A História de Caio - Parte 3

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1669 palavras
Data: 10/07/2013 15:18:46
Última revisão: 07/09/2015 22:27:49
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Não troquei uma só palavra com ele no retorno para casa, ele sentiu que eu fiquei uma pilha de raiva e também não me disse nada. No fundo acho que ele não se importava se eu tinha me chateado ou não, a relevância que ele dava aos meus sentimentos costumava ser diretamente proporcional à quantidade de esperma acumulada no seu saco. Desci do carro e disse só um “valeu”, ele apenas respondeu com um meio sorriso debochado. Não havia ninguém no elevador comigo, o que foi bom porque eu me olhei no espelho e fiquei com raiva da minha própria cara. Fiquei imaginando o tosco do Flávio naquele momento dirigindo todo saciado sexualmente para casa, muito satisfeito consigo mesmo por ter mais uma vez me traçado e me deixado no vácuo.

Mas não vou ser hipócrita, claro que me aproveitei também. Eu não era de se jogar fora mais meu enrustimento me impedia de ficar com muitos caras legais, por medo de ser descoberto, acabava sendo vítima de outros enrustidos como eu, era o preço que eu deveria pagar. Não podia querer que alguém levasse um relacionamento a sério comigo se nem eu mesmo me levava a sério, pois usava uma máscara para esconder do mundo minha verdadeira personalidade. E eu gostei, não foi a melhor foda da minha vida, não durou nem cinco minutos, mas eu estava mesmo precisando sentir uma rola dura dentro de mim, não sei se o mesmo acontece com os amigos leitores, mas quando fico muito tempo sem sexo até meu humor muda, fico seco e grosseiro, basta um encontro caprichado com um macho que fico todo sorridente e bem humorado por semanas. Por isso que quando eu vejo alguém muito azedo, imagino logo que é falta de sexo.

Entrei em casa e vi meu pai na cozinha, nem cumprimentei, subi para o meu quarto e tranquei a porta. Tinha deixado o computador ligado, a ânsia de dar era tanta que até disso esqueci. O resultado disso foi que haviam várias conversas não respondidas, o Roney tinha me xingado de tudo e até a Samia falou comigo dizendo que já tinha chegado em casa e estava preocupado com meu sumisso. Verifiquei o celular e não havia ligação de nenhum dos dois.

Eu: Era tanta a preocupação que nem me ligou neh viado?

Roney: Amiga, pensei que tinha dormido com a cara no pc.

Eu: Que nada fia, eu tava era dando.

Roney: Arrazou, gata. Não me diga que foi o Daniel.

Eu: Aff, viado. Para de falar nesse tosco. Foi o Flávio, ele resolveu aparecer. Fui lá na casa dele e rolou. Mas vou mais sair não, ele disse que não quer nada demais e não to afim de virar puta de ninguém.

Roney: Traidora, não quer ver as amigas mas dar o rabo a senhora vai neh? E ainda mais pro Flávio, eu já tinha dito pra você esquecer esse maluco, até meu papagaio já tinha notado que ele só queria te comer.

Eu: Desculpa cara, foi mal mesmo. A seca tava grande e eu cedi, mas to precisando conhecer alguém urgente, senão é capaz desse merda chamar e eu ainda transar com ele. E ele ainda é frustrante porque goza muito rápido.

Roney: Hhahahahahahahaha. Se eu fosse a Sra, apostava no Daniel. Ele tem uma cara de rasga balde enrustido.

Eu: Nem achei isso, só achei ele um heterozinho metido a besta. E não vou premiar alguém que tenta me humilhar dando o meu rabo neh?

Roney: A sra já premiou o Flávio várias vezes... (Ele tinha o dom de colocar o dedo nas minhas feridas).

Eu: Foi mlr, mas eu sou mudar, tu vai ver.

Depois falei com a Samia, ele me disse que como era o último ano, devíamos criar uma rotina de estudos todo dia para o vestibular, sugeriu que fôssemos para uma biblioteca do BNB à tarde, eu topei.

No dia seguinte o colégio foi bem trânquilo, nada de muito relevante. O Daniel chegou e eu fingi que não vi, também fiquei evitando qualquer contato com ele durante todo o dia, no que obtive total sucesso. O Roney não pôde ir à biblioteca do BNB, disse que tinha umas coisas da mãe dele para resolver. A Samia foi comigo.

Muito legal a biblioteca, o foda de ir estudar lá era o acervo fantástico que havia, ficava difícil se concentrar nos livros de estudo. Apesar de não ser um grande fã de leitura, eu sou muito curioso, e isso me fez perder tempo olhando prateleiras de livros, no que fui interrompido pela impaciência da Samia.

Sentamos em uma das mesas de estudo disponíveis e pegamos um programa completo do vestibular. Era coisa pra caramba, envolvendo tudo que já havíamos estudado na vida toda e mais algumas coisas. Eu estava concentrado lendo a atualização da matéria de historia do Ceará, um livro de um autor chamado Airton de Farias, considero ele muito bom pelo fato de ele conseguir fazer qualquer evento histórico parecer interesantíssimo. Foi através desse livro dele que passei a ter vontade de fazer faculdade de história, queria aprender a relatar fatos da forma que ele fazia. Minha concentração foi subtamente interrompida por um cutucão da Samia:

- Ca, olha aquele cara olhando pra gente, acho que ele gostou de você.

