- Eu vou trabalhar aqui, Léo.
- Não é possível isso.
Ele parecia chateado e eu não escondia minha felicidade. Lógico... Iria ficar mais próximo dele e tudo que eu sentia pelo Léo ficou ainda mais forte. Nosso chefe apareceu e o Léo foi obrigado a me mostrar onde ficava cada sala do andar. Apesar de sua aparente raiva, em nenhum momento ele foi deselegante. Muito pelo contrário, foi extremamente profissional e me mostrou tudo direitinho. O último lugar era o almoxarifado e ele entrou na frente, enquanto eu fechei a porta. Aproveitei a chave que estava lá e virei a fechadura. Ele se virou, percebendo minha intenção e foi mandando:
- Lucas, abre essa porta agora.
- Não. Você vai me ouvir.
- Lucas, eu não vou repetir. Abre ou eu vou gritar e você vai perder esse emprego, antes de assinarem sua carteira.
- Léo, presta atenção.
- Eu não quero saber de nada.
Ele veio pra cima de mim e tentou abrir a porta. Eu o segurava pra não conseguir rodar a chave e nesse meio, nos beijamos. Não sei dizer quem beijou quem, mas aconteceu. O beijo durou alguns minutos. Começou bastante intenso e foi diminuindo pra uma movimentação mais apaixonada. Quando o beijo acabou, continuamos nós dois de olhos fechados, com as testas coladas e eu soltei:
- Léo, me perdoa, por favor? Eu aprendi a lição. Eu amo você demais, por favor.
- Não é fácil pra mim também Lucas, mas eu tô seguindo em frente.
Acordei do transe do beijo quando ele disse aquilo.
- Como assim você tá seguindo em frente?
- Eu acho que tô apaixonado por outra pessoa.
- Você tá mentindo Léo. A gente acabou de se beijar.
- E você acha que eu só beijo quem eu amo? Capaz.
Se a ideia era acabar comigo, ele conseguiu. Só disse uma frase:
- Eu não vou desistir de você.
Abri a porta e saí de lá. Fui pra sala do chefe e logo o Léo chegou. Me inteirei de tudo que precisava fazer naquele dia e em diante. Estava muito triste, mais do que antes. Fiz o que precisava fazer e fui pra casa. Não tinha como não chorar. Aquela era, sem dúvida, a pior fase da minha vida.
Nesse tempo que terminei com o Léo, minha mãe havia ligado algumas vezes e ofereceu ajuda outras tantas, mas eu me recusei. Como eu não estava mais com o Léo, ela acreditava que a fase de homossexualidade já havia passado. Porém, eu havia deixado claro pra ela que se antes eu me dizia bissexual, naquele momento eu já tinha certeza: eu era gay e pronto. Ela, ainda resistente com isso, não conseguiu me convencer.
Havia prestado vestibular pra mesma faculdade onde o Léo estudava, mas pro curso de psicologia. Até eu entrar na engenharia, a psicologia não chamava em nada minha atenção, mas as coisas mudaram. Eu me interessei pela área e já lia coisas sobre. Passei no vestibular e comecei a estudar e trabalhar. Encontrava o Léo na faculdade e no trabalho. Apesar de sentir que sua raiva ia diminuindo, todas as minhas tentativas de me aproximar se frustravam.
Num dia, teve uma recepção aos calouros num bar de frente pra facul, o mesmo que eu via o Léo quando nos conhecemos, e eu iria ir depois do trabalho. Fui sem nenhuma pretensão, apenas pra beber um pouco e depois voltar pra casa. Cheguei lá e depois de uns quarenta minutos o Léo chegou. É claro que minha noite passou de curtição, pra observá-lo.
Ele se sentou com uns amigos que eu já conhecia e Victor estava no meio deles. Mudei de posição na mesa pra eu poder vê-lo melhor e também pra que ele pudesse perceber minha presença. Porém, ele não me ver ali. Um carinha que tava do lado dele, um dos poucos que eu não conhecia da turma dele, estava conversando com o Léo praticamente ao pé do ouvido e isso já me irritava.
