Olhei para o lado, e vi o Heitor sentado na cama olhando na minha direção. Droga! Acordei o cara. Agora ele devia estar me odiando mais do que nunca.
- Desculpa...não queria te acordar. – Eu disse com a voz baixa e rouca
- Você está bem? – Ele me perguntou com uma expressão preocupada. Preocupada? Devia estar delirando.
- Eu acho que eu to gripado, só isso. Eu vou ficar naquele sofá do escritório da sua mãe, assim não te incomodo com a tosse. – Eu disse me esforçando para levantar, mas a pontada que senti ao tentar, me fez fazer uma careta de dor, seguida de um gemido.
- Ei cara, calma ai. Você não parece estar nada bem. – Ele disse levantando e indo na minha direção. Colocou a mão na minha testa e levou um susto. – Caralho moleque! Você tá pegando fogo! Está ardendo em febre. Espera que vou pegar um remédio e o termômetro.
- N-Não precisa, eu estou bem, sério. Eu só... – Mas ele me deixou falando sozinho. Estranho. Ele falando comigo, e demonstrando preocupação. Na certa não queria que o “primo” morresse enquanto a mãe dele está viajando. Ele voltou com o termômetro, um comprimido e um copo de água. Engoli o comprimido com dificuldade, e me esforcei para tomar mais uns três goles de água. Ele sem me pedir, levantou o meu braço e colocou o termômetro ali. Esperou 5 minutos e consultou a marcação.
- Porra leke, tu ta com quase 40ºC de febre. Merda, logo agora que minha mãe não está aqui. Vem, levanta, vou te colocar no chuveiro gelado. – Ele disse, já puxando o meu braço.
- Não! De jeito nenhum. Eu to morrendo de frio, não vou entrar em um chuveiro gelado. Não. Me deixa aqui, quieto, eu já tomei o remédio, daqui a pouco já abaixa. – Eu disse tentando tirar o meu braço que ele estava segurando.
- Cara, você tá com muita febre, pode te dar uma convulsão. Não dá para esperar o remédio fazer efeito. Vamos, eu vou com você. - Ele disse me dando um puxão mais violento, fazendo com que eu quase caísse da cama.
Percebi que não teria alternativas. Ele não deixaria eu ficar deitado como eu estava, e eu não tinha forças para discutir. Sentei na cama, sentindo um calafrio percorrer meu corpo quando ele tirou a coberta. Ao levantar, senti uma tontura forte que me fez bambear e quase cair. Ele me segurou, fazendo com que eu apoiasse meu peso nele. Fomos caminhando devagar até o banheiro. Ele me escorou na pia, e puxou a minha blusa para tirá-la.
- Eu posso fazer isso sozinho. – Eu disse, um pouco contrariado devido a situação. Tirei a camisa, sentindo outra onda de calafrio percorrer meu corpo.
- Agora tira a bermuda – Ele disse naturalmente, mas eu simplesmente travei. Não tínhamos intimidade nenhuma. Até a algumas horas ele nem olhava para minha cara, e agora iria ficar nu na frente dele?
- Não precisa tirar a bermuda. Vou entrar assim no chuveiro. – Disse firme.
- Cara, você ta com vergonha do que? Você não tem nada ai que eu não tenha também. Mas tudo bem, se você prefere assim. – Falou e ligou o chuveiro. – Agora vem, vou te ajudar.
Ele segurou meu braço e foi me encaminhando pro box. Antes de entrar, respirei fundo e fui. A água gelada causou um enorme choque ao entrar em contato com a minha pele fervendo, fazendo com que eu soltasse um grito. Minha primeira reação foi tentar sair, mas ele me segurou. Dizia para eu ter calma, que iria me fazer bem, mas meu corpo só queria sair dali. Depois de alguns minutos ele desligou o chuveiro e me enrolou com uma toalha. Eu tremia violentamente, e ele como por um impulso, me abraçou esfregando as mãos nas minhas costas como que para me aquecer. Ficamos assim por algum tempo. Aos poucos, fomos caminhando de volta para o quarto.
