- Calma. - Falou Nic com olhar assustado. - Me diz o que aconteceu.
Sentei no sofá com ela e contei tudo. Desde a moto até as agressões e o sexo sem camisinha.
- Que filho da puta. Vamos no hospital, você precisa tomar coquetel anti-hiv.
- Não Nic, está louca? Vou chegar no hospital dizendo que comeram meu rabo?
- Vai sim, e vai agora mesmo, vou chamar um táxi, para chegar mais rápido. Aquele traficante escroto pode ter aids.
- Se ele tiver eu já estou fodido, ele gozou dentro.
- Fodido nada, o vírus não infecta na mesma hora não, se tomar os remédios a tempo, impede a infecção.
- Sério? ! - Aquilo me deu uma lufada de esperança.
- Sério, vamos lá. AGORA.
A ansiedade por tomar o coquetel me fez esquecer um momento a raiva que tinha tido daquele tosco. Eu não conseguia me conformar, eu sou garoto de programa, era só me pagar que ele podia fazer o que quisesse comigo. Não tinha necessidade de me humilhar nem de me agredir. Usar a força para transar sem camisinha comigo foi algo tão baixo que eu nunca iria esquecer. Ele iria pagar por aquilo um dia.
A Nic chamou um táxi e em menos de cinco minutos estávamos a caminho do hospital. Fiquei com tanta vergonha quando cheguei lá que a Nic que levou meus documentos e falou com a atendente. Esperei cerca de uma hora e meia lá com ela até ser chamado.
Quando entrei na sala do médico, fiquei mais a vontade porque percebi que era uma mulher. Sentei meio envergonhado e olhado pro chão.
- Boa noite, Diego. - Falo ela baixando a vista para olhar a minha ficha.
- Boa noite Dra. - Respondi, ainda encarando-a timidamente.
- O coquetel de medicamentos que vamos te fornecer é algo bastante dispendioso, que exige que façamos várias perguntas antes de prescrever, você está disposto a responder?
- Sim.
- Qual sua idade?
- Dezoito anos.
- Você é garoto de programa mesmo?
- Sou.
- Qual sua orientação sexual?
- Gay.
- Atua como garoto de programa a quanto tempo?
- Uns seis meses.
- E porque fez sexo sem camisinha?
- Eu fui forçado.
- Você parece bem fortinho para te forçarem algo.
- O cliente estava armado e me obrigou a fazer sem proteção.
- Porque é mais gostoso. Quer dizer, ele disse que acha mais gostoso. - Corrigi ante um olhar reprovador dela.
- Você foi passivo?
- Sim, fui.
- Sempre é passivo?
- Não, só algumas vezes.
Ela bocejou e pareceu cansada de fazer tantas perguntas. Então me explicou tudo sobre o coquetel, eu teria que tomar vários comprimidos em horários corretos. E claro, não deixar mais que ninguém me penetrasse sem camisinha. Faltou ela avisar isso ao Samuel, eu ia ter problemas com ele.
Nic me esperava ansiosa do lado de fora quando sai com os remédios. Abracei ela e agradeci muito por ter ajudado, sem ela eu nem saberia que havia como me tratar daquele problema.
Quando chegamos em casa, o clima já estava bem mais leve, mas eu ainda não tinha superado o trauma daquele último encontro com o Samuel. Entramos em casa comentando a fome que sentíamos e ficamos em choque ao visualizarmos a sala: O Lipe estava sentado e chorando no sofá. Coberto de sangue.
Ps: pessoal, estou indo viajar. Amanhã volto com mais. As coisas ainda vão esquentar muito. Obrigado a todos.