Como Chamas 2x07: VOLTAS E MAIS VOLTAS.
- Aí droga! Falei encarando a tela do celular da garota.
Ela me olhava com os olhos arregalados e a feição pálida. Aquilo era mesmo o que eu estava pensando? Aquela garota que eu nunca vira na vida também estava recebendo mensagens de Alice?
- Quem é você? Ela me perguntou se afastando e guardando o telefone no bolso.
- Sou Dan. Quem é você?
- Violet. O que esta acontecendo? Porque recebeu a mesma mensagem que eu?
- Não sei. Por acaso nos conhecemos?
Violet me olhou de cima abaixo e balançou a cabeça negando. Ela usava uma saia xadrez, sueter roxo e sapatos de salto pretos. Tinha também cabelos ondulados e castanhos e grande olhos verdes.
Eu tinha certeza de que nunca a vira na vida.
- A quanto tempo esta recebendo mensagens? Perguntei a ela quando nos sentamos em um banco ali perto.
Eu estava tão fascinado em saber que não era o único a ser ameaçado. Afinal, não era nada bom, mas pelo menos não estava sozinho. Havia alguém com quem eu podia finalmente falar sobre isso.
- Umas três semanas atras. E você?
- Eu também. As suas mencionam que sabem um segredo mais não dizem qual é certo?
- Isso mesmo. As vezes acho que esta pessoa não sabe de nada, mas tem horas em que acho que ela ou ele esta apenas esperando eu cair para me apanhar.
- Me sinto do mesmo jeito. Vamos fazer assim, vamos trocar nossos números de telefone e assim que um receber uma mensagem liga para o outro.
Ela concordou e trocamos os números. Ficamos conversando por mais alguns minutos. Violet morava em Porto Seguro e agora se mudou para cá alguns dias antes da primeira mensagem chegar. Apensar de parecer uma garota legal, eu não conseguia entender o porque ela estava recebendo aquelas mensagens. Ela poderia ter ido a policia e entregado Alice, eu mesmo poderia, mas não iria arriscar nenhum segredo meu com isso. Talvez elas se conhecem de outro lugar, mas ainda assim parecia arriscado demais para ser apenas um jogo.
- Você esconde muita coisa grave? Ela me perguntou.
Pensei bem antes de responder.
- Bem, não são graves, mas podem ferrar total comigo.
Ficamos em silencio de novo. Então, o carro de Felipe estaciona próximo e ele acena para mim. Devo ter ficado tempo demais na rua para fazê-lo vir me buscar.
- Eu sei como é... Então, eu preciso ir para casa. Prometo te avisar se receber mais alguma esta bem? Ela disse.
- Tudo bem. Tchau. Me levantei e segui para o carro.
Meu coração batia acelerado com toda a situação. Quando as coisas pareciam se encaixar, algo surgia e dava uma grande volta e muda tudo.
No carro com Felipe, seguimos viajem em silencio para casa.
Uma música da Kesha começou a tocar e seguindo a melodia, fui balançando a cabeça.
- Você fica fofo fazendo isso Baby. Ele disse me fazendo corar.
- Ah, cala a boca.
Felipe aumentou o som e continuei cantando.
- Essa música é de viado. Ele falou de repente.
Fechei minha boca na hora, sem nem mesmo olhar para ele, simplesmente perdi a vontade de fazer o que eu estava fazendo para não causar a impressão errada em Felipe. Mas então me lembrei que ficamos e me virei para ele.
- O que isso quer dizer? Perguntei parecendo mais chateado do que pretendia.
Felipe parou o carro em um sinal vermelho e fingiu estar interessado em seu reflexo no retrovisor.
- Não quis dizer de um modo ruim, Baby. Falei porque realmente é, mas não estou criticando você nem nada.
- Ta me chamando de viado?
- Você não gosta?
- Não sei, eu poderia dizer a mesma coisa de você.
- Espera aí, eu não sou...
- Não é o que? Uma aberração como eu? Engraçado dizer isso. Porque homem que fica homem pra mim é tudo igual. Falei e pulei para fora do carro.
- Dan, por favor cara, não vamos brigar. Me desculpa.
Não me virei para ele e continuei andando para longe. Já não bastava eu fingir que nada aconteceu, eu teria que voltar a me sentir horrível? Não obrigado.
###
- Pensei que tivesse apagado meu número. Disse Gregori quando entrei em seu carro.
