Melbourne estava amarrado a uma cadeira. Apenas uma lâmpada estava acesa sobre ele. Todo o galpão, bem como todas as pessoas que estavam nele, estava oculto pelas sombras. Sua cabeça baixa mostrava que ele ainda não havia recobrado sua consciência. Estava ansioso para que minha diversão começasse.
_ Jeremy, suas caixas. – Disse John ao me entregar duas caixas, uma vermelha e uma preta.
_ Excelente. – Disse dando um abraço nele.
_ Não preciso dizer o quanto sou contra isso, não é? Tenho medo por você. Você tem sido amargo a tanto tempo que tenho medo de jamais ser aquele Jeremy por quem me apaixonei. – Confessou com lágrimas nos olhos.
_ Entendo sua preocupação, mas não posso ser o mesmo depois de tudo que Os Trinos me roubaram. Vou reduzi-los a pó. Eles precisam me pagar por tudo que fizeram. – Disse colocando a mão em seu ombro.
Ele pegou minha mão e deu um beijo. Observei enquanto ele se afastava. Ele era um cara maravilhoso e não merecia sofrer. Infelizmente não foi minha culpa. John e eu já havíamos transado uma vez. Isso foi antes dessa perseguição começar. “Por que preciso viver divido entre eles dois?” perguntei a mim mesmo.
Melbourne começava a dar ares de consciência. Observei sua face sendo erguida e ele procurando uma forma de ver onde estava ou o que estava acontecendo. Ele começou a gritar por socorro. O medo que emanava da voz dele me dava um prazer incrível. Isso atiçava meus instintos. Ele teria uma morte lenta.
Com uma palma, anunciei que uma luz deveria ser acesa. E assim ocorreu. Diante de Melbourne uma luz acendeu, revelando-me sentado sobre uma mesa ao lado das duas caixas que John havia trago para mim.
_ Que bom que acordou, Bela Adormecida! Temos contas a acertar. – Disse com um sorriso malévolo brilhando em minha face.
_ Você?! Como?! Não acredito?!- Indagou Melbourne.
_ Juntou as peças? Vamos, Melbourne! Você nem é tão burro a ponto de não entender tudo que está acontecendo. – Disse dando um salto da mesa.
Eu estava com uma roupa toda preta. Todo o ambiente estava enegrecido. Eu conseguia sentir a surpresa daqueles homens. Percebi que alguns deles estavam saindo. Ouvi algo parecido com “Não serei capaz de ver isso”. Comecei a desconfiar de que apenas John havia restado naquele galpão.
_ Era fingimento, não era? – Perguntou-me furioso.
_ Você quem começou a brincar, Melbourne. Eu apenas entrei na dança. Namorado?! Acha mesmo que eu namoraria um homem tão mais velho. Melbourne, você deve ter uns três tipos de problemas cardíacos. Se seu pênis ainda servir para alguma coisa, com certeza seria apenas para urinar e olhe lá. – Disse debochadamente.
_ Seu viado desgraçado! Eu vou acabar com você como fiz com aquele idiota do seu pai. – Disse com um sorriso.
Desferi um soco com toda a força. Respirei fundo. Eu precisava me controlar. Eu tinha que fazer algumas perguntas. Ele deveria estar respirando para respondê-las. Eu precisava me manter calmo, mas se ele me provocasse muito seria difícil. Abri a caixa preta e retirei dela um par de adagas sai. Elas eram feitas de titânio e os cabos eram de cor vinho. Ganhei essas armas de presente dos meus tios, Jordan e Elessa Siren.
Com um rápido movimento fiz um corte na bochecha esquerda do traste. Estava começando a me divertir. Finalmente as minhas adagas seriam usadas para alguma coisa.
_ Posso fazer você sangrar muito mais. Quero saber exatamente o que aconteceu no dia do assalto. O que eles procuravam? – Exigi.
_ Não direi nada.
