Gente desculpem pela demora, mas foram tantas coisas que eu acabei preterindo o conto, eu tinha começado o capítulo a muito tempo, mas agora consegui completas, mas antes de continuar o conto vou fazer o merchan de uma música que eu estou viciado: All American boy, Steve Grand uma musica linda que narra à história de um cara que se apaixona pelo amigo hetero, se quiserem assistir tem no you tube quem quiser ver http://www.youtube.com/watch?v=pjiyjYCwNyY
Bom, sem mais delongas vamos ao conto.
Quando ele desligou o telefone meus olhos haviam se convertido em duas cascatas, embora tenhamos trocado apenas algumas palavras o seu choro, o sabor de suas lágrimas haviam algo que me trouxeram de volta a vida. Eu poderia ser um soldado, estar lutando para isso, eu poderia ter o apoio dele, eu poderia tê-lo de volta e ser completo. Do que iria valer tantos esforços se no fundo eu perderia aquilo que eu tinha de mais valioso, o meu coração? Coração este que não me pertence já faz muito tempo, tudo aquilo que eu sou tem um dono: Samuel Owen. Se Samantha trouxe Taylor do Tártaros para acabar com minhas chances eu evocaria todos os olimpianos para ir contra os desejos desta filha de Hera. Ela é uma mulher que eu gosto e admiro muito, mas aquele cara é meu.
- Miller, o que foi? Você está chorando? – perguntava Montez preocupada.
- Não é nada... o sem vergonha começou a chorar e desligou na minha cara. – apenas respondi.
- Venha cá... isso... isso... é... – ela não sabia o que dizer, apenas tentava me consolar.
- É ótimo, ele... ele não me esqueceu... eu... eu ainda não o perdi completamente. – embora eu estivesse triste, e chorasse horrores sempre havia um riso em meu rosto, algo que há dias eu não conseguia demonstrar.
- Então, vejo que já tomou sua decisão, não foi? – ela perguntava calmamente.
- Antes de vir ele disse que se eu o tivesse informado me apoiaria, não concordava com esta decisão, mas estaria ao meu lado. Não sei se ainda vale após as minhas burradas. Acabarei o treinamento normal e voltarei pra casa como soldado e tentarei reavê-lo. Mesmo que Potter queira comer meu fígado, ou dificultar minha vida ao máximo por recusar a proposta dela, mesmo que eu morra como um mísero soldado...
- Você tem certeza disso, Timothy é um preço bem alto a se pagar por...
- Infelizmente eu voltei a raciocinar só agora, e perdê-lo é um preço que eu não estou disposto a pagar.
- A decisão é sua. – ela responde com simplicidade.
No outro dia eu estava preparado para a guerra, se normalmente Potter já era uma mulher que intimidava, imagina agora, que eu iria contrariar uma de suas ordens, ou seus desejos. Eu estava caindo de um penhasco sem paraquedas, estava em uma espécie de jogo em que estavam, mais uma vez, apostando todas as minhas fichas. Mas se antes eu já havia apostado pela culpa, agora apostava pela vida, pelo amor daquele que é meu. Como Ulisses agora encararia minha Odisseia pessoal para reavê-lo. Apenas algumas palavras: “Sra. Potter, sinto, mas não aceito sua oferta.” Poderiam tanto me conferir a liberdade, ao passo que acabaria com todas as minhas pretensões. Eu estava muito nervoso, pensava várias vezes, fazia incontáveis esquemas mentais para saber se o que eu faria era certo, ou para me preparar para o pior. Enquanto eu estava neste tormento pessoal um de meus companheiros, Yamamoto, entra no dormitório e me informa que ela quer ter comigo. Vou até seu escritório.
- Então, qual é a sua resposta? – ela me questiona com uma pressa e uma precisão cirúrgica.
Eu estava muito nervoso, ficava pensando: Não gagueje, não gagueje, não gagueje, mas mesmo com este esforço foi impossível.
- Be... bem senhora... eu na... não...
- Fale direito soldado! – ela esbravejava.
- Lamento senhora, mas terei que recusar sua oferta. – falei baixo.
