NO FIM DO CAPÍTULO ANTERIOR:
Voltei pro quarto e liguei minha TV. Não sei o que vai ser daqui pra frente com Emanuel atormentando nossas vidas. Meu celular vibrou, era uma mensagem de Emanuel, nela estava escrito o seguinte: "E aí amorzinho, gostou do que aconteceu hoje? Só queria dizer que isso é só o começo, beijo."
Merda, o que eu faço agora? Com esse demente enchendo, vai ser difícil recuperar a felicidade de antes. Liguei pra Victória e contei tudo, precisava desabafar. O pior de tudo é que amanhã eu veria ele de novo, cara a cara, e mais uma vez não poderia fazer nada. QUE RAIVA!
Cheguei na sala com a pior cara possível, tive que encarar o cara que eu mais odeio o dia todo. Na boa, o que ele ganha fazendo isso, se sabe que eu nunca vou voltar pra ele?! Já fui me aproximando da Victória, que me recebeu na sala com um beijinho na bochecha:
— Tô p-a-s-s-a-d-a! Quem esse psicopata pensa que é?
— Eu sei lá, a única coisa que eu sei é que ele tá passando dos limites com essa história. — notei que ele nos observava de longe — Victória, começa a falar mais baixo, ele tá olhando pra gente — sussurrei
— Certo. Bom... E o que você vai fazer?
— Eu ainda não sei muito bem. Só que sei que preciso tomar uma atitude.
— Vai com fé, Bruninho, precisar tô aqui.
— Obrigado Vi.
Sem o Lucas na sala, a aula perdia toda a graça, agora eu sei o quanto eu sou apegado a ele, eu realmente não estava com vontade alguma de prestar atenção na aula. Vez ou outro alguém perguntava "Cadê o Lucas?" e eu sempre respondia a mesma coisa "Ele tá internado, ele foi agredido." e as pessoas sempre tinham a mesma reação, de espanto. O intervalo passou, as aulas depois dele também, e finalmente chegou a hora da saída, não aguentava mais ficar naquela sala, me despedi de Victória, chamei ela pra ir comigo pro hospital visitar Lucas, mas ela disse que não podia, uma pena. Notei de novo que Emanuel ficava de longe nos olhando, cansei desse joguinho. Cansei mesmo. Gritei:
— ATÉ QUANDO VAI FICAR ME ESPIONANDO PELOS CANTOS? JÁ NÃO BASTA O QUE FEZ?
— Eu quero que você perceba que, se não vai ficar comigo, não fica com mais ninguém também.
— Se enxerga, idiota. Eu não te pertenço pra você ter essas crises de loucura.
— Você foi meu por um dia, um dia que acabou com uma amizade de infância, não percebe o quão forte é nossa relação?
— Não aguento mais ouvir suas idiotices, espero que saia de perto da gente o mais rápido possível. ACEITA QUE EU TE ESQUECI!
Ele ficou em silêncio, foi embora, esbarrando em mim de propósito. Pude até sentir aquele cheiro tão familiar que um dia senti enquanto estávamos prestes a nos doar na cama. Esquece isso, Bruno!
Fiz o caminho de casa sozinho dessa vez, mais uma vez confirmando o vazio que Lucas faz em mim quando não está comigo. Logo que cheguei em casa, falei logo pra minha mãe que eu queria ir de novo visitar Lucas, ela aceitou, já que dessa vez eu avisei a ela antecipadamente. Fui pro meu quarto, lembrei do bilhetinho que Lucas deixou na manhã que foi embora, essa foi a última coisa que me fez lembrar dele. "Minha mãe deve estar preocupada, tive que ir antes de você acordar. Adorei nossa noite e obrigado por cuidar de mim, te amo.": tem como ser mais fofo? Eu sou o cara mais feliz de toda a Terra, com um namorado desses.
