ENTRE HOMENS
CAPITULO XVII – O AMOR DIVINO NOS ALIMENTA PARA AMAR O PRÓXIMO
‘Deus criou o infinito para a vida ser sempre mais...’
No casarão central da fazenda Paraíso (Após alguns dias passados)
Enzo está utilizando a internet para bate-papo pelo skype com um amigo que reside no Rio de Janeiro.
“Virgilio estou me sentindo muito mal... Não sei o que está acontecendo. Pensava que aqui estaria a salvo. Mas me sinto perseguido. Tenho muito medo amigo.”
“Primeiro de tudo você sabe que eu odeio quando alguém me chama de Virgilio. Meu nome é Dadá (risos).”
“Hiiii tinha me esquecido disso, Dadá (risos).”
“O teu ex-namorado tem me interrogado sobre o seu paradeiro Enzo.”
“Você não falou nada de mim pra ele, não é?”
“Claro que não amigo, para de paranoia. Você acha que sou louco de dizer alguma coisa ao teu respeito pra ele?”
“Desculpa amigo, é porque ele me deixa muito tenso e nervoso. Somente eu sei o que passei na mão daquele canalha. Não quero nem pensar nisso. Sofro até hoje as sequelas da vida que eu tinha com ele. E espero nunca mais dividir o mesmo teto.”
“Sei amigo, mas você tem que superar isso... e também você não pode continuar fugindo de tudo o que te aconteceu aqui.”
“Estou tendo muito pesadelos por causa de tudo isso. Ainda não estou preparado pra enfrentar de frente todo esse problema.”
“Você não vai continuar a sua carreira de modelo, Enzo?”
“Não sei ainda, está tudo confuso na minha cabeça. Além que aquele canalha colocou outro cara pra ser o novo modelo top da agencia.”
“Hum, sei sim, e o tal carinha está se achando. Ele se acha a última bolacha do pacote. Ele se acha a Gisele Bündchen das passarelas. Está certo que o cara é um deus grego. Perfeito, fico babando com o cara.”
“Aquieta o teu facho, hein... a senhora é muito acesa menina.”
“Bofão escândalo, né migo... isso você não pode negar.”
“Sei... mais por enquanto estou querendo um tempo de relações.”
“Mas me diz uma coisa, como estão as coisas aí com o seu priminho?”
“O Taumaturgo está casado.”
“Casado com mulher, mas ele não era padre?”
“Deixou o seminário, e está casado com homem.”
“E como é o bofe amigo?”
“É um peão aqui da fazenda do meu tio. Até que é muito presença. Mas não sei o que o meu primo viu nesse cara. Sou mais eu...”
“Sei acho que você está com ciúmes do priminho não é verdade?”
“Deixa de estorinhas seu veadinho. Apenas quero que o meu primo se envolva com alguém a sua altura social. Ele é herdeiro de um grande império, meu tio construiu uma grande herança. No mínimo ele teria que se envolver com outro fazendeiro rico.”
“Estou percebendo que você está é envolvido com esse peão.”
“Nunca rapaz, eu não sinto nada por ninguém, e ainda mais com um sujeitinho daquela categoria. Ele é peão, um troglodita, sem educação.”
“Estou sentindo um clima no ar, amigo. Só espero que você não se envolva com o tal peão, já que agora ele está casado com o teu primo Taumaturgo.”
“Vamos virar essa página... Como você está?”
“Por enquanto estou bem, dando um tempo, depois que me separei do Ricardo não quero mais papo com nenhum macho. Agora quero apenas curtir muito, e curtir.”
“Mas vocês formavam um belo casal.”
“Tudo aparência meu amigo. Na verdade o filho da mãe só queria minha grana. Eu tenho dedo podre pra encontrar um cara que realmente me ame de verdade. Até agora só encontrei mercenário.”
“Tenho certeza que você vai encontrar amigo.”
“Me conta uma coisa... como são os peões ai, me disseram que são do tipo rudes, fortes e fogosos.”
“Você é um assanhado mesmo não é meu amigo?”
“Deixa disso tá, sei muito bem que quando se trata de homem, o senhor é uma ariranha, ou melhor, uma piranha bem safadinha.”
“Fico puto quando você me trata no feminino. Sou homem brother.”
“Sei é homem debaixo de outro homem. Sei muito bem disso. E além de que acho que você vai atacar o marido do teu primo. Te conheço quando você não vai com o cara do bofe, é porque justamente você já está totalmente interessado nele.”
