Como eu me chamo?
Bom, hoje eu tenho um nome que logo eu direi, mas um dia eu já fui Rafael...
O que vou contar hoje é sobre esse tal “Rafael”, cuja vida foi brutalmente destruída e substituída por outra...
Antes eu era inocente e sonhava com o amor verdadeiro... Hoje eu sonho com vingança e destruição de todos aqueles que participaram da minha morte...
Minha historia começa assim:
2003
Eu estava com 15 anos e morava com Judite minha tia em uma mansão aonde ela trabalhava como empregada domestica, ela trabalhava nesta casa há muitos anos e eu estava ali com ela desde que meus pais faleceram há dois anos... Dizer que tia Judith gostava de mim era meio que ser bem otimista, mas digamos que a pensão que eu recebia do governo lhe era bem conveniente... Mas de certa forma era bem melhor morar com a única pessoa que me restava na família do que terminar em algum lar adotivo... Assim eu pensava.
A tia Judith tinha seus 35 anos e era uma mulher bem intensa, desde que eu vim morar com ela eu á vi terminar e voltar com o namorado Diego pelo menos uma dúzia de vezes, e ela tinha o habito de trazer o cara para passar a noite com ela no quarto que dividíamos e eu era convidado a me retirar e dormir num colchonete que havia no porão da mansão, quando eu á questionava sobre o que ela via no Diego além do fato de que ele sempre pegava dinheiro com ela, ela virava e dizia que eu não sabia de nada, pois ele tinha muitas qualidades...
Eu sabia que uma das qualidades do Diego era o de atuar muito bem... Afinal eu sabia que ele era gay já que eu o vi dando uns amassos com um carinha que esta na minha escola... Gay e pedófilo...
A família para qual minha tia trabalhava era bastante rica, era composta por Veronica, “a patroa” como minha tia dizia, ela era uma mulher muito elegante e muito bonita, magra, alta, muito fria e calculista, Sr. Ricardo “o patrão”, um homem muito inteligente, gentil e permitiu que eu viesse morar na casa com minha tia, e depois temos os filhos Camilla e Heitor, a Camilla tinha 22 anos e era muito linda também assim como a mãe e estava noiva, o Heitor tinha 18 anos e era o típico playboyzinho e tinha tudo o que um cara da sua idade poderia querer, e ele com certeza era o cara mais lindo que eu já tinha visto, loiro, 1,92 de altura, magro e malhado, olhos castanhos e era o único que se importava comigo naquela casa...
Eu era meio que invisível naquela casa e sempre me esforçava o máximo para assim continuar, pois a dona Veronica achava um cumulo eu ficar zanzando pela casa...
Eu estudava na parte da manha e sempre que eu chegava a casa eu ia direto para o quarto onde eu passava a maior parte do tempode novembro deSexta-feira
Droga de colchonete... Affff eu sentia minhas costas arderem de desconforto... Passar a noite em um colchonete velho num porão era uma péssima maneira de curtir a virada da sexta para o sábado... Mas eu iria aproveitar que hoje eu não tinha aula pra ficar um pouquinho mais deitado... E era um lugar que ninguém vinha mesmo...
Do nada escuto um barulho e passos nas escadas...
Droga... Devia ser tia Judith vindo pedir para eu ir compra os cigarros do Diego...
Abri meus olhos e fui me levantando... Fui tateando o chão escuro à procura da minha bermuda já que eu havia deitado só de camiseta e cueca...
A luz é acesa... Quando eu me abaixava para pegar a bermuda...
- Tia eu já estou indo, só estou... – Paro de falar assim que viro para encarar minha tia e ao invés de sua cara de brava eu o vejo... Lindo e loiro... Olhando para mim... Engulo seco...
- O que você esta fazendo aqui? ... – Heitor pergunta olhando para mim com cara de quem quer rir...
- Bom eu... Eu... Tipo... Estava... Dormindo... – Foi o máximo que consegui dizer...
- Hummmm, interessante, desculpa ter interrompido eu só precisava achar uma coisinha e acho que deve estar por aqui... – Ele diz e vai ate um armário e começa a fuçar umas coisas...
Ele estava vestindo uma calça clara de linho e uma camiseta polo azul... E cheirava a banho e creme de barbear...
Droga... Eu estava um horror...
E com bafo...
