-Senhor? Senhor, acorde.
Rafael abriu lentamente os olhos e deu de cara com uma das criadas. Ela parecia ter uns setenta anos e tinha um ar bondoso.
Rafa sentou-se na cama, se espreguiçando como um pequeno gatinho.
-Ainda bem que despertou, senhor Uckermann.
O ruivo franziu o cenho. Era muito estranho ser chamado de “senhor”, mas ser chamado de “senhor Uckermann” era mais ainda.
-É muito tarde?-Perguntou, bocejando.
-São duas da tarde, senhor.- A mulher sorriu.- Como já passou da hora do almoço, o doutor mandou-me vir te despertar.
-Christopher? Ele está em casa?
-Está, sim. O doutor está no borboletário.
-Bor...Borboletário?- repetiu, confuso.
-Sim senhor, o doutor cuida de um borboletário há anos.- A criada respondeu.-Bem, o doutor me deu ordens para levar o senhor para comer e em seguida lhe mostrar a mansão. Será um prazer para mim.
-Tudo bem, mas eu acho que minhas roupas...
-Esqueça-as, senhor. Creio que o doutor Uckermann jogou-as fora.
-O quê?-Rafa disse indignado.- Como assim jogou fora?
-Não se preocupe- A criada caminhou até o grande e empoeirado armário. Abriu-o, e Rafa viu uma quantidade tão grande de roupas coloridas e finas, que arregalou os olhos.- O doutor fez questão de encher este armário para você antes do casamento.
-É...tudo para mim?
-Claro que sim, senhor.- A mulher sorriu com animação.- Deseja ajuda para vestir-se?
-Não, obrigado.- O ruivo saiu da cama, meio confuso com aquela nova vida que viria.-Como se chama?
-Adelaide, senhor .Agora vou me retirar para que possa vestir-se. Estarei esperando-o do lado de fora.
A mulher saiu com um sorriso. Rafa adorou saber que teria aquela companhia agradável na mansão se tivesse que viver só com Uckermann ele não saberia o que fazer.
O ruivo parou na frente do armário e ficou olhando aquela quantidade de roupas (belíssimas) com ar pensativoRafa comeu na enorme e comprida mesa da sala de refeições. A mesa estava posta somente para ele, com diversas e deliciosas comidas. O ruivo comeu o máximo que podia para não desapontar os cozinheiros
Quando terminou, Adelaide se aproximou.
-Agora quer ir conhecer a mansão, senhor?
-Sim.
Rafa largou o guardanapo em cima da mesa e se levantou. Adelaide acompanhou Rafa por todos os recantos da mansão, calada.
Rafa observava tudo com horror. Mesmo pela manhã, a casa era toda escura e fechada, com aquelas pinturas e estátuas horríveis que ele tinha visto na noite anterior.
-Adelaide, não acha esta casa sinistra demais?-Perguntou se virando para observar a mulher, que estava séria.- Porquê Uckermann mantêm a casa desse jeito, como se fosse uma casa de vampiros? É tudo tão sem vida, tão obscuro, tão assustador, tudo tão parecido com ele.- Rafa concluiu baixinho.
-Não creio que seja assim, senhor. A mansão só é muito clássica, mas é bonita.- Adelaide respondeu, sem olhar Rafa nos olhos.
O ruivo estranhou, mas não comentou mais nada .Quando terminaram de ver tudo, Adelaide perguntou se Rafa não queria ir até o Borboletário ver o marido.
Rafa ia dizer que não, mas depois mudou de ideia, querendo sair daquela casa.
Estavam andando por fora da casa, quando Rafa observou ao redor e perguntou:
-Aqui não há um jardineiro, Adelaide?
-Há, sim senhor.
-E porquê o lugar que seria do jardim é tão vazio? Tão seco e sem vida, não há nenhuma flor ou árvore por aqui?
-O patrão não gosta de plantas e flores, senhora. Gosta de manter o lado de fora da casa sem nada; sem grama, sem flores, sem jardim.
Rafa ia perguntar o porquê daquilo tudo, mas Adelaide não estava com uma cara de que queria ficar conversando naquele momento.
Quando chegaram na frente do Borboletário (era um lugar atrás da mansão, que parecia uma estufa), Adelaide sorriu.
-Chegamos, doutor Uckermann está aí dentro, pode entrar.
-Mas...não seria melhor avisar...
-Imagine, o meu senhor irá adorar vê-lo! Será uma ótima surpresa! Vá!-Adelaide empurrou Rafa para dentro com delicadeza, e fechou a porta.
O ruivo olhou ao redor, temeroso. Não viu o marido, mas viu flores e plantas por todos os lados.
Sorrindo por ver “vida” novamente, andou alguns passos. De repente algumas borboletas coloridas passaram rápido por ele e começaram a voar ao redor de Rafa. Ele riu e ergueu o dedo, fazendo uma borboleta rosa pousar em cima, batendo as asas.
-Que visão celestial.
O ruivo ergueu os olhos e seu sorriso esfumaçou ao ver Christopher se aproximar, devorando-o com os olhos.
-Não tinha visto você. - Rafa murmurou, fazendo a borboleta que estava em seu dedo voar.
-Eu estava ali do lado oposto quando vi você entrar.- Ele respondeu, parando na frente dele.- O que o traz aqui?
-Foi Adelaide que me convenceu a vir.
-Claro.- Ele disse, seco
Rafa se afastou, engolindo em seco, e começou a observar as borboletas que voavam por todos os lados; pareciam flashes coloridos pelo ar.
-Onde dormiu ontem?- Ele perguntou timidamente.
Christopher demorou algum tempo para responder.
-Dormi em outro quarto. - Disse por fim.
-Ah.
-Porquê?-Ele perguntou com secura.- Sentiu minha falta?
Rafa nem precisou responder. Chris o observou com um sorriso carregado de ironia.
-Porque tem um borboletário?- Ele perguntou algum tempo depois, curioso.- Eu jamais poderia imaginar que teria algo tão belo aqui.
Ao olhar de Christopher, Rafa arregalou os olhos.
-E.. Eu não quis dizer...não quis ofender, mas...
-Tudo bem, eu entendi.- Ele o cortou, duro.-Eu mantenho esse borboletário porque ele existe desde que eu era criança...me traz boas recordações.- Ele murmurou, distante.
Continua....
(Al)- O Chris é bipolar kkkkkk
Ru/Ruanito- NÃOOOO, kkkkkk ele é humano.... eu estou pensando em fazer uma historia sobrenatural mais só quando acabar esse conto ;)
Anoite posto mais um bjs lindos s2