, você é linda. Por mais que mereça algo melhor, alguém da sua idade, alguém que possa te dar o que quer, você não vai me perder. Ao menos que queira me perder.
- Eu não quero Beto! Principalmente agora! Nesse estado.
- Eu não seria capaz de te abandonar desse jeito.
- Ainda bem... Deita aqui comigo!
Deitei-me no lado dela e me perdi em pensamente. “Meu Deus, o que faço agora?”. Estava disposto a terminar meu namoro hoje, não esta dando maus certo, mas do jeito que ela esta, não terei coragem. Preciso que isso passe para poder dar um novo rumo em minha vida.
- Beto, você está me traindo com esse garoto?
- Não Emília! Eu não seria capaz, sabe o que penso a respeito disso!
- Poxa, por um momento eu pensei que sim.
- Nunca!
- Vocês se conhecem a quanto tempo?
- Desde ontem, ele entrou ontem na escola. Esbarrei, literalmente com ele quando eu ia no banheiro.
- Foi por isso que ficou viajando ontem?
Não respondi. Odiava mentir para Emília, ela era uma ótima amiga, mas não queria dizer que estava balançado por Carlos, seria doloroso, principalmente no estado em que ela se encontrara nesse momento.
- Beto?
- Oi Emília...
- Você me ama?
- Emília...
- Sim...
- Eu te amo, mas como amigo. Sabe que eu gosto de te namorar, mas sabe mais ainda que eu não consigo te amar como namorada. Te respeito, te admiro, te acho linda, mas eu não te amo.
- Obrigado...
- Obrigado?!
- Sim...
- Pelo quê?
- Por ser sincero comigo... Eu te amo.
Beijei Emília na testa e dormi ao seu lado a tarde toda...
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