Ele esta de costas pra mim e continua a procurar sei lá o que dentro de umas caixas...
Lembro-me que ainda estava de cueca e com a bermuda na mão então eu á visto rapidamente...
Ele então acha uma caixa que estava escrito Victor Hugo, me toquei que era da marca de bolsas, ele a abri e olha o conteúdo de dentro e a fecha novamente e a segura...
Ele me olha com seus olhos castanhos e da um leve sorriso nos lábios...
- Vai fazer o que hoje? – ele me pergunta...
Fico tão admirado com seu rosto que me esqueço de responder...
- Eu?
Ele ri...
- É, você... Eu vou dar uma festa na chácara da família e se você estiver a fim de ir... – Ele diz e sorri novamente e vai saindo...
Eu o acompanho com os olhos...
- Ahhh tah... Claro... – Respondo sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas...
Ele sorri e sobe as escadas levando a caixa consigo...
Ai meu Deus...
Eu acabei de ser convidado pelo Heitor a ir a uma festa dele...
Meu coração parece que vai saltar boca a fora...
Bom eu precisava conversar com alguém... Um amigo... Nesse caso minha melhor amiga...
1 hora depois eu estava na frente da casa da Natalia minha melhor amiga... A Natalia também tem 15 anos e é uma garota pálida, baixinha, olhos escuros e cabelos lisos e vermelhos...
- Não acredito, eu não acredito... AHHHHHHHHHHHHHHHHH Meu Deus... Rafa isso é perfeito... Você tem que estar lindo...
- Nat, mas... Será que eu deva ir mesmo? Sei lá ter tanta gente que eu não conheço... E Não sei se é uma boa ideia...
- É claro que você tem que ir... Alôôuuu... Acorda Rafa... Você acabou de ser convidado para uma das festinhas do príncipe encantado e não sabe se é uma boa ideia ir? Afffff... Às vezes tenho vontade de te socar...
- Nat eu nem tenho roupa pra usar... E vou fazer o que lá... E só vai ter gente cheia da grana e bonita neste lugar, tenho certeza...
- Rafa você já se olhou no espelho? Rafa você é um dos carinhas mais lindo que eu já vi... E além do mais você ralou um monte na escola esse ano e merece se divertir... Já não basta ter que aguentar aquela vaca da sua tia...
A tua Judite não era uma vaca... Bom... Pensando bem ela era sim...
- Nat eu acho...
Ela me interrompe.
- Sem mais nem menos... Você vai e pronto... E sobre o que vestir... Bom eu posso pegar alguma coisa do meu irmão pra você... Tenho certeza que as roupas que ele compra vão ficar muito mais lindas em você do nele... E aquelas roupas de marcas merecem um corpitcho como o seu...
O irmão da Nat trabalha como vendedor em uma loja que vende várias marcas TOPS...
- Bora... Vem que vou te ajudar a se arrumar pra esse evento... Essa com certeza vai ser a noite da sua vida o Ciderelo...
Ela de certa forma tinha razão eu precisava mesmo me divertir e, além disso, era só uma noite e caso eu não me sentisse bem eu poderia voltar embora...
Entramos então na casa da Nat e fomos direto para o quarto dela... A Nat não era uma menina que gostava muito de se arrumar, mas não que ela não soubesse ou algo do tipo, mas ela simplesmente gostava de ser mais natural...
Ela praticamente me deu banho e tosa... Kkkkkkk
Lavei meus cabelos, ela usou uns trocentos produtos e me deu vários esfoliantes e tals... Ela meio que exagerou... Cortou as pontas dos meus cabelos o que eu gostei, pois estavam um pouco mais curtos e mais estiloso.
Depois disso veio à parte de escolher alguma roupa...
Ela me fez provar varias...
E no final acabamos escolhendo uma calça da Calvin Klein preta e uma camisa azul... E pra finalizar um blazer jeans escuro...
Eu me olhei no espelho e me espantei com o que vi...
- Rafa você esta um gato... Você com certeza vai ficar com alguém nessa festa... Você esta muito gato e essa calça justa deixou você com uma bunda... Uau...
- É eu gostei... Mas essa calça esta marcando muito não esta?... Será que não está meio exagerado?...
- Rafa não tem nada de exagero e essa camisa fez seus olhos azuis ficarem ainda mais brilhantes...
Isso era verdade...