- Como?! – ela elevava um pouco o tom de voz.
- É isso que a senhora escutou, não poderei aceitar a sua oferta.
- Explique-se soldado. – ela ordenava.
- É uma questão pessoal. – eu me limitava a responder o mínimo.
- Questão pessoal? Um mísero soldado está recusando minha oferta por questões pessoais? Você tem ideia de quem eu sou? Do que eu posso fazer da sua vida Miller? – ela falava ainda mais alterada.
- Sim senhora, não sou nenhuma criança, mas isso não muda a minha resposta. – Falei sério, não poderia demonstrar o meu medo, ou qualquer tipo de receio.
A Oficial Potter começou a aliviar o seu semblante, seu olhar ficou distante, como se ela estivesse perdida em lembranças.
- Soldado, dispensado. – Ela informou séria.
- Sim senhora.... – eu respondia.
- Não me compreendeu soldado? Pegue seus pertences e saia deste centro de treinamento, agora! – ela ordenou séria.
- A... a senhora não pode....
- Existem coisas que eu não posso fazer, mas dispensar um soldado por insubordinação não faz parte desta lista. – ela fez uma pausa, como se pensasse em algo e depois continuou. – Está disposto a reconsiderar a minha proposta?
- Sim senhora. – o semblante da oficial começava a mudar de aspecto. – minha resposta continua sendo não.
Agora uma coisa mais estranha ainda começava a acontecer, o rosto de Potter ficava mais calmo, sereno e ela fitava-me de uma forma cálida, mas eu não entendia o porquê.
- Soldado, você terá uma semana de dispensa para resolver seus assuntos pessoais, depois disto voltará para fazer o treinamento para ser um de meus homens.
- Como?! – eu questionava.
- Simples, eu lhe fiz uma oferta. Se tivesse aceitado sem nem ao menos pensar eu poderia te colocar dentro do meu programa, mas raramente poderia requisitar os seus serviços. Para muitos, soldados são simples armas, que não pensam só executam as ordens de seus superiores. Isso, com certeza é interessante, mas também muito perigoso, pois superiores podem errar, ou ordenar coisas que depois se arrependem. Então, em meu regimento quero soldados que pensem...
- Então.. – eu ainda não conseguia entender.
- Eu conheço o histórico de serviços da sua família e a forma como seu pai abdicou de parte de sua carreira em favor dos filhos. E é isso que eu busco, um soldado inteiro, que seja um homem no campo de batalha, mas sempre se lembre que sua vida não pode esta restrita ao front, sempre deve haver algo especial. Sei que pode parecer um tanto meloso, mas algo a que voltar, algo que torne a nossa vida menos rígida. Se em virtude deste lugar o senhor esta disposto a continuar como um simples soldado... – ela parava de falar e depois ria – Mas não sou este poço de doçura e bondade que você agora pensa também não. Aceita, minha proposta, ou não? Agora pensando você terá 15 dias para resolver a sua situação, a semana que estou dando e a outra que já teria, mas depois será inteiramente meu, ou pode esperar com os outros soldados e ser dispensado apenas...
- Eu aceito! – Não tive nem o que pensar, na verdade até que eu estava pensando, mas com a cabeça errada, ou finalmente a certa, quem é que vai saber.
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Aos poucos a minha relação com Samuel foi melhorando, sei que ele não será capaz de me perdoar completamente pelos meus constantes papelões, mas, aos pouco, as arestas estão sendo aparadas e conseguimos nos tratar com certa civilidade. O que é bem mais do que eu mereço, mas por dentro, confesso que as coisas não tinham mudado tanto assim. Ainda não conseguia aceitar que Samuel e Erik estivessem juntos, vê-los não era a melhor parte do meu dia, mas estes sentimentos eu guardava para mim. Não seria tapado, ou arrumaria brigas desnecessárias, se eles queriam ficar juntos o problema era deles eu deveria me focar em outras coisas, focar nos estudos e nos esportes, coisas que não me fizessem lembrar que meu melhor amigo e meu colega de quarto eram gays. Nossa, conseguir pensar isso já é um grande avanço. Uhauhauahu
Em uma noite eu fiquei pensando na relação entre eles e como o fato de eu ser o colega de quarto de Samuel poderia estar atrapalhando em alguma coisa, eu deveria me mostrar solícito e compreensivo, era o mínimo que eu poderia fazer para ajudá-los. Movido por um enorme sentimento de culpa eu lhe fiz uma proposta.
