Capítulo XVIII Separação
Não esperei Rogério acordar porque sei que seria meio constrangedor pra ele. Mas não adiantou muito, assim que ele levantou ele foi até a cozinha onde eu estava e falou:
_Cara sei que tu não deve ter gostado de dormir com outro macho. Mas é que eu tava muito cansado. Tu dormiu no sofá ai fui te levar e acabei deitando um pouco pra ver se tu não reclamava ou acordava e acabei dormindo.
_Relaxa... ainda bem que já passou o cansaço, estou novinho. Vamos pro trabalho?
_Vamo. Deixa só eu tomar café..ssrsrs
Saímos no meu carro, deixei ele no emprego dele e fui pra escola em que trabalhava. Alguns minutos após chegar na escola recebo a mensagem: Cara, tu viu uma pasta preta no carro? É muito importante. Na verdade não vi no carro, mas em cima da mesa antes de sairmos. Ele havia esquecido lá. Como meu primeiro horário era livre eu voltei correndo em casa para pegar e deixar no trabalho dele, consegui a tempo dele não ter a cabeça rolada, entretanto eu acabei chegando na escola atrasado pro meu primeiro horário e acabei sendo chamado atenção pois não apresentei nenhum motivo para o atraso.
De tarde quando chegamos em casa, Rogério tossia muito. Comentou sobre o relaxamento dele:
_Cara tu salvou minha vida hoje.
_Kkk. Bom saber.
_Eram documentos importantes que meu chefe pediu pra guardar e eu acabei esquecendo. Valeu mesmo.
_Ah por nada.
_Tenho que te recompensar de alguma forma. (tof, tof, tof) (ele não parava de tossir)
_Vai me recompensar tomando remédio pra essa tosse agora. Kkkk.
Rogério pegou uma gripe e pra completar infecção na garganta. Passou três dias de cama, sentindo muita febre. Pedi na direção alguns dias e ele somente me deram dois, mas foi o suficiente para cuidar dele. Como ele não ficava muito tempo acordado nem percebeu, mas passei todo o tempo do lado dele. No ultimo dia minha amiga Rosa veio ver ele e pedi que ela ficasse com ele um tempo.
Após a melhora dele, Rogério ficou indiferente. Não ria, não falava, não criticava e não me dava atenção. Eu simplesmente não entendi mas como tinha que recuperar os dias que tinha folgado o serviço foi acumulando. Não passou-se mês e Rogério chegou pra mim dizendo que precisava conversar:
_Cara, to arrumando minhas coisas. Vou morar numa casa de aluguel. Eh barato eu consigo sustentar.
_Mas porque isso agora?
_Nada pow, só acho que tu precisa de privacidade e não dor de cabeças... Hoje a tarde eu vou.
_Mas já??Assim ...
Fiquei sem palavras, simplesmente ignorei e fiz minhas atividades normais. Na hora da saída dele eu estava em sala. Quando cheguei não havia mais ninguém, a casa estava vazia. A tristeza me bateu e comecei a chorar. Não conseguia parar. Eu nem conseguia entender o motivo da saída dele.
Semanas depois encontrei uma blusa que ele gostava muito, resolvi devolver. Tentei ligar pra ele, mas não me atendia. Não sabia o novo local que ele estava morando então a única forma seria passar no trabalho dele. Resolvi passar antes de ir pro colégio, chegando lá encontro uma colega de trabalho dele, a Sheila.
_Oi Sheila, o Rogério já chegou?
_Oi querido, quanto tempo. Não oh. Acho que ele não vem hoje de novo.
_Como assim de novo?
_Já faz dois dias que ele não vem. Está doente de novo.
_Sabe me dizer onde ele mora?
_Posso conseguir. Só um minuto.
_Tá legal. Obrigado. (Minutos depois ela volta)
_Tá aqui, era confidencial, mas como era pra ti dei um jeito.
_Muito obrigado.
_De nada lindo, boa sorte.