E será que o Heitor ia notar? Não que a opinião dele fosse relevante afinal ele com certeza seria alvo de muitos olhares e a festa iria estar cheia de mulheres lindas...
Tirei a roupa e guardei em uma sacola... A Nat me acompanhou ate a porta...
- Meu amigo... Arrasa nesta festa ok... E não deixa ninguém fazer você se sentir inferior pois você esta um gato e com certeza vale muito mais do que qualquer um que esteja lá... E é claro me conta tudo ok...
- Nat o que seria de mim sem você?...
- Nada com certeza...
Dei um abraço nela e fui embora...
Cheguei à mansão e fui direto para o quarto que eu dividia com minha tia... E é claro que o Diego estava lá...
- E ai moleque? Aprontando muito?... – Ele diz e me olha com um sorrisinho no rosto...
- Oi Diego...
Fui saindo assim que respondi... Não estava a fim de ficar dando trela pro Diego... Uma porque me sentia estranho com a forma que ele me olhava e outra porque eu já sabia que iria ter que dormir no porão novamente...
Quando ia saindo eu trombo com minha tia e derrubo as sacolas...
- Olha pra onde anda moleque... – Essa coisa de me chamar de moleque foi um habito que ela havia adquirido com o Diego... – Aonde você acha que vai com tanta pressa... E que sacolas são essas?...
Juntei as sacolas e sai sem muitas explicações e nem tinha intensão de dizer uma só palavra sobre aonde eu iria e ela também nem notaria que eu saí...
- Já estou indo para o porão... Tchau...
Fechei a porta atrás de mim e fui indo rumo ao porão...
Abria a porta e entrei...
Assim que desci as escadas quase morro de susto e surpresa quando vejo que o Heitor estava ali parado encostado na parede me olhando...
Ele estava impecável... Com calça clara e blazer claro... E seus músculos acentuando o corte de suas roupas perfeitas...
- Oi...
Ele me olha com seus olhos penetrantes...
- Oi...
Digo corando ate a raiz dos cabelos...
- Fiquei pensando se você iria à festa... – Diz ele desencostando da parede e caminhando em minha direção lentamente...
Engulo em seco...
- Vou... Vou sim... – Digo em um fio de voz...
Assim que ele para na minha frente eu sinto meu estomago revirar...
Seu perfume invade minhas narinas... Delicioso...
Ele então olha para as minhas sacolas...
- São as roupas que você vai usar?...
- Não... Quero dizer... São...
Ele da um sorrisinho de lado.
- Posso ver?
Penso por um tempinho e então abro as sacolas e pego o blazer e mostro para ele...
Ele me olha nos olhos...
- Posso ver em você?...
- Mas... Eu vou me trocar no banheiro... Já volto...
Meu estomago revirava... Algo que eu não sabia o que significava...
Vou me virando pra subir as escadas então sinto sua mão segurando o meu braço...
- Pode se trocar aqui mesmo... Afinal o quem tem né? Só estamos nós dois aqui mesmo... A não ser que você tenha vergonha de se vestir na frente de outro cara...
Minha mente estava turva... Eu não conseguia pensar ou responder...
Fiquei parado...
Sentia meu rosto arder...
Afastei-me um pouco e comecei a tirar minha camiseta...
Ele percebe que estou com vergonha...
- Eu me viro... – Ele diz e da um sorrisinho e vira de costas para mim...
Termino de tirar a camiseta e me viro de costas e começo a tirar meu sinto e calças... Olho de relance e vejo que ele continua de costas...
E começo a me vestir e volto a olhar e vejo que ele esta me olhando...
Pego a camisa e coloco rapidamente... Atrapalho-me com os botões... Respiro e continuo...
Assim que termino eu volto a olha-lo...
Ele se aproxima e ergue a mão ajeitando o colarinho da minha camisa...
- Pronto... É você esta muito bem... – Ele diz e sorri...
Inevitavelmente sorrio também...
- Vou ir sozinho no carro... Quer ir comigo?
- Eu?... Ahã... Claro...
Meu estomago dava voltas e loops... Eu não sabia descrever... Era algo novo... Forte...
Ele subiu as escadas e eu fui atrás...
Entramos no porche prata dele... Eu estava muito desconfortável... E claro que eu não sabia nem o que fazer com as mãos e muito menos o que falar...