_ Melbourne, não seja idiota! Eu matei Ashley porque ela não sabia de nada, mas de você posso arrancar informações muito mais valiosas. Diga! O que eles queriam?! – Indaguei com fúria.
Ele fez silêncio. Se não queria cooperar, poderia ter avisado antes. Foi prevendo que ele não colaboraria que pedi para John trazer minha caixa vermelha. Dentro dela havia um kit de seringas com soro da verdade. Melbourne me contaria o que eu queria saber, custasse o que custasse.
Abri a caixa e tirei uma seringa. Notei que ele começou a suar e se mexer muito. Talvez ele pensasse que aquilo fosse uma espécie de droga ou veneno. Confesso que também tenho seringas para ocasiões próprias. Aliás, usei uma delas para matar o sr Angwar no País de Gales.
_ Decidiu me matar mais cedo? – Perguntou com um sorriso triunfante.
Nada respondi. Apenas lhe apliquei o soro e dei um sorriso de canto de boca. Era uma questão de tempo. Fiquei provocando-o e ele rebatendo minhas palavras. Eu precisava fazer com que o sangue dele fosse tomado pelo soro. Em poucos minutos notei que ele começou a ficar mais solto.
_ O que você injetou em mim? – Indagou suando.
_ Soro da verdade. Agora, você vai me contar tudo o que eu quero saber. Me diga, Melbourne, o que Os Trinos estavam buscando entre as coisas do meu pai? – Perguntei sentando-me novamente sobre a mesa.
_ Eles me oferecem uma grande quantia em dinheiro para que eu conseguisse colocar as mãos em um projeto que seu pai estava desenvolvendo. Era algo relacionando tecnologia e engenharia genética. Não sei ao certo, porque nem li o conteúdo dos arquivos que os entreguei. Apenas fiz meu serviço dando as informações e facilitando que eles pudessem ter acesso a essas informações. – Contou com cara de arrependimento.
_ Quem foi que negociou com você, Melbourne? – Questionei.
_ Sarah. Sarah Amantha. – Respondeu.
_ Quem é Sarah Amantha?
_ Um dos chefes dos Trinos. – Respondeu e percebi que ele estava desfalecendo.
_ Onde posso encontra-la?
_ Paris. – Disse quase sussurrando.
Pronto. Eu já tinha a informação que eu queria.
_ Adeus, Melbourne!
Lancei minhas duas adagas em sua direção. Usei toda a minha força e elas cravaram em seu peito como se ele fosse uma batata espetada por um palito. O sangue começou a verter dos ferimentos e de algumas partes de seu corpo. Notei que algumas lágrimas escorriam de seus olhos. Talvez houvesse arrependimento nele, mas ele não soube aproveitar a chance que teve.
John saiu das sombras e veio me abraçar. Comecei a chorar sem saber o motivo. Talvez eu soubesse, mas me negasse a admitir. Eu havia me tornado um monstro. Um monstro destrutivo e sem amor. O calor do corpo do John me acalmava. Ele me levou para casa e deu ordem aos homens para que se livrassem do corpo em algum lugar. Era incrível como ele me tratava. Ficou a noite toda comigo. Abraçando-me e me consolando. A última coisa que lembro dessa noite foi de dizer “Obrigado!”.
…
As vestes negras que cingiam as pessoas paradas diante do túmulo de Marcus Melbourne contrastavam com os tons alaranjados que pintavam o céu de Londres naquela tarde. As pessoas iam saindo aos poucos, restando apenas eu.
_ Descanse em paz, infeliz! – Disse e cuspi sobre a lápide com o nome de Melbourne.
Ao caminhar na direção de meu carro meu celular começou a tocar. Era minha avó.
_ O que houve, Albumena? – Perguntei.
_ Isso são modos de tratar sua avó, seu ingrato! Discuto sobre isso depois com você. Marcel está a caminho de Londres para te buscar. Preciso dos dois em Paris imediatamente. Seus tios foram assassinatos e Garrat está arrasado. – Ela disse sem esconder sua preocupação.