- Ahh, Samuel. Eu não sei como dizer isso, mas tenho uma proposta pra te fazer? – falei com certo receio, ao que ele logo fechou a cara.
- Voltamos ao velho Timothy? – ele perguntava cheio de sarcasmo, ao que eu odiava, principalmente a forma como ele mexia o nariz quando ficava chateado.
- Não, não... é... – eu não sabia como começar.
- Não é o que? Fala logo cara. – o nariz dele mexia mais uma vez e as bochechas começavam a ficar enrubescidas.
- Eu não quero mais atrapalhar o seu lance com o Erik... ele é meu amigo... e eu acho que eu... que eu devo ver com ele, sei lá, uma forma de mudar de quarto. – falei sem saber ao certo como ele reagiria, mas aos poucos as suas bochechas iam assumindo um novo tom rubro, em vez de raiva, ele estava ficando envergonhado com a minha proposta.
- Então era isso? – ele falava mexendo os dedos.
- É, o que você me diz? Eu pensei em falar com o Clarkson primeiro, mas depois vi que você já mora aqui.... huhauhauha vai que você não concorde com a ideia... mas acho que foi besteira minha, claro que você vai... – ele me interrompeu.
- Pois fez muito bem. – ele fez uma pequena pausa ao ver meu semblante de espanto – não é que eu não queira ficar perto do Clarkson, não é isso, mas nós estamos saindo o que? Há uns 2 meses e eu prezo a minha liberdade. Creio que vê-lo direto poderia não fazer bem a nossa relação. É bom preservar o nosso espaço. Lógico se esse for o real motivo da proposta.
- E qual poderia ser o real motivo? – questionei curioso.
- Ora, se livrar do colega de quarto e do amigo gay. – ele falava em tom de brincadeira. – mas não se preocupe...o que você está fazendo. Ahahuah – ele questionava ao me olhar.
- Realmente, mas existem outras formas de me livrar de um colega de quarto..uahuahuahuah – falava enquanto pegava um travesseiro e pulava em cima dele. Enquanto o travesseiro tampava sua face minhas pernas ficavam sobre seus quadris. Ele se mexia muito tentando me tirar de cima, tentando recobrar a sua respiração, mas eu não permitia.
- Para, seu idiota! Huahuahau – ele gritava.
- Você não queria que e... – eu falava tirando o travesseiro, ao que ele empurra no meu rosto.
- Acho que vou reconsiderar a proposta... – ele falava enquanto colocava um travesseiro no meu rosto. Agora ele estava sobre mim, minhas pernas ainda enroscadas em sua cintura enquanto ele apertava o travesseiro tentando me fazer sufocar. Há quanto tempo eu não me prestava a essas “infantilidades”, mas isso me fez muito bem. A única coisa que eu achei estranho foram os pelos do meu braço estarem arrepiados, mas deveria ser o frio do lado de fora.
Depois destes acontecimentos eu fiquei mais leve e é engraçado, quando você está bem, está alegre, as coisas sempre parecem se encaminhar da melhor forma possível. Embora eu não fosse indiferente ao meu casal gay “preferido”, decidi focar nas minhas relações individuais. Não existia o Samuel e o Erik, mas a minha antiga amizade com Clarkson e a nova amizade que eu constituía, ou reconstituía com o Owen, assim todos ganhavam. Outra pessoa que apreciou a minha mudança foi Isa, para ela assim eu poderia focar mais nela, em nossa relação, ou os programas que fazíamos juntos, pois antes sempre que combinavam alguma coisa eu tentava me desvencilhar, dizer que tinha algo a fazer para não ter que ir junto deles, mas agora eu topava. Uma vez estávamos no campus conversando e ela chega toda esbaforida.
- Gente, vo... vocês não vão acreditar... – ela falava enquanto tentava retomar o fôlego.