“Você está maluco, sem chance... Tenho bom gosto ainda...”
“Amigo acho que qualquer dia apareço ai... quero conhecer esse lado mais selvagem da vida. Muito tempo na cidade grande, talvez tenha que experimentar outros ares.”
“Pode vir sim, mais você terá que ficar todo engessado.”
“Muito engraçadinho. Você sabe que sou muito sensível, apenas isso.”
“Sensível, sei, você é uma mulher em vida amigo. Você rebola mais que a minha irma, caso eu tivesse uma (risos).”
“Bom amigo depois nos falamos, tenho que cuidar dos preparativos aqui. Vai ter o lançamento de verão aqui. E também tenho que dar um trato naquele deus grego, que se chama Alan.”
“Pelo visto você se vendeu para aquele carinha. Ele tomou tudo o que era meu. Acho até que o canalha do meu ex-namorado está de caso com ele. Tomara que eles estejam, ambos se merecem.”
“Estou sentindo uma pontinha de ciúmes ai, hein (risos).”
“Relaxa, aquele Alan, vai cair, ele pensa que se aliando ao outrozinho lá ele vai chegar longe, está completamente equivocado. O meu ex vai ser ruína dele, pode anotar isso.”
“Se eu não te conhecesse muito bem diria que você tem uma quedinha pelo tal de Alan?”
“Está maluco Virgilio, quero é distancia daquele cara, ele sempre encrencou comigo durante as ultimas temporadas ai no Rio. Acho que ele deve ter feito de tudo pra puxar o meu tapete. Mas o que é dele está guardado.”
“Pow amigo, não vejo assim, o cara tem talento sim, além de ser um homem de tirar o fôlego de qualquer um, inclusive o seu.”
“Bom tenho que ir, agora vou fazer um esquema com negão escândalo... me falaram que a mala dele é tudo bem, quero provar da neca do macho (risos).”
Após se despedirem, Enzo desligou seu notebook e continuou deitado pensando no caos que se tornara a sua vidaReunião na comunidade.
Taumaturgo com intuito de realmente estabelecer a educação para adultos, conta com o auxilio de Rita para organização do povo. Durante a reunião todos os comunitários se encontram reunidos. Taumaturgo fez então a proposta de uma educação pra adultos e aliada à formação de trabalhos para renda extra. Todos concordaram com as ideias e se puseram no andamento dos trabalhos. Durante o dia íamos com a educação com as crianças da comunidade. À noite realizamos as atividades com os adultos, tínhamos palestras sobre questões políticas e sociais.
No inicio não foi muito fácil iniciar as atividades com os comunitários é verdade, pois todos tinham conhecimento da vida pessoal de Taumaturgo. Procuravam manter o respeito mais por causa de Taumaturgo ser o filho do patrão, tentavam manter as aparências. O maior obstáculo foi sempre a liderança de Dona Ruth Athias. Ela sempre achou o casamento de Taumaturgo e Miguel uma vergonha, principalmente, um contra testemunho de ex-seminarista pra comunidade, como um homem que viveu um bom tempo no convento, quase próximo a sua ordenação pra ser padre, se casar com outro homem. Isso era um absurdo. No dizer dela o fim dos tempos. Ela via em Taumaturgo o anticristo. E não fazia cerimônia mesmo, sempre que podia enfrentava ou obstacularisava as atividades da comunidade em que Taumaturgo pudesse estar presente.
O nosso jovem ex-frade procurava manter a paz interior e a consciência que o amor de Deus era misericordioso pra com ele. Procurava apenas colocar em prática tudo o que aprendera no convento franciscano: amar o próximo. Mesmo quando esse próximo lhe ferisse em sua dignidade. Era o caso de Ruth, que se escondia atrás de uma postura fundamentalista da fé e da moral para condenar quem quer que fosse. Na visão de cristã dela quem não fosse realmente digno do evangelho, estava próximo do inferno ou mesmo nele.
Os dias iam avançando a comunidade estava em festa por causa dos preparativos das festas juninas, período que se celebram os santos Antonio, João e Pedro. Também nesse mês teriam as comemorações da festa do Corpo de Cristo.
Numa palestra que acontecera na escolinha Monteiro Lobato alguém mencionou que a dona Ruth estava passando muito mal devido problemas sérios de pressão alta.
“Alguém pode me dizer onde dona Ruth mora?” Disse Taumaturgo.
“A gente pode levar o patrãozinho até lá.” Adiantou-se um dos comunitários.
