ENTRE HOMENS - CAPITULO XVI – UM DIA DE DOMINGO

Um conto erótico de Antunes Fagner
Categoria: Homossexual
Contém 2440 palavras
Data: 15/08/2013 20:22:10

ENTRE HOMENS

CAPITULO XVI – UM DIA DE DOMINGO

Quero agradecer a todos por me acompanhar na aventura deste romance. O amor deve ser a chave para ver com os olhos das personagens. Cada personagem faz parte de cada um, seja de mais ou de menos. O importante é fazer o caminho com o CORAÇÃO.

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O sábado já ia anoitecendo quando ficamos a beira da fogueira que fizemos para alumiar o ambiente e nos esquentar naquela noite fria. Humberto e Rita começaram a preparar uma carne pra assar enquanto Miguel colocava pra gelar algumas cervejas. Taumaturgo cuidava da lenha pra alimentar o fogo para que o mesmo não acabasse antes mesmo da noite. A noite ia transcorrendo maravilhosamente, com o tempo íamos nos entrosando cada vez mais. Taumaturgo e Humberto iam estreitando a cada dia os laços fraternos. Vale lembrar que ambos tiveram momentos críticos nas relações por motivos infantis e egoístas, até mesmo de discriminação. Mas graças ao empenho de ambos e da contribuição de seu Fernando tudo aos poucos foi entrando no eixo.

O ciúme de Taumaturgo por Rita deu espaço para uma grande amizade. Miguel e Humberto se tratam por cunhados. Talvez o maior problema fosse a não aceitação de seu Fernando para a relação amorosa de Miguel e Taumaturgo, mais como seu Fernando é um pai amoroso foi capaz de abençoar o namoro homossexual do filho.

Começamos a ‘bebemorar’ como diz Miguel. Rita ficava bem juntinha de Humberto que lhe abraçava de forma bem carinhosa e intensa. Por sua vez Miguel ficava bem juntinho de Taumaturgo. O nosso ex-frade começou a cantar algumas musicas aproveitando o dom musical que tinha.

‘Voa, coração

A minha força te conduz

Que o sol de um novo amor em breve vai brilhar

Vara a escuridão, vai onde a noite esconde a luz

Clareia seu caminho e acende seu olhar

Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia

Colhe a mais bela flor que alguém já viu nascer

E não esqueça de trazer força e magia,

O sonho e a fantasia, e a alegria de viver

Voa, coração

Que ele não deve demorar

E tanta coisa a mais quero lhe oferecer

O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar

E traga junto a fé num novo amanhecer

Convida as luas cheia, minguante e crescente

E de onde se planta a paz,

Da paz quero a raiz

E uma casinha lá onde mora o sol poente

Pra finalmente a gente simplesmente ser feliz.’

O grupo de amigos era uma só alma, impelida pela verdade recíproca do sentimento que os unia. Realmente quando aprendemos a viver em comum, partilhando a vida e a caminhada, aprendemos com o outro a experiência do amor fraterno; ao ponto de experimentar o amor ágape, aquele desinteressado, o amor incondicional. O amor tem que ter essa natureza unitiva, deve criar elos para que sejamos seres humanos melhores.

“Passa uma cerveja ai cunhadão!”

“É pra já rapaz.”

“Essa noite está muito gostosa não é verdade amorzinho?” Falou Humberto abraçando Rita tentando lhe aquecer naquela noite onde se fazia fria.

‘Suave/ A noite declina./ E a terra se inclina/ Na espera da aurora./ Suave,/ Mais doce e silente,/ Como súplica ardente/ Que na alma aflora.

Pra ti é pouco este lugar./ O universo sem fim o teu sonho abraçou./ Pediu muito mais./ Um dia verás:/ Aos confins do mundo inteiro,/ A onda de vida irá.

Quando o vento sopra e vai./ Se vai, mas como?/ Sopra onde quer e vai./ Quem diz pra onde?/ Sobre mil caminhos vai,/ Em céus distantes./ Ninguém o pode parar.

Vida que envolve o horizonte,/ Cidades e montes,/ Mil ruas e pontes./ Vida, poeta do vento./ De estrela e cimento./ Do cosmo e do tempo.

