Meu primeiro instinto foi sair correndo com a mão na cabeça, mas eu sabia que tinha um motivo justíssimo para ter matado todas aquelas aulas, não só a do PJ, então respirei fundo, mantive a cabeça erguida e falei:
- Professor, eu ia mesmo procurar o senhor para conversar a sós. Tenho que falar algo.
Ele percebeu o tom sério da minha voz e respondeu:
- Claro Caio. Daniel, depois terminamos nossa conversa. Daniel saiu meio contrariado enquando o PJ se voltava pra mim e completava: - Vamos para a minha sala.
A sala do professor de educação física era bem pequena, parecia um armário de vassouras um pouco maior do que o normal, haviam papeis jogados sobre a escrivaninha e um armário de vidro com vários troféus e medalhas, tudo misturado a bolas de futebol, vôlei e redes. A sala era exclusiva do professor PJ, que além de professor da minha turma era o coordenador da área. Não era tarefa fácil achar um local para sentar, mas desocupei uma cadeira que estava com três bolas em cima e resolvi ser sincero. Contei ao professor o que havia acontecido comigo, a briga com meu irmão, meu corte e o tapa que levei. Ele percebeu o inchaço no rosto que passaria desapercebido à maioria das pessoas. Não falei os motivos da briga nem comentei que meu pai estava no momento, só disse que meu pai chegou na hora e impediu que a coisa piorasse. O professor entendeu meu lado, pediu desculpas se foi grosso quando me viu e disse que essas coisas que deveria ir comunicar diretamente a ele, que pega mal para ele, para mim e o colégio que eu fique matando as aulas dessa forma. Prometi atender ele nesse pedido e sai para ir para casa.
Quando estava no corredor lembrei do Marcos, caramba, deixei ele esperando demais, liguei pra ele e expliquei o que houve, ele disse que meu pai precisou dele e por isso nem me avisar pode, eu pedi desculpas e disse que voltava por conta própria. Enquanto penso se pego ônibus ou táxi, sou surpreendido pela Sâmia:
- E ai gato, vamos pegar um cinema? A bicha já confirmou.
- Que filme?
- Qualquer um, o que importa é estar acompanhando das minhas duas bichinhas favoritas.
Resolvi topar, fazia tempo que não ia ao shopping, mas disse que não ia com roupa de colégia, queria ir todo boyzim, vai que que aparecia alguma coisa boa no shopping. Nem vi o Roney mas peguei um táxi para chegar mais rápido. Cheguei em casa, almocei e fui me arrumar, na hora me bateu uma dor na consciência de não ir estudar, mas mesmo assim fui.
Fomos ao shooping Iguatemi de Fortaleza, o maior da cidade, talvez o único em que é possível passar o dia rodando sem se cansar, andamos muito pelo shopping e não assistimos filme nenhum, passamos um tempão na livraria e eu compro uma edição nova de uma gramática que gosto muito, eu acho português quase tão maçante como matemática, um mundo de regras sem fim para decorar, entretanto, essa gramática me despertou um amor a primeira vista, da a impressão que o autor está batendo um papo descontraído com a gente enquanto vai explicando as regras gramaticais.
Estou sentindo o cheiro da minha gramática nova quando chega por trás de mim o Mário, ele não sabe que a Samia e o Roney estão carecas de saber que ele já ficou comigo, então me trata todo formal e se oferece para me levar pra casa de moto. Eu não quero voltar para casa tão cedo, então deixo os dois no shopping e vou com o Mário para casa. O Roney me olha com cara de poucos amigos e a Samia também, eles ainda iam ver o filme, mas eu estava mesmo precisando de um pouco de sexo para esquecer a merda que aconteceu comigo ontem, e o Mário estava sendo providencial para isso. Pedi mil desculpas aos dois e fui.
Claro que a intenção do Mário era me levar para a casa dele e não para a minha sem nem perguntar nada. Chegando lá ele me leva ao quarto dele, que é um deus no acuda de tão bagunçado.
- Caramba cara, passou que furação aqui? O katrina?
- Foi mal cara, nem imaginava que ia receber visita, ele responde envergonhado. E aê, tá afim de curtir? Perguntou mudando totalmente de assunto.
- Tô não. Respondi seco.
- Como? Indagou ele surpreso.
