Capítulo XIX: Caminho do Sucesso
Depois de toda a cena com Rogério, não imaginava como seria nossa relação, afinal ele já sabia de mim. Tudo seguiu normalmente, sentia que vez ou outra ele se distanciava, ficava mais calado. Passou-se um tempo e nossa relação já era a mesma de antes, ele até tirava brincadeiras comigo seguida de um silêncio de ambas as partes.
Nós sempre conversávamos sobre nossos planos para o futuro e nessas conversas ele contou que queria fazer um concurso do banco, só que o trabalho consumia ele. Eu não precisei que ele contasse, mas uma vez encontrei Sheila numa lanchonete e ela acabou me contando que o chefe deles não estava muito satisfeito com o trabalho dele e que daqui a dois meses iria trocar alguns dos funcionários e que Rogério estava no meio. Foi aí que tive a brilhante idéia de pedir pra ele sair do emprego pra poder estudar pro concurso. Aproveitei na hora do jantar.
_Hein, tive uma idéia.
_Hum.... qual?
_O que acha de sair do trabalho pra se preparar pro concurso?
_E quem vai sustentar a casa?
_Eu oras, como sempre fiz.
_Não, valeu cara. Mas não posso abusar.
_Não seria...
Ele não esperou eu terminar de falar, se aproximou abraçou e passou a mão na minha cabeça, bagunçando meu cabelo.
_Vou conseguir você vai ver.
Passou uma semana e eu estava assistindo TV, quando ele chegou muito bravo, jogou a bolsa que ele sempre levava pro trabalho no chão e entrou no quarto. Fui até a porta e bati.
_Aconteceu alguma coisa Rogério? Ta tudo bem?
_Não, não ta.
_Abre ai vamos conversar.
_Esquece cara... não quero que se envolva.
_Por favor.
Ele abriu a porta, ficou calado por alguns minutos e sentou-se na cama.
_Fala ai cara. O que houve?
_Meu chefe me deixou sobre aviso. Se eu pisar na bola mais uma vez to fora.
_Tu fez algo de errado?
_Atrasei uns relatórios.
_Tu não é de atrasar nada. Foi por causa dos estudos neh?
Ele não falou nada simplesmente abaixou a cabeça. Me sentei na cama e coloquei minha mão sobre a dele.
_Me deixa te ajudar.
_E eu tenho escolha?
_Sempre tem uma escolha, o importante é fazer a escolha certa.
_Tá me convenceu. (Ele segurou minha mão e apertou forte).
Ele encostou a cabeça no meu ombro enquanto apertava minha mão. Minha vontade era de beijá-lo, mas tinha medo de estragar tudo. Achei melhor deixar ele ali. Minutos depois ele se levantou e disse que estava faminto. Saímos do quarto e fomos comer.
Na mesma semana ele pediu demissão e começou a estudar, tinha dois meses pra estudar para o concurso. Uma vez ou outra ele se queixava de que eu estava gastando de mais com ele e que ele era um fardo. Mas sempre focado no estudo.
As vezes achamos que está tudo acabado, mas aquilo era só na nossa cabeça, e foi assim que aconteceu com Paulo, um cara que tive uns lances quando estava meio deprê. Eu estava em casa só, era um domingo. Estava assistindo TV, quando alguém bateu na porta, fui atender e era ele, Paulo. Ele sem pedir entrou e veio me agarrando. E ele estava embriagado, dava pra sentir. Tentar me beijar e eu tentava evitar de todo modo, porém ele era mais forte que eu, o que me impossibilitava de soltar. Ele acabou me derrubando no chão e começou a tirar minha blusa. Nesse momento Rogério chega e ele para, fico sem reação. Eu estava no chão com um cara por cima quase tirando minha roupa.
_Que pouca vergonha é essa?
_Rogério não é o que você está pensando.
_Ehh.. nós estamos fazendo aquilo sim.
Ainda não consegui me movimentar, não vi direito, mas ouvi bem o som do chute que derrubou Paulo, Rogério me estendeu a mão e me levantou. Paulo se levantou e tentou acertar Rogério que se desviou e revidou com um soco que fez Paulo perder o fôlego, logo em seguida ele mesmo disse.
_Dá o fora daqui antes que eu acabe com tua raça. E outra nunca mais se aproxime do Victor que ele já tem quem cuide dele.
Levantei me do chão não havia nem rastro do Paulo, fui rapidamente ao banheiro para ver se não havia nada e errado, e constatei que o infeliz me deixou com o nariz sangrando na hora que ele tentou me agarrar acabou batendo. Rogério chegou na porta e perguntou se estava tudo bem.
