Como Chamas 1x18: QUERER NÃO É PODER!
Eram quase onze e meia da noite, quando Felipe entrou no meu quarto. Mancando e sorrindo.
- O que diabos você esta fazendo aqui?
- Bom, você anda fugindo de mim, então tive que vim. Falou ele se sentando na cama ao meu lado.
Meu coração palpito com as palavras dele, mas consegui conter um sorriso.
- Saca só, comprei para você, baby. Tentei te dar na outra noite, mas você fugiu.
Ele tirou uma caixinha azul clara do bolso e me entregou. Segurei a caixinha, apenas encarando. O que diabos era aquilo? Era isso que ele estava pegando no bolso aquele dia?
- Obrigada, mas eu preciso...
- Vamos baby, abre!
De algum jeito superfofo, Felipe ainda parecia totalmente hetero quando estava comigo. Como se de algum modo, eu fosse uma garota para ele.
Revirei os olhos e abri a caxinha. No momento em que vi o que tinha dentro, me arrependi.
Havia uma pulseira prateada masculina, era grossa e pesada. Da maneira que eu gostava. Na parte interna, tinha as iniciais F & G.
As lagrimas chegaram bem mais rápido do que eu pensei. Eu queria terminar com ele, pelo bem dele, mas tudo estava tão louco ultimamente e tudo que eu queria era um pouco de conforto nos braços da pessoa que eu amo.
Eu estava chorando e Felipe passou os braços em volta de mim. Não faço idéia do que passava na mente dele naquele momento.
- Eu não sei o que esta rolando. Dan, eu pensei que você estive curtindo estar comigo, mas ultimamente você tem se afastado e fugido de mim.
Ficamos em silencio. Ele esperou minha resposta, mas não disse nada.
- Baby, sei que isso deve ser um saco pra você, mas eu to curtindo muito isso que nós temos. Mas antes disso éramos amigos, então me conta o que esta rolando!
Eu não respondi novamente e ele tirou braços de mim. Eu podia sentir que ele estava irritado, mas não era como se eu pudesse contar tudo a ele.
Quando ele estava no hospital, eu disse que toda a confusão com seu irmão tinha terminado. Não arrastaria ele para tudo isso de novo.
Meu celular apitou ao lado dele e ele logo o pegou. Eu não me incomodava com isso, pois desde sempre ele tinha mania de mexer em minhas coisas.
- Que merda é essa? Perguntou ele tentando se levantar e jogando o telefone no meu colo.
Peguei e vi a mensagem de John.
DAN, CURTI MUITO A NOITE DE ONTEM. QUANDO VOU TER VOCÊ DE NOVO?
- Eu posso explicar. Falei.
- Pode mesmo? Você deu pra esse cara ontem? Ele perguntou para mim.
- Não, Felipe eu só...
- Danny, por favor não mente para mim.
- Agente só saiu ontem, fomos a uma boate e eu meio que beijei um dançarino, mas foi só isso.
Felipe deu uma risada e depois me lançou um olhar amargo. Meu coração se fez em pedaços.
- Você beija outro cara e acha que ta tudo bem? Dan, e agente? Você não pensou nem um segundo em mim?
Segurei uma lagrima e revirei os olhos. Isso estava muito ruim para o meu lado. Finalmente consigo ficar com o garoto que gosto e... Espera, ele não esta comigo. Sou o caso fora do namoro.
- Quer saber, eu pensei em você sim. Com a Alice.
Ele não respondeu, apenas virou o rosto.
Seu perfil era muito parecido com o de seu pai, e lembrando me dele tive uma idéia. Eu queria terminar essa coisa que nós tínhamos e agora eu tinha essa oportunidade.
- Eu não quero mais ficar com você. Falei antes que mudasse de idéia.
- Não. Dan, estou chateado com você, mas...
Eu já chorava antes mesmo de dizer a Felipe algo que eu sabia a muito tempo.
- Termine com ela e fique comigo. Pedi a ele, sentindo uma pontada de esperança.
- Eu não posso fazer isso.
Chorando, eu disse:
- Você não me ama. Nunca amou e não vai amar. O que temos é algo físico. Sabemos que no fim das contas você fica com a garota e eu com o coração partido.
Novamente silencio da parte dele. Agora parecia que eu não tinha chão. Tudo que eu tinha medo e sentia era verdade. O amor da minha vida não me amava de volta e eu teria que aceitar isso.
Antes que eu começasse a soluçar, peguei a caixa com o bracelete e dei a ele.
- Dan, amanha agente conversa com calma.
- Eu não quero conversar. Você não me ama e eu... Eu te amo e odeio isso. Então amanha e depois vamos agir como se isso nunca tivesse acontecido. Seremos apenas amigos.
- Você não pode decidir isso sozinho.
Ele me abraçou de repente. Retribui e depois o fiz ir embora. Aquela seria mais uma longa noite de choro para mim.
Dois dias se arrastaram sem que eu notasse. Não falei uma só palavra com Felipe durante este tempo, ele só voltaria a trabalhar na semana seguinte e eu não respondia seus torpedos ou ligações.
A dor estava me comendo vivo, mas o que eu podia fazer?
Tudo bem que eu sempre soube das circunstancias quando aceitei, mas pensei que seria tudo muito rápido e menos complicado.
Ao fim do meu turno, segui de cabeça baixa para a rua quando dei de cara com Jordan sentado em sua moto me encarando, sorrindo. Eu senti falta de alguém sorrindo para mim como se eu fosse a coisa mais valiosa em sua vida.
- O que esta fazendo aqui? Perguntei.
