*CONTINUAÇÃO
Puta merda, minha havia escutado tudo, pior ela viu o nosso beijo, sinto meu chão desabar quando meus olhos encontram com os seus que estavam vermelhos, logo foram cobertos pelas suas mãos, me desato a chorar, ela sai do quarto e senta no banco do lado de fora, apóia o cotovelo nas pernas e balança a cabeça em sinal negativo, como quem não queria ter visto aquela cena.
Meus olhos procuram os de Bruno que ao Maximo tentava ser firme, mais podia sentir que ele também estava com medo, nos abraçamos e ele sussurra em meu ouvido –“vai ficar tudo bem.” Milhões de coisas vinham a minha mente, ficava pensando e esperando o que viria depois dali, novamente olho para a porta ela não estava mais lá, provavelmente foi contar ao meu pai, ela faz tudo que ele manda mesmo.
O medico gato entra no quarto, passo a mão em meus olhos na tentativa de secar as lagrimas mas foi em vão, ele nos olha e deixa uma ficha em seguida da cama, seguido das palavras: “ Você já está liberado, a enfermeira vai trazer sua roupa pra você se trocar, fica bem.” Sai do quarto, não demora muito a enfermeira entra e me entrega a roupa, Bruno me ajuda a levantar e me leva ao banheiro. Tomo um banho rápido tentando tirar da cabeça o que acabara de acontecer, me visto e volto para o quarto. Sento na cama.
Tento ligar para ela mais não me atende o que só aumentava o meu desespero, saímos do quarto com Bruno segurando meu braço, fazendo com que eu sentisse-me protegido. Olhava por toda parte na tentativa de ainda poder encontrá-la, um ônibus passa, entramos, como estava cheio fomos em pé até perto da minha casa, cada metro que se aproximava meu coração batia mais forte, descemos do ônibus e caminhamos até o outro lado da rua. O carro da minha mãe estava na porta ela não havia ido pra clinica.
- Bruno eu acho melhor você não entrar.
- Fe isso tudo é culpa minha, eu tenho que estar com você.
- Não Bruno, pode ser pior, confia em mim.
Ele me olha com desconfiança, seus olhos imploravam pra ficar só que as coisas poderiam não ser tão agradáveis lá dentro, dou-lhe um abraço e entro. Abro a porta tremendo de medo, minha mãe pegava a bolsa em cima da mesa, provavelmente estava indo pra clinica.
- Mãe porque você não me esperou? Arrisco-me a dizer.
Ela me olha por cima dos ombros, não sei como não me defequei de medo.
- Faça o favor de pedir a seu amigo pra não voltar mais aqui. Dito isso ela passa por mim feito um furacão, a resposta era essa, ela não ia aceitar mesmo, ouço a porta bater atrás de mim, e segundos depois o carro sair. Escoro-me na porta e choro, mais do que antes.
Estava literalmente fudido, minha mãe descobriu que sou gay, e não queria aceitar, porque a via tem que ser tão difícil? Mais o pior ainda estava por mim, estava temendo a hora em que meu pai voltasse da empresa, com certeza ela iria contá-lo ai sim o circo ia pegar fogo, já estava até vendo.
Subo para meu quarto e me jogo na cama, precisava descansar pra ir ao colégio a tarde, pego no sono, acordo as 11:45 com a empregada batendo na porta dizendo que o almoço estava pronto, pulo da cama, tomo um banho super rápido, visto o uniforme e desço pra cozinha.
Eu não conseguia esconder a ansiedade, medo talvez. Não consegui comer nada, pego uma maçã e saio porta a fora. Ligo para Bruno, ele diz que já estava indo para o colégio e que precisava me contar uma coisa importante, não pensei duas vezes, voltei e pedi ao motorista que me levasse a escola, de inicio ele estranhou o fato, mas como é obrigação dele.
Chego no colégio Bruno me esperava no portão com um sorriso enorme que até me alegrou um pouco, encontro com ele.
- Então o que foi? Pergunto ansioso pela resposta.
- Vamos lá para o pátio, vai ser melhor pra gente conversar.
Se eu pudesse ia voando pra lá, queria saber logo o que ele tinha de tão importante pra me contar, entramos no pátio. Sentamos.
Seus olhos não escondiam a emoção que ele estava.
- Fala logo Bruno.
- Tá Fe, quando eu cheguei em casa, minha mãe perguntou porque eu tinha dormido fora sem avisar, ai eu expliquei a ela que você tinha passado mal e tals e disse que tinha ficado no hospital com você.
- Só isso?
- Calma Felipe, deixa eu terminar.
- Ta termina.
- daí ela ficou me olhando e perguntou se eu gostava de você, eu respondi que sim, éramos amigos. Ela disse que não como amigo, ai ela perguntou se você era meu namorado.
- sério?
- Foi, eu fiquei sem reação, ela vendo que eu não ia falar anda disse que se eu escolhi isso pra mim que ela me apoiaria e nos ajudaria em que precisássemos.
Seus olhos brilhavam só por estar falando aquilo, por outro lado eu tentava demonstrar uma felicidade que eu queria poder estar sentindo, era tudo o que eu mais queria, ser aceito pela minha família.
- E lá na sua casa como foi?
Uma lagrima rola meu rosto quando ele pergunta isso, foi instantâneo, o sorriso que ele estava se desfez na hora quando eu disse:
- Ela disse que não é pra você voltar lá nunca mais.
...
*CONTINUA