Ela piscou pra mim e eu fiquei meio que sem entender qual o real motivo daquela piscada, mas tudo bem. Quando cheguei no endereço, vi uma casa humilde por fora e mais por dentro. Chamei ele várias vezes até ele abrir a porta e me atender. Logo em seguida ele voltou pra cama e ficou de costas pra mim.
_Cara, porque você não me disse que estava doente?
_Não queria te atrapalhar.
_Você é meu amigo, está passando mal e como poderia me atrapalhar. Está tomando algum remédio?
_Não. A grana acabou mais cedo do que eu pensava.
_Não sei até onde tu queria chegar. Vamos pra minha casa, ok.
_E por acaso eu posso recusar?
_Kkkk.... você bem sabe que não. Vou arrumar suas coisas e por no carro.
Passei no dono da casa, paguei o aluguel do mês. Passamos num médico amigo meu que receitou algo pra ele e fomos pra casa. Como já havia recebido algumas chamadas de atenção, resolvi ir pro trabalho.
Quando cheguei preparei uma sopa, e fui ver como ele estava. Ele comeu tudo muito rápido, em parte a demora pra que ele melhorasse era a má alimentação. Conversamos um pouco e ele pegou no sono. Em seguida deitei ao lado dele e fiquei lá, observando ele, sentindo aquele cheiro delicioso. Sua aparência havia mudado um pouco, estava descuidado,a barba tinha crescido, e suas roupas não estavam muito bem limpa. Passei a mão pelo rosto dele e prometi que agora ele teria a atenção que merecia. Assim acabei dormindo. A noite estava fria e como só tinha uma coberta no quarto nos enrolamos com ela. Mais uma vez dormimos juntos, com o passar da noite fui relaxando e quando acordei eu estava com a cabeça no ombro dele.
Eu acordei e fiquei ali por uns minutos quieto aproveitando o momento. Fingindo que ainda estava dormindo. Já estava me preparando pra levantar quando sinto uma mão quente passando por minha cabeça, acariciando meus cabelos e depois meu rosto. Sem querer me mexi e acabei abrindo os olhos, ele rapidamente tira a mão e se assusta, se levanta, dá um bom dia muito espantado e entra no banheiro.
No café da manhã ele senta na mesa e não dá uma palavra, então eu e minha boca que não sabe a hora de ficar calado entram em ação:
_Porque você saiu daqui?
_Cara, esquece isso.
_Mas...
_Esquece. Na verdade, acho que já chega. Eu já sei de tudo cara. Sua amiga Rosa me contou tudo, e não foi difícil ligar tudo neh. Inclusive seu namoro com o Ricardo, mas porque tu nunca disse que gostava de mim?
_Porque tu tinha uma namorada e era feliz com ela.
_Mas e agora o que te impede?
_Nada. Eh que ... Eu na realidade nunca acreditei que nós pudéssemos ficar juntos.
_Talvez você tenha razão.
Ele se arrumou e colocou uma bolsa nas costas e se mandou em direção a porta. Rapidamente fui até ele e o segurei por trás.
_Por favor, não vai embora. Me perdoa. Não queria esconder, sempre quis te contar. Mas na verdade nunca me achei digno de seu amor.
Talvez aquilo tenha doido nele, pois ele não respondeu e ficou parado diante da porta. Abracei ele por trás e o ele colocou as suas mãos sobre as minhas como quem quisesse puxar para trás. Mas simplesmente não fazia nada. Aquilo me consumia. Sentia uma dor no meu peito, o medo deixar ele ir estava me levando a loucura. Finalmente ele se vira me abraça e diz:
_Como eu poderia abandonar a pessoa que todo esse tempo vem cuidando de mim e realmente me ama. Cara, posso não te amar como você me ama, mas uma coisa lhe prometo eu nunca vou te abandonar. Estarei sempre ao seu lado.
Pessoal como combinei os contos demorarão um pouco para serem postados, mas eles serão.. obrigado pelo carinho pessoal.. abraços..