Chegou o dia do Matheus viajar. Eu entendia perfeitamente o porquê dele ir, mas a sensação de perda que eu sentia era maior, ainda mais que foi nesse tempo em que ele morava comigo e isso só piorou a situação. Ele já morava aqui quase uns 4 meses, ele já fazia parte do apartamento, dormir com ele já era rotina. Lembro que o voo dele era de madrugada e ele não queria que eu fosse ao aeroporto porque eu trabalharia de manhã cedo.
- Amor, vou indo.
- Já? Que horas são?
- Duas.
- Espera, eu vou contigo.
- Não, deita. Tá cedo e vais trabalhar.
- Me dá cinco minutos que eu vou contigo.
Joguei uma água no rosto, troquei de roupa e fui leva-lo ao aeroporto. Ele se despediu da família à noite, então fomos só nos dois. Ele ia viajar junto com o Rafael (affe), mas era melhor que ele viajar sozinho.
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A viagem tava marcada para às 04 h, o Léo insistiu em me deixar lá, eu não queria sabe, ele tava sofrendo demais. Ele me encheu de presentes, gente ele me deu um urso de pelúcia (muuuuito gay), eu aceitei mas ninguém sabe da existência dele além de vocês. Vergonha. Eu ia viajar junto com o Rafa mas até a hora do embarque eu fiquei sozinho com o Léo, a carinha dele de tristeza misturada ao sono era de cortar o coração e fofa ao mesmo tempo.
- Vou te ligar todo dia tá? – disse
- Jura??
- Uhum, prometo.
O aeroporto tava vazio, eu tava sentado em um banco e ele deitado com a cabeça no meu colo.
- Eu te amo.
- Também te amo.
- Amor, tô com fome.
- Hahaha Tá bom, vamos comer. Acho que dá tempo.
A gente lanchou rápido e logo estava na hora do embarque, pedi a semana toda que ele não chorasse e adiantou?? Nada. Acreditem, ele não cumprimentou o Rafa. O voo foi tranquilo, eu ignorei o Rafa, coloquei os fones de ouvido e me danei a ler, eu sabia que o Léo não gostava dele e tinha motivos e preferi nem dar corda pra ele. Ficamos em um apartamento com dois quartos, logicamente, que ficava próxima à universidade.
De manhã eu ia ao laboratório aprender o método e tirar minhas dúvidas, a tarde eu fiquei de assistir umas aulas como ouvinte e a noite, quando eu chegava em casa, me destinava a escrever o relatório e estudar, já que quando eu voltasse para cá, teria que fazer todas as provas pendentes. A primeira semana foi barra, eu tava exausto. Logo fiz amizades, e já marcaram de sair no primeiro fim de semana. Lógico que falei tudo pro Léo, era basicamente um relatório que eu tinha de passar pra ele hahhaha Ele vivia mandando fotos por WhatsApp sobre o que ele fazia: cozinhando, deitado, dirigindo ahahaha e até de cueca, as minhas preferidas. Tendo a permissão dele eu aceitei. Marcamos de nos encontrar numa pizzaria, até aí tudo bem até que eles resolver ir pra festa. A gente foi pra uma tal de The Week, senhor, aí sim eu vi o que é uma balada gay. Hétero sofre bullying ali, sério. Acho que o único jeito de você não sair dali bulinado é sendo comprometido e com seu love do lado porque é uma azaração só.
O pessoal era tudo da mesma faixa etária, fira alguns que deveriam ter lá seus 22,23 anos. Logo começamos a beber, e eles inventaram de começar a fazer perguntas entre si e pelo local as perguntas iam ficando hot. Mas felizmente não chegou a mim, depois passaram a perguntar com que cada um teria coragem de ficar entre eles. Duas queriam ficar comigo hahaha Eu e mais três dissemos que ninguém e eles não aceitaram e mandaram a gente tomar tequila. Aquilo descia rasgando tudo, deus do céu. A gente passou a dançar e o pessoal se espalhou, do nada sinto uma bela de apalpada na minha bunda, me virei e encarei o cara que deu o sorriso mais cínico do mundo. A primeira eu relevei mas ele veio de novo mas nessa hora tinha uma garota comigo e ela disse que não era para ele mexer porque eu tava com ela.