“Tudo bem quero ir visitá-la.”
“Não entendo o porquê de você querer ajudar essa senhora, Taumaturgo?” Retrucou Rita tentando persuadi-lo de seu intento de visitá-la. “Essa senhora apenas te condenou, sempre fez campanha contra você aqui entre os outros.”
“Sei que é difícil pra você entender Rita. Nem sempre é fácil entender tal comportamento. Mas é o pedido de Jesus aos seus discípulos. O amor incondicional, um amor que saiba perdoar a todos que nos ofendem. Jesus procurou fazer isso até o último momento de sua vida, abrindo seus braços numa cruz, mostrando todo o seu amor para com todos.”
Rita nesse momento ficou muito pensativa com a colocação de Taumaturgo. Depois da colocação do jovem ela ficou desconcertada sem saber mais o que dizer.
“Também não é fácil pra mim Rita, amar quem me ofende, ou mesmo tentar amar. Mas se eu não for capaz de amar, realmente não poderei seguir em paz com a minha consciência. Francisco de Assis também teve que amar aqueles que zoavam dele, que cuspiam no resto de comida que davam a ele pra matar a própria fome. Ele teve que perdoar e amar o pai que o renegou diante do bispo de Assis, e além do mais o desertou.”
“Nossa Taumaturgo, fico até envergonhado com a minha atitude mesquinha.”
“Fique tranquila Rita, a gente aprende na vida que o perdão é o maior dom de amor para com o próximo.”
‘Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!
Eis que vos dou um novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”.
Vós sereis os meus amigos se seguirdes meu preceito: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”.
Permanecei em meu amor e segui meu mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”.
E chegando a minha Páscoa, vos amei até o fim: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”.
Nisto todos saberão que vós sois os meus discípulos: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado”.
Humberto se aproxima do grupo reunido. Aproxima de Rita e a beija. “O que está acontecendo aqui?”
“Nada amorzinho, apenas o teu irmão que me deu uma linda lição de amor ao próximo.”
“Agora o casal 20 pode me dar licença, preciso visitar dona Ruth.”
“Amorzinho podemos visitar dona Ruth com o teu irmão?”
“Claro, vamos lá!”
O grupo seguiu então para a residência de dona Rita que ficava a alguns metros da escolinha e da capela da comunidade. Chegando lá, tinha um grupo ao redor rezando o terço pedindo a cura de Ruth. Taumaturgo se aproxima da doente e percebe que ela está muito febril. O que o deixou muito preocupado.
“Gente temos que levar urgentemente ela para o hospital.”
Chegam ao hospital que havia tratado de seu Fernando tempos atrás e logo Ruth é hospitalizada. Taumaturgo conversa com o médico responsável pela internação que o tranquiliza que é apenas uma febre normal, mas que logo vai passar. O grupo de retira do hospital ficando apenas uma filha de Ruth cuidando dela. A noite após os primeiros cuidados, dona Ruth acorda ainda meio sonolenta.
“Onde eu estou?”
“Calma mãe, descanse, a senhora está sendo medicada e em recuperação.”
“Como eu vim parar aqui? Este hospital é muito caro, voce sabe que não temos muitas posses para uma internação aqui?”
“Mãe não se preocupe tudo foi pago.”
“Como tudo foi pago.”
“O senhor Taumaturgo cuidou de tudo, ele pagou o hospital para que a senhora fosse tratada adequadamente.”
Nesse momento Ruth muda a fisionomia diante de tudo que escutara e começa a ficar sem jeito.
“Nossa eu não esperava isso dele. Mas não sei minha filha. Você sabe o que eu penso daquele rapaz. Isso aqui não vai mudar em nada o que eu penso a respeito dele.”
“Não acredito mamãe mesmo depois de tudo o que ele fez pela senhora. A senhora continua com esse preconceito, esse moralismo que não ajuda em nada!”
“Você não sabe o que está dizendo minha filha. Deus não ama que se comporta como ele. Deus não ama aberrações.”
“Aberração é dizer que ama a Deus, que não se ver, mas não é capaz amar o próximo que se ver e além do mais cuidou da senhora mesmo o maltratando.”
“Vira essa boca pra lá. Pelo visto se você continuar falando assim vai para o inferno.”
“A senhora não tem jeito mesmo. Isso não é nada cristão, minha mãe.”
“Me deixa minha filha. Quero logo é sair daqui. Tenho que fazer muitas coisas na comunidade.”
