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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html
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Desde que ouvi pela primeira vez a música faroeste caboclo, do Legião Urbana, eu sabia o que o Renato quis dizer quando falava que o João do Santo Cristo tinha ido para o inferno. O inferno era uma coisa familiar para mim na época, eu ia para o inferno a cada dia meu corpo era tomado, a cada dia que era obrigado a saciar o meu irmão sexualmente. A cada dia que minha inocência de criança era profanada para satisfazer os desejos imundos do Carlos.
Naquela noite, eu descobri o que era ir para o inferno pela segunda vez. Era uma sensação pior ainda que a primeira, quando você pensa que nunca mais vai viver aquele terror e ele simplesmente aparece novamente diante de você e te rasga por dentro novamente te deixando em retalhos.
Meus olhos aterrorizados olhando aquelas fotos em cima da mesa não deixavam margem à dúvidas de que eram autênticas. Ele finalmente tinha conseguido o que buscara há anos. A confirmação da minha homossexualidade. O que devia fazer? Implorar, tomar as fotos?
- O que diabos é isso? - Falei me jogando furiosamente sobre as fotos e rasgando algumas.
- Isso se chama poder do dinheiro. Paguei o preço certo e o trouxa do Flávio me concedeu as fotos que ele tirou de você para tocar punheta lembrando das vezes que te enrabou. Seu viadinho. É tão gostoso te chamar de viadinho tendo certeza que você é. Viadinho, bicha. Mal posso esperar para ver a cara do papai. Rasga, pode rasgar essas, acha que eu sou trouxa de não ter uma cópia virtual? - Perguntou ele às gargalhadas.
- Cara, poxa, você não pode destruir minha vida assim.
- Na verdade. Caio, eu posso sim. Eu posso fazer com você o que quiser. Seu viadinho. Está vendo? Você nem reage ao meu xingamento, você sabe que o poder está comigo agora não é? Sabe quem é que manda. Não é? - Perguntou furioso me dando um tapa na cara.
Não reagi.
- NÃO É? - Gritou furioso me dando outro tapa. - Responde essa pergunta sua bicha ou eu mando essas fotos agora mesmo para a internet compartilhando com todos os seus amigos do colégio e ainda mando para a família.
- É, Carlos, tudo bem cara, você ganhou. - Comecei a chorar. - Cara. Eu sei que a gente nunca se deu bem, mas não precisa fazer isso comigo. Eu nunca faria algo do tipo contigo?
- Não faria? Não faria sua putinha. Não faria mesmo não. E sabe porque? Porque eu sou macho, eu dou fodedor, não sou um chupador de piroca como você. Um mordedor de fronha de merda.
- Cara, se você não mandou isso para nenhum lugar, tem alguma coisa que você quer. Eu faço qualquer coisa, ninguém pode saber de mim, não dessa forma.
- O que eu quero? Gargalhou ele. - e se eu quiser apenas te ver chorar e implorar? Se eu quiser apenas que você se humilhe e beije os meus pés? Apenas para depois mostrar essa putaria para todo mundo da mesma forma? E se eu quiser apenas que o papai não tenha tempo para se chatear por eu não ter te impedido de entrar na casa, ocupado demais vendo como o filhinho dele mais novo sabe mamar num cacete de outro macho.
- Cara, o papai vai ter um troço.
- Desde quando você se importa com a saúde dele. Seu arrombado? Gritou ele me dando outro tapa. - Hein? - Outro tapa. - Você quer que ele morra, que eu sei. Quer eu e ele mortos. Você detesta toda a sua família. Como tem a audácia de chamar a vovó para te defender? Ela devia era ter mandado te dar uma surra também. Acho que ela vai fazer isso quando ver essas fotos.
Eu estava completamente fora de mim. Apenas chorava desesperado enquanto levava tapas e ouvia gritos.
- Sabe o que é mais engraçado, sua putinha estúpida? - Perguntou ele me puxando pelos cabelos e me levando até a sala. - O mais engraçado era você dizendo que foi abusado por mim. Você sempre gostou de pica, seu fodido. Ai vinha com dengo pro meu lado, chorando quando eu te comia. Aquela tua cara falsa para o papai. Adorava levar rola. Eu sempre soube, eu só fazia o que você curtia. - Concluiu ele me jogando em um sofá.
Eu me voltei para ele e cai ajoelhado no chão. O agarrei pelas pernas:
- Carlos, cara, por favor. Eu nem sei mais o que fazer pra você me ouvir.
- Não sabe, não sabe? Pois eu sei putinha. Eu sei muito bem. Falou ele tirando o cinto. Eu me fastei para trás assustado.
- Não cara, você não pode querer isso.