- O quê? Eu não tô contigo.
- Cala a boca, é só pra ele não voltar mais.
- Mas eu não tô contigo, tu me quer mas não vai rolar.
Eu já tava porre hahaha
- Qual é a tua?? Tem namorada??
- Não, tenho namorado. Entendeu?? Não curto ppk, chupo rola.
Eu sou um amor, porre. Hahaha
A menina evaporou toda assustada. Eu tava morto de alegre devido a bebida e para terminar bem a noite, o Rafa aparece lá, disse que queria curtir a noite. Falei pra ele que curtisse sozinho porque eu já estava cansado e iria embora. Tudo mentira, eu só queria evitar ficar com ele naquele lugar. Fui para o apê e dormi horrores, no domingo acordei com dor de cabeça, acabado, só podia ter sido por causa da tequila, eu nunca tinha sentido aquilo, sou fraco pra bebida mas acordo inteiro. Sei que nesse dia pedimos almoço pronto pois nenhum de nós tínhamos condições de cozinhar algo.
A segunda semana lá foi igualmente cansativa, só falava à noite com o Léo e me doía o coração, por ele nós ficaríamos um bom tempo conversando mas o meu cansaço era imenso e ficávamos no máximo uns 30 minutos ao telefone. Na sexta-feira, foi o susto.
De manhã eu fui à USP e já tava realizando uns testes da minha pesquisa e meu celular tocou, era mensagem do meu irmão. Dizia que não conseguia falar comigo e que tinha algo sério para contar. Eu ligava e ele não atendia até que ele me retorna com uma mensagem:
“Matheus, cadê tu? A mamãe passou mal, tá indo pro hospital. Me encontra lá.”
Eu pirei, passava um monte de coisa pela minha cabeça e a primeira coisa que pensei foi em arrumar passagem de volta para casa, o pior é que eu consegui para o mesmo dia. Mandei mensagem para o Rafa e me mandei pro aeroporto, foi tudo muito rápido, eu ligava para o meu irmão e ele não atendia. O voar já não é legal ainda mais com aquela sensação horrível de não saber o que tava acontecendo. Cheguei aqui e fui direto pra casa, meu pai quase surta ao me ver. Queria me interrogar mas eu queria saber da mamãe, ela tava no quarto. Não passou de uma hiper confusão. A pressão da mamãe caiu, ela foi levada ao hospital pelo irmão, que era o único que estava em casa, porém, ele não sabia que eu havia viajado porque ele tava viajando quando eu tive de partir e ele havia chegado nesse dia em que minha mãe desmaiou e foi pra mim que ele ligou primeiro. Como não consegui falar com ele, pela mensagem eu fiquei apavorado e resolvi voltar imediatamente. Meus pais quiseram matar meu irmão hahaha Mas no fim ele se explicou, o negócio era o meu trabalho, ficou todo lá mas eu decidi não voltar, quem gostou disso: o Léo
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Gente, desculpem-me mas esse conto não ficou como o esperado e nem vou agradecer um por um hoje, na verdade eu nem ia postar. Rolou um estressizinho, na verdade fiquei chateado com alguém aqui da CDC, não sei o nome. Mas ele disse palavras que muito me chatearam e ofenderam o Léo, isso foi o pior. Mas vocês, que realmente acompanham o conto não tem nada a ver com isso, por isso postei. Léo chegou a pedir para eu não postar mais, esse conto ele ia fazer sozinho mas ficou só nisso mesmo. Amanhã eu conto mais sobre isso, ou não. Mas eu voltarei a postar normalmente. Boa noite e abraços.
P.S.: Toshy, agradeço a preocupação. Pode deixar que a gente se cuida. Bjs;
Bruno C.: obrigado pelas palavras, menino. Saibas que gosto muito de ti. Um enorme abraço.