Me virei discretamente para olhar, mas o cara percebeu e virou o rosto envergonhado. Ele parecia ter uns 20 anos de idade, era branco, cabelos castanhos e cortados baixos e espetados igual o meu. Não era aqueles caras bonitos, era uma pessoa perfeitamente normal, mas o rosto dele tinha uma coisa diferente, os olhos pareciam de alguém mais velho, nos milésimos de segundos em que nos olhos se cruzaram, pareceu que ele fez um raio-x da minha alma. Aquilo me incomodou. Olhei as roupas dele e ele usava uma calça jeans comum e uma camisa verde bem comum que tinha algo escrito que não consegui ler. Ele tinha um corpo normal, e dava pra ver que tinha um pouquinho de barriga. Achei engraçado a forma como ele ficou envergonhado, é aquele tipo de atitude que faz a gente achar alguém fofo.

- Ele tava olhando mesmo. Falei pra ela animado. - Será que ele curte?

- Calma viado, você é muito espevitado, tem que saber fazer a Sandy, igual mulher, se derrete todo só porque o carinha olhou. Vira a cara todo besta e faz de conta que não viu que ele fica doido.

- Ai mulher, também não é assim não, só achei engraçado o jeito dele com vergonha, e nem achei bonito.

- Bonito não é mesmo não. Não gosto de homem de óculos, parece nerd demais.

- Você precisava namorar um nerd, pra ver se deixa de ser burra. Falei abafando o riso e o comentário me valeu um chute na canela.

- Ridículo. Falou Samia com cara de brava. - Não sei porque eu ainda dou bola pra viado.

- Porque você me ama, Saminha. Agora vai estudar pra ficar inteligente mulher, que bonita tu não fica mais que isso, gatosa. Fiz uma graça para me reconciliar, mas ela era realmente bonita.

No resto da tarde o outro cara não olhou mais, não que eu tenha observado e a Samia guardou a língua ferina dela dentro da boca após minha piada sobre inteligência, ela era daquelas pessoas que estudam estudam e não entendem nada, mas naquele último ano estava disposta a dar o sangue para aprender algo e fazer alguma coisa no vestibular. Eu sempre fui aquele aluno esquisito pelo fato de que era do tipo largadão mais costumava tirar boas notas, embora não me esforçasse muito. Eu me recriminava porque achava que se me dedicasse mais conseguia ficar entre os melhores, mas no fundo não estava ainda conseguindo a força de vontade necessária para isso.

Quando levantei para sair, o cara ainda estava lá, levantei e passei por ele bem devagar pra ver se ele olhava, nenhuma reação, a Samia me olhou com reprovação ao que fiz, eu apenas soltei um beijinho. Liguei pro Marcos e perguntei se tinha como ele me pegar, ele estava com meu pai, então peguei um ônibus. Pegar ônibus em Fortaleza é como fazer um estágio no inferno, principalmente naquele horário em que fui, se soubesse teria feito mais hora na biblioteca para passar a hora do rush, mas quem está na chuva é pra se queimar, como certa fez me disse um professor de matemática.

Cheguei em casa e meu irmão estava com uma moça na sala, achei que devia ser uma namorada nova, nem olhei para os dois e fui subindo quando ele me chama.

- Caio, vem aqui, te apresentar minha namorada.

Voltei meio a contragosto, com um sorriso falso no rosto:

- Oi, tudo bem? Disse me dirigindo à moça. Era uma morena baixinha de corpo muito bem feito, estava com uma calça jeans apertada que marcava muito a bunda e as coxas dela, meu irmão devia estar se fartando porque ela tinha seios imensos, daqueles que é impossível cobrir com peças de roupas comuns.

- Tudo bem Caio, sou a Lívia. Estudo na mesma faculdade do Carlos. Carlos era o nome do meu irmão, um sintoma de que não gosto muito dele é o fato notável de que até agora seu nome não foi citado neste relato. Minha irmã é diferente, ela mora fora há um bom tempo e por isso somos meio desligados, mas o nome dela é Ana Clara, mas chamamos só de Clara.

- Prazer Olívia. Trocamos beijinhos de lado e rapidamente me desvencilhei dos dois, sabia que no fundo o Carlos tinha me apresentado para parecer que era legal com o irmão mais novo. Falsidade pura, mas não custava fazer o jogo.

Estava quase dormindo quando a porta do meu quarto abre. Droga, havia esquecido de fechar. Era o Carlos, me viro pra ele e pergunto aborrecido.

- O que foi?

- nada não, só queria te perguntar uma coisa, imbecil.

- Fala. Respondi azedo.

- O que diabos há entre você e o Flávio? Falou ele enquanto todo o sangue me fugia da face.

Continua ....

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Kahzim a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Sera q carlos sabe alguma coisa sobre eles 2?huuum...estranho isso ai...vamos aguardar! ;)

0 0
Foto de perfil genérica

Muito bom =) posso passar horas lendo o que voce escreve. Continua logo =)

0 0