Ao ouvir o nome dele, meu coração estremeceu. Garrat Siren era meu primo, filho dos meus tios Jordan e Elessa. Ele foi meu primeiro amor, o homem que tanto assombra meus pensamentos. E por ironia eu teria que ir a Paris. Paris. Garrat mora em Paris e Sarah Amantha também estava lá. Era hora de colocar um fim nessa história.
_ Tudo bem. Vou arrumar minhas malas. – Disse tentando me despedir.
_ Já conversei com Anne para aprontar suas malas. Apenas pegue-as e vá ao aeroporto encontrar-se com Marcel. Tem de ser rápido. – Disse desligando o telefone sem se despedir.
“Típico!” pensei. Tudo estava cooperando de forma confusa para mim.
John estava encostado em meu carro me esperando. Eu comprei um carro novo para ele, já que me afundei com o antigo no rio Tâmisa. Meros detalhes.
_ Podemos começar do zero? Você vem sempre aqui? – Disse abrindo um lindo sorriso e me envolvendo pela cintura.
_ Não posso, John. Vovó precisa de mim em Paris e Marcel, um dos meus primos americanos, está vindo me buscar. – Disse saindo do seu abraço.
_ Paris? Vai procurar Sarah ou Garrat? – Perguntou um pouco irritado.
_ Preciso dar assistência a Garrat e vou aproveitar para eliminar aquela vadia. – Disse com confiança.
_ Quero que saiba de uma coisa, Jeremy: não importa quanto tempo demore. Estarei esperando por você, bem aqui. Eu não vou desistir de nós. Eu te amo e não tenho vergonha de dizer isso. – Disse beijando minha testa.
_ Obrigado, meu anjo! Meu anjo! – Disse dando um selinho nele.
Entrei em meu carro e dei a partida. Passei em casa, peguei minhas malas e fui para o aeroporto. Não demorou muito para que o avião vindo de Venice chegasse. Marcel saiu do portão de embarque e veio falar comigo.
_ Quanto tempo, Jeremy! Pronto para mais uma missão? – Perguntou sorrindo.
Havia esquecido o quanto todos os Siren eram cativantes e belos.
_ Eu nasci pronto! – Disse dando uma piscadela.
Ambos rimos e aguardamos o voo para Paris. Uma nova etapa estava iniciando e um grande desafio ainda estava por vir.
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Abou! hahahahahahaha
Boa noite, galerinha que eu tanto amo... Bem, o final está aí... Viram? O man dos devaneios do Jeremy era o primo dele, Garrat Siren, que será o narrador de VERTIGEM... A prévia de VERTIGEM será postada... Bem galerinha, espero ter conseguido entretê-los nessa aventura... foi muito divertido para mim escrever esse texto... aliás, essa séria é muito legal... eu vi uma pessoa perguntar, então vou adiantar: a Família Siren é um grupo paramilitar que surgiu após a Segunda Guerra Mundial... Isso será esclarecido no último conto da série... Pessoal, estejam enviando good vibes para mim, pq estou passando por um momento muito confuso... Vou precisar muito do apoio de vcs... Posso contar com vcs??? Espero que sim... Uma abraço a todos os que lêem/comentam/votam...
* Mô, vc é um presente de Deus na minha vida... Te amo, amiga/irmã...
* Akami, eu estou envelhecendo... yo necessito de aposentadoria... hahahaha
* Grandão e Baixinho, amo vcs e sabem bem disso... Sem vcs não faria sentido estar aqui ainda...
* Ru/Ruanito, seu medroso... a cirurgia foi zen, ainda mais que meu cirurgião era um pedaço de mau caminho... Vontade de me perder naquele corpo... Eike delícia... hahahahaha
* vc que lê apenas, obrigado pela atenção... mesmo não conhecendo ou conversando, receba meu abraço e meu agradecimento...
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