NO FIM DO CAPÍTULO ANTERIOR (http://www.casadoscontos.com.br/texto/:
Os olhos dele encheram de lágrimas, ele tentou disfarçar, mas deixei ele pensar que eu não tinha notado. Nunca vi Lucas tão sentimental como ele estava naquele dia. Ele disse:
— Posso ficar na sua casa um pouquinho? Queria conversar com você...
Revelações.
Eu imaginava mil coisas na minha cabeça "Será que ele vai dizer que me ama? Ou vai dizer que não quer ser meu amigo se eu começar a falar com o Emanuel? Será que era só um pretexto pra me dar um beijo ou ficar comigo no meu quarto? Como saber? Não estando pronto pra nenhuma das chances acima, só respondi isso:
— Pô cara, não vai dar... Minha mãe vai precisar de mim o dia todo.
— Pra quê?
— Bom... É... Tipo, cê sabe! — não consegui inventar nenhuma desculpa, notando isso, ele fez uma cara de raiva
— Nossa, se eu não posso nem pedir pra ter um momento sério com o meu "irmão", o que eu tô fazendo aqui?! — falou se afastando
— Lucas, ESPERA! — gritei e fui correndo atrás dele
— Não quero mais papo Bruno, se quiser alguém pra conversar procure seu amigo novo!!!
— Mas...
— Não quero mais ouvir nada! OLHA SÓ COMO MINHAS AULAS COMEÇARAM BEM! — gritou
Eu tentei ser forte, mas não consegui, lágrimas caíam automaticamente do meu rosto, fui correndo pro meu quarto, nem disse oi pra minha mãe, fechei a porta e pulei na cama. Desabei em lágrimas. A quanto tempo eu não via meu melhor amigo, e justo quando eu o vejo acontece uma coisa dessas. Se bem que ele foi bastante ciumento, ele voltou muito diferente do que era antes das férias, aliás, não só ele, como todos nós mudamos.
Sem ter o que fazer, chamei Victória pra poder desabafar, confio muito nela. Passamos a tarde inteira conversando. Depois de falar tudo, ela foi ao veredito:
— Eu nem preciso falar nada, né?
Só assenti. Acho que estava rolando um clima entre nós, melhores amigos, mesmo com um teor de raiva e ciúme.
— Ele gritando comigo... Ele nunca tinha reagido assim comigo... — joguei minha cara contra o travesseiro
— Não precisa ficar assim, Bruninho. Amigos brigam o tempo todo, principalmente quando estão passando por isso.
— Será que...
— Sim Bruno. Ele tá gostando de você, o ciúme é apenas o modo dele demonstrar o medo de te perder. Relaxa, com o tempo as coisas vão fluir, você vai ver.
— E você não vai mudar com a gente por causa disso?
— Claro que não! Não é por isso que eu vou deixar de ser amiga de vocês, pelo contrário, eu adoraria!
— Obrigado Vi, você está me ajudando muito.
— E você? Gosta dele?
— Não sei dizer ao certo. Só sei que, quando voltamos às aulas, comecei a olhar ele com outros olhos sem motivo algum. Nem eu me entendo.
— Quando precisar de mim é só me chamar.
Dei um abraço nela e me despedi. Fiquei com isso na cabeça o fim da tarde e a noite toda. Será que não era errado namorar outro garoto? Por que eu estava apaixonado por ele, se ele sempre foi o mesmo Lucas de sempre? E o Emanuel? Será que vamos ser só amigos ou há algo mais por aí? Gastei meu tempo procurando resposta até deitar na cama e dormir, todo em vão.
No dia seguinte, acordei com a disposição lá embaixo, sabia que o dia não ia ser dos melhores, fui me arrastando escola. Quando chego na escola, mal pude acreditar no que vi, QUE ÓDIO: Lucas estava conversando na maior alegria com Emanuel, que demonstrava nitidamente estar super envolvido na conversa. Bufei de ódio, não sabia de quem sentia mais raiva. Fingi que não vi e fui atrás da Victória:
— Que palhaçada é aquela ali? — sussurrei
— Eles estão nesse papo animado desde que entraram na sala, o gatinho novato parece estar super feliz com a conversa...
Se minha vida fosse um desenho animado, fumaça estaria saindo pelos meus ouvidos, e estaria mais vermelho de raiva do que um tomate. Cara-de-pau como eu sou, fui lá nos dois pra falar APENAS com o Emanuel:
— Oi Emanuel, bom dia! Tudo bem?
— Oi Bruno, bom dia também. Estou bem e você?
— Sim, tudo ótimo, nenhum problema. NENHUM MESMO. — quando disse isso, Lucas se mordeu de raiva, porque dei a entender que eu não me importava em estar brigado com ele ou não.
— Que ótimo. Ops, o professor está chegando, melhor vocês irem pros seus lugares.
O professor chegou. Era Cléber, ele nos dava a matéria de Artes. O vagabundo, logo no segundo dia de aula, passou um trabalho que já valeria uma das notas mais importantes. Deveríamos nos reunir em duplas e apresentar uma performance de canto, teatro ou instrumental. Claro que não teria que sair uma apresentação de Hollywood, mas pelo menos algo agradável aos ouvidos. Ele nos deu a liberdade de fazer as duplas. Antes que Lucas pudesse se mover, corri em busca de Emanuel, que ficou maravilhado e desentendido ao mesmo tempo:
— Ei, você já tinha visto que eu ia escolher ele! — Lucas bufou
~~~~CONTINUA~~~~
Bom pessoal, obrigado pelos comentários positivos, a história demora um tiquinho pra depois esquentar, é só ter paciência que tudo vai se encaixando :)
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