- O que foi amor. – falava fazendo um doce.
- Uma palavra: Wicked. WICKED. WICKED. – falava quase emocionada.
Clarkson, Samuel e eu gritamos histérico, Clarkson e eu brincando mediante a reação dela, mas o Owen não.
- Não acredito, quando vai ser? – ele perguntava interessado.
- Semana que vem... já começou a venda de ingressos.
- O que diabos é Wicked? – eu perguntava confuso, ao que eles me fuzilaram com os olhos.
- Existem momentos que é melhor ficar calado. – falava baixinho Clarkson. – huahauhauh.
- Nós vamos. – Samuel e Isa falaram ao mesmo tempo.
- Façam bom proveito. – respondíamos Clarkson e eu.
Depois desta notícia bombástica, que iria haver uma apresentação do musical Wicked na Califórnia há minha semana foi horrível, onde quer que eu estivesse só ouvia a respeito dele. Minha namorada e meu colega de quarto aparentemente eram fãs de musicais. Eu já estava de saco cheio de tanto ouvir sobre Elphaba, Galinda ou Glinda e Fiyero. De como a música Defying Gravity, ou No good deed seriam o ponto alto da peça. Mas outra coisa me estranhava ainda mais, eu não conseguia mais ouvir a Isa falar sobre aquilo, logo mudava de assunto, ou a beijava para que ela calasse sua linda boca, mas quando eu chegava a meu dormitório a realidade era um pouco diferente. Creio que pela culpa que sentia por todas as vezes que eu havia sido grosseiro com o Samuel nos últimos meses me impediam de ser bruto com ele, mandá-lo se calar, dizer que eu não gostava de musicais e que aquilo era um enchimento. A forma apaixonada como ele falava desta peça, de como ele já havia escutado toda a trilha sonora, a forma como parecia ser transportado para outra dimensão, onde apenas a sua empolgação bastava me deixava maravilhado. Eu não conseguia fazê-lo parar de falar. Ou melhor, eu não queria que ele parasse de falar. A forma como seus olhos brilhavam, o rubor de sua face, ele parecia uma criança que estava as vésperas do natal falando do que havia escrito ao Papai Noel, e esta forma de falar, tão desarmado, diria até que frágil, me deixavam inerte eu só conseguia ouvi-lo.
- Então... – ele para e me vê o olhando – nossa eu devo estar mesmo sendo um chato. – falava ficando vermelho de vergonha.
- Não que é isso, pode continuar. – não acredito que eu disse isso. Se a Isa sonha que eu estou escutando a história da peça inteira ela me mata. – você dizia que o Dr. Dillamond morre e a Galinda passa a ser chamada de Glinda. – falava incrivelmente interessado.
- Timothy, você gosta de musicais? – ele perguntava me olhando sério. Bem que eu poderia mentir, dizer que amava aquela merda, mas não. Somos amigos.
- Sinceramente, eu acho um saco. Aquele povo que começa a dançar e cantar do nada. – Falava olhando em seus olhos sério.
- Ok. – ele começava a rir. – eu já disse que te desculpei tá legal. Não precisa ficar me ouvindo só por conta daquilo que passou.
- Mas... eu...
- Cara, você tem problemas com a culpa, eu podia jurar que você era um fã de musicais pela forma como você prestava atenção no que eu falava...- ele para de falar, pensa um pouco e começa a rir.
- Ok cara, da próxima vez eu te digo logo, mas tu precisava ver a sua cara Sam... parecia uma criança falando do brinquedo mais legal do mundo. Uhuhauahuah – eu falava tirando uma onda com a cara dele.
- A sua cara não era diferente Timmy... – ele respondia sarcástico.
- Como é? – eu não entendi.
- Ora TIMMY, você parecia uma criança ouvindo a vovó contando histórias, prestava tanta atenção ahuahuahuahuah.
- Peraí, mas você me chamou de que? – perguntei.
- Não sei, eu te chamei de alguma coisa? – ele retrucou.
- Chamou sim.
- Chamei de Timmy, por quê, algum problema? – ele questionava sarcástico.
