Coloquei-a informada de tudo que havia ocorrido, do aeroporto até a reunião, pouco tempo atrás. Ela me escutou sem dizer uma única palavra. Característico dela, saber ouvir. E saber falar.
_Eu estou completamente inseguro!_ Concluí.
_Conheço você assim, conheci há anos, exatamente como hoje. Sabe como superou tudo, não? É hora de decidir! Não posso imaginar o quão difícil é, mas só sei que é necessário. E então?_
Capítulo 15
_Eu preciso de ajuda._ Disse desanimado.
_Você precisa resgatar aquele Felipe forte que tem aí dentro. É uma decisão só sua. Eu só posso te fazer uma pergunta. Você ama mesmo esse cara?_ Ela perguntou.
_Mais que tudo._ Respondi sem titubear.
_Então, é hora de uma nova batalha. Oh, meu amigo, você já passou por tanta coisa. Eu, melhor que ninguém, sei de tudo, o quanto você melhorou e conseguiu sempre superar. Esse cara te deixou completamente inseguro, mas também foi a melhor coisa que te aconteceu, agora você tem que colocar as coisas em ordem. Basta seguir com tranquilidade, tem mais alguém para lutar junto com você. Tem um caminho lindo de felicidade guardado para você. Vai em busca dele._ Ela disse com uma voz firme, que me passava toda a segurança que eu precisava.
Engraçado, era a segunda vez que alguém me dizia isso hoje. Vai ver era verdade e eu tinha a felicidade, mesmo, me esperando.
_Vic, te amo!_ Falei.
_Eu sei. Agora vai._ Ela finalizou para logo depois desligar.
Eu precisava conversar, mas agora era com ele.
.
Quando desci do táxi, em frente ao seu portão, sem hesitar o segurança liberou minha entrada e antes que eu chegasse à porta uma de suas empregadas me aguardava. Entrei e ela me disse que me levaria até o escritório onde ele estava, salientei que não era necessário, pois eu já sabia o caminho. Abri a porta do escritório, a luz estava baixa, e ele estava sentado de costas, apenas encarando a parede. Por um momento parei, precisava respirar e ter certeza de o que iria fazer. Quando finalmente criei coragem, quebrei o silêncio:
_Será que poderíamos conversar?_ Terminei a pergunta com uma voz quase inaudível.
Ele não se virou, e o silêncio tomou conta novamente até que ele disse algo.
_Não sei onde está meu coração agora. Acho que ele foi atrás de você, mas eu fiquei. Não posso mais fazer isso, não posso mais te prender._ Ele ainda estava de costas.
_Eu preciso de você._ Concluí.
_É recíproco._ Ele rebateu.
_Mas mais do que qualquer outra razão, eu preciso de você para segurar minha mão e me ajudar a acabar com tudo que me atormenta._
_Obviamente eu preciso segurar sua mão com um pouco mais de força._ Agora ele havia se virado e já estava me metralhando com aquele olhar fulminante, característico dele.
_Eu adoraria ser aquele apaixonado boboca, mas ainda não me convenci que eu posso ter isso. Pessoas como eu, não tem essa chance na vida, e se tem estragam tudo._ Suspirei. _Aparentemente eu tenho me esforçado para isso._ Olhei para o chão e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Ele se levantou. Caminhou até onde eu estava, tocou meu rosto e limpou a lágrima que escorria.
_Aparentemente não tem se esforçado o suficiente._ Ele levantou meu rosto e me encarou nos olhos. _Ao que parece meu coração não gosta de um apaixonado boboca, mas sim de um perturbado cheio de fantasmas assombrando ele._ Ele sorriu. _Quem liga para isso já que esse perturbado é lindo? E além do mais, eu não posso viver sem ele. Nem sem meu coração ou o alucinado que roubou ele._ Ele me abraçou, e eu recostei minha cabeça em seu peito.
_Não vai ser fácil._ Avisei-o.
_Fácil é para os fracos._
Nunca mais queria ter saído daquele abraço.
_Não quero que você faça nada que não queira. Te contratei e posso demitir, desde que a gente possa ser feliz._ Ele disse enquanto ainda estávamos abraçados.
_Não tenho medo de trabalho. Além do mais, já me envolvi com política mesmo. Tenho medo de um dia acordar e não ter nada mais disso que tenho agora._ Apertei sua mão e olhei em seus olhos.
_Isso não vai acontecer. Sabe por quê? Simplesmente porquê não vivo mais sem você e nem você sem mim._ Ele me beijou de leve na testa. _Ok, isso soou um pouco convencido, mas é verdade._
_Acha que conseguiremos trabalhar juntos?_ Perguntei.
_Acho que será tipo trabalho com benefícios, ou seja, bem interessante._ Ele sorriu.
Passamos o restante do dia conversando sobre como seria minha função no escritório e como poderíamos lidar com isso. Nada muito diferente do que já fazíamos e tínhamos tido sucesso. E como sempre ao lado dele o tempo nem passava, voava.
Perto da hora do jantar lindo que ele resolveu – sozinho, detalhe! – preparar, o telefone tocou.
_Alô!_ Ele disse para logo em seguida pedir licença e sair para falar num local onde não pudesse ouvir.
Pronto tinha acabado de cutucar minha curiosidade.
Estava escorado na bancada quando ele retornou a cozinha e foi direto as panelas.
_Falar ao telefone quase queimou nosso jantar, sabia?_ Repreendi.
_Esquece, não vou te falar nada agora!_ Ele cortou o diálogo que eu ainda nem havia iniciado.
_Mas marido! A gente tem que ter diálogo, sinceridade e todas aquelas coisas do casamento._ O abracei por trás, colocando as minhas mãos no seu tórax.
_Bela tentativa, mas primeiro: agora sou o marido já, é isso? Segundo: sinceridade? Mas quem é que está mentindo aqui? Sabe que não são bem essas coisas do casamento que me agradam._ Ele disse ainda enquanto mexia aquele molho vermelho.
Desci minha mão direita até o volume que já começava a ganhar contornos em sua calça.
_Então são essas coisas que te agradam?_ Perguntei falando em seu ouvido.
_Sim!_ Percebi ele fechar os olhos, como quem aproveita algo sem ter hora para acabar.
_Então me conta o que era o telefonema?!_ Continuei massageando e falando bem sexy no ouvido dele.
_Não vendo informações em troca de sexo._ Ele tirou minha mão e me deu um beijinho na bochecha.
_Sério? Mas eu vendo sexo em troca de informações!_ Procurei a boca dele para beijar.
_Relaxa! Está na hora da comida._ Ele disse e me levou em direção à sala de jantar, enquanto puxava a cadeira para eu sentar, ele continuou. _Comida de alimentos, só para esclarecer, além do mais, daqui a pouco você já vai saber de tudo._
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Quase um mês gente, é tempo - ou melhor, é a falta dele.
Mas estamos quase chegando no período de férias e eu ainda tenho muitas histórias para contar!
O próximo capítulo está sendo escrito, e assim que possível volto para postá-lo, enquanto isso, pode palpitar no romance do Bê - prefeito gostoso - e seu gestor de comunicação, o Felipe :)