- Bom, depois na nossa conversa, eu resolvi que prefiro ter você como amigo do que não ter você de forma alguma.
Eu corei, mas mesmo assim sorri para ele. Parecia que as coisas estavam se ajeitando, enfim. Jordan pulou da moto e me abraçou.
- Vim te pegar para comer.
- Tudo bem, mas não posso demorar, tenho aula.
Ele deu um tapa leve na minha cabeça.
- Eu também.
Fomos a uma lanchonete no shoping e comemos hambúrgueres. Jordan me contou que ainda estava namorando e que estava se esforçando para gostar da garota.
Eu contei que havia sofrido um atentado a minha vida, duas vezes, sem aprofundar demais, fazendo o pensar que os fatos não tinham ligação.
Jordan pagou, sem em deixar dividir com ele e saímos para o estacionamento.
- Você come como uma garotinha.
- Cala a boca. Você que é um esfomeado.
Ele me puxou para perto e passou um dos braços na minha cintura. Estávamos tão próximos que nossos narizes quase se tocaram.
- Repete se for homem.
- Você é um esfomeado! Falei e pulei para longe.
Ele correu atras de mim, me puxando pelo braço. Eu não estava rindo, mas aquilo era divertido.
Então tudo aconteceu muito rápido. Um segundo ele estava me puxando e eu gritando, e no outro alguém de capuz passou por mim e chutou a barriga de Jordan.
Eu não tive como reagir.
Jordan xingou um palavrão e caiu. O encapuzado se aproveito e começou a chuta-lo.
Quando os chutes começaram a parecer violentos demais, me obriguei a mover.
- Para! Gritei e empurrei a pessoa. Ele se voltou para mim. Pelo tamanho, não poderia ser Gregori.
Meu estômago revirou. Eu não tinha experiência nenhuma com brigas e ele poderia me derrubar facilmente. Mas então, a pessoa se virou e correu para longe.
Me ajoelhei ao lado de Jordan.
- Que merda cara... Ai. Ele gemia de dor.
- O que foi isso? Ele perguntou.
- Não sei. Desculpa.
Ele me olhou por um segundo e então voltou a gemer de dor. Como estava sentindo muita dor na barriga e coluna, não podia pilotar sua moto e então chamei uma ambulância.
Novamente, estava eu levando outra pessoa que gosto para o hospital. Minha frustração era imensa.
O ataque significava que o plano não tinha dado tão certo quanto eu pensava.
Fiquei no hospital mais do que esperado. Liguei para meu pai e ele buscou eu e Jordan rapidamente. A moto ele buscaria depois.
Com a correria, acabei não indo a escola.
Tivemos que responder algumas perguntas de um policial e eu disse que foi tentativa de assalto. Jordan podia discordar, mas no momento ele estava sedado.
- Desculpe. Sussurrei para ele quando meu estacionou em frente sua casa e foi chamar os pais dele.
- Fica tranquilo. Aquele filho da Puta pelo menos me arranjou alguns dias de atestado.
Eu ri.
Minutos depois, meu iPhone tocou quando entrei no meu quarto.
- Preciso de uma resposta. Disse Felipe urgente.
- Como assim?
- Dan, você quer continuar comigo ou não?
- Não. Sinto muito. Falei e desliguei.
No momento, eu não senti nada além de alivio. Tirei o peso da vida arruinada de Felipe das minhas costas.
Quando ele já estava me ligando pela terceira vez, eu desliguei o telefone.
A tristeza estava presa em algum lugar do meu coração e iria explodir logo, logo.
Troquei de roupa, coloquei um short e uma camiseta e ouvi meu notbook apitar.
Um usuário desconhecido me chamava para uma conversa de vídeo no Skype.
Um pouco receoso, abri o chat e Mike surgiu na minha tela.
- Ai droga! Garoto onde você ta? Perguntei rapidamente.
O vídeo estava um pouco ruim e eu não conseguia enxerga-lo direito, mas sabia que era ele.
- Dan, preciso te contar algo. Ele disse junto com os ruídos.
- O que?
- Desculpa ter fugido. Mas ele iriam me matar. E você não pode confiar em ninguém agora. Qualquer garoto novo que surgir é melhor você se afastar.
- Do que ta falando?
- Eles vão continuar a te atormentar até que eu apareça.
- Oi. Disse a voz de Gregori na janela.
Gritei e me virei, ele ainda estava entrando, então fechei a tampa do notbook e me voltei para ele.
- O que você quer aqui?
- Bom, eu te devo uma historia lembra?
Pensei em enxota-lo de volta para fora do meu quarto, mas minha sede por respostas foi mais forte. Me levantei e fechei a porta do meu quarto.
Algo me dizia que aquela seria mais uma noite mal dormida.
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Bem, vou dar mais um espaço de alguns dias antes de postar o próximo. Só faltam agora 4 episódios e tem coisas grandiosas e perigosas por aí e eu estou tentando escrever tudo da melhor maneira possível.
Obrigado a todos por lerem o conto e curtam a sinopse do que esta por vim no final.
DAN NÃO CONSEGUE ENCONTRAR UM PONTO DE EQUILÍBRIO. SEU "NAMORO" TERMINOU E AS PESSOAS A SUA VOLTA SE MOSTRAM CADA VEZ MENOS CONFIÁVEIS, MAS QUANDO UM PLANO MALIGNO É INICIADO E COLOCA A VIDA DE ALGUÉM QUE ELE AMA EM PERIGO, DAN FINALMENTE DECIDE QUE É HORA DE DAR O TROCO.