“A senhora tem é que descansar é isso sim.”À espera da visita do Frei João.
Estávamos todos à espera do Frei João na fazenda. Principalmente Taumaturgo que há muito tempo não via mais o seu mentor e confessor espiritual. A pedido de seu Fernando, Frei João viera para a comemoração dos festejos de Corpus Christi. Para que não sabe sobre essa festividade, trata-se da comemoração do dia da instituição da Eucaristia, ou seja, a festa do Corpo e Sangue de Cristo.
Finalmente o bom frade chega à fazenda Paraíso quase de tardezinha. Taumaturgo corre para abraça-lo.
“Nossa meu bom frei Taumaturgo, estava mesmo morrendo de saudades desse velho frade aqui (risos).”
“O senhor sabe que por muito tempo o senhor foi o meu pai no seminário.”
“Como você está Frei Taumaturgo?”
“Estou bem sim. Não sou mais frade. Lembre que você está na exclaustração. E mesmo que você não seja mais frade, pra mim sempre será.”
“Deixa apresentar todos aqui de casa. Este é meu paizão, seu Fernando. O Miguel, o braço direito de meu pai, o meu irmão Humberto e a sua namorada Rita.”
“Você me disse que não tinha um irmão?”
“Isso é uma longa história, Frei João, agora vamos levar as suas coisas pra que o senhor se acomode.”
“Tudo bem Frei Taumaturgo, pelo visto você não perdeu de vista a acolhida franciscana.”
“Deixa eu levar a bagagem do senhor.” Disse Miguel olhando fixamente para Taumaturgo.
“Pois não meu jovem, obrigado pela atenção de todos, obrigado ao senhor Fernando pelo convite.”
“Eu que agradeço pelo senhor aceitar e cuidar do meu filhão nesse tempo em que ele ficou no seminário.”
“Não foi difícil senhor Fernando, o seu filho é um amor de pessoa. E pelo visto acredito que foi de berço que ele aprendeu a ser um bom homem.”
“Frei vamos para com tantos elogios. Senão vão querer me colocar num altar, eu ainda não sou santo (risos).”
Quando estávamos deixando o frei João no seu quarto esbarramos com Enzo no corredor que logo foi apresentado ao frei. Após a viagem era melhor que o frei descansasse um pouco e logo começamos a preparar o jantar de acolhida do frei.
Depois que o Frei descansou da viagem recebeu a visita em seu quarto de Taumaturgo.
“Entre meu filho. Sente-se aqui nessa cadeira perto de mim.”
“O senhor descansou?”
“Descansei sim meu filho... Aproveitei essa visita aqui para saber como está você, frei.”
“Estou muito bem frei, estou aproveitando esse tempo pra curtir a minha família, as minhas raízes.”
“Como está o seu coração? Ainda pensa em voltar para a vida religiosa meu filho?”
Taumaturgo ficou meio constrangido com as perguntas de Frei João. Tentou disfarçar falando em outros assuntos sobre a família.
“Não se preocupe meu irmão. Afinal você veio pra cá pra isso mesmo, para pensar na tua vida, nos rumos que você daria a ela, e a sua vocação.”
“Sei disso Frei, no primeiro momento pensava que o senhor estivesse enganado com aquela decisão, com o tempo fui percebendo que a vida me direcionava para outros rumos. Estou voltando a criar laços com o meu pai. Ultimamente descobri que tenho um irmão por parte de pai.”
“Mas sinto que algo mais te deixa um pouco em desconforto nessa conversa.”
“Verdade frei, também estou me envolvendo sentimentalmente com uma pessoa. Estou completamente apaixonado.”
“Meu filho entenda uma coisa. Somos humanos passiveis de amar. Nunca se envergonhe disso. Outra coisa Deus nos deu total liberdade para que sejamos francos consigo e com o Senhor. O importante é aprender aceitar os nossos limites. Uma coisa é certa você sempre será pra Frei Taumaturgo.”
Os olhos de Taumaturgo começaram a ficar marejados por causa da consolação oriunda da conversa que tivera com o seu confessor.
“Oh, meu filho vem aqui me dar um abraço.”