Pra ti é pouco este lugar./ O universo sem fim o teu sonho abraçou./ Pediu muito mais./ Um dia verás:/ Aos confins do mundo inteiro,/ A onda de vida irá.

Quando o vento sopra e vai.../ Quando o vento sopra e vai/ E vai.../ Ninguém o pode parar.’

“Linda essa música Taumaturgo?” Falou se admirando da música e da melodia da letra Rita.

“Essa é uma música que curtia muito escutar e tocar nos meus momentos de oração quando ainda estava no seminário.”

“Você não sente falta do seminário, Taumaturgo?”

Acho que foi um momento que Miguel ficou também se perguntando sobre se realmente Taumaturgo teria superado a saudade de uma vida no seminário. Afinal foram quase dez anos confinados dentro de um convento religioso. O jovem em questão estava próximo de ser ordenado.

“Saudades sempre vou ter, meu coração mora lá. Foram anos em que aprendi o que era o amor fraterno. Momentos em que aprendi amadurecer como ser humano. Experimentei o amor de Deus na minha vida intensamente. Sofri muito com a solidão, com os meus medos e meus erros, acredito que tudo isso faz parte do crescimento de cada pessoa.”

“Nossa maninho, não sabia que era assim, acho que vou ser seminarista (risos).” Falou fazendo gracinha Humberto.

“Nem pensar agora que eu te encontrei, não vou te perder mesmo.” Disse Rita apertando forte a mão de Humberto que continuava na gargalhada.

“A vida no seminário é uma vida de muita doação e de muito amor aos irmãos e a Deus. Porém, sentia falta de algo que preenchesse e desse sentido a minha vida. Queria sentir o amor por alguém. Por isso pedi pra pensar. Na verdade não havia pedido pra sair. Contudo, Frei João que sempre foi meu confessor e orientador por um bom tempo me aconselhou que fosse a coisa melhor a fazer naquele momento.”

“Mas você não se arrependeu em nada Taumaturgo?” Indagou Rita novamente tentando entender o porquê de tudo aquilo que fez o jovem aderir pela vida consagrada.

“Quando voltei pra casa, no primeiro momento senti que estava no local errado, que Frei João que sempre considerei muito sábio, tinha se enganado com toda aquela proposta absurda. Mas quando eu caí do cavalo e fui socorrido pelo Miguel, logo no primeiro dia de volta em casa. Não tive nenhuma dúvida foi amor à primeira vista. Era um sonho ter acordado nos braços desse peão aqui que se encontra do meu lado.”

Miguel ficou todo contente até estufou o peitoral que já por natureza era imenso, capaz de fazer os botões de qualquer camisa explodir apenas com a tentativa de envolvê-los.

“Mor eu fiquei encantado na hora que te vi. A primeira coisa que me veio à mente foi te chamar de anjo. Que encanto era você ali jogado ao chão. Não deu outra quando lhe abracei e lhe coloquei no meu colo tentando acordar, paixão no duro, amor eterno.”

Taumaturgo começou a chorar nesse momento emocionado com as palavras de Miguel.

“Por que você está chorando meu anjo?” Falou lhe abraçando com certo desespero no falar.

“Cara estou chorando porque eu te amo. Você não sabe o quanto me faz feliz. Sabe tenho até medo de está sonhando acordado.”

“Não chora meu anjo. Lembre-se da promessa que eu te fiz. Eu sou homem de uma palavra só. Eu te amo. Você é a única pessoa da minha vida.”

“Sabe Miguel eu sinto o teu amor, teu companheirismo. Mas nunca é demais escutar que somos o centro da vida da pessoa que amamos.”

“Você é um bobão meu anjo.” Então Miguel abraçou fortemente Taumaturgo.

“Está vendo Humberto, isso que é amor, espero que você me ame assim, viu.” Cutucou Rita se dirigindo ao momento love do casal.

“Ai amor, calma, vou superar esses dois você vai ver. Eles que vão ter inveja da gente. Isso eu te garanto.” Falou com certo deboche Humberto. E acrescentou: “Está na hora de acabar com esse momento rasgação de seda. Quero outra cerveja cunhadão.”

