Eu e Thor pulamos em pé juntos imediatamente.
- PARADOS. OS DOIS. NEM UM PASSO. SEUS VIADINHOS. - Gritou Bill. - Que putaria é esse de namoro dentro da minha casa?
- A gente não tá namorando não Bill. - Falei.
- A próxima mentira eu mato um dos dois e deixo o outro viúvo. - Vociferou Bill. - Acham que eu sou tão idiota que não percebo o que acontece debaixo do meu teto?
- Bill, cara. Não pode me vender. Eu sou o garoto mais procurado. - Tentou argumentar Thor.
- Arranjo outro, do buraco que você saiu, tem mil outros cafuçus querendo uma oportunidade. Eu dou um teto, comida, emprego e o que ganho? A ingratidão desse bando de viadinhos.
- Você não pode vender o Thor, seu desgraçado. - Falei chorando.
- Me chamou de que? ME CHAMOU DE QUE, CARALHO?- Gritou ele alucinado sacando sua pistola e apontando para mim.
- Não pode vender o Thor. Não pode. - Repeti comigo mesmo aos prantos.
- Eu posso tudo. Aprenda isso, bichinha. Você me pertence. E esqueça a porra daquela faculdade, não confio mais em você, nunca mais vai sair de dentro de casa. Tonho, leva o Thor.
Eu não sabia que ele pretendia levar o Thor naquele exato momento, simplesmente o agarrei na mesma hora que o Tonho tomou ele por um braço. O Thor tentava se livrar do Tonho e se agarrar em mim. O Lipe pulou e tentou me ajudar. O Rafa e o Beto ficaram apenas olhando. Quando notou que o Tonho não ia ganhar de nós três o Bill grita bem alto:
- Thor, eu estou com a arma apontada para a cabeça do seu namorado. Se eu contar até três e você não for com o Tonho, eu mato ele. Um.
Não precisou ouvir o dois, o Thor pulou de encontro ao Tonho se soltando de mim e do Lipe.
- Thor, não. Não, cara. Eu te amo, porra...
Ele apenas me olhou chorando, sem conseguir dizer uma palavra, deixou o Tonho segurar os dois braços para trás. Eu voei para agarrá-lo novamente quando sinto um braço forte me agarrar por trás, era o Rafa.
- Fica quieto senão tu morre, Dee.
- Me solta, porra. Me solta caralho, eu quero morrer. Eu não vou deixar levarem o Thor.
O Lipe tentou fazer o Rafa me soltar e levou uma coronhada da pistola do Bill que abriu um corte na testa. Então o Bill fez sinal ao Beto para sair com o Lipe e o Beto puxou o Lipe pelo braço, que estava sangrando e atordoado.
- Ai, o amor é lindo, né Rafa? - Falou Bill rindo. - E você. - Continuou voltando-se para mim. - De lindo não tem nada, você é feio, só faz coisa feia. Seu filho da puta. - Completou me dando um tapa na cara. - Vamos lá, repete, me chama do que me chamou antes.
- Desgraçado. Viado desgraçado. Amaldiçoado.
Cada palavrão que eu dizia era um tapa novo que levava. Tentava me soltar mas o Rafa era mais forte que eu.
- Eu vou te mandar para alguma orgia, para servir tudo homem que quiser. Vou fazer te matarem de tanto foder essa tua bunda. Você é um inseto, um objeto que me pertence.
- Eu vou lavar minhas mãos no teu sangue. Seu miserável. - Falei cuspindo na cara dele.
Ele riu desvairadamente, achou tão divertido minha ação que nem revidou nem limpou a saliva.
- Você vai se acalmar, Dee. Vai ficar mansinho de novo. Só precisa de tempo. Você não ama o Thor, é um amor de pica, aquele que quando bate fica. Com a pica dele bem longe você vai esquecer e vai agradecer o Tio Bill por ter afastado ele.
Perdi minhas forças de xingar o infeliz e me toquei que o Thor estava sendo levado embora e eu não fazia ideia pra onde. Apenas chorei e chorei, deixando até de resistir ao aperto do Rafa. Quando fiquei completamente mole em seus braços o Rafa me soltou e cai de quatro no chão.
- Isso, fica aí de quatro, como o cachorrinho que você é. Rafa, acho que vamos ter que algemar ele.
- Não. - Falei.
- Como putinha?
- Não precisa. Falei levantando. Eu entendo que você fez pro meu bem, vou aprender a te agradecer por isto, só preciso de tempo.
- Está vendo? - Berrou ele dando uma gargalhada. - O moleque não é tão sem juízo assim Rafa.
O Rafa me olhou espantado, como se não acreditasse no que ouviu.
- Leva ele para baixo. Hoje não precisa atender, vai curtir a viuvez.
Desci sem resistir com o Rafa. Não de onde saiu esse meu surto, mas percebi que se fosse brigar com ele, não poderia ajudar o Samuel a entrar ali e o filho da puta iria além de vender o Thor, escapar do Sam. Não, isso não iria ocorrer. Eu usaria minhas últimas forças e minhas últimas doses de sanidade para acabar com aquele desgraçado.
Quando cheguei no quarto não havia nada do Thor, as roupas dele, só havia ficado o cheiro no ar. Era como se ele nunca tivesse existido, foi simplesmente arrebatado de junto de mim, logo quando tínhamos decidido viver um amor. Aquela minha frieza me fez pensar que eu poderia estar me tornando um monstro. Mas talvez fosse exatamente isso que eu precisasse. Peguei o celular e liguei para o Samuel. Ele atendeu nos primeiros toques.
- Dee, o que é?
- Sam, você tem que invadir isso aqui hoje. Agora.
Continua...
P. S. Mais tarde volto e escrevo mais.