- Eu posso tudo putinha, esqueceu. - Falou ele colocando o pênis para fora. - Me chupa, chupa bem gostoso, sem choro, chupa como tu chupa a pica desses teus machos por aí, é tua única chance de eu não acabar com a tua vida.
Eu confesso que nunca deveria ter feito aquilo, não consigo sequer pensar no assunto sem me correrem lágrimas. Mas eu estava em choque, eu estava completamente desesperado. Me ajoelhei diante dele e pus o pênis dele na boca, enquanto meu rosto era completamente banhado de lágrimas.
Eu me tremia muito e não conseguia fazer nada que desse prazer a ele. Acho que o máximo que fiz foi machucar ele com os dentes. Mas nem disso tenho certeza porque essa memória é muito confusa. Ele odiou o que eu fiz, me empurrou para trás e me deu uma cintada na cara.
- É assim que você chupa? Não presta nem para chupar um cacete. Acho que você não tem solução.
Eu só soluçava caído no chão. Percebi que apesar de não ter feito oral direito o pênis dele estava extremamente duro. Aquele doente estava se excitando muito com aquela situação.
Desde que ele mostrou aquelas fotos, eu sabia que aquele momento chegaria. Eu sabia que iria ao inferno novamente. E eu não tive forças para fugir dele. Ele colocou seu cinto ao redor do meu pescoço, como quem me enforca e, me puxando por ele, me forçou a ficar de quatro apoiado no sofá. Ele desceu minhas roupas e me possuiu, lubrificando apenas com saliva. Rasgou meu corpo e minha alma, eu desfaleci.
Quando acordei apenas ouvi silêncio ao redor. Parecia que aquele terror havia sido um sonho. Mas as dores no meu corpo não me deixavam me enganar. Eu estava completamente nu, ele tinha tirado até minha camisa enquanto eu estava desmaiado. Pus a mão no meu bumbum e senti que havia uma mistura de sangue e esperma seco. Eu queria morrer. Não teria coragem de olhar para mim mesmo depois de ter deixado o Carlos fazer aquilo comigo. Podiam colocar minhas fotos com o Flávio em outdoor's pela cidade. Podiam espalhar a história para quem quisesse, nada seria jamais tão terrível quanto o foi ser estuprado novamente depois de tanto tempo.
Eu precisava morrer, precisava me livrar daquela sensação horrivel. Me senti destroçado por dentro e por fora. Estava completamente mergulhado nas trevas novamente e não via nenhuma luz para sair daquilo. A sala do apartamento dava para uma enorme varanda, eu dificilmente ia até lá, eu tinha medo de altura. Naquela noite, porém, a altura era minha amiga. Ela tiraria aquele vazio que me corroía, ela teria que me aliviar daquela dor que me impedia de continuar respirando. Eu caminhei lentamente. Nu e ensaguentado.
Ouvi meu celular tocar entre minhas roupas arrancadas. Não importava mais. O que quer que alguém tivesse para me falar não faria sentido naquele momento. Nada mais fazia sentido, a única coisa que faria sentido em toda aquela bagunça que o Carlos deixou em minha vida para saciar os desejos doentios dele era por um fim em tudo. O telefone continuava tocando insistentemente. Havia uma janela de vidro fechada. Precisava abrir ela. Abri um dos lados da janela. 16º andar. Com certeza eram suficientes. Jamais sobreviveria. O telefone toca, alguém tem algo muito importante para me falar, ao que parece. Importante, mas não para mim. Nada mais me é importante. Então quando eu vou abrir o segundo lado da janela eu vejo ela. Refletida no vidro frio. Me chamando para voltar para dentro do apartamento. Está minha mãe.
Começo a chorar. E o telefone ainda toca. Eu aceno e digo que não posso voltar. Me volto para trás e não vejo nada. Volto a olhar para o vidro e novamente não vejo ela. Faço menção de entrar e então eu a vejo novamente no vidro. Dessa vez ao me voltar eu a vejo. Está em pé no meio do apartamento e me chama. Me chama da mesma forma que me chamava quando eu era criança e sofria algum machucado. Aquele olhar de mão que promete consolar todas as suas dores. Durou um milésimo de segundo. Pensando hoje, como cético eu poderia dizer que foi uma ilusão. Mas meu coração sabe a verdade. Eu voltei, voltei para onde ela estava e o telefone ainda tocava. Era o Yoh. Eu me abaixo e atendo.
- Caio?
- Yoh?
- Sim, sou eu. Não faça isso. Não vai aliviar dor nenhuma. Só vai piorar as coisas. Está mesmo aí em cima ?
- Estou.
- Se afaste de qualquer janela e autorize minha subida. Estou aqui embaixo.
Continua....
P.S: Essa é a última parte de hoje, amanha por volta das 17 eu posto um capítulo novo. Obrigado a todos que estão acompanhando.