- Tira essa bermuda molhada. Onde estão suas roupas? Vou pegar pra você. – Ele disse já se encaminhando para o armário. Expliquei onde estava, e ele sem demora achou uma bermuda, uma camiseta e uma cueca. Colocou em cima da cama, e foi me ajudar, mas eu o impedi.
- Olha Heitor, você já fez demais por mim. Obrigado mesmo. Eu consigo me trocar sozinho, não se preocupe. – Eu disse tentando ser gentil.
- Tudo bem. Eu vou pegar mais um cobertor pra você no quarto da minha mãe. – Ele falou e saiu em seguida.
Com algum esforço, retirei a toalha e comecei a me vestir. Estava colocando a camiseta quando ele retornou. Me ajudou a me acomodar na cama e me cobriu. Colocou novamente o termômetro, e conferiu a temperatura.
- Abaixou muito pouco. Cara, se não melhorar, vou te levar para o hospital. Isso dai pode ser mais que uma simples gripe. Você está tão pálido, quando foi a ultima vez que você comeu alguma coisa? – Ele perguntou.
- Ontem, eu acho. – Respondi.
- Caralho cara, você não pode ficar tanto tempo sem comer assim. Por isso que você está fraco desse jeito. Espera, vou ver se faço alguma coisa. – Ele disse e saiu em seguida, não me dando tempo para protestar.
Não sentia a menor fome. Meu estomago estava embrulhado, e ainda sentia frio por causa do banho gelado. E tudo que não precisa era o Heitor me ajudando. O cara me odiava, e agora eu teria uma divida de gratidão com ele. Eu não estava entendendo o porquê de tanta solidariedade. Isso com certeza ia me sair muito caro. Depois de alguns minutos ele voltou com uma bandeja na mão. Me ajeitei na cama, e ele colocou no meu colo.
- Sopa? Você sabe fazer sopa? – Eu disse surpreso.
- Ah, é aquela sopa pronta, mas pelo menos vai ter alimentar um pouco. Eu sei me virar. – Ele disse rindo em seguida.
- Cara, porque você ta fazendo isso? Você já deixou claro que não me suporta. Você não precisa ter se incomodado. – Eu disse.
- Não é bem assim. Eu não te odeio, nem nada disso. Na verdade, não é nada pessoal. Só não gosto da minha mãe me impor às coisas, e ela é mestre nisso. Eu sei que eu fui escroto com você, mas foi meu jeito de demonstrar minha insatisfação. – Ele disse.
Não falei mais nada. Comecei tomar a sopa devagar, e meu estomago, apesar de revirado, agradeceu pelo alimento. Deixei um pouco menos que a metade no prato, apesar dos protestos dele. Dormi logo em seguida.
Era dia quando acordei. Me sentia um pouco melhor, mas meu corpo estava muito dolorido. Olhei para a cama do Heitor e o vi dormindo, meio sentado. Tentei me levantar para ir no banheiro, mas a tontura voltou. Com o barulho, ele deu um pulo da cama. Olhou assustado em minha direção.
- Você está bem?! Calma, eu te ajudo a levantar. – Ele disse levantando-se em seguida.
-Eu me sinto melhor. Você que parece que não dormiu muito. – Eu disse me apoiando nele para levantar.
- Eu fiquei preocupado com a febre, mas quase de manhã ela cedeu. Acho que acabei cochilando. – Ele dizia enquanto me levava até o banheiro.
- Po cara, nem sei como te agradecer, sério. Pode deixar, eu consigo ir sozinho a partir daqui – Eu disse entrando no banheiro e fechando a porta em seguida. Aquela situação toda era estranha demais. Vai ver aquele garoto não era tão frio, e egoísta como eu supunha.
Sai do banheiro e ele me esperava na porta. Mas uma vez me ajudou chegar até a cama, e colou o termômetro. Estava com febre ainda, mas nada comparado ao que estava. Ele me deu mais um dose do remédio, e saiu do quarto. Voltou em seguida com outra bandeja, com pão e um copo de leite.
- Come. Não quero discussão, você precisa se alimentar. – Ele disse. Não respondi nada. Comecei a comer devagar, sentindo um desconforto horrível na garganta, mas me forcei a comer tudo. Ele sorriu satisfeito.