Ele liga o carro e sai... Ele continua quieto...
Ele então liga o radio e começa a tocar “Pretty Baby – Vanessa Carlton”, uma das minhas musicas favoritas...
Ele continua dirigindo e eu o vejo de soslaio... Seu olhar é fixo na direção porem vejo um traço de ansiedade...
- Fica muito longe a chácara? – Crio coragem e perguntopouco... E eu vou só passar em um lugar antes que tenho que entregar uma caixa coisa para um amigo e de lá nos vamos para a chácara...
Meu estomago se contrai... Acho que de nervoso ou ansiedade... Não sei...
Algum tempo depois estávamos entrando em uma estrada de chão...
Uma sensação meio sombria passa por meu estomago...
Acho que me expressão era tão séria que ele coloca uma mão em meu joelho...
E outra sensação mexe comigo...
- Ei fica tranquilo tenho certeza que você vai curtir... Relaxa... Confia em mim ok?...
Ele sorri para mim...
E um tremor toma meu corpo... Mas... Seu sorriso me aquece...
Sorrio também...
- Tá... Eu confio...
A estrada é escura... Só vejo mato em todos os lados e a escuridão...
Ele então vai entrando em outra estradinha e vai parando o carro aos poucos... Vejo então mais dois carros estacionados perto de um casebre de madeira abandonado...
Ele desliga o carro porem mantem os faróis acesos...
Desce do carro e da à volta...
Ele para do lado da minha porta e se curva... Seu rosto próximo do meu...
Ele sorri e abre a porta luvas e retira uma caixinha dali...
A mesma que ele havia pegado mais cedo no porão...
- Vem... Eu vou só entregar essa caixa e ai nós já vamos... – novamente ele sorri e estende a mão para mim...
Meu coração martela dentro de mim... Medo... E... Algo a mais o que eu não sabia descrever ou nomear...
Penso... Respiro... Olho em seus olhos... Calorosos...
Pego em sua mão e saiu do carro...
Caminhamos ate o casebre e vejo que passa uma luz tênue pelas frestas das madeiras das janelas...
Ele bate á porta...
E um cara a abre...
Ele adentra o casebre e continua segurando minha mão...
Aperto-a e ele corresponde firmemente...
- Grande Heitor... Achei que você não viria...
Reparo que na casa a quatro caras muito bem vestidos além do que cumprimentara o Heitor...
Todos me olhando com semblantes escuros...
Sinto um nó na garganta... E dizia a mim mesmo no inconsciente... RELAXA...
- Percebi que você trouxe o que eu pedi... – Diz o cara Ruivo que abrira a porta...
Heitor o olha serio e solta a minha mão... Fico temeroso e sinto a bile subir ate a garganta...
Ele então pega a caixinha a segura com as duas mãos...
Meu Deus o que seria que havia naquela caixa... Drogas?... Arma?...
Tudo passava pela minha cabeça...
Não conseguia fazer uma imagem dele como traficante ou coisa do tipo...
Seja o que for eu queria que ele entregasse rápido e fossemos embora...
Ele então abre a caixa...
Estou atrás dele e não conseguia ver o que era...
Entrega logo...
Vejo que os caras não paravam de me olhar...
Sentia minhas pernas tremerem...
Heitor abre coloca a tampa da caixa em cima da mesa e retira de lá uma seringa e um charuto...
Charuto?...
Porque ele iria dar um charuto ao ruivo e aos amigos dele?...
O ruivo passa por mim e fecha a porta...
Mais um calafrio passa por mim...
Em quanto isso Heitor acende o charuto... E o coloca na boca...
Os outros caras se levantam e vem vindo em direção a nós...
Meu deus...
Não aguento mais...
- Entrega logo a seringa pra ele Heitor e vamos embora... – Digo com a voz embargada...
Ele continua de costas pra mim...
O ruivo me olha com cara de surpreso...
- Entregar a seringa?... – Ele me olha com espanto... E sarcasmo... – Ele já entregou o que eu quero... Você
Minhas pernas ficam moles...
Seguro firme no braço do Heitor, mas o mesmo fica imóvel... E não olha para mim...
Então o ruivo segura meu braço... E eu sinto uma pancada forte na cabeça...
Tudo se apaga...
CONTINUA...
SE VOCÊ QUISER FALAR COMIGO...
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