Chegou a hora de ir, entramos no carro e nos dirigimos até o hospital, as estradas estavam meio congestionadas, por isso tivemos um pouco de problema pra ir. Detalhe: eu não avisei pro Lucas que ia, queria fazer uma surpresa. Cheguei no hospital, nos dirigimos a recepção, notei que não era a mesma moça que tinha me atendido na outra vez, falei o nome do paciente, tive que informar meu nome, o mesmo processo. Mas o que ela disse após eu falar meu nome me surpreendeu: já havia uma pessoa dentro do quarto dele com o mesmo nome que o meu. Não podia ser, um engano talvez. Pedi pra ir lá pra resolver o mal entendido, mas quis ir sozinho. Ela me deu a permissão e fui voando até o quarto dele. Quando vi quem estava no quarto, tomei outro grande susto. Adivinha? Ele mesmo: Emanuel! Ele estava bem perto da cama que Lucas estava (era um quarto só pra ele), e Lucas estava chorando. Meu olhar de ódio foi o mais explícito que alguém poderia ter:
— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?!
— Estava só fazendo uma visitinha pro meu amigo. — aquela ironia dava vontade de matar ele
— E POR ACASO SEU NOME É BRUNO?!
— Claro que não, mas ele não me deixariam entrar se eu dissesse meu nome.
— O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?!
— Pode deixar, que essa parte eu deixo pra ele contar. Agora já vou.
— Isso não vai ficar assim, tá ouvindo? DEIXA A GENTE EM PAZ! NÃO SABE VER OS OUTROS FELIZES, NÃO?!
— Sinto informar, mas suas ameaças não me assustam.
— SOME DAQUI AGORA!!!
— Só pra lembrar: vou sair aqui, com certeza vai ter um mal entendido lá fora, você vai me acobertar se não quiser que coisas piores aconteçam com esse babaca.
Essa me surpreendeu, mas tive que aceitar, afinal, não podia colocar Lucas em risco por coisas minhas. Ele saiu com a maior tranquilidade, como se fosse a coisa mais normal do mundo. QUE RAIVA! Cheguei perto da cama, segurei a mão dele com a maior delicadeza, as lágrimas já estavam saltando dos meus olhos, assim como ele também estava chorando, foi aí que ele disse:
— B-Bruno...
— Lucas, dói. Dói muito te ver sofrer aqui por minha causa. Dói te ver aqui nessa cama por eu ter te beijado. Te amar dói, e eu não quero que você sofra mais do que isso.
— Eu não ligo por passar os dias aqui até me recuperar, o nosso amor é mais forte do que isso, lembra? Quando eu ficar bom, nós vamos juntos nos livrar desse idiota!
— Que lindo, a cada dia eu sou mais feliz ao seu lado! — ele sorriu
— Eu te amo.
— Também te amo, amor. O que ele te disse quando tava aqui?
— Quando ele chegou, eu me assustei, eu pensei em gritar, mas ele disse que se eu gritasse ele ia me matar aqui mesmo. Ele mandou eu me afastar de você e quando eu saísse daqui em chegar perto porque senão "a coisa ia sujar pra mim".
— Canalha! Mas não se preocupa mô, eu ainda vou resolver isso tudo. Quer dizer, nós vamos.
Quando eu terminei de dizer isso, minha mãe, a recepcionista e o médico entraram no quarto:
— Então, tudo deu certo?
— Sim, foi só um mal entendido, ele tinha o mesmo nome que o meu.
— Ah, que bom, então! — minha mãe disse
Não sei como, mas todos acreditaram, me despedi de Lucas e todos saíram do quarto, deixando-o mais uma vez sozinho naquela sala azul.
Voltamos pra casa, mais demora na estrada. Meu pai chegou cedo dessa vez, brigou bastante com a gente por termos chegado um pouco tarde (pra ele, porque ainda eram 19h) mas, infelizmente, tivemos que ouvir tudo calados. Em casa, meu pai é o dono da razão. Subi pro meu quarto furioso, fiquei trocando mensagens com a Victória, informando tudo que tinha acontecido hoje, eis que uma mensagem vinda de outro número me surpreendeu: "Tô voltando Bubu :)". Não podia ser, só uma pessoa me chamava desse apelido. E eu estava certo, o número era de...
~~~~CONTINUA~~~~
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