- Agora descansa. Eu não vou sair daqui. – Ele disse sentando em sua cama.
- Cara, você deve ter coisa pra fazer com seus amigos. Domingão de sol preso em casa com um doente. Vai se divertir, eu vou ficar bem, sério. – Eu disse encorajando-o.
- Não. Eu vou ficar. Agora descansa. – Ele disse firme.
A noite já me sentia bem melhor, e a febre tinha cedido, me deixando apenas febril. Na Segunda, fui à faculdade apesar dos protestos dele. Me sentia um pouco fraco, mas não queria faltar aula. Ele me deixou lá, e disse que me pegaria no final da aula. Ainda estranhava um pouco o comportamento dele em relação a mim, mas estava começando a me acostumar com o “novo” Heitor. Minha tia chegou de viagem e eu contei o ocorrido, mas tranquilizando-a em seguida dizendo que já estava bem. Contei o quanto o Heitor me ajudou e ela ficou feliz. A semana foi passando, e quase não sentia mais resquícios da gripe. Eu e o Heitor fomos nos aproximando cada vez mais, como eu tinha imaginado que iria acontecer desde o princípio. Conversávamos sobre vários assuntos, riamos das nossas aventuras, trocávamos experiências e aos poucos fui descobrindo o cara legal que estava escondido atrás de tanta rebeldia. Já era Sexta quando ele falou que ia marcar um churrasco no dia seguinte para me apresentar alguns amigos. Achei uma ótima ideia, pois assim conheceria mais gente e poderia me enturmar também.
No dia seguinte, na hora marcada, as pessoas foram chegando, e aos poucos fui conhecendo cada um. Não foi difícil fazer amizades ali, visto que a galera era muito divertida. O Heitor me apresentou um amigo dele, o Rodrigo, e logo começamos um papo animado. De fato ele era muito simpático, fazendo piada de tudo e sendo carismático. Não percebi que estávamos conversando há tanto tempo sem dar atenção ao resto das pessoas quando meu primo chamou nossa atenção.
- Ei, tem outras pessoas aqui se vocês não perceberam – Ele falou em um tom brincalhão.
- É verdade. Foi mal primo. Vou pegar uma cerveja, e falar com a galera. Muito legal te conhecer Rodrigo, a gente vai se falando. – Eu disse.
- Com certeza cara, gostei muito também. Salva meu número ai. Qualquer coisa que você precisar, pode contar comigo. E a gente vai se esbarrar muitas vezes ainda. – Ele disse me dando um abraço camarada.
Salvei o seu número no meu celular, e fui pegar a cerveja. Estava conversando com umas meninas quando reparei o Heitor e o Rodrigo num canto conversando. Pareciam estar discutindo, mas eu não tinha certeza. Resolvi não ficar prestando atenção na cena e voltei meus olhos para as meninas. Uma delas estava até dando em cima de mim, mas deixei claro que tinha namorada.
A noite, quando todos já tinham ido, ficamos eu e o Heitor sentados a beira da piscina.
- Po cara, valeu de verdade pelo churrasco. Seus amigos são muito legais, gostei muito de conhece-los. – Disse sorrindo.
- Que bom que você gostou deles. Acho que eles se amarraram em você. E o Rodrigo, nem dê muita ideia pra ele não. Ele é assim mesmo, meio folgado. Conhece e já se acha o melhor amigo. – Ele falou.
- Ah, mas eu achei ele bem legal. – Disse estranhando um pouco o comentário dele.
- Ele é, mas nem dê muita confiança. Vai por mim. – Ele disse um pouco sério.
Resolvi não insistir. O cara era amigo dele, ele devia ter motivos pra estar falando aquilo.
