Eram umas 19h já, e meu ônibus sairia dali uns 10 minutos. Eu não tinha contado nada para as meninas que o Lipe ia vir me ver. Pelo menos eu achava que viria. Me despedi da minha prima, choramos um pouquinho (descobri que o fato de eu ser chorão é de família mesmo, por parte de mãe. Hahaha) e eu já estava quase embarcando, quando eu escuto um “ESPERA!!”
_João, me espera!!!
Ele veio. As meninas me olharam com aqueeeela cara de tipo “hmmm, entendi”, e eu olhei uma vez mais para ele. Pensa, as lágrimas já vinham vindo... Ele me abraçou ali mesmo, eu com a minha mochila atravessada no peito, todo desengonçado.
_Vê se volta ano que vem.
_Eu vou tentar. Rs.
_Bom, tu tens meu número. Me liga quando precisar, pode ser de dia, noite. Tanto faz. Ok?
_Tudo bem. Prometo manter contato. Rs. (A gente promete tanta coisa nessa vida que acaba por não cumprir...)
Ele me beijou. Na bochecha, claro. E me abraçou mais uma vez. Uma última vez. Então dei tchau pra todo mundo e entrei no bus. Fui-me. Cheguei em São Paulo mais convicto do que nunca que deveria contar para os meus pais sobre mim. Mas eu sabia a reação, e não seria nada fácil. Deixemos esse ponto para mais tarde.
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Voltemos à 2011, lembrei-me de um detalhe interessante.
No cursinho havia um menino, chamarei ele de Jeff aqui, que me chamava muita atenção. E eu suspeitava que ele curtisse também. O que me chamou atenção nele, pasmem, não foi nenhum atributo muito incomum. Ele usava aparelho. E eu, até hoje, tenho tara nisso. Meninos de aparelho me chamam muito a atenção. Comecei a conversar mais com o Jeff e descobri algumas coisas sobre ele. Queria Engenharia Florestal, tinha pais separados, etc, etc.
Ele era alto, moreno. Não era de extrema beleza, mas usava aparelho. *--* kkkkkkk Cabelos e olhos castanhos escuros, e eu só o via de uniforme escolar, já que ele ia para o cursinho direto da escola. Enfim, um gatinho. Mas nem de longe parecia dar bola pra mim. O máximo que ele fazia era me dar um meio-abraço de lado, as vezes, como forma de cumprimento mesmo.
Paralelamente, eu tinha um professor no cursinho que lecionava gramática. Ele era graduando em Letras na USP e todo mundo sabia que ele era gay.
Sabe aquela história de que um homossexual sempre reconhece outro homossexual? Até hoje isso se configurou como verdade para mim. Eu lembro bem do Beto, ele dava aula sempre as quintas-feiras. Dobradinha na ultima do horário da tarde com a primeira do horário da noite. Resultado: passava a tarde no cursinho.
Resumidamente, ele chegou bem aos poucos em mim. Perguntando das férias, contei da minha viagem só que não todas as partes. Ele percebeu que eu estava estranho e já jogou a real comigo.
_Quem é ele JP?
_Oi? Quem quem?
_Ora, pelo amor de Deus! Por quem é essa pessoa de quem você está assim, cabisbaixo e down?
_Nossa, dá pra perceber tão assim?
_Tá escrito e estampado na tua testa, com neon ainda, pra todo mundo ver. ¬¬
Eu abri o jogo com ele. Contei da viagem toda, de tudo que eu vi em Balneário. Contei do Jeff também. Afinal, ele poderia me ajudar. Ele era como eu. Haha.
_Olha. Eu te entendo muito bem. Esse período é horrível, e você vai passar por ele.
_Beto, você sabe algo sobre o Jeff?
_Suspeitas. Apenas suspeitas. Mas independentemente disso, você tem que buscar ser feliz. Com ou sem Jeff.
Ele me contou a história toda dele, os namorados, as brigas, e como foi pra ele se assumir em casa e tudo o mais. Eu nem vi aula aquele dia, ficamos até umas 22h conversando.
O ruim era que ele só dava aula uma vez por semana no cursinho. E, de vez em nunca, aos Sábados. Eu esperava toda semana para que chegasse logo a quinta-feira. O Beto acabou se tornando meu amigo, o melhor daquele lugar. Perdi as esperanças com o Jeff e comecei a me centrar mais no que eu queria da vida. Foi o ano que resolvi prestar Letras (influência de quem?? Hahaha). Estudava de segunda à sábado. Domingo eu sempre tiro para descansar.
Numa das quintas-feiras de Julho, começo de Agosto de 2011, foi que aconteceu.
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agatha1986: Hoje foram dois. Tá começando a esquentar a história, e tá chegando cada vez mais perto de quando eu conheci ELE...
hpd: tive que dar uma voltinha no tempo pra explicar essa ficada com o professor. kkkkkk Não aguentei.
fabi26: o Lipe foi um fofo comigo. Pena que eu não converse mais com ele. =(
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