- Como é Dee. O que houve, cara?
- Eles levaram o Thor. O Bill vendeu ele, o meu namorado.
- Vendeu pra quem?
- Disse que ia mandar ele para o Pará.
- Cara, não posso fazer nada não, tá tudo esquematizado para amanhã. Depois disso a gente vê para onde seu namorado foi.
- Sam, eu to desesperado. Eu acho que nunca mais vou ver ele.
- Arranja outro depois leque. Amanhã a gente se vê.
- Sam... - Ele desligou.
Fiquei segurando o celular desolado. Vi a porta abrir e era o Lipe, ele sentou ao meu lado e me abraçou forte.
- A gente vai encontrar ele. Eu te ajudo. Assim que essa porra acabar.
- Eu vou matar o Bill. Quero matar aquele maldito com minhas próprias mãos. - Falei chorando no ombro do Lipe.
- Fica calmo, tem que esperar até amanhã. A gente vai tá livre dessa merda.
- Eu nunca mais vou ver ele.
- Vai sim.
Não sei quanto tempo ele ficou ali me fazendo carinho e me acalmando, mas lembro de ter dormido. Quando acordei, estava escuro e ele não estava do meu lado. Tudo pareceu um pesadelo terrível. Levantei no escuro e olhei as horas no celular, 21h34min. Eu dormi muito, era tarde da noite já. O Lipe devia estar atendendo, não senti fome, nem sede, nem vontade de fazer nada. Eu poderia tentar fugir, escalar muros, fazer algo. Mas se eu esperasse até o dia seguinte, talvez conseguisse ajuda do Samuel, que tinha recursos.
Tudo que eu tinha eram R$ 300,00 e talvez não fosse suficiente nem mesmo para chegar no Pará. Pensar onde o Thor poderia estar aquelas horas me deu um aperto no coração maior ainda. Ele poderia estar apanhando, sendo estuprado, talvez amarrado. Será que estaria doendo no coração dele como estava o meu? Talvez mais.
Resolvi sair e verificar os muros. Ia ligar de novo pro Samuel porque ele disse que ligaria as 18h00 e até aquela hora nada. Foi então que lembrei que não tinha ligado pra a Niocole nem uma vez, nem ela para mim, eu devia cientificar ela. De fora, ela poderia ter investigado algo de para onde o Thor foi. Como eu tinha sido idiota. Estava peguei o celular e procurei o número da Nicole, já ia ligar quando a porta abre. Consegui esconder no bolso. Era o Tonho.
- Ainda bem que está acordado. Tem cliente pra tu.
- Eu to liberado por hoje.
- Liberado tá a cabeça da minha chibata. O chefe chamou tu tem que ir, senão te desço a porrada. Bora logo.
Não valia a pena discutir com aquele brucutu, achei melhor seguir senão ele me agredia mesmo. Infelizmente deixei para ligar para a Nic depois. Fui atender o cliente do jeito que estava, roupa de usar em casa e sem tomar banho. Também não tinha almoçado, tudo isto somado a minha cara de tristeza fariam com que desejar um programa comigo fosse uma coisa realmente estranha.
Não passei pelas sala dos boys, subi direto pela escada com o Tonho, que me levou até a porta de um dos quartos e a abriu.
- Entra aí. Quando terminar tá liberado.
Entrei, se início parecia que não havia ninguém ali, até que percebi um rapaz sentado em uma poltrona negra. Como ele estava todo de preto também, mesclava com o ambiente, apesar de sua pele ser bem branca, quase tanto quanto a minha. Não aparentava mais de 22, tinha cabelos e olhos castanhos claros. Ele segurava um buquê de rosas em uma mão e um cachimbo na outra. Quando entrei, deu um longa baforada, espalhando fumaça e odor de tabaco pelo quarto e então me cumprimentou:
- Boa noite. - Ele falou.
- Boa noite. - Respondi de cabeça baixa.
- Você é o Dee?
- Sou.
- Excelente.
Continua...
P.S: Logo mais o especial A História de Diego – Noite de São Bartolomeu, quem quiser uma pista do que acontece, pesquisa noite de São Bartolomeu no google. Queria terminar logo, mas resolvi postar essa parte antes.
Até já.