Mais uma semana passou tranquilamente. Me enturmava cada vez mais na faculdade, e estava me sentindo bem mais adaptado. Sentia falta da minha família e da Alice, com que eu falava todas as noites, e por isso planejava passar esse fim de semana com eles. Na quinta feira cheguei um pouco mais cedo em casa, e li um bilhete deixado por minha madrinha na geladeira avisando que se atrasaria devido a uma reunião. Quem trabalha com comércio exterior muitas vezes tem que se submeter aos fusos horários. Comi algo rápido e fui para o quarto. Quando entrei, vi a tela do computador acesa e o barulho de chuveiro misturado a uma música alta. Heitor estava tomando banho. Joguei a mochila na cama e resolvi esperar. Sentei, mas meus olhos não saiam do monitor. Uma curiosidade arrebatadora tomou conta de mim, mas resolvi me controlar. Aquilo era invasão de privacidade, e era errado. Mais alguns minutos, e nada dele sair do banho. Ouvi um apito vindo do computador. Era alguém que o estava chamando. Levantei e sem sentir fui me aproximando da máquina. A tela do MSN estava aberta, e alguém o chamava insistentemente. Sem me dar conta, e totalmente tomado por um impulso, meus olhos foram deslizando pelas linhas lendo a conversa. O nick do Heitor era “HC_07”, e o da pessoa com quem ele estava conversando era “gato.zs”. Tudo indicava que era um outro homem. Outro homem?? Meus olhos passavam rápido, linha por linha e aos poucos fui captando o teor da conversa. Lia, com os olhos arregalados a medida que o papo ali esquentava, revelando o desejo dos dois em consumir o ato, mesmo que virtualmente. A descrição das carícias, beijos mordidos e de como cada corpo estava reagindo foi me deixando chocado e muito excitado. Lia já não me preocupando mais com o ele tomando banho ao lado, porque estava completamente absorto com aquela narração. Cada passo era descrito detalhadamente, fazendo com que eu realmente imaginasse a cena dos dois transando. A música foi interrompida e me dei conta que ele já tinha terminado o banho. Instintivamente me virei...
...Continua.
Rááá e agora hein?? Fala galerinha do bem!
Quero agradecer os comentários, o retorno de alguns queridos leitores e surgimento de novos. Me amarro de verdade em vocês. Quero agradecer aqui a um leitor que me mandou um e-mail, que nossa, me deixou sem palavras. Não vou citar o nome dele, porque não se se ele gostaria, mas fez meu dia mais feliz com certeza. Obrigado. Pra quem quiser trocar uma ideia : fael_1988@yahoo.com.br e vamos as respostas:
Rick***: Pois é leke, o Heitor tem seus problemas que vão aparecer ao decorrer da história, mas não parece ter o coração de pedra. Tamo junto. Valeu!!
Lion:b: Cabeça dura é?? Hã. Hahaha. Quem sabe debaixo de tanta marra se esconde um coração. Valeu lekinho.
sonhadora19: Olhaaaa, tava sentindo falta dos seus comentários gata, q bom q ta de volta!!! E agora?? O que vai acontecer??? Valeuuu!!!
menino_timido_18: Fiquei muito feliz em saber q vc curtiu o “Pedro e eu” e agora ta aqui prestigiando esse. Acho que o Heitor não é tão ranzinza assim. Valeu mesmo!!!
Ru/Ruanito: Opaaa o Heitor já ganhou um desafeto então?? Hahaha. Valeu por acompanhar.
Geo Mateus: Fico feliz que tenha gostado. Vamos ver o que vai dar disso tudo.
Amigah18: Será gata?? Acho que muita coisa vai acontecer ainda. Valeu pelo comentário.
Babado Novo: O Skype por enquanto na rola =( mas a fico feliz q vc ta curtindo. Valeeuuu.
Dalia_florzinha: Po valeu gata, de verdade. Espero q goste dessa.
$Léo$;): Ajudar ele ajudou, mas será q tanta bondade vai sair de graça?? Valeu leke!!!
Augusto3: Opaaa, olha quem ta de volta??? Po cara, feliz em te ver por aqui, e mais ainda por vc ta curtindo. Senti falta também. Valeu de verdade!!
ITATY: Po cara, fico felizão em saber que vc acompanhou o outro e agora ta acompanhando esse. Pelo comentário a gente acaba conhecendo os leitores. Espero te ver sempre aqui agora.
Crystal *.*: Fico bem feliz em saber, e faço questão de responder aos comentários pois estou escrevendo pra isso, pra ter um contato maior com vocês e retribuir o carinho. Valeu gata!!!