Quando os homens do acampamento tomavam cerveja no caso Humberto e Miguel (risos). Taumaturgo continuava animar o momento reunião de casais ao luar à beira da cachoeira Paraíso.

‘O aço dos meus olhos

E o fel das minhas palavras

Acalmaram meu silêncio

Mas deixaram suas marcas...

Se hoje sou deserto

É que eu não sabia

Que as flores com o tempo

Perdem a força

E a ventania

Vem mais forte...

Hoje só acredito

No pulsar das minhas veias

E aquela luz que havia

Em cada ponto de partida

Há muito me deixou

Há muito me deixou...

Ai, Coração alado

Desfolharei meus olhos

Nesse escuro véu

Não acredito mais

No fogo ingênuo, da paixão

São tantas ilusões

Perdidas na lembrança...

Nessa estrada

Só quem pode me seguir

Sou eu!

Sou eu! Sou eu!...

Hoje só acredito

No pulsar das minhas veias

E aquela luz que havia

Em cada ponto de partida

Há muito me deixou

Há muito me deixou...

Ai, Coração alado

Desfolharei meus olhos

Nesse escuro véu

Não acredito mais

No fogo ingênuo, da paixão

São tantas ilusões

Perdidas na lembrança...

Nessa estrada

Só quem pode me seguir

Sou eu!

Sou eu! Sou eu! Sou eu!...

Ai, Coração alado

Desfolharei meus olhos.

Nesse escuro véu

Não acredito mais

No fogo ingênuo, da paixão

São tantas ilusões

Perdidas na lembrança...

Nessa estrada

Só quem pode me seguir

Sou eu!

Sou eu! Sou eu! Sou eu!...’

Rita começou a falar de sua vida familiar e do tempo de faculdade para todos os ouvintes presentes.

“Minha vida foi muita tranquila. Morava numa cidade pequena onde fiz o meu ensino fundamental e médio até passar pra faculdade de pedagogia. O meu curso superior já foi numa cidade grande, São Paulo, capital. Tudo transcorria muito bem. Sabe menina de cidade pequena é muito inocente, ingênua até demais em algumas questões, principalmente com homens. Foi quando eu conheci um rapaz de outro curso, ele fazia engenharia civil. Um cara legal demonstrava-se muito amoroso e atencioso, coisas que todas as mulheres buscam no seu parceiro. Ele foi o meu primeiro amor, inclusive foi com ele a minha primeira vez. Mas depois disso tudo mudou. Acho que ele queria apenas se aproveitar de mim. Fiquei apaixonada por ele...”

“Canalha, eu mato esse cara se um dia eu ficar frente a frente com ele...” Falou apertando os lábios de tanta raiva Humberto.

“Eu implorei o amor dele. Estava realmente com os quatros pneus arriados por aquele rapaz. Ele começou a me esnobar, me ignorar em tudo, até apareceu com outras namoradinhas querendo me deixando com muita tristeza. O tempo foi passando procurei me dedicar aos estudos na tentativa de esquecê-lo. Por isso decidi voltar as minhas raízes, quando eu soube que tinha vaga pra lecionar aqui na região não pensei duas vezes, e vim pra cá. Agora está tudo bem. Só espero nunca encontrar com esse cara.”

“Filho da mãe espero que ele nunca apareça na nossa vida amorzão.”

“Relaxa amorzinho. Agora que te encontrei, não penso mais nisso. Mas passado e passado, vamos deixar enterrado. Mesmo sabendo que o passado nunca sabe o seu lugar, sempre se fazendo presente.”

“Nem quero pensar nisso. Mas sou capaz de matar esse cara.”

“Nossa não sabia que o teu irmão era tão brabo, Taumaturgo!” Falou rindo Rita.

Todos caíram na gargalhada por causa da cara de valente de Humberto.

“Acho melhor beber um pouco Humberto pra esfriar a tua cabeça.” Falou Miguel caindo na gargalhada.

“Vão rindo, mas esse cara me paga, deixa ele se meter comigo.” Falou zangadamente Humberto cruzando os braços.

“Nossa como fica lindo esse meu peãozinho valente!” Disse Rita abraçando o seu namorado.