_Ele não te machucou neh?
_Não foi nada de mais...
_Quem era ele?
_Um cara que conheci tempos atrás, já pedi pra ele me esquecer a muito tempo.
_Hum.. acho que ele não volta tão cedo.
_Pois é. Obrigado Rogério. Não sei o que seria de mim se você não tivesse chegado.
_De nada, não poderia ver ele fazendo aquilo contigo. Senti uma vontade de quebrar a cara dele.
_Obrigado cara...
Nesse momento ele se aproxima e passa a mão no meu rosto limpando o pouco de sangue que tinha ficado, passamos um momentos nos encarando e ele ficou envergonhado e saiu.
As semanas sempre eram corridas pra mim e nossos encontros eram até raros as vezes, eu trabalhava o dia todo e ele gostava de sair a noite pra jogar, e como eu tinha alguns serviços pra fazer não acompanhava ele. As vezes quando ele estava estudando eu preparava um lanche pra ele, o que até chateava ele. Contudo ele nunca gostou de ser “cuidado” por mim, sentia-se como estivesse me usando. Até discutimos algumas vezes, mas Rogério era sempre atencioso e nunca levava uma discussão a frente, o que gostava nele.
Na semana da prova, ele decidiu não mais estudar e apenas tentar rever algumas coisas e descontrair. Decidimos sair pra uma festa, até hoje nunca entendi porque, nem eu nem ele gostávamos de festas. Mas fomos assim mesmo. Nenhum de nós dançávamos, então ficamos próximo ao bar. Pra variar nenhum dos dois bebia cerveja ou essas coisas então ficamos enrolando por ali, até uma garota começar a conversar com o Rogério. Senti meio excluído então fui pro meio da pista, mesmo assim não dançava, apenas esbarrava nas pessoas que dançavam, resolvi então ir pra casa. Mandei uma mensagem dizendo pra Rogério, que estava de saída. A ultima coisa que vi foi ele com a garota do lado acenando pra mim. A noite que deveria melhorar nossas situação só fez piorar. Me sentia um lixo, afinal eu o tinha levado pra lá. Foi ai que pensei que talvez fosse pra ser assim mesmo.
Pela madrugada ouvi ele chegando mas não falei nada, era tarde. Era uma sexta e a prova seria na segunda, no outro dia não demos uma palavra. Era algo que não controlava, simplesmente estava chateado e não conseguia falar com ele. Ele simplesmente calado, eu sentia uma raiva porque no fim eu era o culpado de tudo.
Acho que só estava esperando a hora pra explodir. Foi quando ele comentou:
_Cara tu veio tão cedo ontem ( Num tom irônico).
_Tava cansado.
_Mas não foi tu mesmo que chamou?
_Foi.
_Impressão minha ou tu ta bravo?
_O que eu? Para.
_Hei pow?? Tu ta com ciúmes daquela garota...
_Não preciso detalhes da noite ta.
_kkk... Não fizemos nada.
_Hã? Eh...
_Não, não fizemos. Ela não fazia meu tipo.
Só precisava disso pra melhorar meu humor, eu estava de volta e o mais importante, ele ainda estava livre.
Bem até a prova tudo passou tranquilamente, ele saiu cedo e fez tudo como planejou, o resultado da prova sairia um mês depois, e marcamos de ver juntos. Seria numa sexta, estava saindo do trabalho quando recebi uma mensagem dele. Não agüentei, tive que olhar. Sai correndo e quando chego em casa ele tava chorando, simplesmente não sabia se era alegria ou tristeza apenas abracei ele.
_Eu passei... (em meio a berros)
_Sério parabéns, foi merecido.
_Cara te devo essa, muito obrigado, se não fosse teu apoio todo esse tempo eu teria desistido. Agora vou poder te devolver tudo que me ofereceu até agora.
_Não precisa...
Ainda estávamos abraçados, enquanto ele falava. Quando ele parou segurou meu rosto e me beijou. Sentia seus lábios ali foi a melhor sensação do mundo, coloquei a minha mão sobre o peito dele e o coração dele batia desesperadamente. Era um beijo lento e enquanto me beijava sua mão viajava pelo meu corpo até parar na cabeça pra apoiar.
Meio que sem fôlego eu tento falar:
_O... O que ... foi isso? Eh....
_Um beijo?
_Eu sei, mas você realmente quis?
_Não sei...
Ele fica em silencio por um tempo e sai do quarto, quando saio já não encontro mais.
Atrasado eu sei.... srsrs