- Ninguém me chama de Timmy, meu apelido é Grande Tim. – respondi sério– ele não respondeu, apenas ficou me encarando.
- Estou falando sério.
- uahuhuahuahuahu – ele caia na gargalhada – pois agora é que eu vou te chamar de Timmy.
Começamos a discutir e a cada 5 segundos ele repetia “Timmy” só pra me deixar com raiva. Depois de certo tempo fui vencido pelo cansaço, acreditava que se não me importasse ele esqueceria deste maldito apelido e me chamaria apenas de Timothy, ou de Grande Tim como todos os outros, triste engano.
Na tão aguardada véspera da apresentação ocorreu algo que não estava em seus planos, Isa ficou doente e não poderia mais acompanhá-lo, o que foi um verdadeiro chororô. Sam cogitava seriamente não mais ir, em solidariedade a ela, ou que eles iriam em um outro momento, quem sabe quando estivessem em Nova Iorque? Mas a minha namorada não permitiria isso, ela sabia o quanto aquele musical era importante pra ele, na verdade de uma forma semelhante ao que era importante pra ela. E, eu tenho certeza, se fosse o contrário, se o Sam estivesse doente ele pediria que ela fosse, este é o tipo de pessoa que ele é.
- Pronto, leva o Clarkson. – Eu sugeria.
- É... não sei... mas ele é meu namorado, tem que servir pra alguma coisa. – ele respondia fazendo graça.
Eu notava que Sam estava chateado com alguma coisa, a forma como seus olhos vagavam ao falar do Erik, não pareciam estar em um começo de namoro, parecia que algo estava errado, muito errado, mas eu ainda não sabia o que era. Eu gostaria de não ter escutado a conversa, mas acabei escutando, parece que o meu amigo dizia que estava muito ocupado com algumas coisas, uns trabalhos que sentia muito por isso, mas não poderia acompanhá-lo. Ou melhor, não sentia nada, pois ele detestava musicais, assim como eu. Isso eu achei ainda mais estranho, diversas vezes quando estamos em um relacionamento acabamos fazendo coisas que não gostamos só por conta do outro e o Clarkson não esta disposto a fazer isso... que raios de namorado ele é?
Sam não quis discutir, ficou resoluto e disse que iria sozinho. No dia que seria a apresentação ele estava de partir o coração. A empolgação, a alegria, os olhos brilhantes que outrora se apresentavam a mim não figuravam mais em sua face. Era como se finalmente a criança descobrisse a não existência do papai Noel, como se parte de seus sonhos e desejos lhe tivessem sido vedados. Como Clarkson poderia fazer isso com ele? Não percebia que aquele programa significava muito para Owen? Se até eu, que sou apenas colega de quarto dele sabia, como ao namorado isto seria ocluso?
Mediante a este sentimento, esta raiva que sentia, esta profunda tristeza que se assenhoreava de mim decido fazer uma coisa louca. Converso com Isa, que estranha minha decisão, mas aprova. Diz desconhecer este meu lado mais humanitário, mas que se eu queria fazer isso ela me amaria ainda mais.
Na noite da peça Sam se arrumou da melhor forma possível, mas não sei. O que adianta você ter uma boa moldura se o quadro é feio. Ele sentia algo que eu, infelizmente, não tinha acesso, mas espero poder melhorar a pintura, fazer com que a moldura seja apenas um ornamento a mais, que o quadro valha por si só. Pois eu vi a forma como este estava sendo preparado e quero que o final condiga com o processo. Ele nota que eu estou me arrumando e estranha.
- Vai sair? – ele pergunta.
- Vou sim, por que? – eu retruco de forma cômica.
- Nada não. – ele responde sério.
- E você, conseguiu companhia?
- Ahh, não... mas fazer o que né?
- É, fazer o que? – Falo mostrando o ingresso da Isa. – eu vou ter que aturar, mais uma vez, um fã de Wicked. – começo a rir.
- Vo... você não... – ele falava entendendo.
- Se o tratante do teu namorado não vai, eu tenho que representar a Isa e o Erik. – seu rosto começava, a tomar o rubor de quando ele começava a ficar envergonhado. – E não precisa ter vergonha? Nós não somos amigos?
