A História de Caio – Parte 15

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1432 palavras
Data: 12/07/2013 22:39:14
Última revisão: 07/09/2015 22:31:48
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

A primeira coisa que veio a minha cabeça diante daquela cena meio estúpida de meu pai (convenhamos que esperar alguém com a cadeira voltada para a porta, no caso o elevador, é um dos clichês mais comuns na ficção) foi que dessa vez eu teria uma briga realmente séria. Dei alguns passos em direção a ele e soltei minha bolsa do basquete no chão. Respirei fundo e tentei contar até 10, mas não passei do 3 antes de soltar:

- O Carlos não vai morar no apartamento da mamãe. - Notei um leve sobressalto nele quando eu a mencionei. Era notório que doia muito nele quando se referia a ela, possivelmente foi em virtude disto que ele falou “apartamento da beira mar” ao invés de “apartamento da sua mãe”.

- Não sabe a você decidir isso. O seu irmão foi educadamente lhe pedir e você não entregou, isso já mereceria uma punição, mas eu estou cansado de lidar com a sua falta de educação. - Falou ele levantando-se da cadeira. - Então vou apenas mandar mais uma vez: VÁ NO SEU QUARTO E TRAGA A CHAVE DO APARTAMENTO.

- NÃO. - Respondi.

Senti o rosto quente quando a mão dele estalou um tapa forte em mim. Foi inesperado, mas não imprevisível. Bater é o argumento de quem não tem argumento, a razão dos irracionais. Não era exatamente algo incomum ser agredido fisicamente, mas pelo meu pai era raro, porque dificilmente cruzávamos o caminho um do outro. Mas naquele momento que ele pediu a chave eu soube que era inevitável que as coisas chegassem a esse ponto, porque nenhum dos dois iria recuar.

- Vai precisar de outra? Perguntou ele com a frieza que lhe era habitual.

- Vai.- Respondi com mais frieza ainda

Dessa vez foi mais forte. Ele não entendia que me bateu vezes o suficiente para que eu perdesse o medo daquelas agressões. A humilhação de levar um tapa já havia sido superada por mim a muito tempo. Senti meus olhos se encherem de lágrimas com o segundo tapa. Ele levantou a mão para dar outro.

- Bate.- Falei oferecendo o rosto enquanto meu rosto era banhando pelas lágrimas que escorriam dos olhos. - Bate mais forte, bate o tanto que quiser, mas eu não vou entregar aquela chave, vocês já destruíram a infância feliz que minha mãe me deu, não vão destruir o único lugar que ainda está da forma que ela deixou.

- SAIA DA MINHA FRENTE. - Gritou ele. - Você pense na sua vida moleque, senão te tiro até o teto que você tem sobre a cabeça.

Peguei minha bolsa e corri pro quarto chorando. Porque eu tinha que passar por aquela situação horrível? Procurei no meu guarda-roupa uma caixa toda de pedra que pertenceu a minha mãe, ela um porta joias to tamanho de uma caixa de sapato, feita de lâminas de quartzo verde bem finas, o que dava um ar de antiguidade e leveza ao mesmo tempo, eu adorava aquela caixa. Tranquei a porta do quarto, me deitei com ela na cama e abri.

Dentro havia um porta-retratos que costumava ficar na nossa sala, eu e a minha mãe. Eu tinha 1 ano e ela me ensinava a andar na areia da praia. Eu sempre fui o filho favorito dela e Carlos sempre foi o favorito do meu pai. Sempre conseguia sentir ela por perto quando pegava naquela caixa. Também haviam várias joias que pertenceram a ela entre as joias estavam as chaves do apartamento. Motivo de toda aquela confusão.

Peguei elas junto com um papel cartão amarelado. Era um cartão de dia das mães que dei a ela quando tinha 7 anos, estava escrito “Mamãe, você mora no meu coração. Ass: Caio César.” e embaixo “A Fi que disse que a senhora ia gostar dessa bolsa”. Me lembro de não entender porque ela ia gostar mais de uma bolsa que de um ursinho de pelúcia, mas confiei na experiência da Fi. Arrependi-me depois mas não havia como voltar atrás, então coloquei a justificativa. Coloquei novamente meu cartão na caixa em cima de um volume de couro que eu sabia que era o diário dela. Era um volume de couro verde com o nome dela marcado na capa “Dolores Maria”. Nunca abri para ler, porque não tinha coragem de invadir a privacidade dela, mas guardava junto com as outras coisas, meu pai nem desconfiava.

Fechei tudo e fui dormir, meia hora depois, estava rindo comigo mesmo imaginando o que o Carlos ia fazer quando soubesse que eu não tinha entregado a chave nem ao pai. Talvez quisesse me agredir de novo. Eu só esperava que ele não me agredisse antes do Yohan me levar ao cinema. Não queria ir ver o boy com olho roxo. Fui ao banheiro escovar os dentes para dormir e falei ao meu próprio reflexo.