Ecoava na minha cabeça aquela frase de que estava seguindo em frente. Fui bebendo e o pessoal da minha sala já havia ido embora. Já se passava das duas da manhã e eu lá, vigiando os dois, sozinho na mesa, bêbado.
Alguns minutos depois o Léo olhou pro outro lado e me viu! Seu sorriso se desfez quando encontrou o meu e o meu sorriso foi embora quando ele beijou o carinha do lado.
Não conseguia nem reagir. Demorei vários minutos pra calcular qualquer movimento. O beijo deles foi rápido, parecia um selinho demorado, se não fosse a insistência do moço de colocar a língua no beijo, mas tive a impressão de que o Léo não queria isso.
Fiquei lá ainda bebendo e o Léo olhava pra mim de vez em quando. Não chorei nessa hora, apenas estava mais chateado, se é que havia possibilidade.
A turma do Léo estava indo embora e eu decidi ir antes que ele fosse.
Levantei da mesa meio tonto, entrei no bar, paguei a conta e fui pro ponto de ônibus. E cadê que o ônibus passava? Fiquei mais de 40 minutos lá... O que foi até bom pra aliviar meu porre. Hoje fico pensando se o ônibus já não havia passado e eu não havia visto por causa da bebida. Enfim. O bar estava vazio e o ponto também. Mas Léo ainda estava lá.
Não conseguia desviar o olhar dele, até que ele resolveu ir embora. Percebi que ele não estava de porre e vi que ele segurava as chaves do carro. Fiquei olhando pra ele e o vi ligando o carro e indo embora, felizmente sozinho. Ele passou pelo ponto e me viu lá, sozinho e mais triste impossível.
Alguns minutos depois o ônibus vinha vindo, mas antes que eu desse sinal, me assustei com o Léo segundo meu braço:
- Vem, vou te levar em casa.
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Pessoal, desculpa a demora, mas cheguei de uma pequena viagem ontem e morto! Não aguentei escrever, apesar de ter entrado no site. Tô quase chegando na parte atual e agradeço aos que tiveram paciência com a história até aqui.
Tiaguito123: obrigado por comentar e eu também não sei por que não resisti! Aliás, também não entendo por que fiz... Mas vida que segue né?! Espero que continue por aqui, valeu
Ametista: ela é muito baixa sim, mas tenho consciência que também errei... e feio! Afinal, quem tinha compromisso era eu. Nem sei como ela está hoje, nem tive curiosidade. Valeu
Jhoen Jhol: ele fez certo sim... traição é foda! Felizmente tudo se acertou. Obrigado por comentar
Ru\Ruanito: tadinho mesmo... foi um período tenso e não sou egoísta de achar que ele não sofreu, muito pelo contrário. Valeu por estar aqui
Agatha1986: foi tenso... mas foi melhorando. Valeu
Spider_19: sem dúvida, cresci muito com tudo isso. Crescemos, porque tanto eu como o Léo nos tornamos mais adultos! Valeu
Augusto3: fico feliz em saber que tudo se resolveu... o melhor é que não temos mágoa do que aconteceu. Valeu
Kahzim: hahaha tentei atualizar o mais rápido, mas fui ler sua história e desanimei. Já tô me sentindo triste pelo fim do seu conto... Pena que vai acabar. E que o Caio fique com o Yoh kkkk Valeu por comentar
Vitinho: obrigado, a viagem foi bem boa. Demorei? Hahaha obrigado por comentar
Otilia Sabrina: tudo conspirou a favor pra que a gente voltasse... meio complexa sua opinião, mas simplesmente esqueci que ela existia e foi beeeem melhor rrsrsrs valeu
Stahn: espero que tenha curtido essa parte, obrigado!
Matheus.92: devolve seu coração pro lugar sô! Rsrsrs obrigado por comentar
Vinícius e Lukas: bom saber que gostou! Espero que continue por aqui e que mantenha-se gostando rsrs valeu
Scarlett: conspira muito a meu favor, apesar dos meus tropeços! Obrigado por estar aqui, valeu