- ... – ele não respondia, apenas ficava de cabeça baixa.
- Ei, olha pra mim. – Eu pedia. No momento em que ele levanta a cabeça, não sei. O meu coração começa a acelerar, os seus olhos estavam marejados, o rosto vermelho, mas um lindo sorriso não saia de sua face. Depois de tantas burradas eu fui o causador de um sorriso. Eu não posso acreditar, e principalmente não posso crer que fazê-lo sorrir me faria sentir tão bem.
- Obrigado. – ele falava enxugando os olhos. Eu precisava responder alguma coisa, mas eu não sabia bem ao certo o que, poderia ficar fitando-o por muito mais tempo, admirando os retoques que havia dado a pintura e como esta nova me agradava muito mais.
- Lembre-se disso durante as provas. – eu respondi em um tom brincalhão.
- Tá certo.
- E cara, eu tenho que saber como são essas músicas sem o som de banheiro. Nada contra, mas acho que se fosse cantor tu morreria de fome. – falei em um misto de brincadeira e seriedade.
- Como assim? – ele falava sério.
- Let his flesh not be torn/ Let his blood leave no stain/ Though they beat him/ Let him feel no pain/ Let his bones never break/ And however they try/ To destroy him/ Let him never die:/ Let him never die – cantarolava. – toda vez que tu entrava no banheiro cantava isso. – ele começou a rir e depois me chamou de besta.
Nós estávamos saindo do Campus, indo em direção ao teatro quando eu penso em dar mais uma chance ao Clarkson, afinal eu não iria gostar que outro cara saísse com a Isa, não sem me dizer antes. É, eu sou ciumento. Ao chegar mais perto de seu dormitório vi uma cena que me... cara, a vontade que eu tinha era de voar na jugular dele, estraçalhá-la... fazer que ele beijasse o chão, ao invés da ruiva com a qual estava agarrado. Então era isso, ele não era gay, era bi, ou estava usando a garota por alguma razão. O fato era que ele não poderia sair com o Sam, pois tinha aproveitado que este já iria ao musical para ficar com esta ruiva. Sei que eu não deveria me importar, Erik era meu amigo a mais tempo que Samuel, mas eu me importava. Dos meus olhos começavam a brotar lágrimas, mas eu tinha que me recompor. Tinha que me acalmar para ser uma boa companhia ao Sam, depois eu teria sim uma longa conversa com o senhor Clarkson. Se antes eu tentava focar em minhas relações individuais agora mais do que nunca isso se mostrou desnecessário, pois na minha mente só existia um sistema binário. Clarkson e Owen estão juntos, tenho que aceitar isso eles são meus amigos. Owen é meu amigo e vou defendê-lo.
Se antes Erik era meu amigo antigo, agora, era apenas aquele que poderia fazer o Sam sofrer, ou seja, alguém que acabava de mexer em um vespeiro, ou melhor, cutucou uma onça com uma vara curta, muito curta.
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Eu começava a embalar os meus pertences a fim de sair logo de lá e lutar por aquele que era meu. Alguns de meus companheiros não entendiam o que eu estava fazendo. Potter havia me informado que, para quem perguntasse eu deveria informar que ela havia me mandado embora sem alegar motivo aparente e que eu deveria entrar em contato com o oficial Hale ele saberia o que fazer. Seria como se ela tivesse me expulsado e eu procurasse alguém para me colocar dentro de novo. Nada como um grande teatro, mas eu teria que fazer isso nas duas semanas de prazo, caso contrário, não seria uma encenação, eu estaria fora das forças armadas americanas.
Embora eu devesse aparentar tristeza, raiva, revolta pelo fato de estar saindo eu não conseguia. Quando estava só, quando não era questionado acerca de minha saída, em meu rosto sempre se via um sorriso, bobo eu sei, mas eu não poderia fazer nada diferente. Eu estava feliz, eu havia ganhado tempo e, meus amigos, este fator era muito importante, ele poderia significar o meu local quentinho na cama preservado, ou ocupa... não, não quero pensar nisso. Não posso pensar nisso.