- Que bicha safada você, hein? O mundo desabando e você só não quer ir com a cara marcada encontrar o boy.

Quando estava quase pegando no sono, vejo uma mensagem do Yohan “boa noite, ansioso por amanha”. Respondi só “boa noite”, fazer pelo menos um pouco de doce, pra não mostrar muito derretimento. Dormir como um anjo, embora não saiba se anjos dormem ou não.

Acordei as 09 da manhã com o celular tocando estridentemente. Era a Samia me chamando para ir pro Roney passar o dia. Dou uma desculpa qualquer e não passa cinco minutos liga o Roney me chamando de bicha arredia e chamando também. Digo a ele da briga com meu pai e digo que estou sem saco. Ele cai na conversa. Estava abalado com a questão do apartamento, mas por enquanto ele estava a salvo, meu problema naquele dia era irresistível me encontrar com o Yoh.

Liguei pro celular da Fi e pedi pra ela levar comida no meu quarto. Comi o desjejum e liguei para a minha cabeleireira pra ela me atender. Ela disse que estava lotado e que eu era terrivel marcando tudo em cima da hora, mas iria me encaixar de alguma forma. Eu queria ajeitar o cabelo, as unhas e as sobrancelhas.

Yohan me ligou 13 horas, para confirmar tudo. Eu estava fazendo as unhas no salão naquele exato momento. Confirmo tudo e marcamos dele passar na minha casa as 16. Saio correndo do salão e vou para casa. Perdi uma boa meia hora escolhendo roupa. Sou péssimo em combinar roupas mas para minha sorte dificilmente algo não ficava bem em mim. Escolhi um perfume de noite bem suave e marcante e fui a guerra.

Ele estava muito bonito, era incrível como ele mudava completamente quando estava arrumado. Subia de beleza normal para presença facilmente. O carro continuava impecavelmente limpo. Lembro que quando entrei no carro tocava Edith Piaf, non je ne regrette rien e logo em seguida hymne à l'amour, e eu achei simplesmente tudo a ver com a gente.

- Está gato, hein? - Elogiou ele. - Está com planos para a noite?

Ele tinha que me envergonhar. Deu vontade de dizer, “sim, estou com planos que você passe a noite me fudendo”, para fazer ele ficar igualmente envergonhado, mas pelo pouco que conhecia dele, sabia que aquilo tiraria todo o clima.

- Não sei, sempre me preparo pra tudo. E você, que produção toda é essa?

- Beleza natural. Pardon. - Falou apontando para o som.

O perfume dele era diferente, percebi que era um Eternity da Calvin Klein que eu achava muito enjoento, mas na pele dele eu achei super atraente.

O shopping estava lotado de gente, com era comum no sábado, mas compramos fácil os ingressos para o cinema. Um erro estratégico meu foi ter concordado em assistir um filme de cultura nerd. Ele passou o filme inteiro vidrado na tela e nem lembrou que eu existia. Maldita Nárnia. Mas acabei prestando atenção ao filme e me animei para ler o livro em que se baseava.

- Curtiu o filme? - Perguntou ele tão logo saímos da sala do cinema.

- Curti sim, eu não conhecia Nárnia. Fiquei com vontade de ler.

- Eu tenho, se quiser te empresto.

Gostei da ideia:

- Oba. Quero sim. To com fome vamos comer o que?

- Não sei, o que você gosta?

- Não curto muito fast food. E você?

- Também não muito, só em momentos de extrema necessidade.

- Queria comer comida normal. Tipo, de panela, só bagulhei o dia todo.

- Tive uma idéia, vamos comprar nossa gramática e depois vamos para meu apartamento e lá eu faço um jantarzinho para nós?

Quase dei um pulo de felicidade, mas me contive e apenas respondi sorrindo.

- Mal me conheceu e já quer levar pra comer. Mas vamos lá. Mas tem que caprichar na comida, que eu sou exigente.

Continua...

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Comentários

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Chorei quando vc falou da sua mãe. tenso essa sua família. mãe é tudo nessa vida.

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Nossa, seu pai é um amor de pessoa -.- cada vez mais viciado nisso aqui. Um tano quano safado você, hein?! Kkk Confesso que sou da torcida para que você fique com o Daniel... Ansioso pro desenrolar dessa história. Beijos, querido.

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Ow Deus, com qual dos dois (Daniel ou Yoh)você ficou? Pelamor.

E você sempre pensando em sexo ein?!... Ahh não, você têm muita paciência com seu irmão e pai. Já tinha feito B.O. por estupro e agreção contra esses dois.

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com um pai desses vc não precisa de inimigo caio, bom que na sua vida apareceu o yohan

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Vai rolar hein... Rsrsrs E essa relação familiar é tensa, mas será que tem solução?

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