Os dois se abraçaram. Uma freira tempos atrás me falara uma coisa muito interessante sobre o abraço. Ela havia me abraçado por inteiro, de frente. Fiquei intrigado com tal amplexo. Ela prontamente me respondeu: “Quando eu te abracei de frente aceitei toda a sua história de vida!” Aquilo foi formidável e maravilhoso. As relações humanas deveriam ser construídas sobre esse sentimento de aceitação mútua. Seriam mais autenticas e verdadeiras se a sintonia do coração formasse tais relações. Aprender que o outro precisa de amor, e que também preciso do amor do outro‘Tua presença meu Senhor posso notar/ Vejo as pegadas que deixaste/ Em nosso altar/ Onde em mistério Tu te mostras/ Sem que os olhos possam ver/ Mas o percebe o coração que sabe crer./ Crer que o altar é o lugar da comunhão/ Onde humano e divino dão-se às mãos/ E os sabores desta terra/ Se mistura aos do céu/ Frutos da vida que nos mostram/ Quem tu és.
Te adorarei, Senhor, de todo coração/ Te louvarei, te bendirei/ Te glorificarei, Senhor/ E enquanto espero a tua volta/ Eu volto aqui/ Te receber em mim eterniza a minha vida.
Tua presença meu Senhor posso sentir/ Vejo as pegadas que deixaste/ Em meu jardim/ Onde as belezas desta terra/ Prenunciam as do céu/ Só pode ver o coração que sabe crer./ Crer que o eterno neste tempo já se faz/ E a vida humana neste altar é muito mais/ Nele antecipa-se à chegada/ De quem nunca se ausentou/ Pois a saudade é uma forma de ficar.’
Começa a procissão em homenagem a festividade de Corpus Christi.
O povo está em orações e clamores diante da Eucaristia que se encontra no ostensório todo dourado, cercado por imagens de querubins. Que tem uma cruz na parte superior. Tudo fora preparado e colocado no andor todo florido, com flores de diversas cores que ressaltavam a beleza da eucaristia. Frei João aparece diante de todos segurando o ostensório o colocando no centro do andor ornamento com flores brancas e amarelas. Junto com ele também aparece Taumaturgo vestindo seu hábito religioso de franciscano. Desde que deixara nunca mais usara a sua veste de frade. Isso era possível devido Taumaturgo ainda está em fase de exclaustração. Ainda tinha permissão para o uso do hábito religioso.
Todo o povo ficara encantado vendo Taumaturgo com a roupa de São Francisco. Um traje de cor marrom com um cíngulo que continha os três votos religiosos: pobreza, obediência e castidade. Seu Fernando estava muito orgulhoso do filho. Humberto e Rita se abraçaram por causa da emoção. Miguel ficou todo maravilhado.
Começa a procissão com um percurso pequeno. Uma multidão aos poucos ia tomando conta do trajeto preparado e ornado com serragem que formavam vários símbolos cristãos. O povo se aglomerava próximo do andor. Sempre na tentativa de se aproximar do Corpo de Cristo. Entoavam vários cânticos religiosos e também elevavam aos céus orações e suplicas por si e pelos seus familiares que não se encontravam naquele mundaréu. Os peões faziam cortejo com seus cavalos.
Em alguns momentos Frei João fazia algumas reflexões e erguia o ostensório para abençoar o povo em volta.
“Graças e louvores se deem a todo o momento.”
“Ao santíssimo e digníssimo sacramento.”
“Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.”
“Como era no principio, agora e sempre. Amém.”
‘Lírio do vale/ Estrela da manhã/ para sempre cantarei o seu louvor.
Lírio do vale/ Estrela da manhã...
A Ele a glória/ A Ele o louvor/ A Ele o domínio/ Ele é o Senhor.
A Ele a glória/ A Ele o louvor/ A Ele o domínio/ Ele...
Alfa, Ômega/ Princípio e Fim/ Sim Ele é/ Sim Ele é.’
O povo cantava a uma só voz talvez se unindo as vozes do céu para celebrar o momento festivo. Nesse momento era possível perceber que o amor de Deus nos torna todos iguais. Diante da eucaristia todos são convidados para a comunhão: rico e pobre, pecador e santo, todos sem exceção.
Quando o andor chegou próximo da capelinha da comunidade. Começaram os fogos em homenagem. Solenemente Frei João colocara o ostensório sobre o altar preparado para a celebração eucarística. Taumaturgo procurava auxiliar em tudo às ações litúrgicas. O nosso anjo resplandecia a bondade divina. Miguel apenas o olhava de longe com o seu chapéu de peão próximo de seu peito em sentindo de oração.
Ao longe se podia ver também a presença do André como sempre na tentativa de acompanhar tudo o que dizia respeito ao Taumaturgo.
Continua...