Mente indecisa.
Não precisei esperar mais do que algumas horas pro Emanuel chegar, ainda nas nuvens pelo que tinha acontecido, demorei pra ouvir a campainha, minha mãe tinha ido no supermercado e meu pai trabalha o dia todo, só chega à noite. Portanto, estava sozinho. Quando abri a porta, me deslumbrei, ele estava lindo: usava uma blusa branca estilo regata, um casaco vermelho, uma calça jeans, um tênis e um boné vermelho virado pra trás, carregava o violão na mão e quando me viu mostrou de novo aquele sorriso lindo que ele tem:
— Uau Emanuel, se produziu bem, hein?
— Pô, que nada, hahaha.
— Entra, vamos começar logo com isso.
Subimos conversando umas bobagens, ele tirou o casaco e deixou seus braços sarados à mostra, jogou ele na minha cama, sentou-se e começou a tocar umas notas no violão. Eu só fiquei observando ele, estava adorando:
— Você toca super bem.
— Obrigado... Ah, lembrei: me conta aquela coisa que você prometeu falar.
— Antes de tudo, eu queria que você não ficasse com raiva de mim ou coisa assim quando eu terminar.
— Só está me deixando mais curioso, hahaha. Tudo bem, não vou ficar.
— Então, sua impressão sobre eu e o Lucas estarmos "disputando" você é verdade, nós brigamos e ele tentou te usar contra mim pra me fazer ciúmes, mas isso já passou e estamos de bem agora.
— Ah... Vocês já se conciliaram?
— Sim, não está feliz por isso? Não queria ver minha amizade com ele firme e forte?
— É... Claro que sim... — o rosto dele não negava a decepção
— Não quero ser indelicado, mas por que sua expressão sempre se entristece quando digo algo positivo relacionado à minha amizade com o Lucas ou algo assim?
Notei que ele se espantou com minha pergunta, mas já tinha uma resposta na ponta da língua:
— Não queria confirmar nada agora, mas é que desde quando te vi no primeiro dia de aula, já soube que ia me apegar muito a você, só que não consigo esconder isso com facilidade, o que eu sinto por você foi aumentando cada vez mais. Bem, acho que não preciso dizer mais nada...
Droga, ele estava afim de mim. Nunca me senti tão indeciso em toda minha vida: Lucas, meu melhor amigo, o qual eu beijei ou Emanuel, garoto novato que me atraiu de uma forma inimaginável?
Acho que ele começou a se aproximar de mim em busca de um beijo. Caralho, estava acontecendo tudo rápido demais, minha mente é muito fraca pra aguentar tanta pressão, só o ouvi dizer:
— Me dá um beijo Bruno...
Eu comecei a me inclinar na direção dele, pronto para beijá-lo, afinal, eu também estava contando os segundos para aquilo acontecer, mas me lembrei do que aconteceu entre Lucas e eu um pouco mais cedo, me contive e parei Emanuel, que ficou desentendido:
— O que houve?
— Eu não posso fazer isso.
— Por que não?
Tentei ser calmo e paciente explicando pra ele o que tinha acontecido, eu confiava muito nele, que me entendeu e me respeitou. Assuntos terminados, começamos a escolha da música. Demorou um tempinho, mas finalmente escolhemos. Começamos a treiná-la pra nos darmos bem no dia da apresentação. A hora passou, e como passou, quando vimos, estava escurecendo e nem tínhamos notado:
— Nossa, já escureceu e nem percebemos!
— Sim, acho melhor eu ir embora antes que fique mais tarde do que já está.
Pensei em convidá-lo pra ficar e passar a noite aqui, mas não sei bem se me aguentaria. Aquele corpo definido dele me deixava louco. Quando ele estava saindo, notei que ele esqueceu do casaco, não o avisei. Depois que ele saiu, jantei à mesa e voltei ao quarto, vi o vídeo da música que iríamos cantar e comecei a treinar sozinho, afinal, somente eu ia cantar. Algumas horas depois fui dormir, lembrei do casaco que Emanuel deixou aqui, dormi abraçado com ele, sentindo aquele cheiro tão familiar e que me agradava tanto.
Os dias se passaram, nada de interessante aconteceu. Quanto a Lucas e eu, continuamos na mesma amizade, Victória estava certa, era apenas uma briguinha boba, passou. A única diferença é que, depois de nos beijarmos, ficamos com vergonha de ficar sozinhos um com o outro, nem sei explicar. E finalmente chegou o dia da apresentação do pessoal. Muitos cantaram, encenaram cenas teatrais, mostraram o talento com instrumentos, Victória e Lucas cantaram Oração (http://www.youtube.com/watch?v=QW0i1U4u0KE), eu estava com muito medo, pois como já contei antes, tenho muita vergonha de cantar em público:
— Calma Bruno, vai dar tudo certo. — Emanuel me confortava
— Espero que sim, essa é a única coisa que tenho vergonha de fazer em público.
— Única mesmo?
— Bom, quer dizer... não sei.
Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas não procurei entender. Depois de mais algumas duplas, finalmente chegou a minha vez. Emanuel sentou na cadeira e pegou seu violão, conferiu se as cordas estavam afinadas. Minha voz já estava previamente aquecida. O professor nos deu a deixa para começar, parecia que meu coração ia sair pela boca. Eu não conseguia cantar, mas quando olhei pro Emanuel, com aquela cara dele super ansioso pra me ver cantar na melodia que ele ia tocar no violão me deu forças e comecei a cantar Valeu Amigo, só que no cover da Mariana Nolasco (http://www.youtube.com/watch?v=HCpfsBgFaMo), a voz dela me acalma e adorei esse cover, cantamos mais ou menos no tom dela, mas com minha voz masculina e afinada, claro. Lucas me observava atentamente. Comecei a cantar olhando fixamente pra ele:
— Eu ouvi palavras ditas com carinho
De que na vida ninguém é feliz sozinho
E você é um alguém que sempre me fez bem
Me protegeu e me tirou de todo perigo
E quando eu precisei você chorou comigo
Valeu por você existir, é tão bom te ter aqui... ♫
~~~~CONTINUA~~~~
Obrigado mais uma vez pelos comentários, vocês são um público maravilhoso, estou adorando contar cada parte da minha história para vocês.
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ps: não pude postar um trecho da parte anterior, porque o sistema indicava que o conto estava repetido.