- Cara, te contar uma coisa, eu sou gay. O que aconteceu com a gente não foi lance aleatório não, eu sou gay desde pequeno, já fiquei com vários caras, já fiquei com mulher só pra disfarçar e hoje não fico mais porque acho sacanagem com elas. Não curto enganar ninguém e por isso também não vou te enganar. Eu curto ficar com caras, não só chupar ou transar. Eu curto beijar na boca, me aninhar no colo, dormir junto, receber jura de amor, e to decidido a só investir em relacionamento que possa dar em alguma coisa entende? Porque se eu ficar dando e chupando qualquer um, quando aparecer alguém que valha a pena não vou valer nada para essa pessoa.
Ele ficou me olhando com cara de cú. Pela primeira vez vi que ele fazia o estereotipo perfeito do hétero tapado. Como você pode gozar na boca de um cara duas vezes e não perceber que ele é gay? Ele parou uns 30 segundos pensando, arquitetando uma resposta até que falou:
- Cara, sei nem o que dizer. Tipo, eu não curto essas coisas não. Digo, nunca pensei em namorar ninguém nem nada, mas curto quando tu faz boquete e até pago punheta pra tu imaginando tua boca no meu pau e me imaginando te comendo. Mas tipo, vou tocar a real contigo, não rola nada além disso não, porque eu não sou viado não. Te respeito, tu é meu brother, e vai continuar sendo, mas eu não sou dessas coisas.
Eu achei engraçado a forma dele tentar se explicar, pelo menos ele foi sincero e direto antes de fazermos qualquer coisa, ao contrário do imbecil do Flávio, então eu resolvi dar uma despedida a ele.
- Te entendo Mário, não quero te forçar a nada não, só quis ser sincero. Agradeço tua sinceridade e queria agradecer ela. Guarda bem na tua memória o que eu vou fazer, porque não vai se repetir. Falei enquanto me ajoelhava na frente dele e desabotoava a calça jeans.
Ele usava uma cueca branquinha que me deixou louco de tesão, adoro cueca branca. Cheirei ela toda e mordi o pau por cima até ele ficar super duro, então coloquei ele para fora e começei a chupar bem gostoso enquanto ele gemia. Eu senti um tesão da porra, senti o rabo piscar pedindo cacete e resolvi encarar o medo daquela jamanta e disse.
- Quer me comer?
- Quero cara. Quero demais. Ele falou suspirando.
- Aguarda ai, tem calma, que ainda não provei esse cacete direito.
Lambi a rola dele inteira, de cima a baixo, lambi os pentelhos, o saco, levantei o saco e lambi embaixo arrancando um urro de prazer dele, meu tesão só aumentava e eu já me imaginava voltar todo aberto para casa quando ele faz a maior idiotice que podia fazer.
- Cara, te contar. O Daniel pode ser o melhor do basquete, mas chupar uma rola como você duvido que ele faça. Falou em meio aos gemidos me causando uma onda de raiva tão grande que quase mordi seu pau.
- Puta que pariu cara. O que foi? Indagou ele com cara de surpresa.
- Puta que pariu digo eu, maxo. Tu vem com essa história de Daniel pro meu lado porque cacete? Que tem a ver esse filho de uma quenga comigo? Deixa ele ir se fuder com o basquete dele e tu vai te fuder com esse teu tesão e trata de bater uma punheta porque se depender de mim essa gala apodrece no teu saco.
Sai do quarto batendo a porta e ele não me seguiu nem falou nada. Quando fui até a porta estava trancada e virei para chamar ele fui surpreendido pelo sua mão me imobilizando o braço e me virando de frente para a parede. Ele colou o corpo no meu enquanto forçava o meu braço provocando muita dor, senti o pau dele duro na minha bunda enquanto ele falava.
- Tá pensando que pode me tratar assim, seu viado do caralho? Você sai daqui ou fudido ou moido de porrada, ou dos dois se não fizer o serviço direito.
Pareci mergulhar em um lago negro dentro de minha mente e as águas pegajosas me conduziram a locais da minha memória que eu tranquei para nunca mais visitar. Com esse simples gesto dele as trevas mais profundas da minha psiquê vieram a tona, me fazendo mergulhar em uma onda de medo incontrolável.
Continua...