Eu não ia voltar para casa com Felipe e também não podia ligar para meu pai e pedir carona, então ele foi minha ultima escolha.
- Porque eu faria isso? Falei.
- Bom, agora toda a confusão acabou, nos dois não conversamos direito.
Dei um sorriso constrangido para ele. Não havia muito o que dizer, afinal, o que poderia dizer?
- Enfim, como esta indo?
- Estou bem, considerando a vida pôs-drama de quase morte. E você e Marcie hein?
- Eu amo aquela garota. Sou muito grato a você por convence-lá a falar comigo.
- Disponha.
- Sabe, não confio naquele Jeremiah. Ele anda por aí como se fosse uma bomba prestes a explodir.
Não falei nada. Jeremiah era um assunto delicado. Ele era do jeito que era por minha causa e nunca que eu iria sair por aí falando mal dele. Aquele garoto merecia algo de bom, eu ficaria muito feliz em ajuda-lo com isso.
- Sabe, podíamos sair um dia desses. Em um encontro duplo. Disse Gregori.
- Encontro duplo? E quem seria meu par?
Gregori abriu um sorriso e se virou para mim.
- Jordan.
- Dispenso. Falei.
Gregori e eu conversamos por algum tempo no carro em frente a minha casa. Realmente havia encontrado alguém que amava Marcie tanto quanto eu. Tive vontade de falar com ele sobre a queda que Jeremiah tem por ela, mas achei melhor não. Afinal, o que ele poderia fazer para separa-los?
###
- O que vai fazer no fim de semana? Perguntou Nick se sentando ao meu lado na cama.
Novamente, lá estava meu meio-irmão de cueca box parecendo supersexy. Porque ele sempre faz isso? Parece que sabe que estou necessitado de atenção sexual!
- Você não tem roupa? Perguntei.
- Eu durmo assim, e você também esta de pijama.
Olhei para o relógio na parece. Eram nove horas em ponto. Já havia jantado, tomado banho e agora tudo que eu queria era me sentar na minha cama com minha tigela de pipoca e relaxar.
- Eu não vou a lugar algum.
- Nem eu.
Ele pegou um travesseiro no guarda roupa e jogou ao meu lado, entrou debaixo da coberta e pegou um punhado de pipoca.
- O que esta fazendo?
- Nada. Irmãos dormem juntos, as vezes.
Comecei a rir e me virei para a tv. Nick levava a serio demais esse lance de irmãos e eu ate que estava gostado. Depois de Marcie, ele era uma outra pessoa que realmente queria me agradar sem pedir nada em troca.
- Mas que droga é essa? Perguntou Felipe parado na porta de meu quarto.
Me virei assustado para ele. Nick encarava a cena sem entender nada.
- Então foi por isso que fugiu de mim? Para ir se deitar com outro cara?
- Não, Felipe, fugi de você porque foi um idiota.
- Você ao menos gosta dele? Ele perguntou parecendo muito magoado. Isso partiu meu coração, mas tentei ignorar.
- O que você quer aqui cara? Disse Nick.
- Cala a boca se não quiser que eu quebre sua cara meu irmão. Disse Felipe.
- Não sou seu irmão.
Nick se levantou. Quase tive um infarto porque ele estava só de camisa e cueca e isso pegaria muito mal. Felipe olhou aquilo com uma fúria que eu nunca tinha visto em seus olhos antes.
- O que esta acontecendo aqui? Perguntou meu pai atras de Felipe.
- Eu vim aqui para assistir filme com o Dan quando esse cara entrou todo irritadinho.
Felipe me olhava sem entender.
- Ele esta morando aqui por algum tempo. Nick é... Meu meio-irmão por assim dizer.
Felipe olhou para Nick e para meu pai.
- Meio-irmão?
Ninguém disse nada, ele ficou apenas olhando para todos nos com cara de vergonha. Sinto muito, pensei.
Felipe saiu sem dizer nada e Nick olhou comovido para mim.
- Boa noite. Meu pai disse fechando a porta.
- Você me chamou de irmão? Ele disse em um tom falso de choro.
- Nunca vou repetir isso. Vamos ver o filme ta.
Minha cabeça estava girando. Eu estava com muita raiva de Felipe porque tudo que ouve, com todas as mudanças que nossa relação teve, mas meu coração se derreteu e se prendeu em uma única certeza que eu tinha e que realmente importava: Felipe ainda gostava de mim.