Taumaturgo então fez um convite aos casais para que brindassem ao amor. Todos pegaram latinhas de cervejas, brindaram e logo deram um gole. O jovem tocador começou a dedilhar a seguinte música:

‘Será

Que a gente entrega o coração

Sei lá

Querendo fugir da solidão

Sem pensar

Nas consequências que o amor pode causar

Ao me entregar assim

Eu me feri me machuquei

Jurei

Não mais me dar como eu me dei

Mas não sou

Capaz de controlar meu próprio coração

E outra paixão

Eu vou procurar

Pois a esperança voltou a me dominar

Quem será, quem será

A metade que irá me completar!’

“Mor se você continuar com essas músicas acho que não vou resistir e vou querer fazer amor aqui mesmo! (risos)”

“Comporta-se Miguel lembre-se que aqui tem crianças ao nosso redor.”

“Quem você tá chamando de criança, Taumaturgo?” Retrucou Humberto olhando sério para o irmão.

“Olha que o meu maninho ficou sério agora!” Tomou a palavra Taumaturgo após o jeito de o seu irmão responder.

Humberto não se aguentou com a reação de Taumaturgo e começou a ri.

“Estou vendo que esse rapazinho é muito engraçadinho, não é Taumaturgo.” Falou com sorriso nos lábios Rita beliscando o braço de Humberto.

“Acho que está na hora da gente se recolher, pois amanha temos que volta para a fazenda.” Disse-lhes Miguel já bocejando.

“Bom estou vendo que tem gente que está muito cansado. Talvez foi o banho de hoje que fez com que perdesse as forças.” Falou Taumaturgo rindo para o Miguel.

Quando Taumaturgo já se encontrava no interior da barraca, Miguel o tomou para si e começou a beijá-lo loucamente.

“Nossa esse peão ainda está com todo esse fogo?”

“Hurum... Claro que sim, você me deixa muito assanhado seu padre.”

“Seu padre é, agora você vai ver quem é o padre (risos).”

“Olha só esse padre devia fazer outras coisas no seminário além de rezar, hein?”

“Lembre que já tive um pouco de experiência antes de entrar no seminário meu peão.”

“Já tinha me esquecido pensava que tivesse sido o teu primeiro, mas esqueci do teu primo Enzo.”

“Falando em Enzo, notei uma coisa, Miguel.”

“O que meu anjo?”

“Você não sentiu ciúmes do meu primo.”

Miguel coçou a cabeça e olhando para Taumaturgo lhe disse: “Eu deveria, meu bebezinho?”

“Acredito que não afinal como eu te disse que a minha história com o Enzo ficou no passado. Hoje apenas sinto afeto de primo por ele.”

“Posso te fazer uma pergunta, Taumaturgo?”

“Claro!”

“Você senti ciúmes de mim?”

“Sentir eu sinto meu amorzão... mais procuro sempre respeitar a liberdade que você tem que ter na relação, além de que confio em você. Uma relação que não se baseia na confiança não pode acontecer verdadeiramente.”

“Sabe Taumaturgo estou aprendendo a sentir menos ciúmes por tua causa. Você já se lembra do caso Léo, eu fiquei muito desconfiado. Por isso todas as vezes que André se aproximava de você, eu ficava irado. Mas estou tentando melhorar... contudo aquele tal de André me tira da razão quando está próximo de você.”

“Nossa meu peão tem ciúmes de mim. Que lindo! Eu não mereço um homem desses.” Taumaturgo terminou de falar e foi abraçado fortemente por Miguel. Os dois culminaram a conversa fazendo aquele amor gostoso.

Continua...

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Comentários

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É um capitulo só de love, agora que o André e o misterioso "namorado" do Enzo estão quietos, que estão me dando um certo medo. Foram muitas pessoas que viveram algo assim para te inspirar?

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Torço pra 3 coisas nessa história: primeira que o ex-seminarista e o meu peão preferido fiquem juntos. Segundo pra que nem o Tamaturgo nem o Miguel sejam infiéis e terceiro: que a história demore pra acabar, porque a amo muito ^^; Antunes Fagner (autor), você é bem religioso não? (no melhor dos sentidos, e longe de supor que você seja fanático ou algo do tipo viu rs)

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