- Você ia sem se despedir? – uma voz conhecida me questiona.
- Oh é mesmo. Eu fui dispensado pela Potter, por insubordinação.... e como a senhora é um dos homens dela.. – eu falava tentando mostrar pesar.
- Pra quem deveria estar aflito, ou chateado por ter sido DISPENSADO a sua cara esta muito boa Miller. – falava com sarcasmo.
- Como?!
- Feche essa cara, agora! – ela ordenava.
- Assim? – eu fechei a cara de uma forma caricata, ao que ela não gostou, nenhum pouco.
- Timothy parece que você acabou de ganhar na loteria... e isso não é interessante...
- Mas eu... – tentava me defender.
- Pense que acaba de flagrar aquela pessoa com Taylor. – minha cara começou a fechar – na C.A.M.A.
Não pude responder, uma raiva se apoderou de meu ser. Eu não queria considerar esta possibilidade, mas ela era bem real. Neste exato momento eles poderiam estar na cama e eu impotente a milhas de distância.
- Assim esta bem melhor. Toda vez que alguém perguntar acerca de sua saída faça essa cara.
- Engraçadinha. – falei com desdém.
- Mais respeito. Ainda sou sua superior.
Ainda passei certo tempo conversando com Montez, ela disse que já sabia acerca deste teste da oficial Potter e que ficava feliz por eu poder resolver as minhas coisas. Se na faculdade Clarkson teve que aprender que ninguém se mete a besta comigo, ou machuca o meu loiro. Agora era a vez do Taylor, embora eu saiba que eu fiz aquele que eu amo sofrer nunca serei capaz de perdoar o primeiro amor de meu namorado pelo que fez, ele bateu em Sam. No momento em que este estava mais desprotegido, declarando seu amor na flor da adolescência. Um não já bastaria, mas ele não apenas negou o pedido, mas ousou encostar as suas patas naquele que seria meu e isso eu nunca conseguirei perdoar, e só de pensar em encará-lo, de vê-los juntos, já fazia a minha mão coçar.
Pelas minhas questões eu já havia perdido muitas coisas, agora eu apostaria todas as minhas fichas nestas duas semanas. Embora eu queira a vida militar, não quero viver em um mundo em que eu não possa me deleitar com um quadro que eu passei quatro anos pintando, ele é a pintura e eu a moldura que tenta protegê-lo, que realça seus traços e sua beleza natural, e agora vou mostrá-lo mais uma vez isso. E que Zeus, ou melhor Eros e Afrodite me ajudem.
Continua.
Oliveira Dan: Gostei muito do seu comentário/sugestão, não tenho nada que possa dizer, por agora pois fico pensando em tantas coisas a história tinha um contorno e agora ganha outros. O Timmy lutará pelo Sam, não sei se conseguirá alguma coisa, mas este desistiu de ser um soldado por conta da Don't ask, don't tell. Lei que impedia soldados abertamente gays de servirem e depois eu vou abordar isso. Mas vou pensar com carinho no que fazer com ele, ou melhor, sem carinho.
Afonsotico: Obrigado pelo voto e comentário. Ainda depois eu penso na parte do Sam. Eu estou surpreso de como o Taylor ficou popular. uahuahuah
Juniormoreno: Seja muito bem vindo, agradeço por ter começado a ler o meu conto. E ele vai, com unhas e dentes, isso eu posso garantir.
+@doni@+: Concordo, são personagens humanos, e como humanos amamos, fazemos burradas e depois nos arrependemos e fazemos mais burradas. Mas é isso que nos confere o estado de gente. Mas o Timmy tem que lutar, embora saiba que as coisas mudaram se ele n tiver esperança como lutará?
Por do sol: Obrigado. Eu estou da mesma forma, mas penso em várias coisas que o Timmy passou com o pai antes e depois de assumir estar com o Sam. Coisas que o moldaram e geraram não arrependimentos, mas feridas que nunca irão cicatrizar, coisas que nem o próprio Sam ainda sabem. E pra falar a verdade nem eu, só sei que tem. uhauhuahuahuah
Abraço a todos e o conto continua em Agosto.
